PONDÉ, Luiz Felipe. Guia Politicamente Incorreto do Sexo. São
Paulo: Leya, 2015. (Versão em PDF).
Link para o livro em PDF:
Como não é novidade, mais um livro da série “Politicamente
Incorreta”, alvo de muitas críticas negativas.
Devo concordar!
Pondé (Ph.D em Filosofia pela USP) deixa muito a desejar em
muitos de seus aforismos (textos curtos, pequenos, sucintos). Alguns são bem
superficiais; fora da realidade, creio eu. Fala muitas tolices em vários deles.
O livro é contrabalançado pelas boas críticas desferidas contra
o tosco feminismo moderno, que está imbuído de idéias contraproducentes e
ilusórias. Os estardalhaços da esquerda, com sua estúpida ideologia de gênero
(não rejeito toda a ideologia), não escapam das alfinetadas de Pondé.
Pondé escreve algumas coisinhas pornográficas, aqui e ali.
Querendo chocar, no primeiro parágrafo, ele já começa nesse tom:
“De
quatro, ela gemia. Por trás, ele a penetrava e doía. O amor anal é sempre
selvagem e mais íntimo do que todos os outros. Gemia de dor, as lágrimas
escorriam pelos lábios. Ele puxava seus cabelos loiros com força. Sentia-se uma
cadela, momento supremo, pedia que a tratasse por cachorra. Um filósofo diria:
eis a mulher.” P. 8.
E assim, ele inicia sua jornada no Guia Politicamente Incorreto
do sexo.
“Pouco é necessário dizer
sobre a origem e a natureza da praga do politicamente correto. Muitos autores,
e eu mesmo, já escrevemos contra ela: trata-se de uma forma de censura do
pensamento, dos gestos e da linguagem. [...] Acrescentaria apenas que o terreno
da vida sexual é um dos campos em que ela, esta pauta do politicamente correto,
faz maior estrago, tornando a vida sexual e afetiva um inferno maior do que já
é, impondo-nos agendas políticas que são desejadas por uma minoria de pessoas mal-amadas de alguma forma”. P. 11.
As feministas que mais parecem homens se encaixariam
perfeitamente nessa descrição. Mas lembrando que os setores das igrejas cristãs
estão afundados no politicamente correto. Controlam se possível, até as
posições que seus fieis podem ou não podem fazer dentro de seus quartos.
“O desejo pela mulher é,
e sempre foi, um pilar da história humana. A fantasia de tê-la como objeto
sexual move o mundo. Por isso, sempre digo que entre as pernas das mulheres se
encontram segredos essenciais para a alma masculina e para o mundo como um
todo. Infeliz aquele que nunca provou seu gosto.” P.
15.
O Pondé gosta do sexo oposto? Rsrs. Ou ele está tentando disfarçar?
Páginas à frente, ele escreve:
“Sim, este livro é
escrito por um homem que gosta de mulher. Não me venham
cobrar outros pontos de vista”. P.
23.
Deixando de lado sua sexualidade, ele traduz o que TODO homem
fantasia. Ele esclarece:
“[...]
todo homem que gosta de mulher, gosta dela, antes de tudo, como objeto. Mas a
estupidez é assumir que essa frase exclui a alma ou qualquer coisa além do
corpo. Tudo nela pode ser objeto de desejo.” P. 23.
“Uma mulher que se sente
feia é como um universo criado por um deus mau. Claro, os feinhos e as feinhas
são contra a beleza porque não conseguem atingi-la e, sempre que se deseja
muito algo e não se atinge, a alma deforma de inveja.” P.
16.
A crítica aí é dirigida as feministas e "feministos".
Os "abiguinhos" que até a beleza querem relativizar, por não serem
vistosos.
“Pessoas muito limpas não
deveriam emitir opiniões sobre sexo. Uma cama muita limpa é um atestado de
insanidade sexual. Uma mulher cheirosa demais dá medo. Gostar de cheiro de sexo
é condição fundamental para falar de mulher. Uma mulher sem cheiro de fêmea é
uma morta.” P. 17.
Eita, Pondé tá cheio das saliências. Todo saidinho.
“Um dos maiores problemas
dos debates politicamente corretos sobre sexo é o fato apontado pela autora
americana Phyllis Schafler: esse debate é dominado por mulheres que não tiveram
sorte no amor e, por isso, só conheceram homens ruins. Daí, elas tiram a
conclusão de que todos os namorados e maridos das outras são trastes como os
delas. No fundo, esse ódio é fruto, como sempre, não de um argumento racional,
mas de uma paixão ferida.” P. 19.
Outro disparo contra as feministas.
“Meio doce-azedo é o
sabor da mulher. Cada vez mais exige-se coragem para prová-lo. Escondido, ali,
entre as pernas, lugar de segredos. [...] Quando você cresce, você quer chupar
o seio porque mulher é coisa gostosa e geme quando se sente assim. Quando uma
mulher geme não é apenas porque ela goza de prazer, é porque ela goza ao se
sentir gostosa. Nenhum homem tem inveja do seio nem do útero. Homem tem pavor da
dor de parto e se sensibiliza com ela. Tampouco tem medo da vagina. Homem quer
penetrar na vagina ou chupá-la.” P. 22.
Se mostrando "saliente", "imoral" e
"cabido".
"[...] Foucault
(século 20) foi quem deu o tapa final para muita gente pensar que sexo é
política: para ele, o mundo é apenas um conflito entre formas de dominação (as
formas de 'homogeneidade' da qual ele fala). Tudo é construção social
discursiva. O que é isso? Suspeito que muitos foucaultianos repetem essa ideia
sem saber direito o que é, mas, na prática, em termos de sexo, isso deságua na
ideia de que um discurso social constrói as identidades sexuais a partir de
formas de dominação, estabelecendo, por exemplo,
que mulheres gostam de ser penetradas e possuídas e que homens têm que gostar
de fazer isso com as mulheres (coisa que ele, Foucault, não apreciava
muito)." P.
26.
Em tudo que é pensamento lixo, Foucault está envolvido. Pondé
continua:
"Na
ponta final dessas políticas do sexo (ou teorias de gênero) está a ideia de que
a humanidade não está dividida na díade macho-fêmea, mas sim que essa díade é
uma construção do discurso patriarcal opressor. Sei que isso dá sono para
qualquer um que já viu uma mulher gemendo de tesão, mas vamos adiante nessa
coisa. O resultado é que chegamos assim à ideia de que sexo politicamente
correto é sexo que desfaz qualquer forma de 'opressão' política do corpo (da
mulher, quase sempre). A semelhança com a idéia de culpa cristã via a crença de
que temos uma 'vontade pecadora' (no caso das políticas do sexo, a 'vontade
pecadora' seria a 'vontade patriarcal opressora') é enorme, daí a semelhança
com o puritanismo. A diferença é que o pecado dá tesão, enquanto o papo
político dá sono." P. 26.
"[...] Nelson Rodrigues dizia que a prostituição não é a
profissão mais antiga da mulher, mas sua vocação mais antiga. Sua ideia não é
maldizer as mulheres (só o imbecis pensam assim), sua ideia é enaltecer
ocaráter erótico e pecaminoso do desejo que se tem pelas mulheres. Ideias como
essa do Nelson são como verdadeiros 'marcadores' contra o sexo correto. Quando
ouvida, quem se revolta contra ela é um analfabeto em sexo. E, infelizmente, o
lugar onde se encontram mais analfabetos no Eros é onde se acumulam
inteligentinhos: o mundo da cultura e do pensamento. As universidades
contemporâneas são lugares sem nenhum Eros e com muita política." P. 29.
Sobre nós, homens, gostarmos de apreciar duas
mulheres se pegando:
"Um dos maiores
mistérios para as mulheres é entender a razão de os homens adorarem ver duas
gatas em ação. O fato de cenas assim estarem no mercado (e o mercado é sempre
um sábio da natureza humana e, por isso mesmo, é detestável para quem teme esta
mesma natureza) de filmes pornô hétero é indicação de que homens gostam disso.
A beleza aqui é dobrada. Muitas mulheres, contaminadas pela praga do
politicamente correto que vê machismo até no Papai Noel, acham que isso é puro
machismo". P. 40.
Ele continua:
"Outras
imaginam que seja desejo de dominação, como se Foucault (que inventou esse
negócio de “dominação” porque gostava de rapazes fortes com roupas de couro)
entendesse alguma coisa quando se referiu ao desejo masculino por uma mulher.
Não. Pouco importa a razão de os homens sonharem em ver duas gatas em ação.
Ninguém sabe a razão desse desejo. E, como tudo que é mais forte ou importante
em nós, pouco se sabe a causa, e quase sempre pouco importa saber." P.
40.
A “vitória” de Eva sobre Deus:
"Mesmo diante de
Deus, o homem escolheu a mulher. Fosse Eva uma feia, a Criação estaria no seu
lugar até hoje. [...] Como alguém pode dizer que a Bíblia é machista quando Eva
venceu Deus no prólogo do drama cósmico?" P.
48.
Caramba, nunca tinha pensando dessa forma!
"Todo mundo um pouco mais velho se lembra do coração
disparado no momento de chamar uma menina para dançar. O poder dela de destruir
sua noite diante de todos era avassalador e, ao mesmo tempo, encantador. Um
'não' encerrava uma carreira por alguns dias. Um 'sim' colocava o vencedor da
noite nos céus. Se ela fosse linda, a vitória era esmagadora." P. 54.
Hoje numa festa ou micareta, caso você leve um fora, é só partir para a outra garota ao lado.
“Aulas sobre sexualidade
em escolas deveriam ser objeto de muito cuidado por parte dos pais. [...] Por
quê? Porque quem disse que podemos confiar cegamente em quem decidiu dar aula
de sexualidade para as crianças? E não me refiro à suspeita de taras sexuais
por parte desses professores. Acho que suas principais taras são ideológicas.
Querem fazer a cabeça das crianças com suas bobagens.” P.
65.
Continuando:
“[...] a principal razão,
suspeito, é simplesmente a motivação ideológica de
falar para as crianças o que eles, professores, acham que seja certo em matéria
de sexo. Nelson Rodrigues já suspeitava das aulas de educação sexual, e isso
porque ele não chegou a ver gente que pretende dizer aos alunos que meninos que
agem como meninos são machistas e meninas que gostam de meninos são oprimidas.” P. 65.
Continuando:
“Ensinar
às crianças que não devemos fazer bullying com colegas em sala de aula é uma
coisa boa. Ensinar aos meninos que eles são opressores das meninas é, talvez,
uma das piores formas de bullying que já existiram na face da Terra. E não vejo
nenhuma educadora dizer que esses professores estão fazendo bullying com seus
alunos quando os fazem se sentirem culpados porque são meninos.” P.
65.
Fantástico!
“Que a pedagogia é um dos
ramos do saber em que menos devemos confiar nos últimos anos é sabido por
qualquer um. Vejam: uma das últimas novidades das escolas que torturam meninos
(e meninas também, porque reprimir meninos é reprimir meninas, apesar de que
hoje em dia queiram dizer que homens e mulheres não são seres interdependentes)
é o dia em que meninos devem ir vestidos de meninas e meninas vestidas de
meninos”. P. 67.
[...]
"A pergunta é: para
quê? E por quê? Para nada, apenas para satisfazer
as bobagens teóricas que animam grande parte da pedagogia nos últimos tempos.” P. 67.
[...]
“Devem pensar que assim
acabarão com os preconceitos. Não, vão piorá-los. E também a violência vai
piorar porque todas as práticas politicamente corretas são exatamente o que
elas pretendem combater: violência simbólica”. P.
67.
A ideologia doentia sobre gênero nos centros do "saber":
"Os departamentos
universitários que estudam sexualidade (ou gênero) têm novas exigências de
pureza para seus pesquisadores. Além do fato de que, para esses estudos de gênero, homens e mulheres não existem em si, mas são criações de uma
sociedade patriarcal opressora (frases como essa dão sono para quem passou da
idade infantil), a universidade, transformada plenamente em instância
totalitária, agora exige cada vez mais pureza de gênero para seus
pesquisadores.
Sabe-se há muito tempo que os estudos de sexualidade nas universidades
eram privilégio de mulheres (normalmente sem muito sucesso afetivo estável) e
gays. Agora isso não basta. Se você quiser provar sua lealdade ao partido de
gênero você deve ser no mínimo um transexual, melhor se for transgênero.
Se você for gay, deve
fazer algum tipo de intervenção que transforme você num transexual feminino
para garantir que não é um gay reacionário. Se for mulher, já não basta essa
condição porque você pode ser heterossexual, e, portanto, uma colaboracionista
que deseja o opressor. Melhor se for lésbica. O caráter perverso e totalitário
é evidente, mas, antes de tudo, o ridículo salta aos olhos de qualquer pessoa
razoável". P. 73.
O mito da "cultura do estupro":
"Estupro é uma praga ancestral e tem a ver com uma mistura
de força física maior do homem e sua eterna e miserável insegurança diante de
sua fêmea. É uma praga e deve ser combatida sem pena nem dó. Mas outra coisa é
a afirmação de algumas chatinhas de que todo homem é estuprador". P. 76.
[...]
"Mulheres que fazem
essa afirmação são semelhantes a homens que afirmam que toda mulher é vagabunda
e não merece confiança. O fato de que a mulher gosta do homem que a submete ao seu desejo (ao desejo dela por ele,
antes de tudo) e a faz desejar ser penetrada e possuída é absolutamente
desconhecido por essas puritanas modernas, que arrastam seu rastro de solidão,
ódio e histeria pelo mundo afora." P. 76.