BERRY, R. J. (org). Verdadeiros Cientistas,
Fé Verdadeira. Viçosa, MG: Ultimato, 2016.
São 20 capítulos,
escritos por 20 eminentes Cientistas que creem firmemente que a fé (no caso a
cristã) não está em descompasso com a Ciência. Na contramão, existem
muitíssimos Cientistas que discordam violentamente deles. É assim mesmo. A
discussão não tem fim. E nem é para ter mesmo.
Esse livro faz parte
da série Ciência e Fé Cristã, da editora Ultimato, que ainda lançara nove
livros dessa coleção tratando da relação entre Ciência e Religião Cristã,
mostrando que a despeito do que se dissemina ainda em alguns círculos, os homens e mulheres que
estudam a natureza também creem.
Em confirmação,
Alister McGrath, Ph.D em Biofísica Molecular e Ph.D em Teologia Histórica na
Universidade de Oxford, escreve no primeiro capítulo:
“[...] o método
científico claramente não implica ateísmo, aqueles que querem utilizar a
ciência em defesa do ateísmo vêem-se forçados a valer-se de uma série de idéias
metafísicas não empíricas ás suas versões de ciência, esperando que ninguém
perceba essa manobra intelectual.” P. 21.
John Houghton, ex-Professor de Física Atmosférica da Universidade de Oxford e Prêmio Nobel da Paz (2007),
faz coro as palavras do McGrath:
“O conflito que se
imagina estar presente entre a descrição científica do mundo e descrição de
Deus como criador surge, a meu ver, de um mal-entendido acerca da natureza de
ambas as descrições. Em vez de conflito, há uma estrita ligação; a ordem e a
coerência que encontramos na nossa ciência podem ser vistas como reflexos da
ordem e da coerência no próprio caráter de Deus.” P. 34.
E a exemplo do Teste
da Fé, primeiro livro da série, todos os Cientistas presentes na obra são
evolucionistas. Andrew Briggs (Ph.D em Física na
Universidade de Cambridge e Professor da Universidade de Oxford, foi Diretor da
Cooperação Nacional Interdisciplinar do Reino Unido de Pesquisa em
Processamento de Informação Quântica), apesar de cristão convicto, também é um
aderente da Teoria da evolução, que tece algumas críticas ao projeto moderno do
Design Inteligente, um movimento composto por diversos Cientistas e Filósofos,
que tenta desqualificar as idéias neodarwinistas.
“Alguns escritores do movimento do design
inteligente argumentam que a complexidade do mundo biológico não poderia ter
surgido sem alguma direção independente do projetista inteligente. Não sei de
nenhum de meus colegas na minha própria universidade que considere esses
argumentos convincentes ou úteis. Até mesmo em órgãos de impressionante
complexidade como os olhos, há crescente evidência de que desenvolvimento
evolucionário pode ocorrer por diversos caminhos.” P. 51.
Não adianta! Por mais que existam ótimos
Cientistas que neguem a poder explicativo das idéias e conceitos gerais de
Darwin, a maioria dos estudiosos da natureza estão com ele. Nesse caso, até
muitos Cientistas cristãos, como os que escreveram esse livro.
Chris Done (Ph.D em Astrofísica na Universidade
de Cambridge, foi Pesquisadora da NASA, é Professora da Universidade de Durham)
nos conta que desde sua adolescência tinha decidido ser uma Cientista, e na sua
cabecinha, necessariamente teria que virar atéia. E foi o que ela se tornou.
Ironicamente, uma atéia-cristã, visto que como ela gostava de cantar no coral
de sua igreja, continuou cantarolando, mesmo sem acreditar. Mas em conversa com
um certo pastor, suas concepções sobre Deus, Jesus e a Bíblia começaram a tomar
um novo rumo, ou o rumo de volta a fé. Ela nos conta:
“Ele [um certo pastor] me emprestou alguns
livros sobre as evidências de que Jesus era o filho de Deus – sua vida, morte e
ressurreição. Sou cientista e adoro evidências. Ponderá-las é o que fazemos. E
fiquei chocada ao descobrir que existem evidências! Evidências de que Jesus
viveu, morreu, e o pior do meu ponto de vista ateísta, evidências de que ele
ressuscitou”. P. 59.
Ela fala mais:
“Assim, assustadoramente, como ateísta
encontrei-me numa posição em que podia ver eu havia evidências suficientes para
sustentar uma crença no cristianismo em termos de um Jesus literalmente
ressurreto”. P. 60.
A partir daí, foi inevitável para ela
torna-se uma mulher de fé.
Colin J. Humphreys (Ph.D em Física e
Professor de Ciências dos Materiais na Universidade de Cambridge, Mestre em
Física na Universidade de Oxford) é mais um que corrobora a visão
historicamente bem fundamentada de que a Ciência moderna emerge exatamente na
Europa, por causa da visão de mundo cristã.
“Há eminentes historiadores da ciência que
argumentam que a razão pela qual a ciência pôde florescer na Europa do século
17 (e não anteriormente em lugares como a China antiga, Egito, a Índia, a
Babilônia ou a Grécia, embora eles fossem observadores brilhantes dos fenômenos
naturais), foi em decorrência do fato de que muitos dos primeiros cientistas
europeus (Newton, Kepler, etc.) eram cristãos que criam num Deus estável e num
universo ordenado”. P. 76.
Os que compuseram essa obra, são de
pessoas de fé arrojada, que não se envergonham de dizer que acreditam em Jesus.
Simon Stuart, Ph.D em Biologia na Universidade de Cambridge, é um exemplo:
“Presumo que minha conversão foi
totalmente pós-moderna no sentido que conheci Jesus e o recebi na minha vida
antes mesmo de conhecer o evangelho em termos mais convencionais. No entanto,
ele me recebeu ainda assim, e minha vida nunca mais foi a mesma. Foi a decisão
mais importante que já tomei e da qual nunca me arrependi.” P. 93.
Obviamente esse tipo de declaração
subjetiva, não prova absolutamente NADA. Contudo, serve para mostrar que a fé
(nesse caso a cristã) pode atingir e realmente atinge muitas vezes as mentes
mais bem preparadas do nosso tempo. Stuart é um dos Cientistas que estão na
ponta de lança, entre os incumbidos de fazerem uma varredura global sobre
as espécies que estão em fase de extinção. Seu trabalho é da máxima importância
para a preservação da saúde ambiental do nosso planeta (mesmo ele reconhecendo
o fracasso de alguns projetos dois quais participou). Muitos de seus colegas,
provavelmente rirão sarcatiscamente dessa declaração religiosa tão, tão, tão
“ingênua”. Bom, é só ele devolver o riso.
Voltando a suposta inimizade entre fé e
razão, Francis Collins, Ph.D em Físico-Química pela Universidade de Yale,
Diretor do Projeto Genoma e membro da Academia Nacional de Ciências dos EUA,
desfaz essa briga:
“É tempo de pedir uma trégua entre a
ciência e o espírito [religião]. A guerra nunca foi realmente necessária. Ela
foi iniciada e incentivada por extremista de ambos os lados, alardeando a ruína
imediata caso o outro lado não seja consquitado. A ciência não é ameaçada por
Deus; é aprimorada. Deus certamente não é ameaçado pela ciência; ele tornou
tudo possível. Busquemos então, juntos, retomar o terreno de uma síntese
espiritualmente satisfatória de todas as grande verdades. A antiga pátria da
razão e da adoração conclama a todos que sinceramente buscam a verdade a vir e
se estabelecer definitivamente ali”. P. 136.
Ghillean Prance (Botânico, ex-Professor
da Universidade de Reading e Yale, membro da Academia de Ciências do Brasil,
Dinamarca e Suécia, e da Royal Society, de Londres) faz uma declaração curiosa:
“Talvez seja mais fácil para um biólogo
conciliar fé e ciência do que em outras áreas do conhecimento, já que os
biólogos têm a oportunidade de estudar o funcionamento da criação. A pergunta
que sempre é feita a um biólogo que confessa a fé cristã é: “Como você concilia
sua crença em Deus com a teoria da evolução?”. Para mim isso nunca representou
uma dificuldade.” P. 140.
Geralmente é o contrário. Entre os
Cientistas, os Biólogos são os mais céticos; são os que mais encontram
dificuldades para conciliar a existência de uma divindade benevolente, com a
inexorável e crueldade presente na natureza. Essa declaração do Prance destoa
do que já li sobre o assunto.
Montagu Gordon Barker, ex-Professor de
Psiquiatria das Universidades de Bristol e Dundee, expressa claramente sua fé
no Cristo:
“[...] o Deus Criador veio viver entre os
homens na pessoa de Jesus, que ele morreu numa cruz por nós e que ressuscitou
dos mortos para trazer nova vida a todos que nele confiam. Isso está no centro
de minha vida.” P. 161.
Andy Gosler (Professor de Biologia e
Ciências Humanas na Universidade de Oxford, membro da Sociedade Internacional
de Ornitologia) afirma que os argumentos ateístas estão eivados de erros:
“Comecei a perceber que a conclusão de que
Deus não existia não provinha, necessariamente, de qualquer ciência real, mas
de argumentos contrários falaciosos – de leituras simplistas de Gênesis, do
‘senso comum’ [...] Seguiu-se então o pensamento de que, se os melhores
argumentos em favor do ateísmo eram tão fracos, segue-se que Deus poderia
realmente existir, e isso provavelmente seria a coisa mais importante que uma
pessoa poderia saber.” P. 186, 187.
Jennifer Wiseman (Ph.D
em Astronomia na Universidade de Harvard, Bacharel em Física pelo Instituto de
Tecnologia de Massassuchests (MIT), Chefe do Laboratório de Astrofísica Estelar
na Divisão de Astrofísica Ciência na NASA. Membro da Associação Científica
Americana e da Associação Americana para o Avanço da Ciência) escreve:
“Diversas facetas da pesquisa astronômica
apontam para um incrível início do universo há cerca de 13,8 bilhões de anos e
para um espetacular desenvolvimento do universo no espaço e no tempo desde
então, levando à formação da vida em pelo menos um planeta. Isso aponta para
Deus? A ciência não responde esse tipo de pergunta. Contudo, olhando através
das ‘lentes da fé’ quando observo o universo, vejo evidências incríveis do
poder de Deus, do seu amor pela beleza, sua paciência e seu supremo desejo pela
vida”. P. 207-208.
R. J. Berry, Ph.D em Genética na
Universidade de Londres, membro da Sociedade Britânica de Ecologia, Federação
Ecológica Europeia:
“A ciência e a fé têm metodologias
diferentes, mas elas são complementares, não contraditórias; uma fé sem razão é
tão entorpecedora quanto uma razão sem fé.” P. 222.
John Wyatt, Professor de Medicina no
Hospital da Universidade de Londres:
“Minha experiencial pessoal, como a de
tantos outros cientistas pesquisadores, é que o entendimento cristão
fundamental do cosmos, a visão de mundo cristã, apoia e motiva a exploração
científica. A profunda convicção de que o universo é construído sobre
princípios racionais e, ainda mais incrível, de que é possível ao cérebro
humano descobrir e compreender esses princípios, está no cerne do
empreendimento da pesquisa. É o entendimento cristão da ordem da criação e de
que os seres humanos feitos à imagem e semelhança de Deus que embasa e ilumina
essas convicções”. P. 225.
Robert White, Pós-Doutorado e Ph.D em
Geofísica Marinha e Bacharel em Geologia na Universidade de Cambridge, membro
da Royal Society:
“As evidências bíblicas
de um universo criado com um propósito, tomadas juntamente com as evidências
científicas que corroboram a evolução ao longo de bilhões de anos, gerando um
lugar adequado para habitação humana, reforçam a mensagem de que a humanidade
não é o produto acidental de um universo sem significado." P. 247.
Destoando de todos,
David Oldroyd, Ph.D em História da Ciência na Universidade de New South Wales,
na Austrália; membro da Academia Australiana de Ciências Humanas, citado por S.
C. Morris, nos fala:
“Devo primeiramente
afirmar minha posição metafísica: sou ateísta. Os argumentos em favor do teísmo
[existência de deus] parecem tão absurdos que o fato deles encontrarem qualquer
benevolência só pode ser explicados, a meu ver, por meios sociólogos." P. 254.
Muitos são os que
fazem coro a esse tipo de declaração. Uma explicação sociológica bem amarrada pode fornecer uma
resposta satisfatória? Ou o Oldroyd está equivocado? Nao seria uma afirmação
dramática demais?
Simon Conway Morris,
Professor de Paleobiologia Departamento de Ciências da Terra da Universidade de
Cambridge, membro da Royal Society e da Sociedade Geológica de Londres:
“Quando se trata da
consciência, caso se adote uma noção de causação de baixo para cima, então
evidentemente a mente só poderia ser o resultado da química e dos neurônios
agregados. Embora essa seja a resposta-padrão evolucionária, ela me parece
incoerente: a mera intratabilidade de como a matéria vem a compreender qualquer
coisa permanece insolúvel. Os materialistas insistirão, é claro, que os
sentidos de algum modo garantem a mente. Mas a menos que o mundo seja
profundamente racional, o que eles devem negar por causa da crença deles
que tudo é o produto de forças cegas e sem sentido, então não podemos encontrar
uma explicação para o ser, para a ‘magia’ do mundo, e seus atributos de
experiência, para não falar das cadeias de pensamento que nos permitem formular
abstrações extraordinárias”. P. 266.
É aquilo que ainda julgo convincente.
É incoerente afirmar racionalidade, ao mesmo tempo em que se argumenta com
tanta paixão, que tudo que vemos é a culminância da irracionalidade.
O que já não é novidade é a influência
de C. S. Lewis na jornada rumo a fé de muitas pessoas e também de vários desses
Cientistas. Dave Raffaelli (Ph.D em Geologia Marinha na Universidade de Bangor,
com Pós-Doutorados nas Universidades de Otago e Essex; foi vice-Presidente da
Sociedade Britânica de Ecologia) é um exemplo:
“Quis o destino que o livro de C. S. Lewis
[Cristianismo Puro e Simples] quase literalmente caísse no meu colo [...] Eu o
li, apenas para me divertir [...] Isso acabou provando-se um grave erro de
previsão. Assim, dei um salto de fé, passando de não cristão para a fé, e nunca
olhei para trás.” P. 281.
Denis Alexander, Ph.D em Neuroquímica no
Instituto de Psiquiatria de Londres, foi chefe do Departamento de Imunologia
Molecular na Universidade de Cambridge:
“A ciência e a fé não são mundos
diferentes, mas diferentes aspectos de um só mundo, o mundo de Deus. Todos os
cientistas têm o privilégio de descobrir um pouquinho mais a respeito das
maravilhas da criação de Deus”. P. 306.
Rosalind Picard, Professora, Ph.D e
Mestre em Ciências, Engenharia Elétrica no Instituto de Tecnologia de
Massassuchetts, graduada em Engenharia Elétrica no Instituto de Tecnologia da
Geórgia:
“Muitos ateístas caem numa armadilha. Eles
assumi que a ciência é a medida suprema da verdade. Alguns assumem que as
únicas coisas verdadeiras são as demonstradas pela ciência, e que os únicos
tópicos válidos são aqueles que a ciência pode abordar. Ironicamente, o que
eles estão afirmando – de modo míope, com base na fé – é que eles possuem os
únicos recursos para a obtenção da verdade. Enquanto isso, há muitas perguntas
e respostas importantes que se encontram fora do alcance dos recursos da
ciência. A ciência não pode provar ou refutar a maior parte dos acontecimentos
históricos; a ciência não pode responder às perguntas fundamentais a respeito
do significado e propósito; a ciência não pode explicar a beleza e a ordem
encontradas na matemática.” P. 320.
Acho que deixei de citar apenas dois
Cientistas. Mas aí está um esboço geral de todo o livro.
Link para o Teste da Fé, primeiro livro da série:
http://dinhosheol.blogspot.com.br/2016/02/o-teste-da-fe.html
Link para o Teste da Fé, primeiro livro da série:
http://dinhosheol.blogspot.com.br/2016/02/o-teste-da-fe.html
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