Na sociedade norte-americana, dentre os grupos religiosos mais
racistas, os evangélicos se destacam, mostrando que estão longe de serem a
"luz do mundo" dita nos Evangelhos. Li três livros evangélicos que
reconhecem a problemática do racismo em seu meio, dos quais destaco O Escândalo do Comportamento Evangélico, de Ronald
Sider, evangélico e Ph.D em História na Universidade de Yale.
“Em 1989
George Gallup Jr. e James Castelli publicaram os resultados de uma pesquisa
para determinar quais grupos nos Estados Unidos eram mais propensos a rejeitar
vizinhos negros – um bom indicador de racismo. Católicos e cristãos não
evangélicos foram classificados entre os menos propensos; 11% fizeram objeção
ao contato entre negros e brancos. Os protestantes históricos chegaram próximo
dos 16%. Com 17% batistas e evangélicos ficaram entre aqueles mais propensos a
repudiar a possibilidade de ter vizinhos negros, e 20% dos batistas do sul
rejeitaram a ideia de ter vizinhos negros.
[...]
Durante o
movimento de direitos civis, quando os protestantes históricos e os judeus se
uniram aos afro-americanos em sua luta histórica por liberdade e igualdade,
líderes evangélicos foram quase totalmente omissos. Alguns se opuseram ao
movimento; outros não se pronunciaram. Quando Frank Gaebelein, então co-editor
de Christianity Today, não apenas cobriu a marcha de Martin Luther King sobre
Selma, como também endossou o movimento e a ele se juntou, experimentou
oposição e hostilidade da parte de outros líderes evangélicos.” P.
25.
“Michael
O. Emerson e Christian Smith escreveram um livro crucial [...] explorando as
atitudes racistas presentes no mundo evangélico. Concluíram que ‘o
evangelicalismo branco provavelmente faz mais para perpetuar a sociedade
racista do que para reduzi-lá’. Os protestantes conservadores brancos têm mais
que o dobro de propensão que os outros brancos de apontar falta de motivação
entre os negros (e não a discriminação) como fator responsável pela
desigualdade entre brancos e negros. Os protestantes conservadores são seis
vezes mais propensos a citar a falta de motivação que o acesso desigual à
educação.” P. 27.
“[...] como é possível que os evangélicos sejam as pessoas mais
racistas e preconceituosas de nossa sociedade?” P. 47.
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SIDER, Ronald J. O Escândalo do Comportamento Evangélico. Viçosa, MG:
Ultimato, 2006.
O documentário Reavivamento da Rua Azusa: A História Nunca Antes Contada reconhece que apesar do movimento em seu
início ter juntado em seus cultos, negros e brancos, a “harmonia” racial não
teve repercussão duradoura, sendo apenas em 1994 que houve um pedido de
desculpas sobre a tensão racial entre brancos e negros nas fileiras
pentecostais.
Entretanto, Billy Graham, o pastor mais conhecido e respeitado do
século XX-XXI, posicionou-se eminentemente contra o racismo dos anos 1950-1960,
tendo o reconhecimento de Martin Luther King, que disse sobre ele:
"Não
fosse pelo ministério do meu amigo Billy Graham, meu trabalho em prol dos
direitos civis, não teria alcançado o mesmo sucesso."
Recortei a parte do documentário Billy Graham: O Embaixador de Deus, que
fala sobre quais foram as atitudes de Graham frente ao racismo,
mostrando o quanto ele foi um homem corajoso que lutou pela igualdade de todos, fato que o próprio King admite, em sua fala já citada, quando muitos pastores e líderes evangélicos empunham as suas Bíblias para dizer que os negros eram inferiores e deviam ser tratados com tal.