quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Design Inteligente: Um Pressuposto Fundamental e Primordial a Ciência


Palestra de Johannes Janzen (Ph.D e Mestre em Engenharia pela USP, Pós-Doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts – MIT) sobre os Pressupostos Filosóficos dos quais a Ciência DEPENDE.

Esses Pressupostos seriam:

- Faculdades Confiáveis
- Ordem Inteligível
- Lógica
- Matemática
- Verdade

Trabalhando rapidamente os dois primeiros, o Janzen não tem nenhuma dúvida de que o naturalismo não se adequa de forma alguma a eles.

Se nós somos o resultado do puro acaso irracional, sem uma Inteligência por trás, então, nossas capacidades intelectivas, se é que temos tais faculdades, não podem ser dignas de confiança. A IRRACIONALIDADE não pode resultar em RACIONALIDADE. A NÃO-INTECIONALIDADE não pode gerar INTENCIONALIDADE. Até Filósofos e Cientistas ateus se deram conta disso.

Thomas Nagel, ateu, Ph.D em Filosofia na Universidade de Harvard, escreve:

"O evolucionismo naturalista provê uma explicação de nossas capacidades [mentais] que mina a confiabilidade delas, e ao fazer isto, mina a si mesmo." [1]

O Janzen até mesmo menciona que o próprio Charles Darwin reconhecia isso. Aproveitei e peguei o dito reconhecimento de Darwin em um livro que tinha lido alguns anos atrás.

"Sempre surge a terrível dúvida se as convicções da mente humana, que se desenvolveram de animais inferiores, possuem algum valor ou são confiáveis afinal. Alguém confiaria na mente de um macaco, se é que há qualquer convicção em tal mente?" [2]

Quanto à ordem Inteligível do Universo, cabe à mesma pergunta: Como a natureza e o cosmos podem ser passíveis de serem estudados e escrutinados se são meros arranjos aleatórios e sem sentido algum? Na formação das galáxias e do nosso planeta não houve um processo guiado, mas uma cegueira total. Para os materialistas, não existe propósito no Universo, logo porque procurar o “como” das coisas?

Diante do que foi exposto na palestra em foco, esses dois Pressupostos Filosóficos dão uma SUSTENTAÇÃO ENORME a EXISTÊNCIA de um DESIGNER na criação de tudo. Sobretudo no que concerne ao labor científico, que só foi e é possível, porque esse Designer capacitou a nós (Faculdades confiáveis) e ao Universo (Ordem Inteligível).

REFERÊNCIAS:


2 – SIRE, James. O Universo ao Lado. São Paulo: Hagnos, 2009. P. 122.

O QUE NOS FAZ HUMANOS? Desafios Atuais na Compreensão da Mente Humana e suas Implicações para o Debate Evolução Versus DI


Assistindo mais uma palestra do I Congresso Brasileiro de Design Inteligente, o palestrante Marcos Romano (Psiquiatra pela UNICAMP, ex-Professor da PUC-Campinas, Especialista em Dependência Clínica pela UNIFESP e Especialista em Transtorno do Déficit de Atenção), de maneira pouco atraente e até mesmo atrapalhada, nos apresenta suas “pesquisas” sobre a dualidade Mente-Cérebro, como um empecilho ao materialismo rígido proposto pelos Neurocientistas.

Parecia uma apresentação de aluno no curso universitário de graduação, que se atém apenas aos slides. Percebe-se claramente que o conhecimento dele sobre o assunto é bastante superficial. Mesmo sendo Médico-Psiquiatra e palestrar com tanta empolgação, se reservou a comentar algumas obras que tratam do assunto, e não muito mais que isso. Aposto que o descontentamento foi geral na plateia.

Mas dá para extrair algumas coisas do que ele disse. A última obra do Thomas Nagel (Ph.D em Filosofia na Universidade de Harvard), Mente e Cosmos, é mencionada como uma bomba na visão reducionista materialista da Academia. É do conhecimento de todos, que Nagel é um ateu, mas surpreende a todos, reconhecendo nesse livro as deficiências epistemológicas e metafísicas do materialismo darwinista. Nagel diz:

Nós e outras criaturas com vida mental somos organismos, e nossa capacidade mental depende aparentemente de nossa constituição física. Portanto, aquilo que explicar a existência de organismos como nós deve explicar também a existência da mente. Mas, se o mental não é em si mesmo somente físico, não pode, então, ser plenamente explicado pela ciência física. E então, como vou argumentar mais adiante, é difícil evitar a conclusão que aqueles aspectos de nossa constituição física que trazem o mental consigo também não podem ser explicados pela ciência física. Se a biologia evolutiva é uma teoria física – como geralmente é considerada – então não pode explicar o aparecimento da consciência e de outros fenômenos que não podem ser reduzidos ao aspecto físico meramente. [...] Uma alternativa genuína ao programa reducionista [do darwinismo] irá requerer uma explicação de como a mente e tudo o que a acompanha é inerente ao universo. [1]

Romano complementa:

[...] Como pode a ideia de que a mente a humana ser produto da evolução ser um fato inquestionável? Não é. Não tem como. Nós não possuímos uma teoria científica séria que possa explicar os poderes e propriedades da mente humana.

Uma interessante questão que ele coloca, vem da sua área de atuação, a Psiquiatria, que vê a Esquizofrenia e a Bipolaridade como doenças do cérebro, mas se não existe a dualidade mente-cérebro, como pode, por exemplo, o esquizofrênico detectar o seu próprio delírio? Seria isso uma evidência de que a mente é distinta do cérebro?

[...] Mas se o cérebro e a mente são a mesma, que é o que eles [materialistas] alegam, como seria possível que o indivíduo pudesse perceber o seu delírio como delírio e não se deixar influenciar por ele?

REFERÊNCIAS:

Que é História?


CARR, Edward Hallet. Que é história? 10ª reimpressão. São Paulo: Paz e Terra, 2011.


A princípio quando olhamos para esse livro, com uma capa tão simples e sem graça, é muito fácil descartá-lo como uma obra obscura e sem muita importância. Porém, apesar da simplicidade da capa, o livro em si, não é nada simplista. Edward Hallet Carr, que foi Professor da Universidade do País de Gales e membro do Trinity College da Universidade de Cambridge, é referência sempre atual quando o assunto é Teoria da História.

Pela segunda vez estou lendo essa obra, e possivelmente daqui a alguns anos a lerei de novo. O Carr possui uma destreza formidável para tratar do relacionamento do Historiador com os Fatos, as Causas, os Juízos de Valores e o Progresso na História. Trabalha cada uma dessas facetas magistralmente, elucidando muitos pontos e deixando, é claro, muitas perguntas no ar. Todos esses temas são trabalhados única e exclusivamente para tentar responder à simples, porém, insolúvel pergunta: “O que é História?” 

Um olhar desatento pode chegar à conclusão de que o Carr é um relativista histórico. Mas essa interpretação dele não procede. Já vi alguns citarem partes isoladas desse livro do Carr, para evidenciar o pós-modernismo dele. O que é um erro. O Carr apenas enfatiza a subjetividade do Historiador diante de seu objeto de estudo (os Fatos), contrastando com a ênfase exagerada que os Historiadores do século XIX davam a objetividade do pesquisador na prática historiográfica. Ele não nega a objetividade do Historiador, apenas a coloca no seu devido lugar. Incentiva os Historiadores a teorizarem mais sobre o fazer historiográfico.

Reconheço que muitos historiadores de hoje estão mortos porque não têm teoria. Mas a teoria que eles precisam é de uma teoria da história e não resgatada de fora. P. 31.

Essa mesma deficiência ainda impera nos cursos de graduação. Lembro-me que praticamente nenhum aluno se interessava por epistemologia histórica. Pelo contrário, achavam irrelevante estudar a parte filosófica da coisa. O primeiro texto que nos deparamos sobre Teoria da História, foi do Júlio Arostegui, senti um certo descontentamento da parte dos meus colegas mais próximos. Pensei: “Esse pessoal não entendeu nada do texto e da importância do que o Arostegui disse.”

Continuando, o Carr diz:

"Quando tentemos (“sic”) responder à pergunta: ‘Que é história?’ nossa resposta, consciente ou inconscientemente reflete nossa própria posição no tempo, e faz parte da nossa resposta a uma pergunta mais ampla: que visão nós temos da sociedade em que vivemos?" P. 44.

É por isso que ainda não se tem, e talvez nunca haja uma resposta completa e definitiva do que realmente é História! Os Historiadores estão no mesmo time dos outros acadêmicos do conhecimento, tais como os Filósofos, que se debatem sobre o que é Filosofia; dos Biólogos/Físicos/Químicos, sobre o que é Ciência; e etc. Mas ao contrário dos céticos mais fanfarrões de plantão, mesmo com essa deficiência epistemológica (se é que podemos considerar uma deficiência) nas diversas disciplinas do conhecimento, o mesmo tem avançado em diversas áreas. A subjetividade anda lado a lado com a objetividade. 

"A teoria empírica do conhecimento pressupõe uma separação completa entre sujeito e objeto. Fatos, como impressões sensoriais, impõem, de fora, ao observador e são independentes de sua consciência. [...] Isto é o que se pode chamar visão ‘senso comum’ da história. A história consiste num corpo verificado de fatos." P. 45.

Há um elemento de subjetividade muito forte na prática historiográfica. Não atentar ou reconhecer isso, é cair na ingenuidade do século XIX. Mas nunca é demais lembrar que por mais que o Historiador selecione o que irá dizer, a objetividade continua presente. Se assim não fosse, esse enunciado do Carr não mereceria crédito nenhum. 

"O historiador é necessariamente um selecionador. A convicção num núcleo sólido de fatos históricos que existem objetiva e independentemente da interpretação do historiador é uma falácia absurda, mas que é muito difícil de erradicar." P. 48.

Alguns eventos o Historiador pode omitir por não achar relevante para o tema ou período historiado. Ele estando comprometido, por exemplo, com uma visão religiosa, pode dar mais ênfase ao contexto sócio-religioso da época estudada, enquanto que o estudioso marxista pode levar em conta apenas os fatos ligados a questões econômicas e luta de classes. É mais ou menos isso. Os fatos passam a ser relativos à escola de interpretação adotada pelo Historiador.

"[...] eu mesmo não estou convencido de que o abismo que separa o historiador do geólogo é em alguma medida mais profundo ou mais intransponível do que o abismo que separa o geólogo do físico." P. 118.

Tentando entender o porquê: 

Geologia: lida com eventos únicos, não observados diretamente e não repetíveis do passado, mediante as impressões digitais deixadas pelos fósseis. Cabe ao Geólogo determinar, se possível, é claro, a integridade, datação e confiabilidade do tal fóssil, e interpretá-lo encaixando-o na História da Terra.

História: lida com eventos únicos, não observados diretamente e não repetíveis do passado, mediante os testemunhos, relatos, crônicas, livros e artefatos deixados por seres humanos. O ofício do Historiador é determinar, se possível, é claro, a integridade do testemunho, datação, confiabilidade da testemunha e etc, e interpretá-la de acordo com sua perspectiva historiográfica, encaixando-o na História da humanidade.

As semelhanças são muitas. Se não é negada objetividade na Geologia, não se pode negar objetividade na História. Claro que a subjetividade tanto do Geólogo como do Historiador estão a todo tempo no processo de pesquisa, mas, se não fosse o elemento subjetivo, nenhum e nem outro estariam estudando e pesquisando as suas respectivas áreas. Um ato da vontade (subjetividade) foi o que os tornou Geólogo ou Historiador. Devo esse entendimento ao Filósofo Norman Geisler.

E depois de tanto argumentar sobre a subjetividade do Historiador e aparentemente trazer uma interpretação pós-moderna relativista, Carr dá um banho de água fria nos pós-modernos mais empolgados:

"'Cinismo' representa a visão, da qual citei diversos exemplos, de que a história não tem sentido, ou tem inúmeros sentidos igualmente válidos ou não válidos, ou o sentido que arbitrariamente resolvemos dar-lhe." P. 143.

Fico feliz com os Historiadores que se debruçam no fazer historiográfico tendo uma linha de pensamento teórico-filosófica próxima da visão do Carr. Antes estarem próximos dele, a estarem próximos de Haiden White, por exemplo. Leitura e estudo mui proveitosos. Livro altamente recomendado.