Os relativistas dizem: “Não existe esse negócio de verdades
absolutas, esse negócio de certo ou errado!” Essa afirmação é auto refutável,
autodestrutiva, ou seja, não satisfaz os seus próprios critérios de validade!
Afirmam exatamente aquilo que estão tentando negar! Os relativistas estão
ABSOLUTAMENTE certos de que não existem ABSOLUTOS! A pergunta que se deve fazer
a eles é esta: “Vocês estão ABSOLUTAMENTE CERTOS disso?” Eles ficarão num beco
sem saída. Toda e qualquer resposta que eles derem será contraditórias.
Porém, alguns relativistas dizem que essa pergunta, é uma
“pegadinha filosófica”, ou, um “jogo de palavras” que são destruídas pela
Filosofia da Linguagem. Afirmam que a linguagem é limitada e produz paradoxos
que leva a certas ideias não poderem ser expressas plenamente a não ser em
longos e "resolutos discursos". Dizem que “as contradições do
discurso são causadas pelo paradoxo linguístico”. No entanto, se essa pergunta
é um “jogo de palavras, a afirmação “Não existem verdades absolutas...” também
o É! Pois a pergunta segue a mesma estrutura gramatical que a afirmação, usando
as mesmas palavras chaves. Meu amigo Amadeu Leandro (Licenciado em Filosofia na
UFRN) acertadamente diz:
“O problema com essa contradição é que ela não se restringe apenas a
uma contradição linguística, mas lógica. Ora, devemos lembrar que os nossos
pensamentos são expressos pela linguagem. É na e pela linguagem que ocorre a transmissão
do pensamento. Querer dizer e tentar evitar as contradições do discurso
afirmando que essas contradições são frutos do paradoxo linguístico é um
escapismo. O mais interessante é ver que quando os relativistas se veem em
contradição eles jogam a culpa para a linguagem. Mas por que também não seguir
o caminho inverso, isto é, atribuir aos paradoxos linguísticos quando eles não
cometem contradição? Vamos também classificar de paradoxo linguístico o
enunciado de que ‘as contradições do discurso são causados pelo paradoxo
linguístico’. Além do mais, se essa pergunta for um jogo de palavras e por isso
deve ser rejeitada, então pelo mesmo raciocínio o discurso dos relativistas
também o são, e logo devem rejeitá-lo. Esse é o calcanhar-de-Aquiles do relativista:
ao tentar refutar alguém, refuta a si próprio, caindo na própria armadilha.”
Ele continua:
“O relativista é contraditório quando nega a existência da verdade.
Pois negar a verdade já é PRESSUPÔ-LA. É impossível alguém afirmar: “VERDADES
NÃO EXISTEM”, se não acreditar na VERDADE dessa declaração. Negar isso é tão
absurdo quanto o aluno que responde ausente enquanto o professor faz a sua
chamada.
Com efeito, para um relativista rejeitar uma cosmovisão como falsa
soa estranho. Um verdadeiro relativista jamais deve rejeitar a crença de alguém
como falsa. Pois ao fazer isso, o relativista está supondo que o outro que
adota um ponto de vista contrário ao seu, está errado, o que implica que o seu
(a do relativista) é a certa. Mas aqui vai uma pergunta: como o relativista
pode rejeitar uma crença de outra pessoa como falsa, se a verdade não existe?
Um relativista para ser coerente com a sua filosofia deve aceitar todas as
crenças, inclusive aquelas que ele discorda, como igualmente válidas, uma vez
que não existe um padrão de verdade!
O relativista diz: “TUDO É RELATIVO.” Bem, se tudo é relativo, então
não é verdade que tudo é relativo, pois essa proposição tem um ar de ABSOLUTA.
Para falar a verdade, o grande inimigo do relativista são as suas ações. Pensam
que verdades ou valores objetivos não existem, mas vivem como se eles
existissem.
Só uma ironia: espero que os relativistas não discordem do meu
argumento, já que não existem critérios fixos pelos quais possa discordar de
mim. Na realidade, eles não podem dizer que o meu argumento está certo ou
errado, já que não há padrões de verdade para fazer tal julgamento do meu
texto.”
Outro amigo, Pedro Mendes, Licenciado e Pós-Graduado em Ciências da
Religião na UERN, com perspicácia escreveu:
“Se ‘não existe verdade’, então a frase ‘não existe verdade’ não é
verdadeira, logo, deve existir verdade. Se a ‘verdade é relativa’, a afirmação
‘a verdade é relativa’ também é relativa, o que implica haver uma verdade
absoluta.
Se não há nenhuma verdade absoluta, mas somente interpretações dos
fatos, a mentira também não existe, pois como pode a mentira existir sem a
verdade? Não seria a mentira também uma simples interpretação dos fatos? Sem a
absolutização da verdade, o bem e o mal são a mesma coisa, vistos por ângulos
diferentes.
Dessa forma, a devota Madre Tereza de Calcutá e o tirano Adolf
Hitler não passam de caricaturas humanas, frutos do seu próprio tempo. Em suma,
a caridade e a bestialidade, seriam meras convenções humanas; a virtude e a
piedade poderiam ser colocadas ao lado do ódio e da maldade, e tudo terminaria
na mesma.
A verdade precisa existir, caso contrário, que sentido faz em dizer
que o outro está errado? Por que se incomodar com as inverdades ou com as injustiças?
Por que se chatear quando alguém toma o seu lugar na fila ou rouba ou seu
sanduíche? Afinal, toda crítica que se faz ao outro não pressupõe uma verdade a
priori? De outra forma, nenhuma crítica faria sentido, e nenhum juízo de valor
aconselhável, você não acha? Anulando a verdade e a crítica, não estaríamos
decretando com isso a morte do pensamento?”
Peter Lipton (Professor e Chefe do Departamento de História e
Filosofia da Ciência na Universidade de Cambridge) diz:
“Os filósofos não estão de acordo quanto a isto. Todavia, sou de
opinião de que existem verdades absolutas. (…) Pode haver áreas em que não se
possa chegar à verdade absoluta. Algumas pessoas diriam que as afirmações sobre
questões éticas são desse exemplo; outras di-lo-iam acerca das afirmações sobre
beleza. Porém, disto não se infere que não existam áreas em que há verdade
absoluta.
Posto isto, a pergunta que se impõe é se dispomos de algum exemplo
plausível de verdade absoluta. Eis um: «Há árvores em Portugal». Não é a frase
mais excitante que imaginar se possa, concordo, mas é verdadeira, e não só para
mim. É apenas verdadeira, absolutamente. Deixo-lhe a missão de descobrir
exemplos mais interessantes.”
Norman Geisler (Ph.D em filosofia pela Universidade Loyola, membro
da Associação Cientifica Americana, Sociedade Americana de Religião e da
Sociedade Filosófica Americana) escreve:
“Existem muitas outras verdades sobre a verdade. Veja algumas delas:
• A
verdade é descoberta, e não inventada. Ela existe independentemente do
conhecimento que uma pessoa tenha dela (a lei da gravidade existia antes de
Newton).
• A
verdade é transcultural. Se alguma coisa é verdadeira, então ela é verdadeira
para todas as pessoas, em todos os lugares, em todas as épocas (2 + 2 = 4 para
todo o mundo, em todo lugar, o tempo todo).
• A
verdade é imutável, embora as nossas crenças sobre a verdade possam mudar
(quando começamos a acreditar que a Terra era redonda, em vez de plana, a
verdade sobre a Terra não mudou; o que mudou foi nossa crença sobre a forma da
Terra).
• As
crenças não podem mudar um fato, não importa com que seriedade elas sejam
esposadas (alguém pode sinceramente acreditar que o mundo é plano, mas isso faz
apenas a pessoa estar sinceramente errada).
• A
verdade não é afetada pela atitude de quem a professa (uma pessoa arrogante não
torna falsa a verdade que ela professa. Uma pessoa humilde não faz o erro que
ela professa transformar-se em verdade).
[...]
Em resumo, é possível haver crenças contrárias, mas verdades
contrárias é uma coisa impossível de existir. Isso parece suficientemente
óbvio. Mas como lidamos com a assertiva moderna de que não existe verdade?
Uma afirmação falsa em si mesma é aquela que não satisfaz o seu
próprio padrão. A afirmação — ‘Não existe verdade’ — pretende ser verdadeira e,
portanto, derrota a si mesma. É como se um estrangeiro dissesse: ‘Eu não
consigo falar uma palavra sequer em português’. Se alguém dissesse isso, você
obviamente responderia: ‘Espere um minuto! Sua afirmação é falsa porque você
acabou de falar em português!’.”
(GEISLER; Norman; TUREK, Frank. Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu. São Paulo: Vida, 2007. P.
36-37).
Dr. Mário Carabajal, Psicanalista Clínico e Presidente da Academia
de Letras do Brasil, nos diz algo interessante:
Ao conhecer as verdades relativas, conhecemos também parte da
verdade absoluta. Veja-se a teoria do átomo. Embora ela corresponda à
realidade, não é completa. Não podemos dizer que esgotamos o assunto. Há muito
ainda por conhecer sobre a natureza e a quantidade das partículas elementares
que formam o átomo, sobre as causas que originaram sua mutabilidade, a ‘bola de
fogo’ de César Lates... A atual teoria do átomo é uma verdade relativa, mas, ao
mesmo tempo, ela contém graus de verdade absoluta em crescimento. Assim, a
verdade relativa que conhecemos contém partículas da verdade absoluta, é um
momento da verdade absoluta. O Pensamento Humano é, por natureza, capaz de
conhecer a verdade absoluta que resulta da soma global das verdades relativas.
Cada fase do desenvolvimento da ciência adiciona novas partículas a essa soma
global de verdades relativas. A verdade absoluta está para a verdade relativa
como o todo está para as partes.
No programa Café Filosófico da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, há alguns anos, Alípio Filho (Ph.D em Sociologia Université Rene
Descartes, Paris V, Sorbonne) falou sobre A Concepção Construcionista da
Realidade – visão predominante na Sociologia e Antropologia. Uma teoria que
afirma que toda a realidade é um construto social; em outras palavras é a
negação de verdades objetivas. Na sessão debate, um ouvinte lhe fez uma
pergunta bastante capciosa, porém, uma pergunta que deitou por terra toda (ou
quase toda) a teoria exposta pelo Alípio. A pergunta foi:
“Professor Alipío, eu queria perguntar se você não acha que essa
posição construcionista não tem, vamos dizer, de base, uma posição realista na
medida em que para perceber que a realidade é um construto, eu preciso perceber
o que é a realidade em si. Então se ela não tem como fundamento uma percepção
do real?! É isso.”
O questionamento de Anastácio Borges (Ph.D em Filosofia na
Unicamp) mostrou a falácia do fundamento da Sociologia do Alípio (tudo é uma
construção social). Ao longo de mais de 20 minutos, ele expôs a sua teoria de
maneira clara e fluente (embora, às vezes, gaguejasse um pouco), contudo, quando
se deparou com essa pergunta – gaguejou bastante e como resposta, disse que era
uma questão importante, contudo, que o tempo era pouco para responder; falou
sobre os pré-socráticos; nominalistas e naturalistas; admitiu que há uma base
realista materialista, mas que essa realidade se dá através da linguagem...
Enfim, fez uma explanação interessante, mas que não convenceu, ou, só convence
quem já acredita ou quem está predisposto a crer nessa teoria.
Pois se tudo é uma construção social, por que os Sociólogos e
Antropólogos fazem tanta questão de “provar” isso? Essa tese de que tudo é um
construto, está mais para um postulado metafísico e dogmático que não pode ser
provado. Pois se essa idéia for “verdade”, a própria afirmação (tudo é um
construto social) também é fruto de uma construção social condicionada ao meio
em que foi formulada! Não é uma afirmação OBJETIVA, mas construída
socialmente. E, portanto, não tem mais valor do que a afirmação dos
“reacionários”, “direitistas”, “religiosos atrasados”, de que nem tudo é uma
construção social, de que existem absolutos morais, verdades objetivas e que se
pode conhecer pelo menos parte da realidade em si. E, se, este for o caso, e É
- por que esses Cientistas sociais, muitas vezes discordam veementemente quando
são questionados pelos seus alunos em sala de aula? Não são raras às vezes, em
que esses alunos mais perspicazes são tratados com desdém e ridicularizados por
esses “intelectuais” contemporâneos.
O Filósofo Olavo de Carvalho percebeu uma ironia que acontece
frequentemente quando se debate com os relativistas:
“Os sujeitos que menos toleravam objeções eram precisamente
aqueles que mais proclamavam a relatividade de tudo e a inexistência de
verdades absolutas”.
Ele está certíssimo! Eles acusam os veristas e moralistas de terem
a mente fechada. Mas por que estes teriam a mente fechada? Por que não
concordam com o relativismo e dizem que o mesmo está errado? Contudo, os
relativistas, não concordam com o absolutismo verista e moral, dizem que os que
abraçam essa visão não estão certos. Então pelo mesmo raciocínio, os
relativistas teriam a mente fechada! No entanto, eles não admitem essa
conclusão. Usam dois pesos e duas medidas. Mas não importa. A carapuça de mente
fechada lhes caem muito bem. Não toleram nenhuma ideia que vá de encontro as
suas teses relativistas. O que é um CONTRA-SENSO dos GRANDES,
já que eles dizem não existir verdades absolutas ou objetivas. É
interessante notar que muitos relativistas já escreveram longos textos, livros
e artigos tentando “provar” a não-existência de verdades objetivas. Mas se elas
não existem, pra quê se preocupar em convencer os veristas de seu “erro”? A
maior prova de que os relativistas acreditam em verdades absolutas são seus
extensos textos tentando negar a existência de tais VERDADES. Os
relativistas só não querem admitir o óbvio.
PS: parece-me que a maioria dos Filósofos não estão a vontade em
usar a expressão “verdade absoluta”, preferindo no lugar desta, “verdade
objetiva”. Uns usam as duas expressões de forma intercambiável, como sinônimas.