TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve História do Feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1999.
Não levando em conta os exageros e tomadas equivocadas de decisões, conceitos e ideias, de certos movimentos feministas atuais, acho extremamente justa e bastante necessárias as reivindicações do mundo feminino, por igualdade, equidade, respeito e etc. Durante milênios, as mulheres não têm sido tratadas com justeza, por nós, homens. Somos egoístas. Somos egocêntricos. Pensamos que por sermos “másculos”, somos superiores.
Aqui no Brasil, durante a Colônia, Império, República... não foi/é diferente, um país encharcado no patriarcalismo, tratou, e ainda trata as mulheres de maneira inadequada.
“O feminismo é uma filosofia Universal que considera a existência de uma opressão específica a todas as mulheres. Essa opressão se manifesta tanto a nível das estruturas como das superestruturas (ideologia, cultura e política). Assume formas diversas conforme as classes e camadas sociais nos diferentes grupos étnicos e culturas. Em seu significado mais amplo, o feminismo é um movimento político. Questiona as relações de poder, a opressão e a exploração de grupos de pessoas sobre outras. Contrapõe-se radicalmente ao poder patriarcal. Propõe uma transformação social, econômica, política e ideológica da sociedade.” P. 10.
Muitas mulheres que se destacaram por questionarem o status privilegiado e opressivo das elites, foram consideradas loucas e meretrizes. Dona Beija, Chica da Silva, Marília de Dirceu, e outras mais.
Teles traz uma lista de algumas mulheres que se destacaram no Brasil colonial:
- Ana Pimentel, que governou a capitania de São Vicente, na ausência de seu marido.
- Brites de Albuquerque tomou conta da capitania de Pernambuco durante alguns anos.
- Aqualtune, que foi uma das fundadoras do Quilombo dos Palmares, avó de Zumbi.
- Dandara, mulher de Zumbi, uma das guerreiras de Palmares.
- Filipa Aranha, líder do Quilombo no Pará.
- Tereza de Quariterê, que liderou um Quilombo no Mato Grosso.
- Zeferina, líder de vários negros para proteger o Quilombo do Urubu, na Revolta dos Malês.
- Maria Otiz, que lutou contra os holandeses.
Pode-se dizer que as mulheres, em sua totalidade eram analfabetas, pois apenas duas sabiam ler na cidade de São Paulo (séc. 17). No resto do Brasil essa equação não devia ser muito diferente.
"Consta que, em São Paulo, no século 17, apenas duas mulheres sabiam assinar o nome. [...] para mulher receber alguma instrução tinha de entrar no convento. Nessa época no Brasil a educação estava a cargo da igreja católica em especial dos padres jesuítas. A igreja disseminava a ideologia patriarcal e racionalizava o seu significado: 'Adão foi induzido ao pecado por Eva e não Eva por Adão. É justo que aquele que foi induzido ao pecado pela mulher seja recebido por ela como soberano'." P. 19-20.
No Brasil Império, a educação do sexo feminino ainda deixava muito a desejar. As mulheres só podiam aprender coisas básicas, nunca avançando aos níveis mais elevados da educação.
“Na primeira metade do século XIX, houve mulheres que começaram a reivindicar por seu direito à educação. O ensino então proposto (1837) só admitia para as meninas a escola de 1º grau, sendo impossível, portanto, atingir níveis mais altos, abertos aos meninos. O aspecto principal continuava sendo a preparação para as atividades do lar (trabalhos de agulha), em vez da instrução propriamente dita (escrita, leitura e contas). [...] O número de escolas para meninas era inferior ao de escolas para meninos (no Rio de Janeiro, na metade do século XIX, havia 17 escolas primárias para meninos e apenas 9 para meninas)”. P. 27-28.
Uma das mulheres que mais se destacou na história do nosso país foi Anita Garibaldi, na revolução Farroupilha, iniciada na década de 1830. Posteriormente, ainda lutou pela unificação da Itália, na Europa.
Considerada umas das primeiras feministas, Nísia Floresta (1809-1885), defendeu o fim da escravidão e a autonomia das mulheres. Ela abriu uma escola feminina no Rio de Janeiro.
No mesmo século XIX, temos a primeira romancista, Maria Firmina, que escreveu um romance contra a escravatura. Ela também abriu uma escola para crianças, onde meninos e meninas podiam estudar.
Luísa Mahim, destacou-se na Revolta dos Malês, em 1835, rebelião de negros em Salvador. Sua casa tornou-se uma espécie de quartel general.
Chiquinha Gonzaga, a primeira compositora popular, teve sua primeira ópera barrada por ela ser mulher. Questionada entre escolher o marido e o seu violão, optou por este.
Surge em 1888, o jornal A Família, Josefina Álvares era a sua dirigente. Ela defendia o direito das mulheres votarem, não aceitava que o homem chefiasse a família, queria o divórcio como um direito da mulher, a educação integral da mulher e contestava de forma veemente a dominação dos homens.
Pelos anos 1910...
“Já em 1910, Deolinda Dalho, professora, fundava o Partido Feminino Republicano, defendendo especificamente que os cargos públicos fossem abertos a todos os brasileiros, sem distinção de sexo. Em 1917, no Rio, ela promoveu uma passeata com quase 100 mulheres, pelo direito de voto.” P. 43.
Pelos anos 1920...
“Em 1920, Maria Lacerda Moura, professora, juntamente com a bióloga Bertha Lutz, fundaram no Rio de Janeiro a Liga para a Emancipação Internacional da Mulher, um grupo de estudo cuja preocupação era batalhar pela igualdade política das mulheres. Maria Lacerda de Moura, porém, não tinha em mente apenas essa questão; dirigiu a revista Renascença e pregava o pacifismo, o amor livre e a emancipação da mulher”. P. 44.
Nos anos de 1964, Carmen da Silva escrevia artigos para revista Cláudia, destacando-se perante o público brasileiro. Também a feminista Betty Friedan quando esteve no Brasil, trouxe consigo o seu livro que causou um grande frisson nas mídias brasileiras, por defender ideias muito moderninhas para a época.
A partir da metade da década de 1970, as mulheres começam a se emancipar, mesmo sob os desmandos da ditadura militar. Com o amparo da ONU, a mulher passa a construir a sua história autonomamente, questionando os disparates machistas e reivindicando os seus direitos. A opinião pública é obrigada a lhes dá ouvidos. Dois jornais tiveram grande importância, nesta ascensão feminina.
“Nós Mulheres e Brasil Mulher, juntos, fortaleceram as reivindicações femininas e ajudaram as mulheres a tomar consciência da sua condição. Cada um a seu modo, é claro. Ao se colocarem a serviço das mulheres das camadas populares, esses jornais trouxeram para o debate, ainda incipiente, a necessidade de transformação econômica e social, para que as condições de vida e trabalho de ambos os sexos de tornassem adequadas.” P. 91.
Depois surge em 1981 o jornal Mulherio, que teve importância salutar na nova década que se iniciava.
Ao longo da segunda metade do século XX, as mulheres lutaram junto aos movimentos sindicais, partidos de esquerda, por mais creches, melhores salários... Congressos feministas foram realizados... Teles reitera algumas vezes, que apesar da agenda progressista dos partidos de esquerda, as mulheres não tinham a visibilidade adequada neles. O machismo ainda prevalecia nos bastidores.
Chega-se a última década do século, e ainda muitas coisas estão por se fazer a favor de uma maior autonomia e reconhecimento da mulher na sociedade.
Não levando em conta os exageros e tomadas equivocadas de decisões, conceitos e ideias, de certos movimentos feministas atuais, acho extremamente justa e bastante necessárias as reivindicações do mundo feminino, por igualdade, equidade, respeito e etc. Durante milênios, as mulheres não têm sido tratadas com justeza, por nós, homens. Somos egoístas. Somos egocêntricos. Pensamos que por sermos “másculos”, somos superiores.
Aqui no Brasil, durante a Colônia, Império, República... não foi/é diferente, um país encharcado no patriarcalismo, tratou, e ainda trata as mulheres de maneira inadequada.
“O feminismo é uma filosofia Universal que considera a existência de uma opressão específica a todas as mulheres. Essa opressão se manifesta tanto a nível das estruturas como das superestruturas (ideologia, cultura e política). Assume formas diversas conforme as classes e camadas sociais nos diferentes grupos étnicos e culturas. Em seu significado mais amplo, o feminismo é um movimento político. Questiona as relações de poder, a opressão e a exploração de grupos de pessoas sobre outras. Contrapõe-se radicalmente ao poder patriarcal. Propõe uma transformação social, econômica, política e ideológica da sociedade.” P. 10.
Muitas mulheres que se destacaram por questionarem o status privilegiado e opressivo das elites, foram consideradas loucas e meretrizes. Dona Beija, Chica da Silva, Marília de Dirceu, e outras mais.
Teles traz uma lista de algumas mulheres que se destacaram no Brasil colonial:
- Ana Pimentel, que governou a capitania de São Vicente, na ausência de seu marido.
- Brites de Albuquerque tomou conta da capitania de Pernambuco durante alguns anos.
- Aqualtune, que foi uma das fundadoras do Quilombo dos Palmares, avó de Zumbi.
- Dandara, mulher de Zumbi, uma das guerreiras de Palmares.
- Filipa Aranha, líder do Quilombo no Pará.
- Tereza de Quariterê, que liderou um Quilombo no Mato Grosso.
- Zeferina, líder de vários negros para proteger o Quilombo do Urubu, na Revolta dos Malês.
- Maria Otiz, que lutou contra os holandeses.
Pode-se dizer que as mulheres, em sua totalidade eram analfabetas, pois apenas duas sabiam ler na cidade de São Paulo (séc. 17). No resto do Brasil essa equação não devia ser muito diferente.
"Consta que, em São Paulo, no século 17, apenas duas mulheres sabiam assinar o nome. [...] para mulher receber alguma instrução tinha de entrar no convento. Nessa época no Brasil a educação estava a cargo da igreja católica em especial dos padres jesuítas. A igreja disseminava a ideologia patriarcal e racionalizava o seu significado: 'Adão foi induzido ao pecado por Eva e não Eva por Adão. É justo que aquele que foi induzido ao pecado pela mulher seja recebido por ela como soberano'." P. 19-20.
No Brasil Império, a educação do sexo feminino ainda deixava muito a desejar. As mulheres só podiam aprender coisas básicas, nunca avançando aos níveis mais elevados da educação.
“Na primeira metade do século XIX, houve mulheres que começaram a reivindicar por seu direito à educação. O ensino então proposto (1837) só admitia para as meninas a escola de 1º grau, sendo impossível, portanto, atingir níveis mais altos, abertos aos meninos. O aspecto principal continuava sendo a preparação para as atividades do lar (trabalhos de agulha), em vez da instrução propriamente dita (escrita, leitura e contas). [...] O número de escolas para meninas era inferior ao de escolas para meninos (no Rio de Janeiro, na metade do século XIX, havia 17 escolas primárias para meninos e apenas 9 para meninas)”. P. 27-28.
Uma das mulheres que mais se destacou na história do nosso país foi Anita Garibaldi, na revolução Farroupilha, iniciada na década de 1830. Posteriormente, ainda lutou pela unificação da Itália, na Europa.
Considerada umas das primeiras feministas, Nísia Floresta (1809-1885), defendeu o fim da escravidão e a autonomia das mulheres. Ela abriu uma escola feminina no Rio de Janeiro.
No mesmo século XIX, temos a primeira romancista, Maria Firmina, que escreveu um romance contra a escravatura. Ela também abriu uma escola para crianças, onde meninos e meninas podiam estudar.
Luísa Mahim, destacou-se na Revolta dos Malês, em 1835, rebelião de negros em Salvador. Sua casa tornou-se uma espécie de quartel general.
Chiquinha Gonzaga, a primeira compositora popular, teve sua primeira ópera barrada por ela ser mulher. Questionada entre escolher o marido e o seu violão, optou por este.
Surge em 1888, o jornal A Família, Josefina Álvares era a sua dirigente. Ela defendia o direito das mulheres votarem, não aceitava que o homem chefiasse a família, queria o divórcio como um direito da mulher, a educação integral da mulher e contestava de forma veemente a dominação dos homens.
Pelos anos 1910...
“Já em 1910, Deolinda Dalho, professora, fundava o Partido Feminino Republicano, defendendo especificamente que os cargos públicos fossem abertos a todos os brasileiros, sem distinção de sexo. Em 1917, no Rio, ela promoveu uma passeata com quase 100 mulheres, pelo direito de voto.” P. 43.
Pelos anos 1920...
“Em 1920, Maria Lacerda Moura, professora, juntamente com a bióloga Bertha Lutz, fundaram no Rio de Janeiro a Liga para a Emancipação Internacional da Mulher, um grupo de estudo cuja preocupação era batalhar pela igualdade política das mulheres. Maria Lacerda de Moura, porém, não tinha em mente apenas essa questão; dirigiu a revista Renascença e pregava o pacifismo, o amor livre e a emancipação da mulher”. P. 44.
Nos anos de 1964, Carmen da Silva escrevia artigos para revista Cláudia, destacando-se perante o público brasileiro. Também a feminista Betty Friedan quando esteve no Brasil, trouxe consigo o seu livro que causou um grande frisson nas mídias brasileiras, por defender ideias muito moderninhas para a época.
A partir da metade da década de 1970, as mulheres começam a se emancipar, mesmo sob os desmandos da ditadura militar. Com o amparo da ONU, a mulher passa a construir a sua história autonomamente, questionando os disparates machistas e reivindicando os seus direitos. A opinião pública é obrigada a lhes dá ouvidos. Dois jornais tiveram grande importância, nesta ascensão feminina.
“Nós Mulheres e Brasil Mulher, juntos, fortaleceram as reivindicações femininas e ajudaram as mulheres a tomar consciência da sua condição. Cada um a seu modo, é claro. Ao se colocarem a serviço das mulheres das camadas populares, esses jornais trouxeram para o debate, ainda incipiente, a necessidade de transformação econômica e social, para que as condições de vida e trabalho de ambos os sexos de tornassem adequadas.” P. 91.
Depois surge em 1981 o jornal Mulherio, que teve importância salutar na nova década que se iniciava.
Ao longo da segunda metade do século XX, as mulheres lutaram junto aos movimentos sindicais, partidos de esquerda, por mais creches, melhores salários... Congressos feministas foram realizados... Teles reitera algumas vezes, que apesar da agenda progressista dos partidos de esquerda, as mulheres não tinham a visibilidade adequada neles. O machismo ainda prevalecia nos bastidores.
Chega-se a última década do século, e ainda muitas coisas estão por se fazer a favor de uma maior autonomia e reconhecimento da mulher na sociedade.