VAINFAS, Ronaldo; SOUZA, Juliana Beatriz de. Brasil de todos os santos. 2 ed. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.
Li esse pequeno livro quando estava na graduação, agora tive o prazer de lê-lo novamente. Sempre é bom ler algumas literaturas mais de uma vez. Assim relembramos muitas coisas e detalhes interessantes. Essa obra em questão, escrita pelos Historiadores Ronaldo Vainfas (Ph.D em História na USP) e Juliana Beatriz (Ph.D em História na Universidade Federal Fluminense), aborda a onipresente religiosidade dos nossos antepassados no Brasil Colonial.
Histórias curiosas são contadas, deixando esse livro com uma leitura instigante e bem agradável. Os autores em algumas páginas nos contam histórias, em que a prática religiosa e o “profano” se imbricam de tal maneira, que podemos falar então, de uma “sensualização do religioso”, como dizem os autores. Um exemplo seria o desejo de certas mulheres querendo casar, e assim, rezavam ao seu santo de uma maneira nada comum.
“Mulheres se ESFREGANDO nas imagens de São Gonçalo do Amarante pedindo a ele sua intermediação para conseguir um casamento [...] fazem-nos pensar que esta afetividade chegava mesmo, às vezes, a uma sensualização do religioso. [...] Tudo ou quase tudo na Colônia era acompanhado pelos santos, santas e pelo próprio Cristo, inclusive as intimidades amorosas”. P. 36, 39. (Ênfase acrescentada).
Um outro trecho curioso, diz:
“Os colonos recorriam aos feiticeiros não só para obtenção de favores especiais, mas também, não raro, para contornar a ineficiência dos remédios de botica [convencionais]. As rezadeiras, benzedeiras e adivinhos se espalhavam pelas vilas e povoados coloniais. [...] Ligadas à resolução de dificuldades e à busca de uma melhora nas condições de vida, as feiticeiras ganharam força não só pela certa conivência do baixo clero [padres], mas, sobretudo, pela falta de nitidez, para os colonos, entre os limites do permitido e do condenado pela hierarquia católica nas práticas piedosas”. P. 23.
Se no Brasil Colônia era assim, hoje não mudou muito não. Uma GRANDE parcela dos católicos consultam os feiticeiros atuais (médiuns, astrólogos, pais de santo) para que estes possam ajudá-los em suas pendências. A diferença é que hoje, não apenas o baixo clero (padres) sabe disso, mas o alto clero (bispos, cardeais, CNBB) tem conhecimento dessa miscelânea em que vivem os seus fiéis. Fazem vista grossa, porque se forem levar a sério o que o catecismo diz, a igreja vai à falência, com a excomunhão de tantos católicos.
O livro nos traz uma breve explicação sobre um dos motivos da sobrevivência dos cultos afros no Brasil apesar da escravidão.
“Diante das religiosidades negras [...] o Santo Ofício foi, de toda maneira, pouco rigoroso, considerando o pequeno número de processos que moveu contra os denunciados. [...] No caso dos escravos, sua atuação foi muito limitada pelos interesses da escravidão. [...] Paradoxalmente a escravidão foi capaz de ‘proteger’ os africanos do Santo Ofício, para que continuassem escravos e, com isso, favoreceu a sobrevivência dos cultos negros urdidos na diáspora dos africanos no Brasil”. P. 24.
Como a igreja fazia parte e até incentivava o sistema escravagista, era-lhe muito conveniente, fazer vistas grossas as feitiçarias e macumbas praticadas pelos africanos e seus descendentes, mesmo que essa religiosidade fosse diametralmente oposta à fé da igreja. Não compensava ($$$) para ela condenar na inquisição esses pobres coitados. Menos mal.
Existiam no Brasil colonial, as falsas beatas, um exemplo, era uma maluca que dizia que Jesus todo dia lhe dava um belo trato em seus pelos pubianos.
“Entre essas mulheres estava a africana Rosa Egipcíaca, prostituta, [...] ganhou fama como mística. Dizia ter sido escolhida por Deus como esposa da Santíssima Trindade e que o Menino Jesus vinha diariamente pentear-lhe a carapinha [sim, é isso mesmo que você está pensando] e, em agradecimento, dava-lhe de mamar em seu peito”. P. 43.
E pra fechar, os Historiadores Ronaldo Vainfas e Juliana Beatriz, nos contam a história de uma tal Ana Jorge, que além de profanar objetos sagrados, ainda era violenta com os seus parceiros sexuais. Ela é quem gostava de bater. Gostava de um sexo selvagem.
“Já sobre a mulata Ana Jorge pesava a fama de desrespeitar as imagens dos santos, também metendo-as debaixo do colchão antes de fornicar com seus amantes e de açoitá-los e jogá-los contra a parede, quando não lhe atendiam seus pedidos”. P. 34.
O que será que essa danadinha queria fazer na cama, hein?!
Li esse pequeno livro quando estava na graduação, agora tive o prazer de lê-lo novamente. Sempre é bom ler algumas literaturas mais de uma vez. Assim relembramos muitas coisas e detalhes interessantes. Essa obra em questão, escrita pelos Historiadores Ronaldo Vainfas (Ph.D em História na USP) e Juliana Beatriz (Ph.D em História na Universidade Federal Fluminense), aborda a onipresente religiosidade dos nossos antepassados no Brasil Colonial.
Histórias curiosas são contadas, deixando esse livro com uma leitura instigante e bem agradável. Os autores em algumas páginas nos contam histórias, em que a prática religiosa e o “profano” se imbricam de tal maneira, que podemos falar então, de uma “sensualização do religioso”, como dizem os autores. Um exemplo seria o desejo de certas mulheres querendo casar, e assim, rezavam ao seu santo de uma maneira nada comum.
“Mulheres se ESFREGANDO nas imagens de São Gonçalo do Amarante pedindo a ele sua intermediação para conseguir um casamento [...] fazem-nos pensar que esta afetividade chegava mesmo, às vezes, a uma sensualização do religioso. [...] Tudo ou quase tudo na Colônia era acompanhado pelos santos, santas e pelo próprio Cristo, inclusive as intimidades amorosas”. P. 36, 39. (Ênfase acrescentada).
Um outro trecho curioso, diz:
“Os colonos recorriam aos feiticeiros não só para obtenção de favores especiais, mas também, não raro, para contornar a ineficiência dos remédios de botica [convencionais]. As rezadeiras, benzedeiras e adivinhos se espalhavam pelas vilas e povoados coloniais. [...] Ligadas à resolução de dificuldades e à busca de uma melhora nas condições de vida, as feiticeiras ganharam força não só pela certa conivência do baixo clero [padres], mas, sobretudo, pela falta de nitidez, para os colonos, entre os limites do permitido e do condenado pela hierarquia católica nas práticas piedosas”. P. 23.
Se no Brasil Colônia era assim, hoje não mudou muito não. Uma GRANDE parcela dos católicos consultam os feiticeiros atuais (médiuns, astrólogos, pais de santo) para que estes possam ajudá-los em suas pendências. A diferença é que hoje, não apenas o baixo clero (padres) sabe disso, mas o alto clero (bispos, cardeais, CNBB) tem conhecimento dessa miscelânea em que vivem os seus fiéis. Fazem vista grossa, porque se forem levar a sério o que o catecismo diz, a igreja vai à falência, com a excomunhão de tantos católicos.
O livro nos traz uma breve explicação sobre um dos motivos da sobrevivência dos cultos afros no Brasil apesar da escravidão.
“Diante das religiosidades negras [...] o Santo Ofício foi, de toda maneira, pouco rigoroso, considerando o pequeno número de processos que moveu contra os denunciados. [...] No caso dos escravos, sua atuação foi muito limitada pelos interesses da escravidão. [...] Paradoxalmente a escravidão foi capaz de ‘proteger’ os africanos do Santo Ofício, para que continuassem escravos e, com isso, favoreceu a sobrevivência dos cultos negros urdidos na diáspora dos africanos no Brasil”. P. 24.
Como a igreja fazia parte e até incentivava o sistema escravagista, era-lhe muito conveniente, fazer vistas grossas as feitiçarias e macumbas praticadas pelos africanos e seus descendentes, mesmo que essa religiosidade fosse diametralmente oposta à fé da igreja. Não compensava ($$$) para ela condenar na inquisição esses pobres coitados. Menos mal.
Existiam no Brasil colonial, as falsas beatas, um exemplo, era uma maluca que dizia que Jesus todo dia lhe dava um belo trato em seus pelos pubianos.
“Entre essas mulheres estava a africana Rosa Egipcíaca, prostituta, [...] ganhou fama como mística. Dizia ter sido escolhida por Deus como esposa da Santíssima Trindade e que o Menino Jesus vinha diariamente pentear-lhe a carapinha [sim, é isso mesmo que você está pensando] e, em agradecimento, dava-lhe de mamar em seu peito”. P. 43.
E pra fechar, os Historiadores Ronaldo Vainfas e Juliana Beatriz, nos contam a história de uma tal Ana Jorge, que além de profanar objetos sagrados, ainda era violenta com os seus parceiros sexuais. Ela é quem gostava de bater. Gostava de um sexo selvagem.
“Já sobre a mulata Ana Jorge pesava a fama de desrespeitar as imagens dos santos, também metendo-as debaixo do colchão antes de fornicar com seus amantes e de açoitá-los e jogá-los contra a parede, quando não lhe atendiam seus pedidos”. P. 34.
O que será que essa danadinha queria fazer na cama, hein?!