ROTH, Ariel. A Ciência Descobre Deus. São Paulo: CBP, 2010.
Como bem diz o autor, Ariel Roth, Ph.D em Biologia pela Universidade de Michigan, EUA, membro da Sociedade Americana de Geologia e membro da Sociedade de Geologia Sedimentar:
“A discussão sobre a existência de Deus não pode simplesmente ser passada por alto”. P. 07.
Gosto da sinceridade do autor quando diz:
“Seria este livro totalmente objetivo? Infelizmente, a resposta é negativa. Quem pode alegar para si completa objetividade?” P. 10.
Embora o livro tenha muitos detalhes técnicos desnecessários para quem é leigo na área de Biologia, por exemplo; vale a pena ser lido, por fazer uma boa análise sociológica da ciência e dos cientistas. Mostrando o quanto ideias preconceituosas podem e tem contaminado a Academia.
“A ciência deveria estar aberta à possibilidade de que Deus existe em vez de excluí-Lo ou relega-Lo apenas a outro campo de investigação”. P. 08.
“Se quiser ser coerente, a ciência deve também estar disposta a considerar a possibilidade de que existe um Deus”. P. 08.
Freeman Dyson, Presidente do Instituto de Estudos Espaciais e membro do Conselho de Patrocinadores do Boletim de Cientistas Atômicos, diz algo muitíssimo intrigante:
"A medida que olhamos para o Universo e identificamos os muitos acidentes da física e da astronomia que atuam juntos para nosso benefício, é quase como se o Universo de algum modo soubesse que estávamos vindo." P. 62.
Isaac Newton (1642-1727), fundador da Física Clássica e descobridor da Lei da Gravidade, é citado:
"O ateísmo é tão sem sentido e odioso para a humanidade que nunca veio a ter muitos defensores." P. 20.
Naquela época não. Se já era difícil defender ideias que fossem contra o consenso teológico e científico, mesmo quando estas ideias não negavam a existência do Criador, quanto mais abrir a boquinha pra falar a pior das heresias: Deus não existe. Não vejo força persuasiva nesse argumento do Newton.
George Greenstein (Astrônomo com Ph.D pela Universidade de Yale, EUA) é outro crente:
"Ao investigarmos todas as evidências, surge insistentemente o pensamento de que alguma agência sobrenatural – ou, melhor dizendo, uma Agência – precisa estar envolvida. Será possível que repentinamente, sem nenhuma intenção deliberada, acabamos tropeçando na prova científica da existência de um ser supremo? Será que foi Deus que interveio e de maneira tão providencial criou com suas próprias mãos o cosmos para nosso benefício?" P. 70.
Carl Von Linné (1707-1778), em sua época foi o mais notável Professor de Biologia da Universidade de Uppsala. Era prestigiado em todo mundo acadêmico devido a sua classificação dos organismos. Outro crédulo em relação a Deus:
"A natureza é criada por Deus para a Sua honra e para benção da humanidade, e tudo acontece ao Seu comando e sob Sua direção." P. 24.
Scott Todd, Imunologista da Universidade Estadual do Kansas, revela o preconceito da Academia:
"Mesmo que todos os dados apontem para um designer inteligente, essa hipótese é excluída da ciência porque não é naturalista." P. 250.
Tony Rothman (Ph.D em Física pela Universidade do Texas, Austin, com Pós-Doutorado na Universidade de Oxford) faz uma curiosa revelação:
"Quando confrontados com a ordem e a beleza do Universo e as estranhas coincidências da natureza, é muito tentador dar um salto de fé da ciência para a religião. Tenho certeza de que muitos físicos desejam fazê-lo. Eu só gostaria que eles o admitissem." P. 250.
Hubert Yockey, ex-Professor de Física na Universidade da Califórnia, Berkeley, apela para questões éticas, que se levadas em conta, caso o ateísmo seja verdadeiro, faz de nós, seres humanos, meros agentes biológicos sem importância intrínseca.
"Se a vida é apenas material, então os crimes de Hitler, Stalin e Mao Tse Tung não trazem consequências. Se os seres humanos são apenas matéria, não é pior queimar uma tonelada de seres humanos do que uma tonelada de carvão." P. 252.
Em termos metafísicos, não. Tanto faz mesmo. No entanto, a verdade de algo, não está atrelada as suas possíveis consequências, implicações e desdobramentos ruins.
COMTE-SPONVILLE, André. O Espírito do Ateísmo: Introdução a Uma Espiritualidade Sem Deus. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007. — (Coleção obras de Comte-Sponville).
Um dos melhores filósofos ateus que já li. Livro lido em 2011. Uma leitura mui proveitosa. A sobriedade do escritor é espantosa. O autor, André Comte-Sponvile, Ph.D em Filosofia, foi Mestre de Conferências na Universidade de Paris I (Panthéon – Sobornne). Eis alguns trechos:
"Fui educado no cristianismo. Não guardo disso nem amargor nem raiva, muito pelo contrário. Devo a essa religião, logo também a essa igreja (no caso, a católica), uma parte essencial do que eu sou, ou do que tento ser. Minha moral, desde meus anos pios, não mudou. Minha sensibilidade também não. Até meu modo de ser ateu permanece por essa fé da minha infância e da minha adolescência. Por que deveria eu me envergonhar disso? Por que, inclusive, deveria me espantar com isso? É minha história, ou melhor, a nossa. Que seria do Ocidente sem o cristianismo? Que seria o mundo sem seus deuses? Ser ateu não é razão para ser amnésico. A humanidade é una: a religião dela faz parte, a irreligião também, e nem uma nem outra são suficientes". P. 09-10.
"Tenho horror ao obscurantismo, ao fanatismo, à superstição. Também não gosto do niilismo nem da apatia. A espiritualidade é importante demais para que a abandonemos aos fundamentalistas". P. 09-10.
"O ateísmo não é nem um dever nem uma necessidade. A religião também não. Só nos resta aceitar nossas diferenças. A tolerância é a única resposta satisfatória à nossa questão, assim entendida". P. 20.
"A história, por mais longe que remontemos no passado, não conhece sociedade que tenha sido totalmente desprovida de religião". P. 21.
"A inquisição ou terrorismo islâmico, para tomar esses dois exemplos, ilustram claramente a periculosidade das religiões, mas não dizem nada sobre a existência de Deus [...] O fato de todas terem sangue nas mãos poderia tornar alguém misantropo, mas não bastaria para justificar o ateísmo - o qual, historicamente, tampouco está isento de recriminações, especialmente no século XX, nem de crimes." P. 77.
"Não pretendo saber que Deus não existe; creio que ele não existe.
Muitos dos nossos maiores intelectuais são ateus, inclusive nos Estados Unidos, muitos são crentes, inclusive na Europa. Isso confirma que nenhum saber – hoje tanto quanto ontem – pode decidir quem tem razão."
"Das três ‘provas’ clássicas da existência de Deus [prova ontológica, cosmológica, físico-teológica], [a prova cosmológica] é a única que me parece forte, a única que, às vezes, me faz hesitar ou vacilar." P. 81-82.
LUCAS, Ernest. Gênesis Hoje. São Paulo: ABU, 2005.
O autor tenta conciliar o texto de Gênesis com a Teoria Neo-Darwinista. Não consegue. Penso que a interpretação dele deixa a desejar. Por outro lado, as interpretações dos literalistas em tentar nos convencer que o Gênesis e a Ciência Moderna não entra em conflito, também tem suas falhas grotescas. Algumas explicações chegam a ser hilárias.
De qualquer forma, o Ernest Lucas, Ph.D em Química na Universidade de Kent, e Ph.D em Estudos Orientais na Universidade de Liverpool, nos traz informações que poucos leigos sabem sobre o nascimento da Ciência Moderna:
"O fato de acreditarmos que a vida tem um significado está intimamente
ligado à nossa capacidade de racionar e, portanto, com nossa racionalidade. Mas
por que deveríamos confiar em nossa mente ou então na mente dos cientistas
cujas conclusões são aceitas com tanta facilidade, sendo consideradas 'conhecimentos fidedignos'?
O máximo que a ciência pode fazer é nos dizer como funciona nosso
cérebro: a física e a química daquilo que ocorre em nossas células cerebrais. A
ciência não pode nos dizer o significado desses processos físicos e químicos em
termos de razão e lógica.
Podemos ver aqui, portanto, que a própria ciência não
consegue explicar e nem provar que a lógica e a razão, fundamentais para todo
empreendimento científico, sejam fidedignas. Os cientistas precisam assumir que
elas têm valor. Mas qual é a base? Em termos históricos, a resposta para essa
questão é bem clara. Os fundadores da ciência moderna baseavam-se inteiramente em conceitos cristãos para acreditar na razão e em sua capacidade de entender a natureza".
"Isso pode soar estranho hoje, quando muitas pessoas têm a impressão de que a ciência e o cristianismo são rivais em alguns aspectos. Entretanto, ao longo dos últimos cinquenta anos, os historiadores e os filósofos da ciência vêm tornado cada vez mais claro que a ciência moderna deve muito ao cristianismo".
"Com todas as grandes civilizações conhecidas no mundo, por que a ciência moderna nasceu na Europa Cristã no final da Idade Média? O conhecimento acerca do mundo e as técnicas em posse das outras culturas não eram suficientes em si para manter em andamento a ciência como a conhecemos. Os gregos, os hindus do Vale do Ganges, os arábes e os outros povos possuíam conhecimento e técnicas consideráveis, mas nunca desenvolveram a ciência como um movimento progressivo. O que lhes faltava era a estrutura certa que pudesse dar confiança e motivação para as pessoas, fazendo com o que o estudo científico florescesse. Até que isso foi proporcionado pelo cristianismo". P. 17-18, 20-21.
Escrito pelo Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento (Ph.D e Mestrado em Estudos Medievais na Universidade de Montréal, no Canadá). Ele escreve:
"Do ponto de vista histórico, a filosofia medieval faz parte, queiramos ou não, julguemos isto bom ou mau, da história do pensamento ocidental. Assim sendo, muitos dos aspectos deste são vinculados direta ou indiretamente a ela. Portanto, se a ignorarmos, tornamo-nos incapazes de entender a história de nosso próprio pensamento". P. 76.
Eu mesmo ainda estou em falta nos estudos dos grandes pensadores do medievo, tais como Santo Tomás de Aquino, Guilerme de ockhan, Santo Aberlado, Santo Anselmo e tantos outros. Até conheço suas ideias e conceitos de uma maneira geral, mas não li as fontes primárias desses autores.
O Historiador e Teólogo Justo González (Ph.D em Teologia pela Universidade de Yale, EUA), nos traz pequenos Insights referentes sobre Teoria da História:
"[...] a história não é o mesmo que o passado. O passado nunca se nos apresenta diretamente acessível. O passado nos chega através da medição da interpretação. A história é esse passado interpretado". P. 12.
Ele também especula que talvez o assédio de Hernán Cortez na cidade imperial de Tenochitlán, a vinda de Bartolomeu de Las Casas e de Pizarro para o continente americano, possam ser consideradas futuramente pelos historiadores como eventos mais importantes para a história da igreja do que a própria reforma protestante (embora estes eventos não se caracterizem como acontecimentos religiosos).
Ele argumenta em seu livro, que não existe mais um centro do cristianismo, que seria o Atlântico Norte (Europa e Estados Unidos), e, sim, que “um mapa policêntrico” vem se destacando nas últimas décadas devido ao crescimento do cristianismo na América Latina, na África e Oriente. Por isso, o assédio de Cortez, Las Casas e Pizarro talvez sejam eventos mais importantes para a história da igreja do que a própria reforma protestante.
"[...] o mapa do cristianismo já não tem o Atlântico Norte no centro. O novo esboço da história da igreja já não tem no cristianismo dessa região o ponto culminante a partir do qual se veja o passado". P. 22.
Está aí, algo muito importante que muitos seminários teológicos não tem atentado.