Mesopotâmia,
terra entre rios. Palco das primeiras civilizações humanas. Abrigou grandes
impérios da antiguidade. Sumérios, babilônios e assírios. Todos esses povos
estão presentes nas narrativas bíblicas. Numa mistura de mito, histórias reais
e interpretações divergentes de um mesmo evento, os acontecimentos do livro
hebreu se entrelaçam com os escritos dos cronistas dessas culturas.
Há
pouco mais de 200 anos a Arqueologia vem desenterrando e esclarecendo muitos
pontos obscuros das passagens bíblicas. Muitos dos artefatos encontrados e
estudados revelaram uma consistência interessante e impressionante com o texto
sagrado. Muitos eventos continuam um mistério. E podem confirmar ou desmentir a
Bíblia. Alguns a contradizem.
Pergunta:
é confiável o texto do Antigo Testamento em sua integralidade? Onde a razão e a
ciência podem ir? E quando a fé entra para completar a crença nos relatos
hebraicos? Também podemos inverter a ordem das coisas, ou reformular melhor
essas perguntas.
Aos
mais empolgados, a Arqueologia não comprovou totalmente o texto das escrituras.
Ela lida com peças fragmentárias, que precisam ser interpretadas. A quem quer
justificar a fé no bom e velho livro, não precisa se apegar a ferro e fogo ao
que as ferramentas da Ciência diz ou deixa de dizer.
O
documentário em questão é de 1995. Um pouco antigo. Pesquisas avançaram, e
Arqueólogos atualmente não aceitam a historicidade da Bíblia em trechos chaves
de suas páginas. Uma minoria (creio eu) continua alegando que ela é precisa. É
difícil mensurar até onde esses mais crentes não estão sendo movidos pela
emoção. Sobretudo quando vão ao campo de pesquisa com o pressuposto de que a
Bíblia é 100% confiável.
Se
desvencilhar das pressuposições religiosas não é tarefa fácil. Isso também vale
para os mais céticos, que às vezes fazem declarações, que vão além dos que as
evidências permitem dizer.
Em
minha opinião, um trabalho mais saudável, sério e idôneo, deve pautar-se por
uma atitude mais neutra em relação a Bíblia. É difícil livrar-se dos
pressupostos que carregamos. Mas um pesquisador não pode ir a campo, batendo o
pé e dizendo: "Nenhum achado, descoberta, artefato, pergaminho, papiro ou
outra merda qualquer, irá entrar em choque com a Bíblia, visto que ela é a
Palavra de Deus, e assim, não pode estar errada. A Ciência verdadeira, sempre a
confirmará." Proceder assim é se fechar as várias possibilidades que o
estudo arqueológico pode nos fornecer.
O
crente pode ir à labuta nos sítios arqueológicos, crendo que a Bíblia é
confiável. O que acredito é que não pode proceder ad hoc quando as evidências forem contra as suas convicções
ideológicas. Deve admitir que naquele ponto em específico o texto é (ou parecer
ser) impreciso historicamente. E se for preciso, sob o peso das evidências
abandonar alguns (ou todos) dos seus velhos pressupostos.
Semelhante coisa deve fazer o cético. Se um achado reiterar uma passagem do texto bíblico, uma atitude sóbria é ele admitir: "Essa narrativa bíblica mostrou-se precisa. Pensava que ela era fantasiosa e fruto dos desvarios do cronista hebreu. Enganei-me." E assim, não subestimar a priori as outras histórias que a Bíblia contém.
Semelhante coisa deve fazer o cético. Se um achado reiterar uma passagem do texto bíblico, uma atitude sóbria é ele admitir: "Essa narrativa bíblica mostrou-se precisa. Pensava que ela era fantasiosa e fruto dos desvarios do cronista hebreu. Enganei-me." E assim, não subestimar a priori as outras histórias que a Bíblia contém.