segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Livros Lidos (16)


Demorei demais pra terminar esse aqui. O livro é meio enfadonho, contudo, para quem se interessa por teologia histórica vale a pena lê-lo. 

A controvérsia arminianismo/calvinismo é o maior embate teológico dentro da tradição protestante, e está longe de acabar. E esse livro vem desmentir as desonestidades vindas dos calvinistas.


Sempre elogiei o sistema calvinista como uma grande força cultural que impulsionou o avanço da educação. Até porque esse foi o tema de minha monografia. Entretanto, enquanto sistema soteriológico é o pior lixo teológico que o homem conseguiu produzir.

Esse livro do Roger Olson é avalassador. 

Cada vez tenho mais nojo desses teólogos calvinistas: R. C. Sproul, John Piper, dentre tantos outros.


Estava muito ansioso para ler esse livro em vista do que o Roger Olson tinha escrito em sua obra "Contra o Calvinismo". Esperava uma defesa mais arrojada e pungente. Mas o que vi, foi apenas uma exposição básica e muito fraca da posição calvinista concernente aos cinco pontos que o distingue das outras posições teológicas. 

O mérito do livro é não fazer a falácia do espantalho em relação ao arminianismo. Embora o Horton mencione raras vezes esse sistema de crença. De qualquer forma, o calvinismo tem defensores melhores. Digo isso baseado apenas no que li nesse livro. Talvez o Horton não tenha usado todo o seu arsenal argumentativo em favor de sua teologia.

O calvinismo enquanto sistema soteriológico continua sendo um LIXO. Sempre quando o critico tenho sempre em vista uma distinção básica entre a sua relevância enquanto sistema social, econômico e cultural que varreu beneficamente a Europa e o Novo Mundo, do seu sistema dos cinco pontos da Tulipa. Por mais que aquele num certo sentido seja derivado deste.


Um livro que desvenda as influências vindas do protestantismo do século XVI que moldaram a política e a economia da modernidade. O autor é uma autoridade mundial no assunto. André Biéler, é Ph.D em História Econômica e foi Professor da Universidade de Genebra na Suíça.

O protestantismo calvinista foi uma das principais forças que desencadeou o desenvolvimento das nações que aderiram suas novas ideias. O autor observa que os países católicos devido a sua antiga visão hierárquica e dogmática, só se desenvolverão de fato no século XX, enquanto que os países protestantes a partir do século XVII. 

"A influência do calvinismo sobre a democratização das regiões conquistadas pela Reforma é considerável. Foi a partir dos escritos calvinistas sobre o direito aos tiranos que os revolucionários democratas justificaram sua ação". P. 83.

É na Inglaterra com a Revolução Gloriosa que se estabelece "a primeira grande democracia na Europa". P. 82. 

Quem poderá negar esses fatos?!  O catolicismo engessou a Europa durante séculos.


Esse é um daqueles livros que merece ser lido e relido algumas vezes, pelo importante conteúdo exposto e bem argumentado. O autor é habilidoso em explorar as nuances do pensamento fascista tão comum no século passado. Uma visão político-social que infelizmente contaminou a Europa. 

Dentre os principais filósofos que forjaram o fascismo, está o filósofo alemão, Nietzsche. Poderia vim alguma coisa boa desse canalha? 

O autor focaliza mais o fascismo na Alemanha através de Hitler e seus aliados, mostrando as facetas do fascismo nas artes, na ética, na teologia, etc. 

Uma das grandes preocupações do autor dar-se pelo fato do fascismo ainda ter os seus adoradores nos dias atuais. Os autores pós-modernos, quando depreciam/desdenham/desprezam/desvalorizam a razão e arrancam todo valor moral transcendente, acabam descambando para o relativismo e anarquia de todo tipo. 

"Uma vez que a razão é minimizada e não há mais um consenso moral, não haverá mais razão para uma discussão racional e análise moral". P. 139.

Livros Lidos (15)


O neopentecostalismo foi uma das piores coisas que aconteceram nas últimas décadas. O povo brasileiro que já era imerso nas crendices bobas legadas pelo catolicismo, apenas mudou o seu objeto de superstição.

A superstição continua a dar no meio das canelas da nossa sociedade com essas igrejas que só fazem explorar a ingenuidade/burrice/carência de uma boa parcela dos cidadãos.

Isso é o preço amargo que se paga por não termos uma educação de qualidade em nossas escolas. Proveitosa a leitura desse livro que tive a oportunidade de ler a um 1 ano e meio. Ele me fez ter ainda mais nojo dessas igrejas neopentecostais que não valem merda. Apenas atrasam mais ainda o nosso Brasil.



Como já tive amigos testemunhas de Jeová, sei o quanto o conteúdo desse livro é verdadeiro. Acredito que o tipo de jovem mais alienado, preso intelectualmente e espiritualmente seja os dessa seita.

Nem uma faculdade eles podem fazer sem serem vistos com um ar de desconfiança pelos outros membros da seita. São poucas as testemunhas de Jeová que cursam um nível superior. Até porque o "atual sistema de coisas" irá acabar em breve, segundo elas - então pra quê estudar? Estamos muito próximos do fim do mundo; não há necessidade de perder tempo com vãs filosofias.

Quando li esse livro, apenas constatei no papel o que já vi na realidade.


Sempre achei estranho e ridículo esses cultos afros; mas querendo ou não, eles fazem parte da cultura do nosso país. É uma prerrogativa de seus adeptos cultuarem seus orixás ou demônios como reza o cristianismo protestante conservador.

Só lamento que em pleno século XXI as pessoas deem crédito a supostos deuses que lhes ouvem as preces através de oferendas composta por galinhas, bodes, farofa, pipoca, cachaça etc. É de uma primitividade sem igual. Humanos, humanos...

Como uma pessoa em suas plenas capacidades mentais e intelectuais vai acreditar nisso?! Mesmo que realmente algum resultado seja obtido através dessas oferendas, quem garante que são forças espirituais do bem que estão operando?


Há mais de 8 anos quando li esse livro, alguns amigos riram de mim, por eu estar perdendo tempo com um livro direcionado para a mulher. Li sim, e daí? Um livro que muitas mulheres deviam ler. 

O livro tece críticas contundentes a "ditadura" divulgada pelas grandes mídias de que a mulher para ser bonita e desejada tem que se adequar aos padrões de beleza em voga. 

O que tem de mulher aí, frustrada, infeliz e desajustada psicologicamente por não atingir tão padrão, não é brincadeira. É uma lição que também serve para os homens.


Como muitas das ideias feministas são filhas desse lixo ideológico de "desconstrução" surgidos na década de 1960, eu já fiquei com um pé atrás nas primeiras linhas desse livro. A autora vê sexismo e patriarcalismo demais. 

Aí, qual a solução para desconstruir essa "injustiça" imputada as mulheres? Apelar para textos de pouca relevância histórica (os apócrifos) para poder elevar o papel de Madalena no cristianismo primitivo, inspirando e dando um novo ânimo as "pobres" e "oprimidas" mulheres cristãs por um bando de machos "preconceituosos" e "insensíveis".

Como o livro tava na promoção, me senti forçado a comprar. Porém, ele deixa muito a desejar em força argumentativa. Mas tá valendo a leitura.

Livros Lidos (14)


ROTH, Ariel. A Ciência Descobre Deus. São Paulo: CBP, 2010.

Como bem diz o autor, Ariel Roth, Ph.D em Biologia pela Universidade de Michigan, EUA, membro da Sociedade Americana de Geologia e membro da Sociedade de Geologia Sedimentar:

“A discussão sobre a existência de Deus não pode simplesmente ser passada por alto”. P. 07.

Gosto da sinceridade do autor quando diz:

“Seria este livro totalmente objetivo? Infelizmente, a resposta é negativa. Quem pode alegar para si completa objetividade?” P. 10.

Embora o livro tenha muitos detalhes técnicos desnecessários para quem é leigo na área de Biologia, por exemplo; vale a pena ser lido, por fazer uma boa análise sociológica da ciência e dos cientistas. Mostrando o quanto ideias preconceituosas podem e tem contaminado a Academia. 

“A ciência deveria estar aberta à possibilidade de que Deus existe em vez de excluí-Lo ou relega-Lo apenas a outro campo de investigação”. P. 08.

“Se quiser ser coerente, a ciência deve também estar disposta a considerar a possibilidade de que existe um Deus”. P. 08.

Freeman Dyson, Presidente do Instituto de Estudos Espaciais e membro do Conselho de Patrocinadores do Boletim de Cientistas Atômicos, diz algo muitíssimo intrigante:

"A medida que olhamos para o Universo e identificamos os muitos acidentes da física e da astronomia que atuam juntos para nosso benefício, é quase como se o Universo de algum modo soubesse que estávamos vindo." P. 62.

Isaac Newton (1642-1727), fundador da Física Clássica e descobridor da Lei da Gravidade, é citado:

"O ateísmo é tão sem sentido e odioso para a humanidade que nunca veio a ter muitos defensores." P. 20.

Naquela época não. Se já era difícil defender ideias que fossem contra o consenso teológico e científico, mesmo quando estas ideias não negavam a existência do Criador, quanto mais abrir a boquinha pra falar a pior das heresias: Deus não existe. Não vejo força persuasiva nesse argumento do Newton.

George Greenstein (Astrônomo com Ph.D pela Universidade de Yale, EUA) é outro crente:

"Ao investigarmos todas as evidências, surge insistentemente o pensamento de que alguma agência sobrenatural – ou, melhor dizendo, uma Agência – precisa estar envolvida. Será possível que repentinamente, sem nenhuma intenção deliberada, acabamos tropeçando na prova científica da existência de um ser supremo? Será que foi Deus que interveio e de maneira tão providencial criou com suas próprias mãos o cosmos para nosso benefício?" P. 70.

Carl Von Linné (1707-1778), em sua época foi o mais notável Professor de Biologia da Universidade de Uppsala. Era prestigiado em todo mundo acadêmico devido a sua classificação dos organismos. Outro crédulo em relação a Deus:

"A natureza é criada por Deus para a Sua honra e para benção da humanidade, e tudo acontece ao Seu comando e sob Sua direção." P. 24.

Scott Todd, Imunologista da Universidade Estadual do Kansas, revela o preconceito da Academia:

"Mesmo que todos os dados apontem para um designer inteligente, essa hipótese é excluída da ciência porque não é naturalista." P. 250.

Tony Rothman (Ph.D em Física pela Universidade do Texas, Austin, com Pós-Doutorado na Universidade de Oxford) faz uma curiosa revelação:

"Quando confrontados com a ordem e a beleza do Universo e as estranhas coincidências da natureza, é muito tentador dar um salto de fé da ciência para a religião. Tenho certeza de que muitos físicos desejam fazê-lo. Eu só gostaria que eles o admitissem." P. 250.

Hubert Yockey, ex-Professor de Física na Universidade da Califórnia, Berkeley, apela para questões éticas, que se levadas em conta, caso o ateísmo seja verdadeiro, faz de nós, seres humanos, meros agentes biológicos sem importância intrínseca.

"Se a vida é apenas material, então os crimes de Hitler, Stalin e Mao Tse Tung não trazem consequências. Se os seres humanos são apenas matéria, não é pior queimar uma tonelada de seres humanos do que uma tonelada de carvão." P. 252.

Em termos metafísicos, não. Tanto faz mesmo. No entanto, a verdade de algo, não está atrelada as suas possíveis consequências, implicações e desdobramentos ruins. 


COMTE-SPONVILLE, André. O Espírito do Ateísmo: Introdução a Uma Espiritualidade Sem Deus. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007. — (Coleção obras de Comte-Sponville).

Um dos melhores filósofos ateus que já li. Livro lido em 2011. Uma leitura mui proveitosa. A sobriedade do escritor é espantosa. O autor, André Comte-Sponvile, Ph.D em Filosofia, foi Mestre de Conferências na Universidade de Paris I (Panthéon – Sobornne). Eis alguns trechos:

"Fui educado no cristianismo. Não guardo disso nem amargor nem raiva, muito pelo contrário. Devo a essa religião, logo também a essa igreja (no caso, a católica), uma parte essencial do que eu sou, ou do que tento ser. Minha moral, desde meus anos pios, não mudou. Minha sensibilidade também não. Até meu modo de ser ateu permanece por essa fé da minha infância e da minha adolescência. Por que deveria eu me envergonhar disso? Por que, inclusive, deveria me espantar com isso? É minha história, ou melhor, a nossa. Que seria do Ocidente sem o cristianismo? Que seria o mundo sem seus deuses? Ser ateu não é razão para ser amnésico. A humanidade é una: a religião dela faz parte, a irreligião também, e nem uma nem outra são suficientes". P. 09-10.

"Tenho horror ao obscurantismo, ao fanatismo, à superstição. Também não gosto do niilismo nem da apatia. A espiritualidade é importante demais para que a abandonemos aos fundamentalistas". P. 09-10.

"O ateísmo não é nem um dever nem uma necessidade. A religião também não. Só nos resta aceitar nossas diferenças. A tolerância é a única resposta satisfatória à nossa questão, assim entendida". P. 20.

"A história, por mais longe que remontemos no passado, não conhece sociedade que tenha sido totalmente desprovida de religião". P. 21.

"A inquisição ou terrorismo islâmico, para tomar esses dois exemplos, ilustram claramente a periculosidade das religiões, mas não dizem nada sobre a existência de Deus [...] O fato de todas terem sangue nas mãos poderia tornar alguém misantropo, mas não bastaria para justificar o ateísmo - o qual, historicamente, tampouco está isento de recriminações, especialmente no século XX, nem de crimes." P. 77.

"Não pretendo saber que Deus não existe; creio que ele não existe.
Muitos dos nossos maiores intelectuais são ateus, inclusive nos Estados Unidos, muitos são crentes, inclusive na Europa. Isso confirma que nenhum saber – hoje tanto quanto ontem – pode decidir quem tem razão."

"Das três ‘provas’ clássicas da existência de Deus [prova ontológica, cosmológica, físico-teológica], [a prova cosmológica] é a única que me parece forte, a única que, às vezes, me faz hesitar ou vacilar." P. 81-82.


LUCAS, Ernest. Gênesis Hoje. São Paulo: ABU, 2005.

O autor tenta conciliar o texto de Gênesis com a Teoria Neo-Darwinista. Não consegue. Penso que a interpretação dele deixa a desejar. Por outro lado, as interpretações dos literalistas em tentar nos convencer que o Gênesis e a Ciência Moderna não entra em conflito, também tem suas falhas grotescas. Algumas explicações chegam a ser hilárias. 

De qualquer forma, o Ernest Lucas, Ph.D em Química na Universidade de Kent, e Ph.D em Estudos Orientais na Universidade de Liverpool, nos traz informações que poucos leigos sabem sobre o nascimento da Ciência Moderna:

"O fato de acreditarmos que a vida tem um significado está intimamente ligado à nossa capacidade de racionar e, portanto, com nossa racionalidade. Mas por que deveríamos confiar em nossa mente ou então na mente dos cientistas cujas conclusões são aceitas com tanta facilidade, sendo consideradas 'conhecimentos fidedignos'?

O máximo que a ciência pode fazer é nos dizer como funciona nosso cérebro: a física e a química daquilo que ocorre em nossas células cerebrais. A ciência não pode nos dizer o significado desses processos físicos e químicos em termos de razão e lógica.
Podemos ver aqui, portanto, que a própria ciência não consegue explicar e nem provar que a lógica e a razão, fundamentais para todo empreendimento científico, sejam fidedignas. Os cientistas precisam assumir que elas têm valor. Mas qual é a base? Em termos históricos, a resposta para essa questão é bem clara. Os fundadores da ciência moderna baseavam-se inteiramente em conceitos cristãos para acreditar na razão e em sua capacidade de entender a natureza". 

"Isso pode soar estranho hoje, quando muitas pessoas têm a impressão de que a ciência e o cristianismo são rivais em alguns aspectos. Entretanto, ao longo dos últimos cinquenta anos, os historiadores e os filósofos da ciência vêm tornado cada vez mais claro que a ciência moderna deve muito ao cristianismo".

"Com todas as grandes civilizações conhecidas no mundo, por que a ciência moderna nasceu na Europa Cristã no final da Idade Média? O conhecimento acerca do mundo e as técnicas em posse das outras culturas não eram suficientes em si para manter em andamento a ciência como a conhecemos. Os gregos, os hindus do Vale do Ganges, os arábes e os outros povos possuíam conhecimento e técnicas consideráveis, mas nunca desenvolveram a ciência como um movimento progressivo. O que lhes faltava era a estrutura certa que pudesse dar confiança e motivação para as pessoas, fazendo com o que o estudo científico florescesse. Até que isso foi proporcionado pelo cristianismo". P. 17-18, 20-21.


Escrito pelo Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento (Ph.D e Mestrado em Estudos Medievais na Universidade de Montréal, no Canadá). Ele escreve:

"Do ponto de vista histórico, a filosofia medieval faz parte, queiramos ou não, julguemos isto bom ou mau, da história do pensamento ocidental. Assim sendo, muitos dos aspectos deste são vinculados direta ou indiretamente a ela. Portanto, se a ignorarmos, tornamo-nos incapazes de entender a história de nosso próprio pensamento". P. 76.

Eu mesmo ainda estou em falta nos estudos dos grandes pensadores do medievo, tais como Santo Tomás de Aquino, Guilerme de ockhan, Santo Aberlado, Santo Anselmo e tantos outros. Até conheço suas ideias e conceitos de uma maneira geral, mas não li as fontes primárias desses autores.


O Historiador e Teólogo Justo González (Ph.D em Teologia pela Universidade de Yale, EUA), nos traz pequenos Insights referentes sobre Teoria da História:

"[...] a história não é o mesmo que o passado. O passado nunca se nos apresenta diretamente acessível. O passado nos chega através da medição da interpretação. A história é esse passado interpretado". P. 12.

Ele também especula que talvez o assédio de Hernán Cortez na cidade imperial de Tenochitlán, a vinda de Bartolomeu de Las Casas e de Pizarro para o continente americano, possam ser consideradas futuramente pelos historiadores como eventos mais importantes para a história da igreja do que a própria reforma protestante (embora estes eventos não se caracterizem como acontecimentos religiosos). 

Ele argumenta em seu livro, que não existe mais um centro do cristianismo, que seria o Atlântico Norte (Europa e Estados Unidos), e, sim, que “um mapa policêntrico” vem se destacando nas últimas décadas devido ao crescimento do cristianismo na América Latina, na África e Oriente. Por isso, o assédio de Cortez, Las Casas e Pizarro talvez sejam eventos mais importantes para a história da igreja do que a própria reforma protestante. 

"[...] o mapa do cristianismo já não tem o Atlântico Norte no centro. O novo esboço da história da igreja já não tem no cristianismo dessa região o ponto culminante a partir do qual se veja o passado". P. 22.

Está aí, algo muito importante que muitos seminários teológicos não tem atentado.

Livros Lidos (13)


Esse livro não poderia deixar de ser pelo menos mencionado na minha monografia. Visto que foi (e ainda é) umas das mais importantes obras literárias do século XX. Tive a curiosidade de ler essa obra em 2010, quando nem me passava pela cabeça fazer uma pesquisa mais meticulosa sobre Calvino e seus feitos na área social.

A influência de Calvino nos vários países que integram a Europa (Brasil também) foi tão vasta e intensa que muitos teólogos, historiadores e sociólogos reconhecem que além dele ter sido um grande e importante teólogo, também o consideram um grande reformador social, político e econômico (ok, eu já falei isso várias vezes em outras postagens.

A conhecida obra do sociólogo Max Weber traz uma investigação sobre os motivos pelos quais o sistema capitalista se desenvolveu tão plenamente entre os países aderentes das ideias protestantes. Para Weber, a “ética”, ou seja, os princípios norteadores da conduta protestante tiveram uma fundamental importância no desenvolvimento do capitalismo.

"Uma simples olhada nas estatísticas ocupacionais de qualquer país de composição religiosa mista mostrará, com notável freqüência, uma situação que muitas vezes provocou discussões na imprensa e literatura católicas e nos congressos católicos, principalmente na Alemanha: o fato que os homens de negócios e donos do capital, assim como os trabalhadores mais especializados e o pessoal mais habilitado técnica e comercialmente das modernas empresas é predominantemente protestante.” P.12.


Livro lido e aprovado, com várias ressalvas. O Narloch é escrachadamente de direita, mas nem por isso, rejeitei o que ele escreve nesse livro. 

Zumbi tinha escravos.
Os índios mataram mais índios que os portugueses.
Os guerrilheiros na ditadura, eram tão ou mais perversos que os militares.
Etc.... Etc....


Carece de problematização, questionamentos; é meio romanciado, mas não deixa de trazer informações valiosas sobre o reformador e seu impacto na cristandade e na história. 

Podemos não concordar, e até repudiar muitas das ideias e atitudes de Lutero. No entanto, tiro o chapéu para essa grande figura da história. Um dos maiores homens que já viveu! 


Como um dos meus objetos de estudo é a história da igreja/cristianismo/cristandade, não poderia deixar de ler esse livro e usá-lo nem que fosse como nota de rodapé na minha monografia. 

"Precisamos admitir, logo de início, que ninguém tem a palavra final sobre as datas mais importantes na história do cristianismo". 

"Não tivemos a intenção de nos colocar como juízes autorizados a decidir o que foi realmente importante na vida da igreja em todos esses séculos. Em vez disso, tentamos apresentar um panorama dos acontecimentos na surpreendente história do povo de Deus que possibilitará aos que não são nem especialistas nem historiadores uma visão adequada dos principais contornos e dos eventos-chave que moldaram o cristianismo".


Por mais que eu discorde da linha historiográfica desse autor; eu sempre tenho usado esse livro quando vou escrever. Na monografia sobre Calvino e a Educação, não foi diferente. O Keith Jenkins (Professor de Teoria da História na Universidade de Chichester, na Inglaterra), escreve:

"Não há método que estabeleça significados definitivos; a fim de terem significado, todos os fatos precisam inserir-se em leituras interpretativas que obviamente os contém, mas que não surgem pura e simplesmente deles. Muitas vezes, os historiadores parecem supor que as interpretações derivam dos “fatos” e que uma interpretação temporária e localizada é na realidade verdadeira/exata; que 'no centro', se encontram os fatos fundamentais e alguma maneira dada e não-interpretada". P. 61

Acho válido o historiador ter um certo tipo de incredulidade em relação aos documentos e narrativas históricas. Mas apesar desse enunciado do Jenkins ter os seus méritos, a citação em apreço talvez sofra de consistência lógica. Pois afirmar que os fatos não tem significado, pressupõe que a afirmação sobre o suposto fato sem significado é uma afirmação significante e relevante sobre o mesmo. 

Se este for o caso, Jenkins acaba admitindo sem o perceber que os fatos tem significado (afirma, aquilo que está tentando negar), se não, a afirmação dele cai na vacuidade. Pois o que ele afirma, não passará apenas de mais uma “interpretação”, tão válida (ou seria melhor dizer: inválida?!) quanto a de qualquer outra pessoa. 

E assim estaríamos adentrando num relativismo pós-moderno perigoso e auto-contraditório. Embora a sua visão em todo o livro é realmente relativista e pós-moderna. O Jenkins é que precisa "repensar" o seu modo de fazer história.

Livros Lidos (12)


AZEVEDO, Israel Belo de. Curso Vida Nova de Teologia Básica: Apologética Cristã. São Paulo, 2006. 

O autor possui um Ph.D em Filosofia pela Universidade Gama Filho, Mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e especialização em História pela Universidade Federal Fluminense. Ele diz:



"Não acreditar em Deus em optar por viver sem propósito. A propósito, há sentido e propósito para a vida? Um ateu, como Freud, explica: “Não, de jeito nenhum. A partir de nosso ponto de vista científico, não podemos responder à questão se a vida tem ou não tem sentido”. Que sentido tem uma vida sem sentido? É mais sábio aceitar, como C. S. Lewis, um cristão, que o sentido e o propósito da vida são encontrados quando compreendemos nos termos do Criador que nos fez por que estamos aqui. O propósito primeiro de nossa vida é estabelecer um relacionamento com o Criador.

Para crer em Deus, precisamos nos abrigar para o que está além do sentido da razão. Não precisamos negá-la para experimentar o amor de Deus. É como se fosse uma aposta: se não cremos em Deus, perdemos a possibilidade de conhecer. Ser cremos, damo-nos a oportunidade de conhecer. Para crer em Deus precisamos exercitar a liberdade, que pode ser não crer, mas também crer. Escolhamos crer." P. 27, 28. 

Por mais que ainda persista a ideia de que homens da Ciência não possam acreditar no Transcendente, isso não procede. Phillip Henry Gosse (1810-1888), um dos maiores Biólogos do século XIX, em confirmação, nos conta:

"Quem pensa que pode haver um conflito real entre ciência e religião deve ser muito inexperiente em ciência ou muito ignorante em religião."  P. 57.

Apesar de seu livro ser uma apologia do Cristianismo, Azevedo lista algumas crueldades que a cristandade perpetrou ao longo de seus quase 2000 anos de existência:

1. Ano 324: Os "cristãos" de perseguidos passam a perseguir. 

2. Séculos 11 e 16: Cruzadas e guerras travadas contra os muçulmanos.

3. Século 13: A igreja católica institui a inquisição. Quem não acredita na besteiras que ela ensina deve ser devidamente punido ou morto.

4. Miguel Servetus (século 16): Este foi cruelmente morto na fogueira pelos protestantes.

5. Camponeses da Alemanha: Lutero apoiou a guerra dos grandes senhores feudais contra eles. Mais 100 mil morreram.

6. Massacre de São Bartolomeu: Católicos franceses assassinaram cerca de 60 mil protestantes.

7. Nazismo: A maioria das igrejas católicas e protestantes foram coniventes com Hitler.

8. América Latina. Os espanhóis e a igreja católica massacra os povos que aqui viviam.

9. Tráfico de escravos: Os negros não valiam muita coisa para protestantes e católicos. Eram inferiores. 

10. Brasil: Igreja católica e protestante não criticaram a ditadura. Pastorecos e padrecos frequentavam os palácios dos militares. 

Logicamente que o autor vai contrabalançar com exemplos de "cristãos" que fizeram coisas benéficas para a sociedade. De qualquer forma vemos o quanto a religião instituída e organizada pode fazer mal as pessoas e países.


"Deus está presente no mundo. Deus, como causa, não está fora da natureza como agência coerciva externa, mas está envolvido na existência das entidades criativas através do amor persuasivo." Charles Birch, foi Professor de Biologia nas Universidade de Oxford, Columbia, Chicago, Minesota, Sidney e da Califórnia. 

Livro que não acrescenta quase nada ao assunto Ciência e Fé. :( Textos chatos, que não trazem nenhuma empolgação. De 0 a 10, nota 5 pra esse livro. Esperava bem mais dos autores. O capítulo que mais me interessou foi A Ascensão e Queda do Criacionismo, escrito pelo Conrad Hyers, Ph.D em Teologia pela Universidade de Princeton. Concordo com ele, quando diz:

"[...] Os textos da criação [do livro de Gênesis] representam literatura e preocupação muito diferentes do discurso moderno. Jogar as afirmações bíblicas nessa arena, como se fossem da mesma ordem que a Origem das Espécies de Charles Darwin ou o The Panda´s Thumb, de Stephen Jay Gould, ou ainda como se conclusões científicas pudessem resultar delas, é estar muito confuso sobre o ensinamento do material de Gênesis". P. 122.

Por mais que o livro do Darwin e do Gould possam ter seus erros de interpretação dos dados coletados; existe uma diferença gritante entre estes e o livro de Gênesis, que não foi absolutamente resultado de um trabalho de pesquisa e coleta de dados sobre a natureza. Não se pode impingir ao belo texto da criação, elementos da ciência moderna. Fazer isso, é desonrá-lo.


Charles Colson, um dos autores, foi assessor direto do ex-presidente norte americano Richard Nixon. Ele foi preso no maior esquema de corrupção pelo qual os EUA passou - o escândalo de Watergate na década de 1970. 

É um dos poucos autores protestantes que admiro, apesar das suas inconsistências (mas quem não as tem?!) e fraca defesa de certos assuntos que comprometem a "santidade" e credibilidade da cristandade/cristianismo na história. Gosto quando os autores dizem:

"O fato simples é que uma sociedade livre ninguém tem o direito de impor a sua vontade a ninguém. O que qualquer cidadão pode fazer é lutar por seu ponto de vista dentro do processo democrático". P. 244.


Tinha curiosidade de ler alguma coisa desse renomado autor. Como não tenho coragem de ler uma outra obra dele (A Espiral Hermenêutica), de 768 páginas, optei por essa. Duas importantes questões que o livro "3 perguntas cruciais sobre a Bíblia" trata, são:

PODEMOS CONFIAR NA BÍBLIA?

Podemos? Tenho dificuldades em acreditar  em tudo que ela diz. 

PODEMOS ENTENDER A BÍBLIA?

As interpretações sobre o que ela diz ou ensina existem aos milhares por aí. Das interpretações mais viáveis às mais esdruxulas.

“A crença na eternidade é uma das mais duradouras do Ocidente. Com ela, os homens enfrentaram, ao longo de séculos, a angustiante constatação da efemeridade da vida. [...] a fé na eternidade atuou como um poderoso fundamento não apenas da vida dos indivíduos, mas também da constituição das sociedades”.


“A crença na eternidade é uma das mais duradouras do Ocidente. Com ela, os homens enfrentaram, ao longo de séculos, a angustiante constatação da efemeridade da vida. [...] a fé na eternidade atuou como um poderoso fundamento não apenas da vida dos indivíduos, mas também da constituição das sociedades”.

Quando li essa contra-capa, fiquei louco para ler este livro. Concluí em 2014, num momento bem oportuno. Visto que na época, uma pessoa muito especial pra mim e para os meus amigos de sala de aula, tinha falecido em um acidente de moto.

Carlos Eire, ensina História na Universidade de Yale, EUA. E também já lecionou nas Universidades de Princeton, Minnesota e Virgínia, ele escreve:

"Imaginar a eternidade é aventurar-se para além da experiência sensível, refletir sobre o inimaginável, contemplar o supremo. A eternidade está além da nossa compressão, mas não além da apreensão intelectual. Não se trata de mero mistério lógico, algo contraditório ou fanático, como um círculo quadrado. Tampouco é um 'tropeço da crassa irracionalidade', como alguns materialistas gostam de dizer. A eternidade é uma possibilidade lógica real, com muitas dimensões; como tal, ela é uma questão epistemológica e metafísica quanto científica, ou ainda ética ou política. A eternidade é [...] um mistério para lógicos e cosmólogos e uma meta para os indivíduos e as sociedades; ao lidar com ela, estamos buscando sentido, propósito ou justiça suprema". P. 37-38.

Embora o autor do livro não alimente esperanças quanto a uma vida pós-morte. Eu tento alimentar essa esperança, e sei que meu amigo já mencionado tinha uma crença bem forte numa vida após esta vida. Ele aventurou-se "para além da experiência sensível", refletiu sobre o "inimaginável" e contemplou o "supremo". Pela convivência que tive com o meu nobre companheiro de sala de aula, sei muito bem que ele buscava "sentido, propósito [e] justiça suprema". Que ele tenha encontrado.

Livros Lidos (11)


Livro arrasador do Alister McGrath (Ph.D em Biofísica Molecular e Ph.D em Teologia Histórica na Universidade de Oxford). As ideias fundamentalistas e caricaturas do Sr. Dawkins, o maior cientista ateu do mundo, são esplendorosamente deitadas por terra. 

O autor com muita educação e cordialidade não se esquiva também de tecer altos elogios ao Dawkins como um importante Biólogo do século XX, e um excelente popularizador da ciência com o seu livro o Gene Egoísta. O McGrath, não é um crítico raivoso das ideias do Dawkins, contudo, não poupa críticas bem fundamentadas quando o Dawkins se mete a falar de coisas que não são de sua ossada.


Os quatro primeiros capítulos desse livro são aproveitáveis. O resto do livro é besteira por cima de besteira. Como um cara com Doutorado em Filosofia pode chamar um livro desse que não tem nenhum argumento filosófico contra a existência de Deus, de um "Tratado" (se bem que faz 9 anos que o li, não me lembro se o título em francês é o mesmo da versão em português)?!

Se os militantes ateus dependerem desse livro para vencer o teísmo em algum debate estão fritos. O livro na verdade, não ajudará em nada. Valeu o tempo gasto. Só fez evidenciar mais ainda o meu repúdio a um mundo puramente materialista.


Um bom livro para quem acredita que Ciência e crença em Deus podem ser conciliados. Foi um tempo muito bem gasto em 2011 quando li essa obra escrita por um Cientista do nível do Francis Colins, que possui um Ph.D em Físico-Química, é um renomado Geneticista e Diretor do Projeto Genoma, responsável pelo mapeamento do DNA humano.

"Os cientistas que se dizem ateus têm uma visão empobrecida sobre perguntas que todos nós, seres humanos, nos fazemos todos os dias. 'O que acontece depois da morte?' ou 'Qual é o motivo de eu estar aqui?'. Não é certo negar aos seres humanos o direito de acreditar que a vida não é um simples episódio da natureza, explicado cientificamente e sem um sentido maior. Esse lado filosófico da fé, na minha opinião, é uma das facetas mais importantes da religião. A busca por Deus sempre esteve presente na história e foi necessária para o progresso".

"Os cientistas ateus, que acreditam apenas na teoria da evolução e negam todo o resto, sofrem de excesso de confiança. Na visão desses cientistas, hoje adquirimos tanta sabedoria a respeito da evolução e de como a vida se formou que simplesmente não precisamos mais de Deus. O que deve ficar claro é que as sociedades necessitam tanto da religião como da ciência. Elas não são incompatíveis, mas sim complementares".


Dentre os livros que li em 2011, esse foi um dos mais importantes e empolgantes. Talvez o melhor livro em português sobre a controvérsia, por trazer três visões distintas sobre a origem dos seres vivos.

Um dos trechos mais importantes do livro é quando os defensores da interpretação literal dos primeiros capítulos de Gênesis admitem que os dados da natureza contradizem a sua visão. É um tipo de honestidade que falta a maioria dos criacionistas clássicos.

O primeiro ponto de vista defende que a Terra é jovem - nada de bilhões de anos. Tendo como referência primária o livro bíblico de Gênesis.

O segundo ponto de vista defende que a Terra é antiga - aceita os bilhões de anos propostos pela Ciência moderna. Interpreta os dias de Gênesis como não literais.

O terceiro ponto de vista defende a atual Teoria da Evolução, mas tendo o Deus judaico-cristão como o seu iniciador.


Um diálogo proveitoso e gostoso de se ler entre um religioso (Frei Beto) e um Cientista (Marcelo Gleiser), mediado pelo Astrólogo Waldemar Falcão (isso mesmo, nem tudo é perfeito). 

Marcelo Gleiser (Ateu, Ph.D em Física pelo King’s College da Universidade de Londres, Mestrado em Física pela UFRJ, Bacharelado em Física na PUC, no Rio de Janeiro. É Professor de Física e Astronomia e Pesquisador da Universidade Darmouth College, em Hanover, EUA. Membro da Academia Brasileira de Filosofia e membro da Sociedade de Física Americana) falando sobre alguns cientistas que zombam da idéia de Deus.

"Claro [que] tem cientistas que são pessoas profundamente religiosas, de todas as religiões. As pessoas se perguntam: “Mas não é incompatível?” Não, não é. Eles dizem que o estudo da ciência, da natureza, para eles, os ajuda a apreciar a obra de Deus. Para eles, quanto mais aprendem sobre o mundo, mais se aproximam ou mais admiram o Criador deles... As pessoas podem perguntar: “Ah, mas existem ateus fundamentalistas, tipo Richard Dawkins, Sam Haris.” É verdade. Mas esses cientistas não são a voz da ciência". 

"Eles são alguns cientistas quem têm o parecer deles sobre o que acham dessa questão, mas não falam por toda a ciência, nem por todos os cientistas". 

"Recentemente [Stephen Hawking] andou falando grandes besteiras com relação a essa questão [a origem do universo]. Chegou a afirmar que Deus é desnecessário. Só esqueceu de dizer que essa ciência a que se refere é altamente especulativa, mais metafísica do que física. É importante fazermos uma distinção entre o que a ciência pode e o que a ciência não pode tratar. Uma das coisas importantes nessa discussão é que existe uma grande diferença entre o 'porquê' e o 'como', e a ciência é muito boa com o 'como'".

Livros Lidos (10)


GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Vida, 2007.

Um dos livros mais interessantes e inteligentes que eu li em 2007. Os autores Norman Geisler (Ph.D em Filosofia na Universidade Loyola) e Frank Turek (Doutorando em Teologia), são bastante habilidosos em destruir as várias falácias que estão presentes no ateísmo e na ciência presa ao naturalismo filosófico. Desde refutações ao relativismo epistêmico e moral, passeando pelo preconceito que muitos cientistas nutrem pela ideia de um pé divino na configuração do Universo, os escritores apresentam argumentos fincados na lógica e na ciência que evidenciam a racionalidade de se crer numa mente inteligente que criou o cosmos.

Também o problema da origem da vida é explicitado, o que acaba enfraquecendo e muito a evolução das espécies por meio da seleção natural e mutações gênicas, visto que se a evolução química da primeira vida se mostra extremamente inviável, o problema da teoria da evolução se encontra logo em seu início. Embora, Darwin, tenha criado a sua teoria pressupondo a primeira vida já formada e " pronta" para iniciar o seu processo gradualista. 

Um dos trechos que julgo mais importante no livro é este:

“Nossa capacidade de raciocinar pode vir apenas de um de dois lugares possíveis: ou a nossa capacidade de raciocinar surgiu com base em uma inteligência preexistente ou surgiu baseando-se em uma matéria inanimada. Os ateus/darwinistas/materialistas crêem, pela fé, que nossa mente surgiu de matéria inanimada e sem nenhuma intervenção inteligente. Dizemos que isso é pela fé porque tal afirmação contradiz toda observação científica, a qual demonstra que o efeito não pode ser maior do que sua causa”. P. 97.

“Faz muito mais sentido acreditar que a mente humana é feita à imagem de uma Grande Mente — Deus. Em outras palavras, nossa mente pode aprender a verdade e pode raciocinar sobre a realidade porque ela foi criada pelo Arquiteto da verdade, da realidade e da própria razão. O materialismo não pode explicar a razão, assim como não pode explicar a vida. O materialismo simplesmente não é racional”. P. 97.

Os autores estão repletos de razão. Como o ateu pode reivindicar racionalidade, se ele acredita que tudo é resultado do acaso irracional? Como ele pode confiar em suas capacidades cognitivas? Segundo as premissas adotadas por eles mesmos, o ateísmo seria tão irracional quanto qualquer outra visão. Contudo, são poucos os ateus que se dão conta da contradição em que se encontram. 

Jay Budziszewski, Ph.D em Filosofia pela Universidade de Yale e Professor na Universidade do Texas, em Austin, concorda:

"O mote 'apenas a razão!' é completamente sem sentido. A própria razão pressupõe fé. Por quê? Porque uma defesa da razão pela razão é circular e, portanto, sem valor. Nossa única garantia de que a razão humana funciona é Deus que a fez." P. 141.

Em suma, o livro pode até não transformar um ateu em um crente na existência de um ser inteligente que criou o cosmos, mas pelo menos, o cético honesto terá um respeito maior pela visão de mundo teísta.


Escrito pelo Filósofo Denis Lecompte (Ph.D em Filosofia, Letras, Teologia e Ciências Humanas), esse livro retrata resumidamente a história do ceticismo em relação as religiões vigentes desde a antiguidade grega a idade moderna com os iluministas. Segundo o escritor, o ateísmo propriamente dito, ou seja, como um sistema organizado de pensamento só surge no século XVIII, na França.

“[...] pela primeira vez na história da humanidade, afirmar-se um ateísmo que se proclama radical e sistemático. [...] é efetivamente em seu seio que se vê surgir a elaboração e a afirmação de um ateísmo materialista, que se pretende inteiro e racionalista”. P. 92.

Um defeito do livro, creio eu, é em quase não trabalhar o “retorno do religião”, algo que está explicito em seu título. O autor trabalha diminutamente a volta do religioso. Poderia ter explorado mais essa questão. Se resume apenas a mencionar em pouquíssimas páginas a ascensão do misticismo da Nova Era e de um cristianismo “rejuvenescido”.

De qualquer forma, como um filósofo sensato que é, a sua conclusão sobre o ateísmo não poderia deixar de ser mais sóbria:

“O cientificismo e o materialismo ateu não dão conta da realidade. [...] o materialismo entendido num sentido, duro, ‘chato, totalitário e ateu mostra-se inviável e inaceitável”. P. 138-139.

Por incrível que pareça, até alguns Filósofos ateus, a exemplo do Bradley Monton e Thomas Nagel, chegaram a conclusões semelhantes.


Em mais um livro concluído do Alister McGrath (Ph.D em Biofísica Molecular e Ph.D em Teologia Histórica na Universidade de Oxford), constato novamente as grandes habilidades do autor em transmitir conhecimento abalizado e seguro de uma maneira espetacular.

Em poucas páginas ele destrói as pretensões materialistas mais otimistas dos cientificistas. Mostrando o quanto o ateísmo é limitado em suas asserções. No que concerne ao Cristianismo propriamente dito, discordo de algumas conclusões do autor.

O McGrath sempre deixa claro ao longo de toda sua obra, os limites epistemológicos do que defende e escreve. Eis uma qualidade que está ausente tanto em teístas como ateístas.

Conheço alguns crentes que pensam que suas argumentações racionais, baseadas na lógica e raciocínios abstratos têm poderes quase mágicos para persuadir e convencer os discordantes. São cativos das ilusões que nos foram legadas pelo iluminismo.


Esse livro repete os vários argumentos propostos a favor da Teoria do Design Inteligente em detrimento da aceita Teoria da Evolução. De maneira didática e organizada, traça rapidamente a viagem de Darwin no navio Beagle e sua posterior formulação da Teoria da Evolução.

Mostra os erros e fraudes que ocorreram no final século XIX e no século XX de alguns cientistas para provarem a cientificidade da evolução, tais como: a experiência de Urey-Milley, o Homem de Java, o Homem de Piltdown, o Homem de Nebraska, o Homem de Pequin, os Embriões de Hackel e etc. Estes são os velhos exemplos repetidos ad nauseam. Porém, o autor menciona casos recentes de fraudes cientificas tentando corroborar a teoria. Fraudes estas, que eu desconhecia, ou não lembrava. 

Um dos pontos positivos do livro foi em mostrar que dois importantes pilares históricos do Darwinismo estão sendo cruelmente solapados pela Academia. A ideia de um “Ancestral Comum” e a famosa “Árvore de Darwin”, conceitos interligados na teoria. Cientistas e revistas importantes são amplamente citados expondo as fragilidades desses conceitos ultrapassados da teoria, segundo eles.

O livro peca, a exemplo dos demais que tratam dessa questão, em não expor o que realmente é a Teoria do Design Inteligente de maneira didático-sistemática. Apenas se restringe a enumerar os inúmeros buracos que a Teoria da Evolução possui. Tudo bem, que faz parte do labor científico tentar falsear com rigor, lógica e pesquisas as teorias dominantes. 

No entanto, se os adeptos do Design, afirmam possuir uma teoria concorrente, que então apresentem os mecanismos pelos quais o tal Designer criou os seres vivos. Pois se não conseguem fazer isso, ou ainda se afirmarem não possuírem no momento os aparatos científicos e tecnológicos para tal, fica evidenciado que a sua teoria, pelo menos nesse quesito falha dos mesmos problemas epistemológicos que a teoria paradigmática é acusada de sofrer.


Phillipp E. Johnson (Professor de Direito na Universidade de Berkeley, na Califórnia) trata de assuntos relacionados ao materialismo filosófico, ciência, darwinismo, ética e etc.

O prefácio foi escrito pelo renomado Dallas Willard, Ph.D em Filosofia na Universidade Wisconsin-Madison, que num certo momento diz:

"A razão é a capacidade humana de determinar, por meio do pensamento, o que é ou não real. Séculos atrás, o pensador honesto tinha de estar disposto a seguir a pergunta ainda que esta conduzisse a um universo sem Deus. O mesmo se dá com o pensador honesto de hoje. Ele tem de se dispor a seguir a pergunta ainda que esta conduza a um universo governado por Deus. Atualmente, esta última possibilidade é o motivo de aqueles que se julgam responsáveis por tudo que é razoável e certo se tornarem intolerantes e arrogantes. Eles não suportam esta estar errados sobre a não existência de um Deus real." P. 11.

O  objetivo de Johnson é romper os alicerces do naturalismo metafísico, fazendo as perguntas e questionamentos certos para expor as fragilidades epistêmicas em que a Academia está imersa. Creio que ele é bem sucedido nessa empreitada.

O autor não tem receio em tentar propor um novo alicerce para o desvendar da realidade no mundo natural. Esse novo (quer dizer velho) fundamento seria o Deus judaico-cristão. O subtítulo do penúltimo capítulo é: "E se começarmos com a Palavra?". Uma alusão clara ao Logos joanino. O Cristo dos evangelhos.

Depois ele que não reclame e resmungue quando os oponentes do Projeto do Designer Inteligente, classificarem esse movimento sarcasticamente como apenas mais uma "evolução" do bom e velho criacionismo bíblico tão caro aos mais fervorosos literalistas do Gênesis.