sábado, 28 de novembro de 2015

As Perguntas Certas



JOHNSON, Phillip E. As Perguntas Certas. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

Mais um livro concluído pela segunda vez. Já não lembrava mais das ideias defendidas pelo Phillip E. Johnson (Professor de Direito da Universidade de Berkeley, EUA) nesta obra, em que ele posiciona boa parte do seu arsenal argumentativo contra o naturalismo metafísico tão presente nas Universidades. Ele também fala de política, religião e temas correlatos.

Compartilho do pensamento do autor quando ele dispara a sua metralhadora contra o materialismo como realidade última. Entretanto, tenho dúvidas, se ele fez em algumas ocasiões “as perguntas CERTAS” e, consequentemente, se nos forneceu “as respostas CORRETAS”. 

O que fica claro em muitas páginas, é que ele quer apenas trocar o dogmatismo secularista-ateu dos ambientes acadêmicos, e colocar em seu lugar o dogmatismo judaico-cristão evangélico de direita, por mais que ele possa negar isto. 

Me junto aos Cientistas materialistas quando eles afirmam que o Projeto do Design Inteligente é o Criacionismo velho de guerra com uma nova roupagem. Apenas disfarçado. Os Cientistas desse movimento, sendo uma boa parte de cristãos, não usam a Bíblia em suas argumentações contra a Teoria da Evolução, e nem a usam a favor da visão de um Projeto deliberado na criação do Universo e dos seres vivos. Mas essa parece ser uma sutil estratégia para incutir nas escolas e universidades, a visão cristã defendida por eles. Se querem moldar a sociedade conforme sua visão de mundo, que o façam com honestidade e sem subterfúgios; que seja às claras!

No livro, Johnson admite a verdade, de que a maioria dos Biólogos acham a intervenção divina na criação desnecessária na explicação da criação e manutenção dos seres vivos. 

“[...] a vasta maioria dos biólogos, especialmente aqueles de maior prestígio, nega enfaticamente que Deus tenha qualquer relação com a evolução e [...] descartam o que eles denominam ‘criacionismo do projeto inteligente’, como algo inerentemente inaceitável para a ciência”. P. 33. 

Isso me lembra uma entrevista que li com o Astrônomo Rogério Mourão que dizia que a descrença na comunidade científica é maior entre os Biólogos e menor entre os Astrônomos. Estes lidam com uma realidade mais etérea, e aqueles, lidam diretamente com a inexorável realidade nua e crua da vida e obrigatoriamente da morte, especula o Mourão. 

“Há biologistas que acreditam... A explicação talvez é que eles, por terem mais contato com a vida e com a morte, acabem sofrendo mais da descrença. Os astrônomos, por sua vez, vivem numa esfera mais etérea.” [1]

Reforçando a sua tese de que os sistemas biológicos trazem em seu interior evidências/provas de que foram projetados, Johnson cita Gene Myers, premiado Cientista do Projeto Genoma, que diz:

“O que me deixa maravilhado é a arquitetura da vida. O sistema é extremamente complexo. É como se ele tivesse sido projetado... Há nele uma inteligência imensa. Eu não encaro isso como sendo não-científico. Outros podem pensar assim, mas não eu”. P. 35. 

O livro traz uma piada escrita pelo conhecido Richard Lewontin, Ph.D em Zoologia na Universidade de Columbia, EUA, que disse:

“O problema primordial [para a educação científica] não está em proporcionar ao público o conhecimento sobre a distância que existe até a estrela mais próxima ou sobre aquilo de que são feitos os genes... Antes está em levar as pessoas a rejeitar as explicações irracionais e sobrenaturais sobre o mundo [...] e a aceitar um aparato social e intelectual, a ciência, como o único gerador de verdade”. P. 59.  

Um Professor de Harvard dizer que a Ciência é a única geradora da Verdade é um analfabeto na área mais básica da Filosofia. Ele pode ensinar na melhor Universidade, ganhar os maiores prêmios do mundo científico, porém, falou asneira. Mais uma vez basta invocar as suposições nada científicas nas quais a ciência está ANCORADA e ACORRENTADA, para escrachar à falácia e a ingenuidade desse enunciado besta. 

Repetindo os pressupostos: Mundo Externo; Outras Mentes; a Matemática; Leis da Lógica; e para o horror dele, o próprio método científico que não pode ser provado por ele mesmo. Diante disso, como a Ciência pode ser o “único gerador de verdade”?! Nunquinha!  

“Se a ciência for nossa única fonte de conhecimento e se ela nos proporcionar o conhecimento apenas dos fatos e não dos valores, então distinguir entre o bem e o mal pode ser apenas uma questão de preferência pessoal”. P. 100. 

Se a corrente filosófico-ideológica do cientificismo (Só a ciência é capaz de gerar conhecimento verdadeiro) estiver “correta”, então se segue um total estado de anarquia. Não há distinção entre o que é algo certo e digno de valor, e algo errado e repulsivo. 

Os Cientistas do alto escalão, adeptos do cientificismo, por uma questão de coerência e integridade intelectual (no mundo que eles pregam, isso nem existe) não podem nem afirmar que os fundamentalistas religiosos que porventura queiram lhes destruir, estão intrinsecamente errados. Afinal de contas, não há certo e errado, não é mesmo?! A arbitrariedade é soberana! 

[1] - http://www.filosofiadasorigens.org.br/fo/index.php/aconteceu-na-midia-menu-artigos/107-alem-do-ceu-azul-dr-ronaldo-rogerio-de-freitas-mourao