O ISIS possui base na
religião islâmica para fazer o que faz? Mais uma vez a mídia caramelizada e
intelectuais ditos equilibrados, dirão que ele não tem nada a ver com o islã.
Eminências muçulmanas (não todas) também farão coro, para salvaguardar a sua fé
de algo tão grotesco. Muçulmanos comuns também não gostam e rejeitam a
associação do ISIS com a sua fé.
Por outro lado, há
pesquisadores e analistas que veem de maneira distinta, e alegam que o ISIS tem,
sim, muito a ver com o islã. E é nestes que irei focar.
Colin Chapman, ex-Professor
de Estudos Islâmicos na Escola de Teologia do Oriente Próximo em Beirute,
Líbano, adota um meio-termo, visto que não nega que o ISIS tenha algo a ver com
islã, porém, rejeita que ele seja totalmente islâmico, achando ambas as visões
inúteis. No entanto:
“Mas quando os ideólogos do ISIS explicam detalhadamente onde, em
suas escrituras, tradição e história, eles encontram a justificativa islâmica
para o que estão fazendo, é simplesmente absurdo continuar afirmando que o ISIS
não tem nada a ver com o Islã. Seria mais correto dizer que o ISIS tem muito a
ver com o Islã, mas é uma expressão extrema de um tipo particular de islamismo.
Portanto, em vez de dizer que os guerreiros do ISIS não são
muçulmanos reais ou fiéis, outros muçulmanos precisam explicar por que
acreditam que o ISIS está completamente errado em sua interpretação e aplicação
das fontes islâmicas.”
Raymond Ibrahim, Ph.D em História
Islâmica na Universidade Católica, EUA.
“Considere, por exemplo, a questão de saber se o comportamento de
grupos islâmicos como o Estado Islâmico (EI) é islâmico ou não. Aqueles que
insistem no último terão dificuldade em explicar por que mais de um milênio de
líderes muçulmanos - califas, sultões, emires, ulemás e juristas da mais alta
ordem - disseram e fizeram na Europa exatamente as mesmas coisas que IS diz e
faz ‘Infiéis’ hoje. Este é um ponto literal: quando o IS proclama que ‘o sangue
americano é o melhor e o provaremos em breve’, ou ‘Amamos a morte como você ama
a vida’ ou ‘Vamos quebrar suas cruzes e escravizar suas mulheres’, virtualmente
ninguém no Ocidente entende que eles estão citando literalmente - e, portanto,
se colocando nas pegadas dos - os conquistadores islâmicos originais da Síria,
especialmente Khalid bin al-Walid (falecido em 642), a ‘Espada de Allah’.”
Daniel Pipes, Ph.D em
História na Universidade de Harvard.
“No final, porém, nem presidentes dos EUA nem apologistas islâmicos
enganam as pessoas. Qualquer pessoa com olhos e ouvidos percebe que o ISIS,
como o Taliban e a Al-Qaeda antes dele, é 100% islâmico.”
“[...] as escrituras do Islã a história dos muçulmanos [estão]
imersas na suposição de superioridade em relação aos não-muçulmanos e na justa
violência da jihad.”
Abdul Saleeb é um proeminente
ex muçulmano, e pesquisador do islã. Embora não fale diretamente sobre o ISIS, sua
fala sobre os grupos terroristas deixam claro, que ele pensa da relação deles
com o islã.
“Mas quando os muçulmanos praticam a violência, em forma de crimes e
outros atos de terrorismo, eles podem legitimamente reivindicar que estão
seguindo os mandamentos de Alá, conforme ensina o Alcorão e o profeta Maomé.
Essa é a grande diferença entre o cristianismo e islamismo.” P. 72.
“‘Lutai pela causa de Alá com aqueles que lutam contra vós [...] e
matai-os onde quer que os encontrardes [...] e lutai contra eles até que não
haja mais tumulto e opressão; que prevaleça a justiça e a fé em Alá’ (Sura 2.190-193).
A ordem é para continuar lutando, continuar assassinando, onde quer que os
muçulmanos encontrem supostos inimigos de Alá.” P. 74.
“[...] a violência no islamismo se expressa de várias formas,
através de perseguição as minorias, a matança de oponentes políticos e
religiosos e os atos de terrorismo. E todas essas práticas encontram
justificativas no Alcorão e nos ditos de Maomé.” P. 83.
SALEEB, Abdul; SPROUL, R. C. O Outro Lado do Islã. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Irmão Rachid, ex-muçulmano,
mandou este recado ao Barack Obama, quando ele era presidente.
“Senhor Presidente , preciso lhe dizer que o senhor está errado com
relação ao EI. O senhor disse que o EI não fala por nenhuma religião. Eu sou
ex-muçulmano. Meu pai é um imame. Passei mais de vinte anos estudando o islã.
[…] Posso dizer com confiança que o EI fala pelo islã. […] Os 10 mil membros do
EI são todos muçulmanos. […] Eles vêm de diversos países e têm um denominador
comum: o islã. Seguem o profeta Maomé do islã minuciosamente. […] Eles pedem um
califado, o que é uma doutrina central no islã sunita. Peço-lhe, sr.
Presidente, que deixe de ser politicamente correto — que chame as coisas pelos seus
nomes. EI, Al-Qaeda, Boko Haram, Al-Shabaab na Somália, os talibãs e os nomes
de seus coirmãos são todos criados no islã. Se o mundo muçulmano não lidar com
o islã e separar a religião do Estado, este ciclo nunca terá fim. […] Se o
problema não é o islã, então por que será que existem milhões de cristãos no
Oriente Médio e, não obstante, nenhum deles se explodiu para se tornar mártir,
embora vivam nas mesmas circunstâncias econômicas e políticas, e até piores?
[…] Sr. Presidente, caso queira realmente lutar contra o terrorismo, então
ataque as raízes. Quantos xeques sauditas estão pregando o ódio? Quantos canais
islâmicos estão doutrinando as pessoas e ensinando-lhes a violência do Alcorão
e do hadith? […] Quantas escolas islâmicas estão produzindo gerações de
professores e alunos que acreditam na jihad, no martírio e na luta contra os
infiéis?” P. 185.
ALI, Ayaan Hirsi. Herege:
Por Que o Islã Precisa de Uma Reforma Imediata. São Paulo: Companhia das
Letras, 2015.
James Brandon, membro
associado do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização e Violência
Política (ICSR).
“Uma abordagem melhor é aceitar que os extremistas islâmicos, por
mais desagradáveis que sejam sua visão sobre o Islã, permaneçam muçulmanos, por
mais que muitos outros muçulmanos e não muçulmanos possam não gostar de sua
versão do Islã.
Tradicionalmente, desde que um muçulmano aceite a existência de um
único Deus e que Maomé seja seu profeta final, ele é muçulmano.
[...]
Essa abordagem de avestruz de que as ‘ações extremistas’ não têm
nada a ver com o Islã não apenas não reconhece o quão profundas são algumas
interpretações jihadistas radicais, mas também cede efetivamente esses campos
de batalha teológicos essenciais aos extremistas.
[...]
Aceitar que extremistas islâmicos também sejam muçulmanos e que
aspectos de sua ideologia estejam profundamente arraigados na tradição islâmica
é um primeiro passo essencial.”
Mark Durie, Ph.D
em Linguística na Australian National University e membro da Academia
Australiana de Humanidades.
“É chegada a hora de os líderes políticos ocidentais pararem de
responder ao terrorismo chamando o Islã de ‘a religião da paz’. É hora de ter
uma conversa difícil sobre o Islã.
O Ocidente está passando por uma aguda dissonância cognitiva sobre o
Islã, cujas marcas estão em guerra umas com as outras. Por um lado, somos
informados de que o Islã é a religião da paz. Por outro lado, somos
confrontados com uma sequência interminável de atos de terror cometidos em nome
da fé.
Há uma conexão deprimente entre as duas marcas: quanto mais alto uma
marca se torna, mais o volume é aumentado na outra.”
José Atento, Pesquisador do
Islã.
“O Estado Islâmico é islâmico? Os muçulmanos do Estado Islâmico são
muçulmanos? Com certeza eles não são metodistas nem budistas!
É claro que eles são muçulmanos seguindo o islamismo no seu modo
mais puro, exatamente como Maomé e seus companheiros fizeram. E exatamente
igual aquilo que vários países islâmicos reconhecidos internacionalmente e com
assento na ONU fazem.”
Graeme Wood, Professor de Ciências
Políticas na Universidade de Yale, e autor do livro A Guerra do Fim dos Tempos:
O Estado Islâmico e o Mundo Que Ele Quer.
“Somos enganados de
uma segunda maneira, por uma campanha bem-intencionada, mas desonesta, de negar
a natureza religiosa medieval do Estado Islâmico.”
“De fato, muito do
que o grupo faz parecer absurdo, exceto à luz de um compromisso sincero e
cuidadosamente considerado de devolver a civilização a um ambiente jurídico do
século VII e, finalmente, de provocar o apocalipse.”
“Na conversa, eles [membros
do ISIS] insistem que não vão - não podem - renunciar aos preceitos de governo
que foram incorporados no Islã pelo Profeta Muhammad e seus primeiros
seguidores. Eles costumam falar em códigos e alusões que parecem estranhas ou
antiquadas para não-muçulmanos, mas se referem a tradições e textos específicos
do início do Islã.”
“A realidade é que
o Estado islâmico é islâmico. Muito islâmico. Sim, atraiu psicopatas e
aventureiros, atraídos em grande parte pelas populações descontentes do Oriente
Médio e da Europa. Mas a religião pregada por seus seguidores mais ardentes
deriva de interpretações coerentes e até aprendidas do Islã.”
“Praticamente todas
as principais decisões e leis promulgadas pelo Estado Islâmico aderem ao que
chama, na imprensa e nos pronunciamentos, e em seus outdoors, placas, artigos
de papelaria e moedas, ‘a metodologia Profética’, que significa seguir a
profecia e exemplo de Muhammad, em detalhes minuciosos.”
“Muitas
organizações muçulmanas tradicionais chegaram ao ponto de dizer que o Estado
islâmico é, de fato, anti-islâmico. É claro que é reconfortante saber que a
grande maioria dos muçulmanos não tem interesse em substituir os filmes de
Hollywood por execuções públicas como entretenimento noturno. Mas os muçulmanos
que chamam o Estado Islâmico de não islâmico são tipicamente, como me disse o
estudioso de Princeton Bernard Haykel, o especialista em teologia do grupo, ‘embaraçado
e politicamente correto, com uma visão de algodão doce de sua própria religião’
que negligencia ‘O que a religião deles exige histórica e legalmente’.”
“O Alcorão
especifica a crucificação como uma das únicas punições permitidas para os
inimigos do Islã. O imposto sobre os cristãos encontra um claro apoio no
capítulo Surah Al-Tawba, no nono capítulo do Alcorão, que instrui os muçulmanos
a lutar contra cristãos e judeus "até que paguem à jizya com submissão
voluntária e se sintam subjugados". O Profeta, a quem todos os muçulmanos
consideram exemplar, impôs essas regras e possuía escravos.”
“Os muçulmanos
podem dizer que a escravidão não é legítima agora e que a crucificação está
errada neste momento histórico. Muitos dizem precisamente isso. Mas eles não
podem condenar a escravidão ou a crucificação sem contradizer o Alcorão e o
exemplo do Profeta.”
Bernard Haykel, Ph.D em
Estudos Islâmicos e do Oriente Médio pela Universidade de Oxford.
"O que chama a
atenção neles não é apenas o literalismo, mas também a seriedade com que lêem
esses textos [do Alcorão]. [...] Existe uma seriedade assídua e obsessiva que os muçulmanos
normalmente não têm".
"O único
fundamento de princípios que os oponentes do Estado Islâmico poderiam adotar é
dizer que certos textos centrais e ensinamentos tradicionais do Islã não são
mais válidos".
Shmuel Bar, Ph.D. em História do Oriente Médio pela Universidade de Tel-Aviv.
"[...] no que diz respeito aos estabelecimentos religiosos na maior parte da península Arábica, no Irã e em grande parte do Egito e do Norte da África, a ideologia radical não representa uma perversão marginal e extremista do Islã, mas sim uma interpretação genuína e cada vez mais convencional. Mesmo depois de 11 de setembro , os sermões transmitidos de Meca não podem ser facilmente distinguidos dos da Al Qaeda."
Paul Martindale, Professor de Estudos
Islâmicos no Seminário Teológico Gordon-Conwell, EUA.
"A interpretação do ISIS do Islã não
é de forma alguma uma interpretação majoritária do Islã pelos muçulmanos hoje.
Quase todos os muçulmanos rejeitam a afirmação do Estado Islâmico de ser uma
interpretação autêntica do Islã. Também não é totalmente consistente com as
maneiras como o islã sunita clássico foi praticado na história. No entanto, com
base nos textos fundadores do Islã e em certos períodos anteriores da história
islâmica, a interpretação do ISIS do Islã é consistente com a forma como o Islã
foi interpretado e praticado no passado distante. Dada a ampla diversidade de
expressão dentro do Islã, a interpretação do ISIS do Islã é autenticamente
islâmica e os membros do ISIS são muçulmanos. A interpretação e aplicação do
Islã pelo ISIS é uma das muitas manifestações possíveis ou teologicamente
'legítimas' do Islã."
James Brandon, Mestrado em Estudos do Oriente Médio pela Escola de Estudos Orientais e Africanos na Universidade de Londres, e membro do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização e Violência Política no Kings 'College.
"Uma abordagem melhor é aceitar que os extremistas islâmicos, por mais desagradáveis que sejam sua visão sobre o Islã, permaneçam muçulmanos, por mais que muitos outros muçulmanos e não muçulmanos possam não gostar de sua versão do Islã.
Tradicionalmente, desde que um muçulmano aceite a existência de um único Deus e que Maomé seja seu profeta final, ele é muçulmano.
[...]
Aceitar que extremistas islâmicos também sejam muçulmanos e que aspectos de sua ideologia estejam profundamente arraigados na tradição islâmica é um primeiro passo essencial."
Richard L. Rubenstein, Ph.D em Teologia Sagrada em Harvard, e autor do livro Jihad e Genocídio.
"Na realidade, a inimizade islâmica para com o Ocidente infiel, como foi manifestada em 11 de setembro, não é consequência de um pequeno grupo não representativo 'sequestrando' uma religião cujos 'ensinamentos são bons e pacíficos'. Pelo contrário, o tipo de hostilidade islâmica que levou os terroristas islâmicos a agirem em 11 de setembro e em muitas outras ocasiões está profundamente enraizado em séculos de tradição islâmica."
Existem estudiosos muçulmanos
que também reconhecem que o ISIS é islâmico. Vamos a alguns deles.
Ayad Jamal al-Din, clérigo muçulmano
no Iraque.
“Eu digo que, ou seguimos o fiqh (direito religioso islâmico), caso
em que o Isis está mais ou menos certo, ou então seguimos o direito civil
humano esclarecido, segundo o qual os yazidis são tão cidadãos quanto os
muçulmanos xiitas e sunitas. Temos de nos decidir entre seguir o direito civil
humano, legislado pelo parlamento iraquiano, e seguir as fatwas emitidas pela
jurisprudência islâmica. Não devemos dourar a pílula e dizer que o islã é uma
religião de compaixão, paz e água de rosas, e que está tudo bem.” P. 201.
ALI, Ayaan Hirsi. Herege:
Por Que o Islã Precisa de Uma Reforma Imediata. São Paulo: Companhia das
Letras, 2015.
Arwa Al-Khattabi, muçulmano e
Especialista iemenita em História da Europa e da Alemanha.
"O ISIS chegou a implementar o Islã como está, pelo livro - não
criou nada por si mesmo. Evocou os textos religiosos exatamente como são. Não
distorceu, mudou ou substituiu nada. Ele veio com o texto e o implementou
exatamente como está. Temos um problema e devemos assumir a responsabilidade
por ele antes de culpar os outros pelo que está acontecendo no mundo.
"Eles vieram para [implementar] o Islã adequado, completo com escravas, o
estupro [...] É muito lamentável que queremos negar... Temos um grande problema
e devemos reconhecê-lo antes de fazer qualquer outra coisa. Temos um problema e
devemos assumir a responsabilidade por isso antes de culpar os outros pelo que
é no mundo. Não podemos fechar os olhos e negar isso. Está acontecendo por
nossa causa. Quando negamos as coisas e colocamos a culpa nos outros, como se
fôssemos forçados a fazer tudo isso e não fossem a razão do que está
acontecendo... Todos devemos reconhecer o que está acontecendo."
Abdullahi Ahmed An-Na'im,
muçulmano e Professor de Direito na Emory University, EUA.
“As interpretações tradicionais da Sharia, ou lei islâmica,
aprovaram a jihad agressiva para propagar o Islã. Eles permitiram a morte de
homens inimigos cativos. Eles permitiram que os jihadistas escravizassem
mulheres e crianças inimigas, como o ISIS fez com as mulheres yazidis na Síria.
Eu sou um estudioso muçulmano da Sharia. É minha opinião que a
reivindicação do ISIS de legitimidade islâmica pode ser contestada apenas por
uma interpretação alternativa viável da lei islâmica.
[...]
A interpretação dura e regressiva do ISIS da Sharia baseia-se no
Alcorão de Medina, que repetidamente instruía os muçulmanos a apoiarem uns aos
outros e a se separarem dos não-muçulmanos.
[...]
Todo o Capítulo 9 - que está entre as últimas revelações -
categoricamente sanciona e autoriza a jihad agressiva contra todos os
não-muçulmanos, incluindo o Povo do Livro ou cristãos e judeus (versículo 9:29
).”
[...]
Afinal, apenas um punhado de Estados de maioria muçulmana - e apenas
sob liderança ocidental - mostraram disposição para resistir à expansão militar
do ISIS.
Enquanto isso, as massas de muçulmanos e seus líderes comunitários
não estão - de maneira reveladora - recorrendo à Sharia para justificar sua
oposição às reivindicações do ISIS. Muitos muçulmanos condenaram o ISIS por
razões morais ou políticas, mas isso, provavelmente, é desacreditado entre os
apoiadores do ISIS como raciocínio ‘ocidental’.”
Shadi Hamid, muçulmano,
membro sênior da Brookings Institution, é autor de Excepcionalismo islâmico:
Como a luta contra o Islã está remodelando o mundo e co-editor de Rethinking
Political Islam.
“Uma esmagadora maioria de muçulmanos se opõe ao ISIS e sua
ideologia. Mas isso não é exatamente o mesmo que dizer que o ISIS não tem nada
a ver com o Islã, quando muito claramente tem algo a ver com isso.
Se você realmente olhar para a abordagem do ISIS para governança,
seria difícil - impossível, na verdade - concluir que ele está apenas
inventando as coisas à medida que avança e então dando a ele um brilho islâmico
somente após o fato.
[...]
A apologética islâmica nos leva a um caminho de diminuição do papel
da religião na política. Se os últimos anos de turbulência no Oriente Médio
deixaram algo claro, é que, para os islâmicos de vários matizes - convencionais
ou extremistas - a religião é importante.
[...]
No final das contas, porém, não é meu trabalho fazer o Islã parecer
bom ou argumentar que o Islã ‘é uma religião de paz’, quando a realidade é mais
complicada. Temos que ser fiéis às nossas descobertas e conclusões, mesmo que -
ou talvez especialmente quando - elas nos deixem mais desconfortáveis.”
Yahya Cholil Staquf, um dos mais importantes líderes muçulmanos da Indonésia.
"Os políticos
ocidentais deveriam parar de fingir que o extremismo e o terrorismo não têm
nada a ver com o Islã. Há uma relação clara entre fundamentalismo,
terrorismo e os pressupostos básicos da ortodoxia islâmica. Enquanto não
tivermos consenso sobre este assunto, não podemos ganhar a vitória sobre a
violência fundamentalista dentro do Islã.
[...]
O
objetivo [do ISIS] de estabelecer um califado global está totalmente dentro da
tradição islâmica ortodoxa. Mas vivemos em um mundo de
estados-nação. Qualquer tentativa de criar um estado islâmico unificado no
século 21 só pode levar ao caos e à violência ... Muitos muçulmanos presumem
que existe um conjunto estabelecido e imutável de leis islâmicas, que costumam
ser descritas como shariah . Essa suposição está de
acordo com a tradição islâmica, mas é claro que leva a um sério conflito com o
sistema legal que existe nos estados-nação seculares."
O ISIS é islâmico! Se os
membros do ISIS deixam de cumprir certas regras e requisitos do islã, isso não
faz deles não muçulmanos. Até porque os ditos muçulmanos moderados também não
cumprem todos os requisitos de sua religião, e nem por isso, são descartados
como anti-islâmicos e falsos muçulmanos. Ninguém consegue cumprir todas as obrigações
que suas religiões, ou ideologias prescrevem. Isto vale para tudo. Até um
cientista pode num artigo acadêmico escrever coisas que não passam pelo
escrutínio da ciência, mas disso não se segue que o seu artigo será totalmente
não científico, ou anticientífico.
A essência dos ensinos do
islã está totalmente presente nas atitudes do ISIS. E isto faz deles, um grupo autenticamente
islâmico. Eles têm plena fé em Alá, no Alcorão e em Maomé como o último
mensageiro de Deus. Suas posturas violentas estão em harmonia com o que Maomé e
seus discípulos fizeram. Seus ensinos estão em consonância com o crescimento
violento do islã, durante a vida e morte de Maomé. A sua violência coercitiva se coaduna,
por exemplo, com a lei da apostasia, que preconiza a morte de quem abandona o
islã. As humilhações que perpetram aos subjugados encontram eco na história
islâmica.
Deixo
aqui dois textos que argumentam que o ISIS é totalmente islâmico.
O
Estado Islâmico e o Islã
https://myislam.dk/articles/en/ibrahim%20the-islamic-state-and-islam.php
O Estado Islâmico é islâmico e representa o
verdadeiro rosto do islão