É simplesmente emocionante. É absurdamente irônico!
Começa a Segunda Grande Guerra Mundial, em 1939 - os EUA
sofrem um ataque surpresa dos japoneses em Pearl Harbor – não tem outra
escolha, a não ser entrar na guerra e matar aqueles japoneses FDP. Iniciam-se
as convocações – jovens e mais jovens vão se alistando para defender e honrar o
seu país. Dentre esses jovens encontra-se Desmond Doss, um jovem diferente e
com convicções assustadoramente inabaláveis. Ele é um Objetor de Consciência,
uma espécie de pacifista, que se nega em pegar em armas; que em hipótese alguma
tiraria a vida de alguém, até mesmo dos japoneses.
Para Doss o ataque japonês foi uma afronta ao seu país, que
ele encara como um ataque pessoal, que precisa ser corrigido. Sua ajuda ao país
será de mãos limpas, sem matar uma única pessoa. Ele acaba sendo uma
desagradável surpresa no campo de treinamento. Ganha a antipatia e total
reprovação de seus colegas e de seus superiores, indo preso e julgado, quase
indo a corte marcial, se não fosse a intervenção de um soldado de alta patente
e veterano, que lutou ao lado do pai de Doss, na Primeira Grande Guerra Mundial
(1914-1918). Doss, até perde o casamento, pois estava trancafiado pelo exército,
visto que não conseguiu a liberação para sair do quartel.
Doss queria ir para campo de batalha contra os japoneses,
não para matá-los, mas para salvar a vida de seus companheiros, quando estes precisassem.
Sua convicção ele extraía de suas interpretações da Bíblia. Foi um adventista
do sétimo dia pacifista e idôneo guardador do shabat (sábado). Carregava para
todo lado sua pequena Bíblia e a foto de sua amada dentro dela.
Ele fez todo o treinamento exigido, com a única exceção de
não pegar num rifle, de não aprender a atirar, mesmo que fosse para a guerra
sem ser obrigado a usá-lo. A lei garante a sua liberdade de consciência e de não usar armas, mesmo indo guerrear.
Seus colegas de treino e ele vão para a guerra, os soldados
o veem com muita desconfiança – acham Doss um louco e covarde. Mas em Okinawa,
numa batalha sangrenta, dolorosa e difícil contra os japoneses, o pacifista
maluco e fanático mostra o seu extremo e verdadeiro valor ao lado de seus companheiros de
guerra. Quando a primeira batalha termina, ele é o único que fica em meio aos
mortos, procurando por seus companheiros que porventura estejam vivos, sem
ligar para a sua vulnerabilidade diante soldados inimigos.
Surpreendentemente, ele vai salvando dezenas e dezenas de soldados
mutilados, que estavam ali para serem mortos pelos soldados japoneses. Um por
um, em um trabalho incansável e heroico, ele vai salvando os seus amigos. Aquele
garoto franzino, bobo e alvo de chacota, vira um gigante da guerra, se
destacando de uma maneira que ninguém imaginava. Conseguiu com muita
competência e amor aos seus companheiros, o seu objetivo de salvar muitas e
muitas vidas.
Desmond Doss morreu em 2006, nos seus 87 anos, deixando um
legado incrível.
Até o Último Homem é um daqueles filmes que tem que estar na
playlist de qualquer cinéfilo.