quinta-feira, 13 de abril de 2017

Manual de Parapsicologia


BORGES, Valter da Rosa. Manual de Parapsicologia. Recife: IPPP, 1992.

Ainda não conhecemos todas as potencialidades do ser humano. E os fenômenos paranormais têm demonstrado que somos muito mais do que tudo o que possamos apresentar em nosso nível consciente.” P. 12.

Telecinese, toribismo, metafanismo, radiestesia, criptomnéisa, precognição, telepatia, levitação, casas “mal assombradas”... Esses fenômenos estranhos existem? São fenômenos do além? São apenas fruto da imaginação e subjetividade supersticiosa de quem alega ter vivenciado alguma dessas experiências incomuns? O espiritismo explica bem esses eventos bizarros? Ou a Ciência “oficial” consegue ter um poder explicativo mais razoável?

Indo por um caminho alternativo e distinto das religiões e da Ciência tradicional, a Parapsicologia tem estudado as pessoas que alegam terem poderes paranormais, não descartando e até afirmando que tais fenômenos são reais!

A interpretação da Parapsicologia difere das explicações religiosas, pois não atribui as forças espirituais do além os acontecimentos paranormais. É distinta também da comunidade científica, na medida em que esta rejeita a existência das ditas anomalias.

Os Parapsicólogos têm estudado casos e mais casos desde o século XIX. Há uma vasta literatura e material disponível, que mostram a existência de que algo estranho acontece.

Borges, Parapsicólogo do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, neste livro introdutório, traz um pouco do que é o universo das pesquisas da Parapsicologia.

Apesar dessa área do conhecimento ser vista com ceticismo por muitos, Borges nos diz:

[Em] 1893 - O Dr. Albert Coste obtém o título de Doutor em Medicina pela Universidade de Montpellier, defendendo tese sobre fenômenos paranormais.” P. 6.

“[Em] 1931 - 0 Instituto Metapsíquico Internacional começa a instalar sua aparelhagem científica. 1933 - As Universidades de Duke (E.U.A.), de Bonn (Alemanha) e de Utrecht (Holanda), conferem diploma de PhD, por trabalhos de investigação parapsicológica, a John F. Thomas, Hans Bender e Willem Tenhaeff respectivamente.” P. 7.

“1950 - Karlis Osis recebe seu PhD em Filosofia, conferido pela Universidade de Munique, por sua tese sobre percepção extra-sensorial.” P. 8.

Outros exemplos são dados, mas ainda hoje a Parapsicologia é vista por muitos como pseudociência.

Pois bem, qual a tese central da Parapsicologia?

“A hipótese fundamental da Parapsicologia é que os fenômenos paranormais são produzidos pelo psiquismo inconsciente do Agente Psi. Esta hipótese estabelece o que produz os fenômenos paranormais, mas não como eles são produzidos. [...] Agente Psi é o homem na situação do deflagrador do fenômeno paranormal. Qualquer pessoa pode, eventualmente, passar por exporiôncias paranormais. 0u seja: funcionar como Agente Psi, visto que, potencialmente, todo ser humano é dotado desta aptidão. No Espiritismo e na Metapsíquica, o Agente Psi é denominado de médium”. P. 10-11.

Existe segundo Borges, o Agente Psi Confiável – aquela pessoa que consegue produzir constantemente fenômenos paranormais. No entanto, todos nós temos a potencialidade de produzir essas coisas estranhas, inconscientemente.

Nas explicações dos eventos paranormais, não se recorre à hipótese espírita, de que espíritos de pessoas mortas estão em atuação. Embora a interpretação espiritualista possa estar correta. Borges escreve:

“De nossa parte, entendemos que, enquanto não conhecermos mais profundamente o psiquismo humano e tivermos a possibilidade de elaborar uma hipótese que atenda os requisitos de cientificidade, deveremos admitir, até prova em contrário, que os fenômenos paranormais são produzidos por uma pessoa humana viva, mesmo que nem sempre as explicações para alguns deles sejam satisfatórias. Podemos até reconhecer, em alguns casos, a excelência da hipótese espiritualista, porém fazendo sempre a ressalva de que ela ainda não superou o seu estágio metafísico, o que não importa em dizer que ela não é verdadeira.” P. 15.

Diferenciando a paranormalidade da mediunidade, vale essa longa citação:

É mister distinguir paranormalidade de mediunidade . A paranormalidade é aptidão do ser humano de manifestar poderes incomuns nas relações consigo mesmo, com outras pessoas e demais seres vivos, assim como com a matéria em geral. A mediunidade é, segundo o Espiritismo, a capacidade que toda pessoa possui de se comunicar com os Espíritos. Por isso, a mediunidade não é objeto de investigação parapsicológica.

A paranormalidade consiste num conhecer e num agir do ser humano além dos limites habituais dos processos cognitivos e das extensões corporais. É uma evidência de que o homem é um ser maior do que revela em seu desempenho habitual, em sua rotina biológica e psíquica. Paranormal é tudo o que excede o comumente humano, permanecendo humano. Sabemos que somos limitados, mas ainda não conhecemos todos os nossos limites. Por isso, nos condicionamos às nossas rotinas, bloqueando as nossas potencialidades. A experiência paranormal é o extravasamento súbito e impetuoso de nossas aptidões adormecidas.

Na verdade, fomos educados a não ultrapassar os nossos limites, sejam eles sociais, biológicos e psíquicos. O habitual se torna, assim, uma sólida camisa de força, impedindo movimentos inconvencionais e, por isso, considerados perigosos. O homem normal (ou normalizado) é aquele que já não sente a sua camisa de força, pois se encontra, para sua desgraça, satisfatoriamente ajustado a ela.

O fenômeno paranormal é essencialmente catastrófico. Ele rompe todas as expectativas e fronteiras, afrouxa as camisas de força, fende as muralhas das certezas convencionais, muda a fisionomia estereotipada do homem e restaura o prestígio do inédito.” P. 18.

Apesar de ser um livro introdutório, é um livro longo, onde Borges traz muitas informações e uma vasta literatura sobre o assunto. Fala um pouco de tudo que permeia o mundo da Parapsicologia. Algumas histórias são simplesmente extraordinárias demais, difíceis de acreditar.

Não obstante, sou bem receptivo as interpretações que os Parapsicológos fornecem para vários acontecimentos anômalos. Acredito que são preferíveis as explicações que o espiritismo, catolicismo, ou protestantismo, nos dão.

Evidências sugerem que a paranormalidade é passada de pais para filhos

“Há indícios de que a aptidão paranormal seja hereditária e demonstra eletividade por certos povos, descontada, nesta hipótese, a influência dos fatores culturais e geográficos. Ela independe te sexo, idade, etnia ou inteligência. Pode ser permanente, intermitente ou se extinguir depois de certo tempo.” P. 22.

Paranormais são muito propensos as fraudes

“O Pe. oscar Quevedo apoia a opinião de Charles Richet, o qual afirma que os paranormais apresentam uma predisposição para a fraude. Parece-nos que muitos paranormais têm uma forte tendência à mitomania e ao narcisismo. E, como não podem produzir seus fenômenos à vontade, são levados, consciente ou inconscientemente, a praticar a fraude.” P. 34.

Aparição e visões de pessoas mortas

“A aparição de pessoa que acabou de morrer se reveste de extrema dificuldade, pois não se pode precisar, com rigor, o momento exato do falecimento. Apesar da cessação de todos os sinais vitais, ela ainda pode estar viva e, nesta situação intensamente dramática, influir telepaticamente sobre o psiquismo de outra pessoa, fazendo-a perceber o seu "fantasma". A aparição de pessoa que morreu há algumas horas é uma decorrência da retenção da informação telepática a nível inconsciente, fenômeno este que Myers denominou de latência telepática. Ou seja: o Agente Psi reteve, em seu psiquismo inconsciente, a informação da morte de determinada pessoa, só liberando-a para o nível consciente horas depois do acontecimento, sob forma de uma alucinação telepática visual.” P. 73.

Uma modalidade de aparição bastante conhecida popularmente é aquela de pessoa morta que sempre aparece num mesmo local, solicitando a quem passa por lá a celebração de uma missa em sua memória ou desenterramento de uma botija. Uma vez atendido o pedido, a aparição desaparece para sempre. Nós a denominamos de aparição de súplica. Temos de reconhecer que este tipo de aparição não é explicável como um fenômeno de psigama. É possível, utilizando a hipótese de Myers, admitir que o local se encontra impregnado da "energia pessoal persistente" da pessoa falecida a qual, segundo a sua intensidade, é suscetível de afetar as pessoas com predisposição paranormal, fazendo-as perceber a aparição e os seus sentimentos e desejos dominantes.” P. 77.

Não existe provas científicas de que possuímos uma alma/espírito

“A projeção da consciência enseja a discussão da possível existência de um corpo de natureza não física, como se ele fosse uma réplica do corpo físico. Ele é denominado de corpo astral, perispírito, psicossoma, corpo espiritual e corpo bioplásmico. Sob o ponto de vista científico, no entanto, a questão proposta ainda não ultrapassou o estágio da especulação metafísica.” P. 79.

As habilidades dos paranormais são usadas por vários governos

“A rabdomancia já vem sendo utilizada, para fins práticos, em vários países. Eis o que nos informa Lyall Watson (WATSON - SUPER-NATUREZA): 'Todas as principais companhias de àgua e de oleodutos nos Estados Unidos têm um rabdomante na sua folha de pagamento. O Ministério da Agricultura do Canadá tem um rabdomante permanentemente à sua disposição. A UNESCO contratou um rabdomante e geólogo holandês para efetuar investigações oficiais. Os engenheiros de duas divisões de fuzileiros navais dos Estados Unidos foram treinados durante a guerra do Vietnã para localizar com uma vara de rabdomante bombas e morteiros enterrados no chão. O exército da Tchecoslováquia tem um corpo permanente de rabdomantes reunidos numa unidade especial. Os departamentos de geologia das universidades de Moscou e Leningrado lançaram uma investigação em grande escala para apurar não se a rabdomancia funciona, mas como funciona’.” P. 88.

Curas espirituais são pouco eficazes

“Curandeiros que se utilizam de meios materiais (canivetes, bisturis ou outros instrumentos cortantes) no atendimento de seus pacientes, estão, na verdade, praticando sugestão dramatizada, principalmente quando se dizem agir sob o comando de "Espíritos" e colocando em risco a saúde das pessoas atendidas por eles[...] Muitas dessas ‘cirurgias’ chamadas inadequadamente de "cirurgias psiquicas" não passam de fraudes. Os ‘cirurgiões psíquicos’, na verdade, não agem psiquicamente, mas fisicamente sobre o corpo de seus crédulos pacientes. Essa famosa ‘Medicina Espiritual’ não passa de um procedimento terapêutico primitivo e mágico, cujas "curas", além de discutíveis, estão muito aquém dos resultados obtidos pela Medicina tradicional. [...] Na verdade, até o momento, a proclamada ‘Medicina Espiritual’ tem apresentado um baixo nivel tecnológico e muito aquém dos maravilhosos avanços da nossa Medicina acadêmica.” P. 144.

Poltergeist (espíritos perturbadores)

[...] em Parapsicologia, quem assombra um determinado local não é nenhum fantasma, mas sim, uma pessoa viva que, eventualmente, está passando por uma experiência paranormal.” P. 172.

“O ‘poltergeist’ pode ser produzido por pessoas mentalmente retardadas, ou deprimidas, ou reprimidas, ou instintivas, ou sob forte tensão emocional ou acometidas de paixão violenta, ou com sentimentos profundos de perda, revolta ou frustração. A proximidade da menarca ou da menopausa também constitui elemento facilitador do fenômeno. Concordamos, por isso, com o Pe. Quevedo (QUEVEDO - OS ESPÍRITOS E OS FENÔMENOS PARAFÍSICOS), quando observa que ‘a agressão por meios parapsicológicos é a saída encontrada pelo inconsciente, sem remorsos de consciência’.” P. 174.

"No ‘poltergeist’, é natural que o tumulto exterior cause uma trepidação interior nas pessoas que vivam essa inusitada experiência. E se aquelas que são, direta ou indiretamente, atingidas pelo fenômeno, tiverem predisposição para o sobrenatural, a presença de um líder religioso (padre, pastor, pai de santo, doutrinador espírita) é altamente prejudicial, concorrendo para agravar ou alimentar a intensidade do fenômeno, por atribuir ao fato uma causa espiritual. Exorcismos, invocações, "despachos" e outras práticas mágicas apenas contribuem para fragilizar emocionalmente as pessoas afetadas pelo fenômeno.

Uma vez convidado para investigar um aparente 'poltergeist', o parapsicólogo, inicialmente, examina a autenticidade ou não do fenômeno, analisando as possibilidades de fraude, ilusão ou alucinação. Constatada a realidade do ‘poltergeist, o parapsicólogo esclarece as pessoas envolvidas no fenômeno a respeito da natureza do fenômeno, providência essa que, como conseqüência, produz uma redução acentuada do clima emocional. Em seguida, o parapsicólogo procura identificar o provável Agente Psi, geralmente uma pessoa jovem, na transição biológica da infância para puberdade, numa faixa etária que varia de 10 aos 15 anos. Há casos, embora muito raros, de ‘poltergeist’ produzidos por pessoas adultas e até mesmo na fase do envelhecimento.

Identificado o Agente Psi, o parapsicólogo, agora, vai orientá-lo e também os seusfamiliares como comportar-se perante o fenômeno, prescrevendo-lhe exercícios físicos para consumir a energia biológica excessiva e, assim, evitar o seu extravasamento sempre incômodo e indesejável. E, principalmente, alertá-los a manter a serenidade por ocasião do fenômeno, visto que a emoção constitui o deflagrador e o intensificador do ‘poltergeist’. Em seu trabalho de investigação, o parapsicólogo deve ser rigoroso, afastando do local os curiosos, principalmente jornalistas e repórteres, mais preocupados com o espetáculo e com a notícia sensacionalista, cujas presenças prejudicam o tratamento do fenômeno. Entrevistas à imprensa só após a solução do ‘poltergeist’ e a autorização do Agente Psi ou de seus responsáveis.

Em nenhuma circunstâncias, o parapsicólogo deve afirmar, categoricamente, que o ‘poltergeist’ desaparecerá com as primeiras providências adotadas, mas esclarecer a família que a tendência do fenômeno é declinar, gradativamente, em tempo que varia de caso a caso, até ocorrer a sua completa extinção. E, principalmente, não perder a serenidade na eventualidade de algumas recorrências do fenômeno. Finalmente, se houver seqüelas emocionais decorrentes da experiência paranormal, o parapsicólogo deve encaminhar o Agente Psi a um psicólogo para o necessário tratamento psicoterápico. Esse é o procedimento que temos adotado em todos os casos de ‘poltergeist’ que investigamos e podemos assegurar que os resultados, até agora, foram plenamente satisfatórios.” P. 174-175.