domingo, 4 de junho de 2017

Primeiro Contato: Tribo Perdida da Amazônia


Em 2014 foram encontrados os índios de uma das últimas tribos incontactadas restantes. Silvícolas sem nenhum conhecimento do mundo exterior. Nunca tinham tido contato com a tecnologia moderna. Mas quis o destino que eles tivessem essa aproximação com o homem branco.

Uma riqueza para a Antropologia! Uma riqueza cultural! Um momento histórico super importante para a Etnografia.

A tribo Sapanawa com 34 índios foi contactada, na fronteira entre o Brasil e o Peru. O momento foi filmado. Situação muitíssimo tensa, de ambos os lados. Só uma palavra dita pelos indígenas os homens brancos conseguiram entender: Shara = Bom.

Encontro perigoso, principalmente para os índios, que estavam querendo pegar as roupas dos brancos, pois viviam nus na floresta. Queriam levá-las e usá-las. Os Antropólogos desesperados tentavam impedi-los, visto eles não tinham imunidade contra as doenças dos brancos.

“Os antropólogos sabem que tribos isoladas, não têm imunidade contra vírus comuns, tornando roupas e objetos um perigo real.”

Basta lembrar que quando os europeus chegaram nas Américas, trazendo as doenças comuns da Europa, milhões de índios nem precisaram ser mortos por eles, posto que as mazelas dos portugueses e espanhóis, como uma simples gripe, já era suficiente para matá-los. Dessa maneira não poucos vieram a óbito.

O encontro foi uma surpresa que causou um frisson em todo mundo. Nove meses depois do primeiro contato, a tribo dos Sapanawa já estava sob a proteção da FUNAI. Vivendo em maior segurança e com o apoio médico da organização, mantendo ao máximo possível a identidade cultural deles.

Alguns hábitos já não eram mais os mesmos. A tribo já estava usando sandálias, roupas, espelhos, deitados em redes, com machados e facas para caçar e etc. Isso descaracteriza a identidade cultural deles, fazendo-os perder os seus mais primitivos modos de lidar e viver com a natureza? Não segundo, eles próprios. O líder, por nome Xina, diz que eles não querem mais ficar nus. Ele diz que sentem vergonha.

As mulheres da tribo adoram usar roupas e sandálias. Elas se sentem mais seguras. O líder chega a dizer que eles nunca dormiam direito na selva. Quanto a comida, era extremamente escassa e difícil. Passavam até quatro dias sem comer.

O documentário lança a sua atenção para um grande problema de outra tribo incontactada, que tem atacado moradores numa região, no Peru. A coisa lá é bem complicada e delicada, pois o governo peruano tem uma lei que proíbe o contato e quaisquer ataques e revides a essas tribos. Mas ao mesmo tempo, os moradores ribeirinhos se veem desprotegidos, pois esses índios têm atacados suas moradias, roubando e matando gente. Não é fácil resolver isso.

Voltando a mutabilidade dos hábitos dos Sapanawa, o Antropólogo José Carlos Meirelles diz algo importante:

“Por que que os índios têm que estar dentro de uma redoma de vidro, a todo tempo com penas, cantando e dançando? Não adianta a gente querer que os índios fiquem imutáveis, sabe? Que mudem nunca. Claro que eles vão conhecer o mundo e mudar. É perigoso? É. Dá problema? Dá. Vai morrer índio? Vai. Vai ficar índio pirado? Vai. Mas isso assim que é, meu amigo. Assim é que é a vida. Eu vejo assim, e não vejo nenhum problema. Daqui a vinte anos, trinta anos, tem um sapanawa lendo, escrevendo, estudando em Rio Branco, na Universidade do Acre. Qual é o problema? Quem não se modifica na natureza, quem não se adapta, morre. É Darwin."

A Incoerência do Relativismo

Os relativistas dizem: “Não existe esse negócio de verdades absolutas, esse negócio de certo ou errado!” Essa afirmação é auto refutável, autodestrutiva, ou seja, não satisfaz os seus próprios critérios de validade! Afirmam exatamente aquilo que estão tentando negar! Os relativistas estão ABSOLUTAMENTE certos de que não existem ABSOLUTOS! A pergunta que se deve fazer a eles é esta: “Vocês estão ABSOLUTAMENTE CERTOS disso?” Eles ficarão num beco sem saída. Toda e qualquer resposta que eles derem será contraditórias.

Porém, alguns relativistas dizem que essa pergunta, é uma “pegadinha filosófica”, ou, um “jogo de palavras” que são destruídas pela Filosofia da Linguagem. Afirmam que a linguagem é limitada e produz paradoxos que leva a certas ideias não poderem ser expressas plenamente a não ser em longos e "resolutos discursos". Dizem que “as contradições do discurso são causadas pelo paradoxo linguístico”. No entanto, se essa pergunta é um “jogo de palavras, a afirmação “Não existem verdades absolutas...” também o É! Pois a pergunta segue a mesma estrutura gramatical que a afirmação, usando as mesmas palavras chaves. Meu amigo Amadeu Leandro (Licenciado em Filosofia na UFRN) acertadamente diz:

“O problema com essa contradição é que ela não se restringe apenas a uma contradição linguística, mas lógica. Ora, devemos lembrar que os nossos pensamentos são expressos pela linguagem. É na e pela linguagem que ocorre a transmissão do pensamento. Querer dizer e tentar evitar as contradições do discurso afirmando que essas contradições são frutos do paradoxo linguístico é um escapismo. O mais interessante é ver que quando os relativistas se veem em contradição eles jogam a culpa para a linguagem. Mas por que também não seguir o caminho inverso, isto é, atribuir aos paradoxos linguísticos quando eles não cometem contradição? Vamos também classificar de paradoxo linguístico o enunciado de que ‘as contradições do discurso são causados pelo paradoxo linguístico’. Além do mais, se essa pergunta for um jogo de palavras e por isso deve ser rejeitada, então pelo mesmo raciocínio o discurso dos relativistas também o são, e logo devem rejeitá-lo. Esse é o calcanhar-de-Aquiles do relativista: ao tentar refutar alguém, refuta a si próprio, caindo na própria armadilha.”

Ele continua:

“O relativista é contraditório quando nega a existência da verdade. Pois negar a verdade já é PRESSUPÔ-LA. É impossível alguém afirmar: “VERDADES NÃO EXISTEM”, se não acreditar na VERDADE dessa declaração. Negar isso é tão absurdo quanto o aluno que responde ausente enquanto o professor faz a sua chamada.

Com efeito, para um relativista rejeitar uma cosmovisão como falsa soa estranho. Um verdadeiro relativista jamais deve rejeitar a crença de alguém como falsa. Pois ao fazer isso, o relativista está supondo que o outro que adota um ponto de vista contrário ao seu, está errado, o que implica que o seu (a do relativista) é a certa. Mas aqui vai uma pergunta: como o relativista pode rejeitar uma crença de outra pessoa como falsa, se a verdade não existe? Um relativista para ser coerente com a sua filosofia deve aceitar todas as crenças, inclusive aquelas que ele discorda, como igualmente válidas, uma vez que não existe um padrão de verdade!

O relativista diz: “TUDO É RELATIVO.” Bem, se tudo é relativo, então não é verdade que tudo é relativo, pois essa proposição tem um ar de ABSOLUTA. Para falar a verdade, o grande inimigo do relativista são as suas ações. Pensam que verdades ou valores objetivos não existem, mas vivem como se eles existissem.

Só uma ironia: espero que os relativistas não discordem do meu argumento, já que não existem critérios fixos pelos quais possa discordar de mim. Na realidade, eles não podem dizer que o meu argumento está certo ou errado, já que não há padrões de verdade para fazer tal julgamento do meu texto.”

Outro amigo, Pedro Mendes, Licenciado e Pós-Graduado em Ciências da Religião na UERN, com perspicácia escreveu:

“Se ‘não existe verdade’, então a frase ‘não existe verdade’ não é verdadeira, logo, deve existir verdade. Se a ‘verdade é relativa’, a afirmação ‘a verdade é relativa’ também é relativa, o que implica haver uma verdade absoluta.

Se não há nenhuma verdade absoluta, mas somente interpretações dos fatos, a mentira também não existe, pois como pode a mentira existir sem a verdade? Não seria a mentira também uma simples interpretação dos fatos? Sem a absolutização da verdade, o bem e o mal são a mesma coisa, vistos por ângulos diferentes.

Dessa forma, a devota Madre Tereza de Calcutá e o tirano Adolf Hitler não passam de caricaturas humanas, frutos do seu próprio tempo. Em suma, a caridade e a bestialidade, seriam meras convenções humanas; a virtude e a piedade poderiam ser colocadas ao lado do ódio e da maldade, e tudo terminaria na mesma.

A verdade precisa existir, caso contrário, que sentido faz em dizer que o outro está errado? Por que se incomodar com as inverdades ou com as injustiças? Por que se chatear quando alguém toma o seu lugar na fila ou rouba ou seu sanduíche? Afinal, toda crítica que se faz ao outro não pressupõe uma verdade a priori? De outra forma, nenhuma crítica faria sentido, e nenhum juízo de valor aconselhável, você não acha? Anulando a verdade e a crítica, não estaríamos decretando com isso a morte do pensamento?”

Peter Lipton (Professor e Chefe do Departamento de História e Filosofia da Ciência na Universidade de Cambridge) diz:
                              
“Os filósofos não estão de acordo quanto a isto. Todavia, sou de opinião de que existem verdades absolutas. (…) Pode haver áreas em que não se possa chegar à verdade absoluta. Algumas pessoas diriam que as afirmações sobre questões éticas são desse exemplo; outras di-lo-iam acerca das afirmações sobre beleza. Porém, disto não se infere que não existam áreas em que há verdade absoluta.

Posto isto, a pergunta que se impõe é se dispomos de algum exemplo plausível de verdade absoluta. Eis um: «Há árvores em Portugal». Não é a frase mais excitante que imaginar se possa, concordo, mas é verdadeira, e não só para mim. É apenas verdadeira, absolutamente. Deixo-lhe a missão de descobrir exemplos mais interessantes.”

(http://www.paginasdefilosofia.net/page/92/ - Texto do livro de Alexandre  George, O Que Diria Sócrates, Gradiva, 2008, P. 37-39).

Norman Geisler (Ph.D em filosofia pela Universidade Loyola, membro da Associação Cientifica Americana, Sociedade Americana de Religião e da Sociedade Filosófica Americana) escreve:

“Existem muitas outras verdades sobre a verdade. Veja algumas delas:

•             A verdade é descoberta, e não inventada. Ela existe independentemente do conhecimento que uma pessoa tenha dela (a lei da gravidade existia antes de Newton).

•             A verdade é transcultural. Se alguma coisa é verdadeira, então ela é verdadeira para todas as pessoas, em todos os lugares, em todas as épocas (2 + 2 = 4 para todo o mundo, em todo lugar, o tempo todo).

•             A verdade é imutável, embora as nossas crenças sobre a verdade possam mudar (quando começamos a acreditar que a Terra era redonda, em vez de plana, a verdade sobre a Terra não mudou; o que mudou foi nossa crença sobre a forma da Terra).

•             As crenças não podem mudar um fato, não importa com que seriedade elas sejam esposadas (alguém pode sinceramente acreditar que o mundo é plano, mas isso faz apenas a pessoa estar sinceramente errada).
•             A verdade não é afetada pela atitude de quem a professa (uma pessoa arrogante não torna falsa a verdade que ela professa. Uma pessoa humilde não faz o erro que ela professa transformar-se em verdade).

[...]

Em resumo, é possível haver crenças contrárias, mas verdades contrárias é uma coisa impossível de existir. Isso parece suficientemente óbvio. Mas como lidamos com a assertiva moderna de que não existe verdade?

Uma afirmação falsa em si mesma é aquela que não satisfaz o seu próprio padrão. A afirmação — ‘Não existe verdade’ — pretende ser verdadeira e, portanto, derrota a si mesma. É como se um estrangeiro dissesse: ‘Eu não consigo falar uma palavra sequer em português’. Se alguém dissesse isso, você obviamente responderia: ‘Espere um minuto! Sua afirmação é falsa porque você acabou de falar em português!’.”

(GEISLER; Norman; TUREK, Frank. Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu. São Paulo: Vida, 2007. P. 36-37).

Dr. Mário Carabajal, Psicanalista Clínico e Presidente da Academia de Letras do Brasil, nos diz algo interessante:

Ao conhecer as verdades relativas, conhecemos também parte da verdade absoluta. Veja-se a teoria do átomo. Embora ela corresponda à realidade, não é completa. Não podemos dizer que esgotamos o assunto. Há muito ainda por conhecer sobre a natureza e a quantidade das partículas elementares que formam o átomo, sobre as causas que originaram sua mutabilidade, a ‘bola de fogo’ de César Lates... A atual teoria do átomo é uma verdade relativa, mas, ao mesmo tempo, ela contém graus de verdade absoluta em crescimento. Assim, a verdade relativa que conhecemos contém partículas da verdade absoluta, é um momento da verdade absoluta. O Pensamento Humano é, por natureza, capaz de conhecer a verdade absoluta que resulta da soma global das verdades relativas. Cada fase do desenvolvimento da ciência adiciona novas partículas a essa soma global de verdades relativas. A verdade absoluta está para a verdade relativa como o todo está para as partes.

(http://www.academialetrasbrasil.org.br/literoterapia.htm - Texto Introdução à Litoterapia)

No programa Café Filosófico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, há alguns anos, Alípio Filho (Ph.D em Sociologia Université Rene Descartes, Paris V, Sorbonne) falou sobre A Concepção Construcionista da Realidade – visão predominante na Sociologia e Antropologia. Uma teoria que afirma que toda a realidade é um construto social; em outras palavras é a negação de verdades objetivas. Na sessão debate, um ouvinte lhe fez uma pergunta bastante capciosa, porém, uma pergunta que deitou por terra toda (ou quase toda) a teoria exposta pelo Alípio. A pergunta foi:

“Professor Alipío, eu queria perguntar se você não acha que essa posição construcionista não tem, vamos dizer, de base, uma posição realista na medida em que para perceber que a realidade é um construto, eu preciso perceber o que é a realidade em si. Então se ela não tem como fundamento uma percepção do real?! É isso.”

O questionamento de Anastácio Borges (Ph.D em Filosofia na Unicamp) mostrou a falácia do fundamento da Sociologia do Alípio (tudo é uma construção social). Ao longo de mais de 20 minutos, ele expôs a sua teoria de maneira clara e fluente (embora, às vezes, gaguejasse um pouco), contudo, quando se deparou com essa pergunta – gaguejou bastante e como resposta, disse que era uma questão importante, contudo, que o tempo era pouco para responder; falou sobre os pré-socráticos; nominalistas e naturalistas; admitiu que há uma base realista materialista, mas que essa realidade se dá através da linguagem... Enfim, fez uma explanação interessante, mas que não convenceu, ou, só convence quem já acredita ou quem está predisposto a crer nessa teoria.

Pois se tudo é uma construção social, por que os Sociólogos e Antropólogos fazem tanta questão de “provar” isso? Essa tese de que tudo é um construto, está mais para um postulado metafísico e dogmático que não pode ser provado. Pois se essa idéia for “verdade”, a própria afirmação (tudo é um construto social) também é fruto de uma construção social condicionada ao meio em que foi formulada! Não é uma afirmação OBJETIVA, mas construída socialmente. E, portanto, não tem mais valor do que a afirmação dos “reacionários”, “direitistas”, “religiosos atrasados”, de que nem tudo é uma construção social, de que existem absolutos morais, verdades objetivas e que se pode conhecer pelo menos parte da realidade em si. E, se, este for o caso, e É - por que esses Cientistas sociais, muitas vezes discordam veementemente quando são questionados pelos seus alunos em sala de aula? Não são raras às vezes, em que esses alunos mais perspicazes são tratados com desdém e ridicularizados por esses “intelectuais” contemporâneos.

O Filósofo Olavo de Carvalho percebeu uma ironia que acontece frequentemente quando se debate com os relativistas:

“Os sujeitos que menos toleravam objeções eram precisamente aqueles que mais proclamavam a relatividade de tudo e a inexistência de verdades absolutas”.


Ele está certíssimo! Eles acusam os veristas e moralistas de terem a mente fechada. Mas por que estes teriam a mente fechada? Por que não concordam com o relativismo e dizem que o mesmo está errado? Contudo, os relativistas, não concordam com o absolutismo verista e moral, dizem que os que abraçam essa visão não estão certos. Então pelo mesmo raciocínio, os relativistas teriam a mente fechada! No entanto, eles não admitem essa conclusão. Usam dois pesos e duas medidas. Mas não importa. A carapuça de mente fechada lhes caem muito bem. Não toleram nenhuma ideia que vá de encontro as suas teses relativistas. O que é um CONTRA-SENSO dos GRANDES, já que eles dizem não existir verdades absolutas ou objetivas. É interessante notar que muitos relativistas já escreveram longos textos, livros e artigos tentando “provar” a não-existência de verdades objetivas. Mas se elas não existem, pra quê se preocupar em convencer os veristas de seu “erro”? A maior prova de que os relativistas acreditam em verdades absolutas são seus extensos textos tentando negar a existência de tais VERDADES. Os relativistas só não querem admitir o óbvio.

PS: parece-me que a maioria dos Filósofos não estão a vontade em usar a expressão “verdade absoluta”, preferindo no lugar desta, “verdade objetiva”. Uns usam as duas expressões de forma intercambiável, como sinônimas.