quarta-feira, 2 de março de 2016

No Calor da Noite


Sidney Poitier em mais uma maravilhosa performance, num maravilhoso filme. 

Tenho um certo interesse em obras do cinema, que tragam a temática do racismo.  E essa é mais uma das inúmeras películas, que trazem para o centro de seus roteiros, a vergonha da discriminação e preconceito em solo norte-americano.

Na cidade pacata de Sparta, interior do Mississipi (tinha que ser nesse Estado mesmo), acontece um assassinato misterioso de um empresário (Sr. Colbert), que iria investir pesado na região, na construção de uma fábrica, gerando desenvolvimento e empregos para a população local, o que incluía centenas de afrodescendentes. Um policial fazendo sua ronda noturna se depara com o Sr. Colbert, morto na calada da noite, em uma rua.



Como bode expiatório, esse mesmo policial, devido a sua incompetência, prende Virgil, um negro que estava de passagem pela cidade. Virgil então é levado para delegacia. Apenas baseado no puro preconceito, racismo e incapacidade, o delegado o acusa de assassinato, para logo ser surpreendido, com a notícia dada pelo próprio Virgil, de que este é policial, e ainda é especialista em homicídios.

Ele então fica na cidade, para ajudar a encontrar quem de fato assassinou o empresário. É de vital importância que o caso seja solucionado, pois o Sr. Colbert levaria a cidade a se desenvolver economicamente. Seguindo várias pistas e evidências, aos poucos Virgil vai montando o quebra-cabeça, para chegar ao verdadeiro assassino.

Por causa da intolerância, truculência e racismo reinante do delegado, policiais e moradores, Virgil, num certo momento resolve ir embora desse antro de caipiras burros e atrasados (olha o meu “preconceito”). Mas é convencido a ficar e resolver o caso. A partir daí, ele não desanima e não esmorece, até resolver de vez o caso. Mesmo sendo vítima de agressões físicas e tentativas mal sucedidas dos moradores em querer matá-lo.

Torna-se uma missão de extrema importância jogar na cara da cidade de Sparta, que um negro pode sim, prestar um grande serviço a sociedade, tanto quanto qualquer pessoa que tenha menos melanina na pele. As investigações só evoluem graças aos conhecimentos de Virgil, o negro tão odiado.

O final, de certa forma, é previsível. Virgil consegue desatar os nós, que envolve a morte do Sr. Colbert e, finalmente, chegar à pessoa que o matou. Logicamente que todo o mistério da trama, estava em quem tinha praticado o ato.


Outros filmes do Poitier (Adivinhe quem vem para jantar, Ao mestre com carinho I e II), me chamaram bem mais atenção, ao ponto de me emocionar, porém, No calor da noite, não deixa a desejar. Até ganhou vários Oscars, em 1968. Não sei com que outros filmes, ele concorreu, mas mesmo assim, digo que foi bem merecido e justo ter ganho as estatuetas. Rsrs.

Um filme provocativo, produzido nos turbulentos anos 60, quando pipocava a luta pelos direitos civis, com muita efervescência e tumultos no sul dos EUA.

Para mim, o recado do filme foi claro: Negros podem ser tão ou mais competentes que os brancos. Pois competência, perspicácia e inteligência, não dependem da cor da pele.

Ainda é um tipo de mensagem muito válida, para o contexto do Estado do Mississipi. Visto que o racismo continua muito forte nessa região. Principalmente no interior. Um bando de idiotas, que não aceitam nem com um tiro na cabeça, ou faca no pescoço, que eles não são superiores a quem tem a pele mais torradinha, pretinha, marronzinha...