quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Mesopotâmia: Retorno ao Éden


Mesopotâmia, terra entre rios. Palco das primeiras civilizações humanas. Abrigou grandes impérios da antiguidade. Sumérios, babilônios e assírios. Todos esses povos estão presentes nas narrativas bíblicas. Numa mistura de mito, histórias reais e interpretações divergentes de um mesmo evento, os acontecimentos do livro hebreu se entrelaçam com os escritos dos cronistas dessas culturas. 

Há pouco mais de 200 anos a Arqueologia vem desenterrando e esclarecendo muitos pontos obscuros das passagens bíblicas. Muitos dos artefatos encontrados e estudados revelaram uma consistência interessante e impressionante com o texto sagrado. Muitos eventos continuam um mistério. E podem confirmar ou desmentir a Bíblia. Alguns a contradizem. 

Pergunta: é confiável o texto do Antigo Testamento em sua integralidade? Onde a razão e a ciência podem ir? E quando a fé entra para completar a crença nos relatos hebraicos? Também podemos inverter a ordem das coisas, ou reformular melhor essas perguntas. 

Aos mais empolgados, a Arqueologia não comprovou totalmente o texto das escrituras. Ela lida com peças fragmentárias, que precisam ser interpretadas. A quem quer justificar a fé no bom e velho livro, não precisa se apegar a ferro e fogo ao que as ferramentas da Ciência diz ou deixa de dizer. 

O documentário em questão é de 1995. Um pouco antigo. Pesquisas avançaram, e Arqueólogos atualmente não aceitam a historicidade da Bíblia em trechos chaves de suas páginas. Uma minoria (creio eu) continua alegando que ela é precisa. É difícil mensurar até onde esses mais crentes não estão sendo movidos pela emoção. Sobretudo quando vão ao campo de pesquisa com o pressuposto de que a Bíblia é 100% confiável. 

Se desvencilhar das pressuposições religiosas não é tarefa fácil. Isso também vale para os mais céticos, que às vezes fazem declarações, que vão além dos que as evidências permitem dizer. 

Em minha opinião, um trabalho mais saudável, sério e idôneo, deve pautar-se por uma atitude mais neutra em relação a Bíblia. É difícil livrar-se dos pressupostos que carregamos. Mas um pesquisador não pode ir a campo, batendo o pé e dizendo: "Nenhum achado, descoberta, artefato, pergaminho, papiro ou outra merda qualquer, irá entrar em choque com a Bíblia, visto que ela é a Palavra de Deus, e assim, não pode estar errada. A Ciência verdadeira, sempre a confirmará." Proceder assim é se fechar as várias possibilidades que o estudo arqueológico pode nos fornecer. 

O crente pode ir à labuta nos sítios arqueológicos, crendo que a Bíblia é confiável. O que acredito é que não pode proceder ad hoc quando as evidências forem contra as suas convicções ideológicas. Deve admitir que naquele ponto em específico o texto é (ou parecer ser) impreciso historicamente. E se for preciso, sob o peso das evidências abandonar alguns (ou todos) dos seus velhos pressupostos. 

Semelhante coisa deve fazer o cético. Se um achado reiterar uma passagem do texto bíblico, uma atitude sóbria é ele admitir: "Essa narrativa bíblica mostrou-se precisa. Pensava que ela era fantasiosa e fruto dos desvarios do cronista hebreu. Enganei-me." E assim, não subestimar a priori as outras histórias que a Bíblia contém. 

Tabu Brasil: Nudez


Nudez! 

Em nossa cultura é praticamente impossível não vincular o nu ao sexo, ao erotismo, a pornografia, a putaria e outras coisas mais. 

Estamos acostumados a erotizar o corpo despido. Associamos o estar sem roupas a libido, a sexualidade a ser exercida. 

Não é dessa maneira que umas poucas pessoas veem a nudez. 

Por exemplo, no Rio Grande do Sul, na comunidade Colina do Sol, todas as pessoas que ali moram, vivem nuas. Para eles, a nudez é algo tão natural quanto comer, tomar banho, conversar, praticar esportes e etc. Com rígidas regras de convivência, eles vivem numa mini cidade, onde a roupa tem pouca importância. Apenas quando está muito frio, ou noutras pequenas circunstâncias, é que eles se cobrem com um pedaço de tecido. Algumas pessoas que querem visitar e conhecer o local, pensam erroneamente, que ali é um antro de putaria. Mas talvez, excetuado a nudez inerente do local, eles vivem com sérias restrições de comportamento até mais severas que as do mundo "normal". Carinhos excessivos em público são duramente proibidos. Eles não falam claramente, mas ereção em público é pecado capital nessas localidades.

O Brasil vive uma ironia, ou podemos chamar de hipocrisia mesmo. No Carnaval é permitido que peitos e bundas sejam plenamente exibidos em público, seja na TV, seja nos bailes e nas ruas. Podem estar crianças, pessoas idosas, não importa, pois pelo menos nesses quatro dias de folia, a lei que pune a nudez em público, como atentado violento ao pudor é SUSPENSA. Que sistema legal é esse que arbitrariamente resolve tirar férias nos dias dessa festa? Não estou criticando a nudez carnavalesca, mas a flexibilidade injustificada do nosso sistema de leis. 

Quando a Sara Winter, ainda feminista na época em que esse documentário foi feito, foi fazer um protesto contra os vergonhosos gastos para a copa do mundo, mostrando seus lindos e apetitosos seios (acho que sejam, pois estão embaçados; e ok, sou mais um que não sabe desassociar a nudez do sexo), ela e suas companheiras de militância foram arrastadas pela policia. Num protesto pacífico e com uma acusação legítima, pessoas são presas e punidas, por estarem com os seios à mostra, sem fazer atos e gestos obscenos. No entanto, na futilidade do carnaval, pessoas podem fazer insinuações sexuais em rede televisiva nacional e ainda são aplaudidas e idolatradas. Vai entender uma coisa dessas. 

Ficarmos nus é, e continuará sendo um TABU. Nossa formação ético-religiosa-cultural não nos permite ir além. Pra falar a verdade, a roupa protege-nos não apenas fisicamente, mas psicologicamente. Nossa história de vida está de certa forma refletida em nosso corpo. Sejam defeitos, cicatrizes, marcas... Por que deveríamos expô-las aos outros? Quem diabo se importa em ver nossas pelancas, estrias, celulites, bunda murcha, manchas?! Não obstante, se tem pessoas que não ligam, que assim vivam em seus lugares e paraísos do naturismo, como a localidade Colina do Sol. 

Que todos sejam felizes. Ou com roupa ou sem.

Tabu: Medicina Alternativa


Quando os tratamentos convencionais, não trazem os resultados esperados, é hora de buscar ajuda na medicina milenar, nos procedimentos heterodoxos, na sabedoria dos monges, na ciência popular. Esse pelo menos é o pensamento de muitos, que vão atrás da resolução de seus problemas de saúde, quando os remédios alopáticos deixam a desejar. 

Tabu: Medicina Alternativa vem trazer as histórias de várias pessoas que foram em busca de tratamentos não validados pela medicina acadêmico-científica. Mas apesar de sua falta de comprovação pelos rígidos métodos dos laboratórios de ciências, os métodos alternativos, ainda são muito populares e vistos como possibilidades viáveis, na cura das doenças e vícios que acometem as pessoas que os buscam. 

Dois ingleses, um homem e uma mulher, viciados em heroína, resolvem acabar, depois de muitos anos de vícios e vidas destruídas pela droga, com a dependência do entorpecente. Vão até a Tailândia, num mosteiro budista, especializado em arrancar em poucos dias o vício das drogas, através de um severo tratamentos com nove ervas misturadas. Eles esperam se livrar de uma vez por todas do inferno em que se encontram.
Surpreendentemente, nesse lugar sagrado, a taxa de sucesso das pessoas que largam de uma vez por todas o vício das drogas é de 70%. Uma porcentagem alta e que valida a maneira radical com que os monges combatem as drogas. E ainda com o adicional de que o tratamento é gratuito. 

Na cidade se Hyderabad, na Índia, 500 mil pessoas estão em busca da cura da asma. O medicamento deve ser ingerido com um pequeno peixe vivo, que deve ser engolido ainda com vida. Há mais de 150 anos, milhões de pessoas são tratadas assim, nesse país. A mãe de uma criança com asma leva o seu filho, para engolir o tal remédio com o peixe. A criança, dias depois, tem uma melhora significativa. O efeito placebo explica a "cura" do garoto? Para os acadêmicos, sim. 

No Peru, um curandeiro sob a influência de tradições incas e cristãs, trabalha na cura daqueles que vem procurar os seus poderes, mediante ervas e sacrifícios de porquinhos da índia. Um jovem que durante muitos anos de sua vida, carregou muito peso, agora se encontra com discos lombares que lhes causam dores terríveis. Ele vai tentar se curar com esse xamã. Se submeterá ao ritual, onde o porquinho será dilacerado e os órgãos deste serão uma espécie de tomografia do que se passa em seu corpo. 

Ainda no Peru, numa barraca se vende suco de rã triturada no liquidificador. Quem o faz, garante que essa bebida cura qualquer doença. A rã é morta e sua pele é retirada, logo em seguida é fervida. Assim estará pronta para ser esfacelada no liquidificador, com uma erva dos andes. Muitos peruanos tomam, e juram que a bebida faz efeito. Até tornar as mulheres férteis, esse suco exótico consegue, segundo eles.

Quando os caminhos normais não nos servem, vamos por outros incomuns, por mais que sejam estranhos e irracionais. As vezes o desespero é tão presente e intenso, que pensamos: por que não tentar? Mesmo tendo ciência de que inexiste comprovação científica nessas abordagens terapêuticas extravagantes, para muitas pessoas desesperançosas, a aflição que uma doença/deficiência, vontade ou desejo acarreta, fala mais alto. E assim, qualquer ajuda é válida.