sábado, 26 de setembro de 2015

A Cor Púrpura



“Quem você pensa que é? [...] Olha só pra você – é negra, é pobre, é feia, é mulher. Você não é nada”.

Num filme sobre os negros no sul dos EUA no início do século XX, esse tipo de insulto covarde e racista era algo muito comum naquela cultura aonde “os de cor” eram considerados seres humanos inferiores. No entanto, esse insulto cruel foi dito por um negro nessa película. 

Esse filme denuncia o machismo, racismo e patriarcalismo vigentes na área rural estadunidense nas primeiras décadas do século passado. As mulheres negras, além de já estarem estigmatizadas pela sua condição fenotípica, ainda tinham que suportar os preconceitos e discriminação não apenas dos brancos racistas, mas dos seus próprios irmãos negros. Muitas eram tratadas que nem lixo, como meras empregadas, sempre prontas a satisfazer os desejos e caprichos egoístas de seus maridos. Ou na visão destes, seus “donos”.

Não obstante, o filme tem um final mui feliz e emocionante. Filme nota 10.

Link do filme:

http://megafilmeshd.net/a-cor-purpura/

O Mordomo da Casa Branca


“Qualquer homem poderia matar qualquer um de nós [negros] a qualquer momento e não ser punido por isso. A lei não estava do nosso lado. A lei era contra nós”. 

Mais um filmaço de primeira linha sobre o racismo e o movimento pelos direitos civis. Desta vez, o próprio protagonista do filme conta-nos a sua história de quase 30 anos como mordomo da Casa Branca. O racismo presente tanto nos seus corredores, como nas ruas americanas é historiado de uma maneira excepcional. O horrível e vergonhoso é saber que até o final da década de 1980 os negros que eram funcionários da Casa Branca tinham os seus salários bem mais baixos que os brancos, mesmo ocupando as mesmas funções.

A luta pelos direitos civis nas décadas de 1960-1980, o surgimento dos Panteras Negras”, as ideias de não violência de King e Gandhi, também faz parte de quase todo o enredo, com a culminância do então primeiro negro chegando a presidência na pessoa de Barack Obama.

É um belo filme. Infelizmente a história não é linear. Pode haver descontinuidades nesse processo de igualdade entre as pessoas. O racismo e a discriminação ainda existe.

Link do filme:

http://megafilmeshd.net/o-mordomo-da-casa-branca/

Selma: Uma Luta Pela Liberdade

E o que dizer dessa película? Um extraordinário filme sobre a luta pelos direitos civis dos afro-americanos na década de 1960, liderados pelo Reverendo Martin Luther King. De acordo com os arquivos da época, o roteiro vai sendo trabalhando especificamente nos acontecimentos ocorridos na pequena cidade de Selma, no Alabama, um dos Estados mais racistas e segregacionistas dos EUA.

King com audácia, intrepidez e inteligência moral não esmorece diante da cruel e injusta oposição enfrentada para que os negros tivessem os seus plenos direitos eleitorais garantidos. 

O que mais me chamou à atenção na trama foram os vários diálogos que o King teve com o Presidente Johnson, para que este outorgasse uma lei favorável e eficiente a favor dos direitos civis reivindicados pela comunidade negra. O que foi negado inúmeras vezes pelo Presidente.

Não obstante, usando de táticas pacifistas de não-violência, King e seus companheiros conseguiram reunir uma grande massa populacional de negros e brancos, para marcharem e protestarem por mais igualdade e mais justiça social. Felizmente, apesar de muitas mortes, cárceres, torturas e humilhações, o então Presidente concede em 1965 o direito de voto irrestrito aos negros em todas as esferas públicas.

É um filme de primeira grandeza. King foi um exemplo de ser humano, que colocou a sua vida para servir e não para ser servido. Não ganhou o Prêmio Nobel da Paz à toa. Como sabemos, infelizmente, foi assassinado em 1968. Mas seu lindo e inestimável legado permanece. Esse, sim, um verdadeiro Profeta. E não somente ele, mas todos os que lutaram para colocar em evidência a VERDADE de que ser humano nenhum é superior ou inferior ao outro apenas pela melanina a mais ou a menos que possui.

Link do filme:

http://megafilmesonline.net/selma-uma-luta-pela-igualdade-legendado/

A História da Matemática: Os Gênios do Oriente


Formidável documentário sobre a matemática chinesa, revelando as descobertas e criatividades aritméticas que o império chinês realizou milênios antes do ocidente. Os matemáticos chineses elaboraram um método para um imperador transar com as 121 mulheres de seu harém em apenas 15 dias. Haja ENERGIA!

 A Índia também é apresentada como uma precursora da matemática moderna. O vídeo comenta:

“Podemos nunca saber como os indianos criaram os seus sistemas numéricos. Mas sabemos que eles o refinaram e o aperfeiçoaram, criando os ancestrais dos nove numerais que usamos por todo mundo hoje. Muitos classificam o sistema de contagem indiano como uma das maiores inovações intelectuais de todos os tempos. Se desenvolvendo o mais próximo do que podemos chamar de uma linguagem universal”.

O tão importante ZERO (0) surge na matemática indiana. Eis um grande legado para a Matemática. Uma revolução para ela. Os chineses, mesopotâmios, gregos e egípcios não chegaram a conceituar esse número.

É provável que o sistema religioso da Índia os tenha auxiliado na conceituação do ZERO (0). As suas abstrações sobre o NADA e a ETERNIDADE, parecem ter ajudado na formulação do ZERO (0). Isso possibilitou grandes avanços matemáticos. =D Lembrando que outras abstrações matemáticas de suma importância foram criadas pelos indianos.

A Construção Social da Cor



BARROS. José D' Assunção. A Construção Social da Cor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 

Quase um ano lendo esse livro. Faltavam-me os dois últimos capítulos. Enfim, terminei. Um livraço escrito por um dos Historiadores mais destacados do Brasil. José Barros possui Doutorado e Mestrado em História Social pela Universidade Federal Fluminense, com uma Graduação em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Nessa obra, ele trabalha dois conceitos relacionados à escravidão no Brasil, no qual o negro era visto e tratado (maltratado) no início da escravidão, sob o víeis da “diferença”, e a partir dos discursos abolicionistas do século XIX, há um deslocamento do eixo da “diferença negra” para o eixo da “desigualdade negra”. Sendo este último, pelo menos em teoria, menos maléfico e mais humano. 

Esclarecendo melhor esses dois termos chaves em toda a sua obra, Barros vai destacar que a escravidão do negro africano debaixo das coordenadas da “diferença”, olha o negro como um ser inferior e rebaixado no plano ontológico. O negro é naturalmente um ser humano (isso, se ele for um ser humano mesmo) de segunda, terceira... categoria. Ou seja, a legitimação para escravizá-lo, dar-se por ele ser “diferente”. Não tem o mesmo status de “ser” do homem “branco” europeu, “civilizado” e “cristão”. Portanto, ele PODE ser propriedade do homem “branco”. 

Enquanto que o discurso da “desigualdade” via o negro escravizado, não como um ser humano menos hábil, menos inteligente e menos digno que a sociedade “branca” que o oprimia. O negro estava sendo escravizado, devido a sua situação de “desigualdade” construída sob as contingências históricas (guerras, apresamento, etc) da qual ele infelizmente foi a vítima. Não era um dado da natureza, ele ser tratado como um animal irracional. 

O autor percebe que a partir da segunda metade do século XIX começa a se construir uma mudança gradual no plano das ideias da sociedade brasileira em relação a esses dois polos (Diferença e Desigualdade). Os discursos abolicionistas viriam a eliminar a ideia de “diferença” e discutir a escravidão sob o conceito da “desigualdade”. Isso pode parecer irrelevante, mas Barros mostra o quanto essa mudança de paradigma foi importante para a emancipação negra.

“Trata-se, enfim, de trazer a questão do plano de contrariedades das ‘diferenças escravas’ para o plano das ‘desigualdades escravas’, pois é somente neste plano que pode ser estabelecida efetivamente uma ação social com vista a amenizar, diminuir ou mesmo eliminar as injustiças sociais”. 
P. 150.

“[...] o deslocamento discursivo que conduz a questão escrava da coordenada das diferenças ao eixo enviesado das desigualdades seria precisamente a obra dos abolicionistas destas décadas [1870-1880] particularmente efervescentes”. P. 162-163.

Quando a sociedade passar a ver o negro não como um ser “diferente”, mas, sim, como um ser que está numa situação “desigual”, a porta para a abolição começa a se abrir lentamente. 

Lembrando que o discurso legitimador da escravidão sob a ótica da "diferença", tinha o aval da igreja católica. 

"A noção de uma África selvagem e a ideia de uma humanidade negra mais atrasada começavam a se entrelaçar no imaginário que deveria dar suporte à empresa do tráfico negreiro e à exploração impiedosa de uma nova força de trabalho submetida às mais degradantes condições, tudo com as devidas bênçãos papais”. P. 43. 

A castração dos direitos inalienáveis dos africanos, infelizmente estava na pauta do papa e da igreja. Sem dúvida um triste e vergonhoso momento do catolicismo romano, que a exemplo das grandes companhias da época, almejava ganhar muito dinheiro nas novas terras conquistadas.

"A BULA ROMANOUS PONTIFEX, ditada por Nicolau V, em 1454, autorizava a exploração escrava de pagãos, fossem nativos ou africanos. Em 1537, em uma BULA PAPAL promulgada por Paulo III, a Igreja desaconselha a escravidão indígena, mas CONSERVA posição de INDIFERENÇA com relação à escravidão negra".
 P. 43. (Enfase acrescentada). 

Outros assuntos são trabalhados e historiados esplendidamente pelo autor, mas por ora, essa dicotomia apresentada, me chamou bastante atenção. Ela é o fio condutor de toda a obra. 

A História da Matemática: A Linguagem do Universo



Nesse documentário, a matemática egípcia, babilônica e grega é belamente analisada, mesmo que superficialmente, mostrando a inteligência e sagacidade de alguns dos seus cidadãos que tiveram insights valiosíssimos que ajudaram a descobrir muitas leis matemáticas e consequentemente muitas leis do universo. 

“Durante milhares de anos, sociedades por todo mundo, descobriram que uma disciplina mais do que outras, guarda certo conhecimento sobre as realidades fundamentais do mundo físico – essa disciplina é a matemática”.

E nos intricados momentos históricos dessa disciplina, se encontra, talvez o maior dos filósofos. 

“Apesar de pensarmos nele (Platão) hoje como filósofo, ele foi um dos estudiosos mais importantes da matemática”. 

“Platão foi arrebatado pela visão de mundo pitagórica, e considerava a matemática, a pedra fundamental do conhecimento. Algumas pessoas diziam que Platão provavelmente foi a figura mais influente da matemática grega em nossa percepção. Ele dizia que a matemática é uma forma importante de conhecimento, e que tem relação com a realidade. Então conhecendo [a] matemática, sabemos mais sobre a realidade”. 

“Em seu diálogo ‘Timeu’, Platão propunha a teoria de que a geometria é a chave para se desvendar os segredos do universo. Uma visão ainda mantida por cientistas hoje”. 

Como explicar a exatidão da aritmética com os seus complexos números, frações, teoremas e etc? Por que o sucesso epistemológico dela é tão evidente? 

“Teorias científicas foram derrubadas de uma geração para outra, mas os teoremas e os elementos são os mesmos de 2000 anos atrás”.

“Quando você para pra pensar, é realmente incrível, que ensinamos os mesmos teoremas, talvez de uma maneira um pouco diferente, ou organizados diferentes. Mas, a geometria euclidiana ainda é válida, e mesmo na matemática avançada, quando se trata de grandes espaços dimensionais, ela ainda é utilizada”.   

Quando vejo esse tipo de vídeo, expondo a Matemática e a sua precisão em decifrar e explicar o universo, não paro de pensar em como isso é um problema para os atuais paradigmas da Sociologia e Antropologia. Paradigmas que tem uma verdade inabalável de que tudo é um constructo social. É uma contradição ingênua, que os seus proponentes parecem não perceber. 

Se a Matemática fosse apenas um construto social não fincado na realidade do universo, não teríamos chegado as grandes descobertas cientificas e tecnológicas que temos hoje. 

Entendendo a Crise de 29



Um bom documentário com ótimas imagens dos anos 1920 e 1930, trazendo à luz, os fatos que culminaram na crise 1929. Onde a população estadunidense se viu de um dia para o outro numa situação de pleno desespero devido à derrocada dos seus investimentos na bolsa de valores. 

“Sem aviso, a bolsa estourou. A festa acabou”.

Todo o otimismo, consumismo, vaidades, futilidades e promessas de um país sem pobreza, caíram por terra no final dos anos 20 e início dos anos 30. Para aplacar esse pesadelo, não adiantou muita coisa, os EUA exigirem o pagamento dos países europeus que lhes deviam milhões. Estes, ainda estavam se recuperando das perdas financeiras advindas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

A situação norte-americana, de acordo com o vídeo, era esta:

“9 mil bancos quebraram ou fecharam as portas. 100 mil empresas faliram. O produto interno bruto foi reduzido de 80 bilhões dólares em 1929 a metade (40 bilhões, em 1932). O desemprego aumentou de 3,2% para 25%. Pelo menos 1 em cada 4 trabalhadores não tinha emprego. A violência cresceu nas cidades americanas. Grupos de cidadãos americanos atacaram autoridades locais, por falta de assistência do governo. A população fez manifestações contra o pagamento de aluguéis e passeatas contra a fome”.