segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Verdadeiros Cientistas, Fé Verdadeira



BERRY, R. J. (org). Verdadeiros Cientistas, Fé Verdadeira. Viçosa, MG: Ultimato, 2016.

São 20 capítulos, escritos por 20 eminentes Cientistas que creem firmemente que a fé (no caso a cristã) não está em descompasso com a Ciência. Na contramão, existem muitíssimos Cientistas que discordam violentamente deles. É assim mesmo. A discussão não tem fim. E nem é para ter mesmo.

Esse livro faz parte da série Ciência e Fé Cristã, da editora Ultimato, que ainda lançara nove livros dessa coleção tratando da relação entre Ciência e Religião Cristã, mostrando que a despeito do que se dissemina ainda em alguns círculos, os homens e mulheres que estudam a natureza também creem.

Em confirmação, Alister McGrath, Ph.D em Biofísica Molecular e Ph.D em Teologia Histórica na Universidade de Oxford, escreve no primeiro capítulo:

“[...] o método científico claramente não implica ateísmo, aqueles que querem utilizar a ciência em defesa do ateísmo vêem-se forçados a valer-se de uma série de idéias metafísicas não empíricas ás suas versões de ciência, esperando que ninguém perceba essa manobra intelectual.” P. 21.

John Houghton, ex-Professor de Física Atmosférica da Universidade de Oxford e Prêmio Nobel da Paz (2007), faz coro as palavras do McGrath:

“O conflito que se imagina estar presente entre a descrição científica do mundo e descrição de Deus como criador surge, a meu ver, de um mal-entendido acerca da natureza de ambas as descrições. Em vez de conflito, há uma estrita ligação; a ordem e a coerência que encontramos na nossa ciência podem ser vistas como reflexos da ordem e da coerência no próprio caráter de Deus.” P. 34.

E a exemplo do Teste da Fé, primeiro livro da série, todos os Cientistas presentes na obra são evolucionistas. Andrew Briggs (Ph.D em Física na Universidade de Cambridge e Professor da Universidade de Oxford, foi Diretor da Cooperação Nacional Interdisciplinar do Reino Unido de Pesquisa em Processamento de Informação Quântica), apesar de cristão convicto, também é um aderente da Teoria da evolução, que tece algumas críticas ao projeto moderno do Design Inteligente, um movimento composto por diversos Cientistas e Filósofos, que tenta desqualificar as idéias neodarwinistas.

“Alguns escritores do movimento do design inteligente argumentam que a complexidade do mundo biológico não poderia ter surgido sem alguma direção independente do projetista inteligente. Não sei de nenhum de meus colegas na minha própria universidade que considere esses argumentos convincentes ou úteis. Até mesmo em órgãos de impressionante complexidade como os olhos, há crescente evidência de que desenvolvimento evolucionário pode ocorrer por diversos caminhos.” P. 51.

Não adianta! Por mais que existam ótimos Cientistas que neguem a poder explicativo das idéias e conceitos gerais de Darwin, a maioria dos estudiosos da natureza estão com ele. Nesse caso, até muitos Cientistas cristãos, como os que escreveram esse livro.

Chris Done (Ph.D em Astrofísica na Universidade de Cambridge, foi Pesquisadora da NASA, é Professora da Universidade de Durham) nos conta que desde sua adolescência tinha decidido ser uma Cientista, e na sua cabecinha, necessariamente teria que virar atéia. E foi o que ela se tornou. Ironicamente, uma atéia-cristã, visto que como ela gostava de cantar no coral de sua igreja, continuou cantarolando, mesmo sem acreditar. Mas em conversa com um certo pastor, suas concepções sobre Deus, Jesus e a Bíblia começaram a tomar um novo rumo, ou o rumo de volta a fé. Ela nos conta:

“Ele [um certo pastor] me emprestou alguns livros sobre as evidências de que Jesus era o filho de Deus – sua vida, morte e ressurreição. Sou cientista e adoro evidências. Ponderá-las é o que fazemos. E fiquei chocada ao descobrir que existem evidências! Evidências de que Jesus viveu, morreu, e o pior do meu ponto de vista ateísta, evidências de que ele ressuscitou”. P. 59.

Ela fala mais:

“Assim, assustadoramente, como ateísta encontrei-me numa posição em que podia ver eu havia evidências suficientes para sustentar uma crença no cristianismo em termos de um Jesus literalmente ressurreto”. P. 60.

A partir daí, foi inevitável para ela torna-se uma mulher de fé.

Colin J. Humphreys (Ph.D em Física e Professor de Ciências dos Materiais na Universidade de Cambridge, Mestre em Física na Universidade de Oxford) é mais um que corrobora a visão historicamente bem fundamentada de que a Ciência moderna emerge exatamente na Europa, por causa da visão de mundo cristã.

“Há eminentes historiadores da ciência que argumentam que a razão pela qual a ciência pôde florescer na Europa do século 17 (e não anteriormente em lugares como a China antiga, Egito, a Índia, a Babilônia ou a Grécia, embora eles fossem observadores brilhantes dos fenômenos naturais), foi em decorrência do fato de que muitos dos primeiros cientistas europeus (Newton, Kepler, etc.) eram cristãos que criam num Deus estável e num universo ordenado”. P. 76.

Os que compuseram essa obra, são de pessoas de fé arrojada, que não se envergonham de dizer que acreditam em Jesus. Simon Stuart, Ph.D em Biologia na Universidade de Cambridge, é um exemplo:

“Presumo que minha conversão foi totalmente pós-moderna no sentido que conheci Jesus e o recebi na minha vida antes mesmo de conhecer o evangelho em termos mais convencionais. No entanto, ele me recebeu ainda assim, e minha vida nunca mais foi a mesma. Foi a decisão mais importante que já tomei e da qual nunca me arrependi.” P. 93.

Obviamente esse tipo de declaração subjetiva, não prova absolutamente NADA. Contudo, serve para mostrar que a fé (nesse caso a cristã) pode atingir e realmente atinge muitas vezes as mentes mais bem preparadas do nosso tempo. Stuart é um dos Cientistas que estão na ponta de lança, entre os  incumbidos de fazerem uma varredura global sobre as espécies que estão em fase de extinção. Seu trabalho é da máxima importância para a preservação da saúde ambiental do nosso planeta (mesmo ele reconhecendo o fracasso de alguns projetos dois quais participou). Muitos de seus colegas, provavelmente rirão sarcatiscamente dessa declaração religiosa tão, tão, tão “ingênua”. Bom, é só ele devolver o riso.

Voltando a suposta inimizade entre fé e razão, Francis Collins, Ph.D em Físico-Química pela Universidade de Yale, Diretor do Projeto Genoma e membro da Academia Nacional de Ciências dos EUA, desfaz essa briga:

“É tempo de pedir uma trégua entre a ciência e o espírito [religião]. A guerra nunca foi realmente necessária. Ela foi iniciada e incentivada por extremista de ambos os lados, alardeando a ruína imediata caso o outro lado não seja consquitado. A ciência não é ameaçada por Deus; é aprimorada. Deus certamente não é ameaçado pela ciência; ele tornou tudo possível. Busquemos então, juntos, retomar o terreno de uma síntese espiritualmente satisfatória de todas as grande verdades. A antiga pátria da razão e da adoração conclama a todos que sinceramente buscam a verdade a vir e se estabelecer definitivamente ali”. P. 136.

Ghillean Prance (Botânico, ex-Professor da Universidade de Reading e Yale, membro da Academia de Ciências do Brasil, Dinamarca e Suécia, e da Royal Society, de Londres) faz uma declaração curiosa:

“Talvez seja mais fácil para um biólogo conciliar fé e ciência do que em outras áreas do conhecimento, já que os biólogos têm a oportunidade de estudar o funcionamento da criação. A pergunta que sempre é feita a um biólogo que confessa a fé cristã é: “Como você concilia sua crença em Deus com a teoria da evolução?”. Para mim isso nunca representou uma dificuldade.” P. 140.

Geralmente é o contrário. Entre os Cientistas, os Biólogos são os mais céticos; são os que mais encontram dificuldades para conciliar a existência de uma divindade benevolente, com a inexorável e crueldade presente na natureza. Essa declaração do Prance destoa do que já li sobre o assunto.

Montagu Gordon Barker, ex-Professor de Psiquiatria das Universidades de Bristol e Dundee, expressa claramente sua fé no Cristo:

“[...] o Deus Criador veio viver entre os homens na pessoa de Jesus, que ele morreu numa cruz por nós e que ressuscitou dos mortos para trazer nova vida a todos que nele confiam. Isso está no centro de minha vida.” P. 161.

Andy Gosler (Professor de Biologia e Ciências Humanas na Universidade de Oxford, membro da Sociedade Internacional de Ornitologia) afirma que os argumentos ateístas estão eivados de erros:

“Comecei a perceber que a conclusão de que Deus não existia não provinha, necessariamente, de qualquer ciência real, mas de argumentos contrários falaciosos – de leituras simplistas de Gênesis, do ‘senso comum’ [...] Seguiu-se então o pensamento de que, se os melhores argumentos em favor do ateísmo eram tão fracos, segue-se que Deus poderia realmente existir, e isso provavelmente seria a coisa mais importante que uma pessoa poderia saber.” P. 186, 187.

Jennifer Wiseman (Ph.D em Astronomia na Universidade de Harvard, Bacharel em Física pelo Instituto de Tecnologia de Massassuchests (MIT), Chefe do Laboratório de Astrofísica Estelar na Divisão de Astrofísica Ciência na NASA. Membro da Associação Científica Americana e da Associação Americana para o Avanço da Ciência) escreve:

“Diversas facetas da pesquisa astronômica apontam para um incrível início do universo há cerca de 13,8 bilhões de anos e para um espetacular desenvolvimento do universo no espaço e no tempo desde então, levando à formação da vida em pelo menos um planeta. Isso aponta para Deus? A ciência não responde esse tipo de pergunta. Contudo, olhando através das ‘lentes da fé’ quando observo o universo, vejo evidências incríveis do poder de Deus, do seu amor pela beleza, sua paciência e seu supremo desejo pela vida”. P. 207-208.

R. J. Berry, Ph.D em Genética na Universidade de Londres, membro da Sociedade Britânica de Ecologia, Federação Ecológica Europeia:

“A ciência e a fé têm metodologias diferentes, mas elas são complementares, não contraditórias; uma fé sem razão é tão entorpecedora quanto uma razão sem fé.” P. 222.

John Wyatt, Professor de Medicina no Hospital da Universidade de Londres:

“Minha experiencial pessoal, como a de tantos outros cientistas pesquisadores, é que o entendimento cristão fundamental do cosmos, a visão de mundo cristã, apoia e motiva a exploração científica. A profunda convicção de que o universo é construído sobre princípios racionais e, ainda mais incrível, de que é possível ao cérebro humano descobrir e compreender esses princípios, está no cerne do empreendimento da pesquisa. É o entendimento cristão da ordem da criação e de que os seres humanos feitos à imagem e semelhança de Deus que embasa e ilumina essas convicções”. P. 225. 

Robert White, Pós-Doutorado e Ph.D em Geofísica Marinha e Bacharel em Geologia na Universidade de Cambridge, membro da Royal Society:

“As evidências bíblicas de um universo criado com um propósito, tomadas juntamente com as evidências científicas que corroboram a evolução ao longo de bilhões de anos, gerando um lugar adequado para habitação humana, reforçam a mensagem de que a humanidade não é o produto acidental de um universo sem significado." P. 247.

Destoando de todos, David Oldroyd, Ph.D em História da Ciência na Universidade de New South Wales, na Austrália; membro da Academia Australiana de Ciências Humanas, citado por S. C. Morris, nos fala:

“Devo primeiramente afirmar minha posição metafísica: sou ateísta. Os argumentos em favor do teísmo [existência de deus] parecem tão absurdos que o fato deles encontrarem qualquer benevolência só pode ser explicados, a meu ver, por meios sociólogos." P. 254.

Muitos são os que fazem coro a esse tipo de declaração. Uma explicação sociológica bem amarrada pode fornecer uma resposta satisfatória? Ou o Oldroyd está equivocado? Nao seria uma afirmação dramática demais? 

Simon Conway Morris, Professor de Paleobiologia Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Cambridge, membro da Royal Society e da Sociedade Geológica de Londres:

“Quando se trata da consciência, caso se adote uma noção de causação de baixo para cima, então evidentemente a mente só poderia ser o resultado da química e dos neurônios agregados. Embora essa seja a resposta-padrão evolucionária, ela me parece incoerente: a mera intratabilidade de como a matéria vem a compreender qualquer coisa permanece insolúvel. Os materialistas insistirão, é claro, que os sentidos de algum modo garantem a mente. Mas a menos que o mundo seja profundamente racional, o que eles devem negar por causa da crença deles que tudo é o produto de forças cegas e sem sentido, então não podemos encontrar uma explicação para o ser, para a ‘magia’ do mundo, e seus atributos de experiência, para não falar das cadeias de pensamento que nos permitem formular abstrações extraordinárias”. P. 266.

É aquilo que ainda julgo convincente. É incoerente afirmar racionalidade, ao mesmo tempo em que se argumenta com tanta paixão, que tudo que vemos é a culminância da irracionalidade.

O que já não é novidade é a influência de C. S. Lewis na jornada rumo a fé de muitas pessoas e também de vários desses Cientistas. Dave Raffaelli (Ph.D em Geologia Marinha na Universidade de Bangor, com Pós-Doutorados nas Universidades de Otago e Essex; foi vice-Presidente da Sociedade Britânica de Ecologia) é um exemplo:

“Quis o destino que o livro de C. S. Lewis [Cristianismo Puro e Simples] quase literalmente caísse no meu colo [...] Eu o li, apenas para me divertir [...] Isso acabou provando-se um grave erro de previsão. Assim, dei um salto de fé, passando de não cristão para a fé, e nunca olhei para trás.” P. 281.

Denis Alexander, Ph.D em Neuroquímica no Instituto de Psiquiatria de Londres, foi chefe do Departamento de Imunologia Molecular na Universidade de Cambridge:

“A ciência e a fé não são mundos diferentes, mas diferentes aspectos de um só mundo, o mundo de Deus. Todos os cientistas têm o privilégio de descobrir um pouquinho mais a respeito das maravilhas da criação de Deus”. P. 306.

Rosalind Picard, Professora, Ph.D e Mestre em Ciências, Engenharia Elétrica no Instituto de Tecnologia de Massassuchetts, graduada em Engenharia Elétrica no Instituto de Tecnologia da Geórgia:

“Muitos ateístas caem numa armadilha. Eles assumi que a ciência é a medida suprema da verdade. Alguns assumem que as únicas coisas verdadeiras são as demonstradas pela ciência, e que os únicos tópicos válidos são aqueles que a ciência pode abordar. Ironicamente, o que eles estão afirmando – de modo míope, com base na fé – é que eles possuem os únicos recursos para a obtenção da verdade. Enquanto isso, há muitas perguntas e respostas importantes que se encontram fora do alcance dos recursos da ciência. A ciência não pode provar ou refutar a maior parte dos acontecimentos históricos; a ciência não pode responder às perguntas fundamentais a respeito do significado e propósito; a ciência não pode explicar a beleza e a ordem encontradas na matemática.” P. 320.

Acho que deixei de citar apenas dois Cientistas. Mas aí está um esboço geral de todo o livro. 

Link para o Teste da Fé, primeiro livro da série:

http://dinhosheol.blogspot.com.br/2016/02/o-teste-da-fe.html

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