Do Iluminismo do século XVIII para cá, cada vez mais estudiosos e
pessoas comuns têm se revelado ateias, irreligiosas, agnósticas e anti-religião.
Os tempos mudaram. Não vivemos mais em uma sociedade homogênea, onde todos
diziam-se crentes em Deus, em Jesus, na Bíblia e na igreja. Esses fundamentos
há muito tempo vêm sendo ridicularizados, questionados e abandonados. Nas universidades
e Centros de Pesquisas são aonde mais se vê a indiferença pelo transcendente. Em
alguns setores e departamentos universitários é generalizado o ceticismo e
desdém pela crença em Deus. O passado com suas crendices ficou para trás. A Ciência
possibilitou o conhecimento não completo e exaustivo, mas suficiente, para
descartar qualquer metafísica sobrenatural em nosso mundo. Assim pensam,
acredito eu, a maioria dos Cientistas e boa parte dos acadêmicos de outras
áreas.
Considere o que diz Richard Dawkins (Ph.D em Zoologia na
Universidade de Oxford), onde para ele, os cristãos estão desalentados e
ansiosos para encontrarem Cientistas do primeiro escalão que creem em Deus.
“Fica cada vez mais difícil encontrar grande cientistas que
professem sua religião ao longo do século XX. [...] O empenho dos apologistas
para encontrar cientistas modernos destacados que sejam religiosos tem um certo
ar de desespero, produzindo o som inconfundível de se raspar o fundo da panela.
[...] Um estudo na importante revista Nature, de Larson e Witham, em 1998,
mostrou que dentre os cientistas americanos considerados eminentes o bastante
para serem eleitos para a Academia Nacional de Ciências (o equivalente a
pertencer a Royal Society na Grã-Bretanha) apenas cerca de 7% acreditam num
Deus pessoal. [...] O que é notável é a completa oposição entre a religiosidade
do povo americano em geral e o ateísmo da elite intelectual". P. 140, 141,
142. (Deus, Um Delírio. São Paulo: Companhia das Letras, 2007).
Não acho que ele esteja de todo errado. Cientistas cristãos,
encontraremos muitíssimos, tanto aqui, no Brasil, como nos EUA, talvez, na Austrália,
e alguns na Europa. Mas digamos, a nata dos Cientistas, não são cristãos e muito menos
teístas.
De qualquer maneira, a reação de um grupo pitoresco de Cientistas
da Criação veio nos anos 2000, quando de saco cheio de ouvirem de
prestigiados Cientistas, como Stephen Jay Gold (Ph.D em Paleontologia pela
Universidade de Columbia), Ernst Mayr (Professor Emérito da Universidade de Greifswald),
dentre vários outros renomados estudiosos do mundo natural, onde eles disseram que
virtualmente nenhum verdadeiro Cientista, atualmente acredita na criação literal
do mundo em seis dias, conforme relata o primeiro livro da Bíblia hebraica, o
Gênesis. Os Cientistas criacionistas resolveram escrever um livro, onde
pudessem reunir um bom número de cristãos fundamentalistas e treinados em Ciência
nas mais diversas áreas, para refutar essa generalização.
John Ashton (Membro do Royal Instituto de Química da Austrália e
do Instituto de Alimentos, Ciência e Tecnologia da Austrália) reuniu 50
Cientistas para desmentir as declarações feitas contra a fé nos seis dias da
criação. Todos eles são crentes na existência de Deus. O Criador é o fundamento
da prática científica, dizem eles. Não adianta os Cientistas ateus negarem esse
alicerce, sobretudo, quando Deus é quem deu ao ser humano a capacidade de
aprender sobre a natureza e seus maravilhosos mistérios.
Aqui vão as dezenas de declarações desses Cientistas incomuns,
reunidas no livro Em Seis Dias, publicado no Brasil, pela Sociedade
Criacionista Brasileira, entidade da Igreja Adventista do Sétimo.
Ariel A. Roth, Ph.D em Biologia pela Universidade de Michigan,
membro da Sociedade Americana de Geologia e membro da Sociedade de Geologia
Sedimentar.
“Eu acredito que a ciência não estaria enfrentando algumas das
questões insuperáveis sobre a origem da vida [...] se não tomar uma abordagem
tão estreita. Faria bem a ciência se ela voltasse a ter uma atitude mais aberta
e ampla que tinha vários séculos atrás, quando os fundamentos da ciência
moderna foram estabelecidos. Basta observar que cientistas como Kepler, Boyle,
Newton, Pascal e Linn acreditavam em Deus como o Criador, que estabeleceu as
leis da ciência.” P. 96.
Andrew Macintosh, Ph.D em Teoria da Combustão pelo Instituto de
Tecnologia de Cranfield, na Inglaterra e Ph.D em Matemática pela Universidade
do País de Gales.
“Eu acredito que é porque os seres humanos não querem prestar contas
a um Deus Criador que eles persistirem com uma teoria [a da evolução] que tem
pouca evidência para apoiar isso.” P. 162.
John K. G. Kramer, Ph.D em Bioquimíca pela Universidade de
Minnesota, EUA. Bacharel e Mestrado em Bioquímica pela Universidade de
Manitoba. Possui Pós-Doutorado pelo Instituto Hormel e pela Universidade de
Ottawa.
“Eu acredito em um Criador, porque eu vejo os seus projetos na
natureza em todos os lugares e as provas de inteligência no DNA de cada célula.” P. 49.
Bob Hosken, Graduado em Bioquímica pela Universidade de Western
Australia, um Mestrado em Bioquímica pela Universidade de Monash, Ph.D em
Bioquímica pela Universidade de Newcastle.
“Cada animal é, de certa forma, projetado especialmente para se ajustar
ao ambiente específico em que vive. Não posso deixar de atribuir a complexidade
de tal projeto a um Criador, em vez de a forças evolucionárias movidas ao
acaso.” P. 121.
George T. Javor, (Ph.D pela Columbia University) leciona
Bioquímica na Loma Linda University, Loma Linda, Califórnia, EUA.
“Quando afirmamos que o nosso mundo foi criado por um Criador, que
implica a existência de uma mente que não só inventou a natureza, mas trouxe
tudo à existência. A grandeza de um Deus tal não pode ser exagerada. [...] A
diferença entre um crente do século 20 no final do Deus Criador e aquele que
vive em 1500 aC, no tempo de Moisés, resume-se ao fato de que agora temos uma
melhor perspectiva sobre a grandeza do Senhor.” P. 133.
Timothy Standish, Ph.D em Biologia pela Universidade da Virgínia,
Charlottesville, Virgínia. Bacharel em Zoologia na Universidade Andrews.
Professor de Genética na Universidade Andrews.
“Eu acredito que Deus fornece evidências de Seu poder criador para
que todos possam experimentar pessoalmente em nossas vidas. Para conhecer o
Criador não requer um grau avançado na ciência ou teologia. Cada um de nós tem
a oportunidade de experimentar o Seu poder criativo em recriar o Seu caráter em
nós, passo a passo, dia a dia.” P. 113.
Jonathan Sarfati, Ph.D em Físico-Química pela Universidade
Victoria, em Wellington, Nova Zelândia. Possui Bacharelado em Química por esta
mesma Universidade.
“Ao ver as obras maravilhosas de projeto no mundo, a pessoa
intelectualmente honesta deve concluir que elas foram feitas por um grande
Designer.” P. 75.
Henry Zuill, Ph.D e Mestre em Biologia pela Universidade Loma
Linda, Califórnia. Possui Bacharelado em Biologia no Atlantic Union College.
“A biodiversidade é um poderoso testemunho sobre o Criador, que
confirma Romanos 1:20: "A partir da criação do mundo, os atributos
invisíveis de Deus, seu eterno poder como a sua divindade foram claramente
observados no que ele fez.’” P. 67.
Jeremy L. Walter, Ph.D, Mestrado e Bacharel em Engenharia Mecânica
na Universidade Estadual da Pensilvânia.
“[...] se um Deus Criador Todo-Poderoso existe, sua criação tem
valor e finalidade puramente baseado em seu próprio conselho e vontade, e as
suas criaturas seriam de especial valor e interesse para Ele. Sua onisciência
garante projeto e conhecimento perfeito, e Ele poderia fornecer um padrão para
tudo o que é verdadeiro. Como um ser amoroso e pessoal, é razoável que Ele
deseja nossa comunhão e escolheu nos revelar os seus propósitos. A Bíblia
afirma ser a Sua revelação especial, e ensina exatamente as verdades sobre Deus.” P. 18.
Jerry R. Bergman, Ph.D em Biologia Humana na Universidade de
Columbia Pacific. Mestre e Bacharel em Psicologia na Universidade Estadual de
Wayne. Mestrado em Sociologia na Universidade Estadual Bowling Green.
“Os cientistas, uma vez argumentaram que a vida era relativamente
simples, que ela podia ser gerada espontaneamente [...]. Eles agora percebem
que a célula humana é a máquina mais complexa conhecida no universo, muito mais
complexa do que o computador mais caro. Essa percepção tem forçado muitas
pessoas a concluir que a vida não poderia ter evoluído, mas deve ter sido
criada instantaneamente como uma unidade em pleno funcionamento.” P. 37.
Todos estes são crentes convictos (pelo menos é a ideia que
passam) na criação do mundo em seis dias literais de 24 horas há apenas alguns
milhares de anos. Evidências eles têm? Bom, dizem que têm. Até apresentam
algumas supostas provas para algo tão estranho a Ciência adotada pela
comunidade científica majoritária. Mas seu principal motivo para tal, não é a
Ciência. Ela é secundária, terciária, nesse caso. A Bíblia é a principal fonte
para se afirmar que a natureza foi feita em seis dias. O raciocínio é simples:
se a Bíblia é a palavra infalível de Deus, então o mundo da natureza não veio a
ser o que é, por processos desordenados, e por meio da evolução. O Gênesis,
segundo eles, é claro: Deus criou Adão e Eva e os animais em 144 horas. Portanto, está aí, a verdade sobre a origem dos seres vivos. Como eu
já escrevi noutras postagens nesse blog, a Ciência é uma subserviente dessa
pressuposição, quando eles vão estudar as plantas, as rochas, os animais e etc.
Todas as evidências, que, porventura
venham encontrar, são automaticamente reinterpretadas para se adequar a sua
visão FIXA.
Eduard Broudeaux, Ph.D em Química pela Universidade de Tulane e
Professor Emérito da Universidade de New Orleans, resume bem, o pensamento dos
cinquenta cientistas que escreveram Em Seis Dias:
“Finalmente, sou forçado a concluir, como manda a razão, que se a Bíblia
é verdadeiramente a Palavra de Deus (como eu estou convencido de que é), então
ela deve ser precisa em cada detalhe, incluindo o relato da criação em seis dias literais. A ciência me diz que
a evolução não é, certamente, científica,
enquanto a criação não está em
desacordo com o que é verdadeiramente científico. Por isso, a criação é
a visão mais aceitável das origens. A criação exige um ser sobrenatural,
criador onipotente; e que a Bíblia é a única fonte convincente de que este Deus é o criador. Na verdade, é, então, o relato bíblico da criação deve ser preciso em
cada detalhe, incluindo os seis dias de 24 horas para a conclusão do começo ao
fim.” P. 197.
Junta-se a ele, Theo Agard, Médico e Ph.D em Física na
Universidade de Toronto, Bacharel e Mestre em Medicina pela Universidade de
Londres, que diz:
“Minha crença na criação sobrenatural deste mundo em seis dias se resume
em grande parte, nos seguintes pontos: a teoria da evolução não é tão
científica como muitas pessoas acreditam.” P. 197.
Fechando as citações, Andrew Snelling, Ph.D em Geologia na
Universidade de Sidney, revela:
“Então, por que eu acredito no relato bíblico da criação por Deus ao
longo de seis dias literais? [...] A razão é que a Bíblia ensina claramente a
criação literal de seis dias e um dilúvio global, não só nos capítulos de
abertura do Livro do Gênesis, mas também em todo o Antigo e Novo Testamento,
inclusive sendo confirmada pelo próprio Jesus Cristo.” P. 265.
Se o livro quer passar a ideia de que existe uma controvérsia no
meio acadêmico, quanto aos seis dias, ou quanto a evolução, só enganarão os
desinformados. Fora esse grupo de 50 Cientistas, não existem mais do que duas
ou três centenas deles mundo a fora. E a maioria nem são da área da Biologia,
disciplina que realmente lida com os seres vivos, e que de fato importa para
refutar a evolução das espécies.
Reiterando mais uma vez: Não sou evolucionista. E muito menos
treinado em Ciência. Mas lúcido o suficiente pelas leituras fundamentalistas
que já fiz até aqui, para rir dessa crença dos seis dias literais. A Bíblia pode
perfeitamente ser interpretada de outra forma, mediante boa exegese dos textos
sagrados. E se ela ensinar como dizem esses Cientistas os seis dias literais?
Caso essa tenha sido a intenção do autor/autores de Gênesis, a resposta é simples:
Numa visão científica, o primeiro livro das escrituras está errado e defasado, refletindo
as crendices mitológicas do seu momento histórico.
Há elementos mitológicos no texto que não dá para serem
descartados, impondo sobre ele nossa visão técnica e científica contemporânea.
As citações do Em Seis Dias foram um pouco adaptadas, por causa da
péssima tradução feita. Parece que foi feita pelo Google Tradutor. Não falo da
tradução da Sociedade Criacionista Brasileira, mas da versão que baixei no site
MinhaTeca, da qual fiz uso.
ASHTON, John F. Em Seis Dias: Por Que
50 Cientistas Decidiram Aceitar a Criação. Master Books, 2001. (Versão
em PDF).