segunda-feira, 14 de março de 2016

Oh Meu Deus


O Cineasta Peter Rodger viaja pelo mundo, para apresentar as mais variadas religiões e crenças. Ele pretende responder sua própria indagação: Quem é Deus? Que ser é esse, que comumente chamamos de “Deus”? Quais os conceitos, idéias e visões que as pessoas comuns têm sobre ele? Jesus, Buda, Krishna, Alá... Alguns desses pode ser Deus? Todos? Nenhum? São apenas criações humanas? O homem criou deus, e não o contrário? Perguntas que vêem a mente de qualquer pessoa que tem interesse no universo religioso tão multifacetado.

Para Rodger definir “deus”, é uma tarefa impossível. Existem muitas definições, muitas ditas escrituras sagradas, muitas opiniões. Ele não diz se acredita em deus, se é ateu, agnóstico, deísta, ou qualquer outra coisa. Mas entrevista pessoas de todas essas cosmovisões. Desde religiosos extremistas e fundamentalistas, para quem a sua visão religiosa estrita e estreita é a única forma de se chegar e agradar a divindade, aos mais moderados e politicamente corretos, com o discurso paz e amor, de que todas as manifestações religiosas adoram ao mesmo deus verdadeiro.

Fica implícito em todo o filme, um posicionamento conciliatório, em prol da pluralidade religiosa. Todas as religiões são legítimas, na medida em que lutam pela paz e amor ao próximo. As religiões causaram e causam muito sofrimento em suas guerras, cabe, portanto, serem empáticas umas com as outras.

Numa tentativa de amenizar a tensão sobre o que o Alcorão ensina sobre o destino pós-morte dos adeptos de outras crenças, são confrontadas a leitura e interpretação de uma determinada sura (capítulo) do livro muçulmano, que parece dizer claramente que judeus e cristãos irão para o inferno. Um fundamentalista lê essa sura, e pelo que ela diz na tradução que ele tem em mãos, realmente o destino dos judeus e cristãos é a condenação eterna.


“Não há dúvidas, as pessoas do livro [Bíblia], os cristãos e os judeus, as pessoas que lutam e se envolvem contra Alá, queimarão eternamente no fogo do inferno. Para ficar por lá eternamente. Eles são o pior das pessoas.” (Surata 98.6)

No entanto, Jihad Turk, acadêmico muçulmano, nos EUA, lê esse mesmo trecho em árabe, língua original do Alcorão, e o sentido da passagem muda completamente. Não há nada de condenação, mas é uma sura até mesmo elogiosa aos judeus e cristãos, que se apegam a verdade. Segundo Turk, a tradução e interpretação feita acima por esse muçulmano esta equivocada e descontextualizada.


“Verdadeiramente, aqueles que se apeguem a negar a verdade das pessoas do livro [Bíblia], judeus e cristãos, ou os politeístas, estão destinados a permanecer no fogo da ‘Gehenna’. Realmente são as piores criaturas.” (Surata 98.6)

E agora, para comparar, peguei uma tradução online, do Centro Islâmico Brasileiro, que pode ser encontrada neste link:


“Em verdade, os incrédulos, entre os adeptos do Livro [Bíblia], bem como os idólatras, entrarão no fogo infernal, onde permanecerão eternamente. Estas são as piores das criaturas!” (Surata 98.6)

Parece-me, que a tradução online está mais em consonância com a versão do Jihad Turk.

Mesmo conhecendo pouco as doutrinas islâmicas, não acredito que o Islamismo seja uma religião pacífica. Bom seria, se ela fosse. Mas por que será que não são permitidas outras religiões nos países muçulmanos? Como uma comunidade de pessoas, que se dizem da paz e do amor ao próximo, não conseguem tolerar o contraditório? Por que os cristãos, ateus, homossexuais e etc., são perseguidos nesses países? Cadê o sistema democrático na política dessas nações? Só um cego, para não ver esses fatos tão evidentes.

O documentário é disperso, desorganizado e bagunçado. Mas pensando bem, faz sentido ele ser assim, visto que traz uma miscelânea de religiões e filosofias, que ora concordam, ora discordam em alguns ou muitos pontos. É essa dispersão, desorganização e bagunça que faz a humanidade ser o que é.