O Cineasta
Peter Rodger viaja pelo mundo, para apresentar as mais variadas religiões e
crenças. Ele pretende responder sua própria indagação: Quem é Deus? Que ser é
esse, que comumente chamamos de “Deus”? Quais os conceitos, idéias e visões que
as pessoas comuns têm sobre ele? Jesus, Buda, Krishna, Alá... Alguns desses
pode ser Deus? Todos? Nenhum? São apenas criações humanas? O homem criou deus,
e não o contrário? Perguntas que vêem a mente de qualquer pessoa que tem
interesse no universo religioso tão multifacetado.
Para Rodger
definir “deus”, é uma tarefa impossível. Existem muitas definições, muitas
ditas escrituras sagradas, muitas opiniões. Ele não diz se acredita em deus, se
é ateu, agnóstico, deísta, ou qualquer outra coisa. Mas entrevista pessoas de
todas essas cosmovisões. Desde religiosos extremistas e fundamentalistas, para
quem a sua visão religiosa estrita e estreita é a única forma de se chegar e
agradar a divindade, aos mais moderados e politicamente corretos, com o
discurso paz e amor, de que todas as manifestações religiosas adoram ao mesmo
deus verdadeiro.
Fica implícito
em todo o filme, um posicionamento conciliatório, em prol da pluralidade
religiosa. Todas as religiões são legítimas, na medida em que lutam pela paz e
amor ao próximo. As religiões causaram e causam muito sofrimento em suas
guerras, cabe, portanto, serem empáticas umas com as outras.
Numa tentativa
de amenizar a tensão sobre o que o Alcorão ensina sobre o destino pós-morte dos
adeptos de outras crenças, são confrontadas a leitura e interpretação de uma
determinada sura (capítulo) do livro muçulmano, que parece dizer claramente que
judeus e cristãos irão para o inferno. Um fundamentalista lê essa sura, e pelo
que ela diz na tradução que ele tem em mãos, realmente o destino dos judeus e
cristãos é a condenação eterna.
“Não há dúvidas, as
pessoas do livro [Bíblia], os cristãos e os judeus, as pessoas que lutam e se envolvem
contra Alá, queimarão eternamente no fogo do inferno. Para ficar por lá
eternamente. Eles são o pior das pessoas.” (Surata 98.6)
No entanto,
Jihad Turk, acadêmico muçulmano, nos EUA, lê esse mesmo trecho em árabe, língua
original do Alcorão, e o sentido da passagem muda completamente. Não há nada de
condenação, mas é uma sura até mesmo elogiosa aos judeus e cristãos, que se apegam a verdade. Segundo Turk, a tradução e interpretação feita acima por
esse muçulmano esta equivocada e descontextualizada.
“Verdadeiramente,
aqueles que se apeguem a negar a verdade das pessoas do livro [Bíblia], judeus
e cristãos, ou os politeístas, estão destinados a permanecer no fogo da ‘Gehenna’.
Realmente são as piores criaturas.” (Surata 98.6)
E agora, para
comparar, peguei uma tradução online, do Centro Islâmico Brasileiro, que pode
ser encontrada neste link:
“Em verdade, os
incrédulos, entre os adeptos do Livro [Bíblia], bem como os idólatras, entrarão no fogo
infernal, onde permanecerão eternamente. Estas são as piores das criaturas!” (Surata
98.6)
Parece-me, que
a tradução online está mais em consonância com a versão do Jihad Turk.
Mesmo conhecendo
pouco as doutrinas islâmicas, não acredito que o Islamismo seja uma religião
pacífica. Bom seria, se ela fosse. Mas por que será que não são permitidas
outras religiões nos países muçulmanos? Como uma comunidade de pessoas, que se
dizem da paz e do amor ao próximo, não conseguem tolerar o contraditório? Por que
os cristãos, ateus, homossexuais e etc., são perseguidos nesses países? Cadê o
sistema democrático na política dessas nações? Só um cego, para não ver esses
fatos tão evidentes.
O documentário
é disperso, desorganizado e bagunçado. Mas pensando bem, faz sentido
ele ser assim, visto que traz uma miscelânea de religiões e filosofias, que ora
concordam, ora discordam em alguns ou muitos pontos. É essa dispersão,
desorganização e bagunça que faz a humanidade ser o que é.