Focando um pouco do meu tempo nos relatos de EQM, visto que
li dois livros sobre o tema, e estou com vistas a ler um terceiro, resolvo
assistir este filme, que traz a história de Colton Burpo, que acometido por uma
apendicite, que estourou e contaminou os outros órgãos, deixando-o à beira da
morte. No período em que passou desacordado na sala de cirurgia, segundo ele conta,
sua mente estava bem ativa, e diz ter visitado o céu. Verdade ou mentira?
Colton é apenas um lindo menino, filho do pastor da cidade,
que diz ter encontrado Jesus, enquanto estava doente na cama do hospital. Jesus
lhe mostrou partes do céu, ele viu anjos, e de quebra, ainda conversou com sua
irmãzinha que nem chegou a nascer, devido a um aborto natural.
Os seus pais, apesar de serem cristãos, ficam bastante
relutantes em acreditar que ele presenciou realmente essas coisas. O seu pai,
Todd Burpo, acredita que o filho teve uma experiência real, mas questiona a interpretação
que Colton dá a ela. O relato do filho
incomoda não apenas os seus pais, mas também, a igreja do qual fazem parte. Há
muita incredulidade em crer que ele de fato tenha ido ao paraíso.
Moradores de uma cidade pequena, a história chega aos
ouvidos de seus habitantes, que também não acreditam numa história tão
fantástica como essa. Chacotas, piadas e risos, são as reações mais comuns,
diante de tudo isso.
Todd vai atrás de uma Psicóloga que diz que seu filho
interpretou o que supostamente viu, conforme o que aprendeu de sua religião. Condicionamento
total.
Para resumir, no fim das contas, seus pais e a igreja passam
a acreditar no relato do pequeno Colton.
As Experiências de Quase-Morte é um fenômeno universal. É um
fenômeno intrigante e instigante. Muitas pessoas que passaram por ela, contam
coisas que viram no hospital, na sala de cirurgia, nos quartos vizinhos, que
seriam impossíveis de saber, na situação em que estavam – apagadas, em coma,
quase do outro lado.
Como explicar em termos puramente naturalistas/materialistas
esses abundantes testemunhos vindos de toda parte?
Não estou aqui endossando o testemunho do Colton, dando-lhe
um atestado de verdadeiro, até porque, é uma grande verdade, que se ele fosse
de uma outra cultura religiosa, com certeza, não teria encontrado um ser
chamado Jesus, mas sim, algum ser espiritual cultuado em sua religião.
Mas em todo caso, as experiências das pessoas de encontrarem
um Ser de Luz são extensas, e todas guardam pontos em comum. É difícil tratar
todas elas, apenas como mecanismos produzidos pelo cérebro, como forma de
atenuar o fim da existência, dando um senso de paz ao moribundo prestes a ter
extinta de uma vez por todas, a sua vida mental.
Este filme, naturalmente, tem a finalidade de legitimar a
visão cristã de um céu esperando os fiéis depois da morte. Entretanto, podemos sair
dessa restrição, e vê-lo por um víeis mais amplo. Um filme que traz mais uma
história de EQM, que desafia os postulados do materialismo metafísico, tão
presentes na comunidade científica, mesmo que ele seja um relato ficcional, pois
ele traz os elementos comuns de uma EQM, independente dele ser um embuste ou
não.
É claro, não custa nada lembrar que essas histórias vindas
de comunidades evangélicas têm uma grande chance de serem pura propaganda
religiosa e embuste, mesmo que envolvam crianças. Alex Malarkey, uma criança
que ficou em coma em 2004, também disse ter visitado o céu, e contou como era o
paraíso. Pois bem, ele mesmo desmentiu há poucos anos, toda a história. Ele
MENTIU. Mas o prejuízo já estava feito, um livro contando a sua história foi
lançado, e pessoas foram enganadas. Aqui no Brasil, o livro foi comercializado
pela editora CPAD, com o nome O Menino que Voltou do Céu. Venderam um engodo.
Fica de alerta, quando ouvirmos histórias fantásticas de EQM
que confirmam essa ou aquela visão religiosa. Esse é o diferencial dos livros
Uma Prova do Céu e Vida Depois da Vida, que não têm o propósito de provar que
visão X de dada religião é a verdadeira, porque fulano e beltrano que passaram
pela EQM, constataram a sua veracidade. As EQM ultrapassam qualquer visão
religiosa, não confirmando nenhuma em especial.