Mais um documentário da “Maria Farinha Produções” denunciando a publicidade desavergonhada direcionada ao público infanto-juvenil. As crianças são implacavelmente vítimas de uma enxurrada de propagandas que as vêm transformando em adultos precoces. Isso acaba prejudicando a sua capacidade de cognição, tornando-as adultos mimados e sem uma estrutura psicológica saudável.
As crianças precocemente têm aprendido a consumir, consumir e consumir. Crianças na mais tenra idade, querendo se maquiar, fazer progressiva, com celulares, andando de salto alto, querendo mostra as curvas do corpo... E a grande vilã para essas aberrações modernas é a publicidade desenfreada e sem regulamentação que existe por aqui. A implantação de desejos incompatíveis com a infância são injetados pelas grandes empresas de brinquedos. Em apenas 30 segundos de propaganda, a criança já está influenciada pelo produto mostrado. Aí vem o desejo de querer aquilo. A criança pensará que se sentirá mais feliz e realizada se adquirir aquele brinquedo. Segundo Clovis de Barros Filho, Ph.D em Ciências da Comunicação pela USP:
“A publicidade evidentemente, [...] promete mais que a alegria da posse. Ela promete a alegria da inscrição na sociedade; ela promete a alegria da existência na sociedade. Consumindo você será aceito como consumidor; se for aceito como consumidor, você será inscrito entre os consumidores daquele produto; será afastado dos não consumidores daquele produto, e, portanto, terá uma existência social que vai te alegrar. E você que não sabe teorizar sobre isso, mas sente que isso é verdade, embarca tranquilamente. Quando é que tudo isso começa? No mundo infantil”.
Num efeito dominó, os pais acabam ficando num situação bem delicada. Como colocar um freio nesse consumismo tão bem estimulado pelas mídias de massa? Na grande maioria dos casos, os pais não tem o total controle. Tornam-se até os “malvados e insensíveis”, se não atenderem aos desejos de seus pimpolhos. Ana Lucia Villela, Mestre em Educação diz:
“Será que é justo a gente culpar esses pais? E ainda piorar a vida deles? [Se tem] uma indústria bilionária bombardeando a cabeça dos filhos deles, dizendo: ‘ Peçam para os seus pais. Queiram isso, queiram isso’”.
E José Eduardo Romão, Mestre em Direito Constitucional, complementa:
“[A publicidade acaba colocando] um pouco as crianças contra os próprios pais, como se os pais fossem aqueles que negassem o desejo. Esse estímulo desenfreado ao desejo acabam colocando os pais sempre como os vilões”.
E pra fechar, os documentaristas dão uma pequena palha do que viriam a denunciar alguns anos depois em seu documentário “Muito Além do Peso”, mostrando a péssima qualidade dos alimentos industrializados que são especialmente feitos para a criançada, com esses dados da Anvisa de 2006:
“80% da publicidade de alimentos dirigidas às crianças são de alimentos calóricos, com alto teor de açúcar, com alto teor de gordura e pobres em nutrientes”.
Estamos em 2015, será que essa porcentagem diminuiu? Nunquinha.
Emoticon squint
Emoticon squint