BORGES, Valter da Rosa. Manual de Parapsicologia. Recife: IPPP, 1992.
“Ainda não conhecemos todas as potencialidades do ser humano. E os
fenômenos paranormais têm demonstrado que somos muito mais do que tudo o que
possamos apresentar em nosso nível consciente.” P. 12.
Telecinese, toribismo,
metafanismo, radiestesia, criptomnéisa, precognição, telepatia, levitação,
casas “mal assombradas”... Esses fenômenos estranhos existem? São fenômenos do
além? São apenas fruto da imaginação e subjetividade supersticiosa de quem
alega ter vivenciado alguma dessas experiências incomuns? O espiritismo explica
bem esses eventos bizarros? Ou a Ciência “oficial” consegue ter um poder
explicativo mais razoável?
Indo por um
caminho alternativo e distinto das religiões e da Ciência tradicional, a
Parapsicologia tem estudado as pessoas que alegam terem poderes paranormais,
não descartando e até afirmando que tais fenômenos são reais!
A
interpretação da Parapsicologia difere das explicações religiosas, pois não
atribui as forças espirituais do além os acontecimentos paranormais. É
distinta também da comunidade científica, na medida em que esta rejeita a
existência das ditas anomalias.
Os
Parapsicólogos têm estudado casos e mais casos desde o século XIX. Há uma
vasta literatura e material disponível, que mostram a existência de que algo
estranho acontece.
Borges,
Parapsicólogo do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, neste
livro introdutório, traz um pouco do que é o universo das pesquisas da
Parapsicologia.
Apesar dessa
área do conhecimento ser vista com ceticismo por muitos, Borges nos diz:
“[Em] 1893 - O Dr. Albert Coste obtém o título de
Doutor em Medicina pela Universidade de Montpellier, defendendo tese sobre
fenômenos paranormais.” P. 6.
“[Em] 1931 - 0 Instituto Metapsíquico Internacional começa a
instalar sua aparelhagem científica. 1933 - As Universidades de Duke (E.U.A.),
de Bonn (Alemanha) e de Utrecht (Holanda), conferem diploma de PhD, por
trabalhos de investigação parapsicológica, a John F. Thomas, Hans Bender e
Willem Tenhaeff respectivamente.” P. 7.
“1950 - Karlis Osis recebe seu PhD em Filosofia, conferido pela
Universidade de Munique, por sua tese sobre percepção extra-sensorial.” P. 8.
Outros exemplos são dados, mas ainda hoje a Parapsicologia é
vista por muitos como pseudociência.
Pois bem, qual a tese central da Parapsicologia?
“A hipótese fundamental da Parapsicologia é que os fenômenos
paranormais são produzidos pelo psiquismo inconsciente do Agente Psi. Esta
hipótese estabelece o que produz os fenômenos paranormais, mas não como eles são produzidos. [...] Agente Psi é o homem na
situação do deflagrador do fenômeno paranormal. Qualquer pessoa pode,
eventualmente, passar por exporiôncias paranormais. 0u seja: funcionar como
Agente Psi, visto que, potencialmente, todo ser humano é dotado desta aptidão.
No Espiritismo e na Metapsíquica, o Agente Psi é denominado de médium”. P. 10-11.
Existe segundo Borges, o Agente Psi Confiável – aquela
pessoa que consegue produzir constantemente fenômenos paranormais. No entanto,
todos nós temos a potencialidade de produzir essas coisas estranhas, inconscientemente.
Nas explicações dos eventos paranormais, não se recorre à
hipótese espírita, de que espíritos de pessoas mortas estão em atuação. Embora
a interpretação espiritualista possa estar correta. Borges escreve:
“De nossa parte, entendemos que, enquanto não conhecermos mais
profundamente o psiquismo humano e tivermos a possibilidade de elaborar uma
hipótese que atenda os requisitos de cientificidade, deveremos admitir, até
prova em contrário, que os fenômenos paranormais são produzidos por uma pessoa
humana viva, mesmo que nem sempre as explicações para alguns deles sejam
satisfatórias. Podemos até reconhecer, em alguns casos, a excelência da
hipótese espiritualista, porém fazendo sempre a ressalva de que ela ainda não
superou o seu estágio metafísico, o que não importa em dizer que ela não é
verdadeira.” P. 15.
Diferenciando a paranormalidade da mediunidade, vale essa
longa citação:
“É mister distinguir paranormalidade de mediunidade . A
paranormalidade é aptidão do ser humano de manifestar poderes incomuns nas
relações consigo mesmo, com outras pessoas e demais seres vivos, assim como com
a matéria em geral. A mediunidade é, segundo o Espiritismo, a capacidade que
toda pessoa possui de se comunicar com os Espíritos. Por isso, a mediunidade
não é objeto de investigação parapsicológica.
A paranormalidade consiste num conhecer e num agir do ser humano
além dos limites habituais dos processos cognitivos e das extensões
corporais. É uma evidência de que o homem é um ser maior do que revela em seu
desempenho habitual, em sua rotina biológica e psíquica. Paranormal é tudo o
que excede o comumente humano, permanecendo humano. Sabemos que somos
limitados, mas ainda não conhecemos todos os nossos limites. Por isso, nos
condicionamos às nossas rotinas, bloqueando as nossas potencialidades. A
experiência paranormal é o extravasamento súbito e impetuoso de nossas aptidões
adormecidas.
Na verdade, fomos educados a não ultrapassar os nossos limites,
sejam eles sociais, biológicos e psíquicos. O habitual se torna, assim, uma
sólida camisa de força, impedindo movimentos inconvencionais e, por isso,
considerados perigosos. O homem normal (ou normalizado) é aquele que já não
sente a sua camisa de força, pois se encontra, para sua desgraça,
satisfatoriamente ajustado a ela.
O fenômeno paranormal é essencialmente catastrófico. Ele rompe todas
as expectativas e fronteiras, afrouxa as camisas de força, fende as
muralhas das certezas convencionais, muda a fisionomia estereotipada do homem e
restaura o prestígio do inédito.” P. 18.
Apesar de ser um livro introdutório, é um livro longo, onde
Borges traz muitas informações e uma vasta literatura sobre o assunto. Fala um
pouco de tudo que permeia o mundo da Parapsicologia. Algumas histórias são
simplesmente extraordinárias demais, difíceis de acreditar.
Não obstante, sou bem receptivo as interpretações que os
Parapsicológos fornecem para vários acontecimentos anômalos. Acredito que são
preferíveis as explicações que o espiritismo, catolicismo, ou protestantismo,
nos dão.
Evidências sugerem que a paranormalidade é passada de pais
para filhos
“Há indícios de que a aptidão paranormal seja hereditária e
demonstra eletividade por certos povos, descontada, nesta hipótese, a
influência dos fatores culturais e geográficos. Ela independe te sexo, idade,
etnia ou inteligência. Pode ser permanente, intermitente ou se extinguir depois
de certo tempo.” P. 22.
Paranormais são muito propensos as fraudes
“O Pe. oscar Quevedo apoia a opinião de Charles Richet, o qual
afirma que os paranormais apresentam uma predisposição para a fraude. Parece-nos
que muitos paranormais têm uma forte tendência à mitomania e ao narcisismo. E,
como não podem produzir seus fenômenos à vontade, são levados, consciente ou
inconscientemente, a praticar a fraude.” P. 34.
Aparição e visões de pessoas mortas
“A aparição de pessoa que acabou de morrer se reveste de extrema
dificuldade, pois não se pode precisar, com rigor, o momento exato do
falecimento. Apesar da cessação de todos os sinais vitais, ela ainda pode estar
viva e, nesta situação intensamente dramática, influir telepaticamente sobre o
psiquismo de outra pessoa, fazendo-a perceber o seu "fantasma". A
aparição de pessoa que morreu há algumas horas é uma decorrência da retenção da
informação telepática a nível inconsciente, fenômeno este que Myers denominou
de latência telepática. Ou seja: o Agente Psi reteve, em seu psiquismo
inconsciente, a informação da morte de determinada pessoa, só liberando-a para
o nível consciente horas depois do acontecimento, sob forma de uma alucinação
telepática visual.” P. 73.
“Uma modalidade de aparição bastante conhecida popularmente é aquela
de pessoa morta que sempre aparece num mesmo local, solicitando a quem passa
por lá a celebração de uma missa em sua memória ou desenterramento de uma
botija. Uma vez atendido o pedido, a aparição desaparece para sempre. Nós a denominamos
de aparição de súplica. Temos de reconhecer que este tipo de aparição não é
explicável como um fenômeno de psigama. É possível, utilizando a hipótese de
Myers, admitir que o local se encontra impregnado da "energia pessoal
persistente" da pessoa falecida a qual, segundo a sua intensidade, é
suscetível de afetar as pessoas com predisposição paranormal, fazendo-as
perceber a aparição e os seus sentimentos e desejos dominantes.” P. 77.
Não existe provas científicas de que possuímos uma
alma/espírito
“A projeção da consciência enseja a discussão da possível existência
de um corpo de natureza não física, como se ele fosse uma réplica do corpo
físico. Ele é denominado de corpo astral, perispírito, psicossoma, corpo
espiritual e corpo bioplásmico. Sob o ponto de vista científico, no entanto, a
questão proposta ainda não ultrapassou o estágio da especulação metafísica.” P. 79.
As habilidades dos paranormais são usadas por vários
governos
“A rabdomancia já vem sendo
utilizada, para fins práticos, em vários países. Eis o que nos informa Lyall
Watson (WATSON - SUPER-NATUREZA): 'Todas as principais companhias de àgua e de
oleodutos nos Estados Unidos têm um rabdomante na sua folha de pagamento. O
Ministério da Agricultura do Canadá tem um rabdomante permanentemente à sua
disposição. A UNESCO contratou um rabdomante e geólogo holandês para efetuar
investigações oficiais. Os engenheiros de duas divisões de fuzileiros navais
dos Estados Unidos foram treinados durante a guerra do Vietnã para localizar
com uma vara de rabdomante bombas e morteiros enterrados no chão. O exército da
Tchecoslováquia tem um corpo permanente de rabdomantes reunidos numa unidade especial.
Os departamentos de geologia das universidades de Moscou e Leningrado lançaram
uma investigação em grande escala para apurar não se a rabdomancia funciona, mas
como funciona’.” P. 88.
Curas espirituais são pouco eficazes
“Curandeiros que se utilizam de meios materiais (canivetes, bisturis
ou outros instrumentos cortantes) no atendimento de seus pacientes, estão, na
verdade, praticando sugestão dramatizada, principalmente quando se dizem agir
sob o comando de "Espíritos" e colocando em risco a saúde das pessoas
atendidas por eles[...] Muitas dessas ‘cirurgias’ chamadas inadequadamente de
"cirurgias psiquicas" não passam de fraudes. Os ‘cirurgiões psíquicos’,
na verdade, não agem psiquicamente, mas fisicamente sobre o corpo de seus crédulos
pacientes. Essa famosa ‘Medicina Espiritual’ não passa de um procedimento
terapêutico primitivo e mágico, cujas "curas", além de discutíveis,
estão muito aquém dos resultados obtidos pela Medicina tradicional. [...] Na
verdade, até o momento, a proclamada ‘Medicina Espiritual’ tem apresentado um
baixo nivel tecnológico e muito aquém dos maravilhosos avanços da nossa
Medicina acadêmica.” P. 144.
Poltergeist (espíritos perturbadores)
“[...] em Parapsicologia, quem assombra um determinado local
não é nenhum fantasma, mas sim, uma pessoa viva que, eventualmente, está
passando por uma experiência paranormal.” P. 172.
“O ‘poltergeist’ pode ser produzido por pessoas mentalmente
retardadas, ou deprimidas, ou reprimidas, ou instintivas, ou sob forte tensão
emocional ou acometidas de paixão violenta, ou com sentimentos profundos de
perda, revolta ou frustração. A proximidade da menarca ou da menopausa também
constitui elemento facilitador do fenômeno. Concordamos, por isso, com o Pe.
Quevedo (QUEVEDO - OS ESPÍRITOS E OS FENÔMENOS PARAFÍSICOS), quando observa que
‘a agressão por meios parapsicológicos é a saída encontrada pelo inconsciente,
sem remorsos de consciência’.” P. 174.
"No ‘poltergeist’, é natural que o tumulto exterior cause uma
trepidação interior nas pessoas que vivam essa inusitada experiência. E se
aquelas que são, direta ou indiretamente, atingidas pelo fenômeno, tiverem
predisposição para o sobrenatural, a presença de um líder religioso (padre,
pastor, pai de santo, doutrinador espírita) é altamente prejudicial,
concorrendo para agravar ou alimentar a intensidade do fenômeno, por atribuir ao
fato uma causa espiritual. Exorcismos, invocações, "despachos" e
outras práticas mágicas apenas contribuem para fragilizar emocionalmente as
pessoas afetadas pelo fenômeno.
Uma vez convidado para investigar um aparente 'poltergeist', o parapsicólogo, inicialmente, examina a autenticidade
ou não do fenômeno, analisando as possibilidades de fraude, ilusão ou
alucinação. Constatada a realidade do ‘poltergeist, o parapsicólogo esclarece
as pessoas envolvidas no fenômeno a respeito da natureza do fenômeno,
providência essa que, como conseqüência, produz uma redução acentuada do clima
emocional. Em seguida, o parapsicólogo procura identificar o provável Agente
Psi, geralmente uma pessoa jovem, na transição biológica da infância para
puberdade, numa faixa etária que varia de 10 aos 15 anos. Há casos, embora
muito raros, de ‘poltergeist’ produzidos por pessoas adultas e até mesmo na
fase do envelhecimento.
Identificado o Agente Psi, o parapsicólogo, agora, vai orientá-lo e
também os seusfamiliares como comportar-se perante o fenômeno, prescrevendo-lhe
exercícios físicos para consumir a energia biológica excessiva e, assim, evitar
o seu extravasamento sempre incômodo e indesejável. E, principalmente,
alertá-los a manter a serenidade por ocasião do fenômeno, visto que a emoção
constitui o deflagrador e o intensificador do ‘poltergeist’. Em seu trabalho de
investigação, o parapsicólogo deve ser rigoroso, afastando do local os
curiosos, principalmente jornalistas e repórteres, mais preocupados com o espetáculo
e com a notícia sensacionalista, cujas presenças prejudicam o tratamento do fenômeno.
Entrevistas à imprensa só após a solução do ‘poltergeist’ e a autorização do Agente
Psi ou de seus responsáveis.
Em nenhuma circunstâncias, o parapsicólogo deve afirmar, categoricamente,
que o ‘poltergeist’ desaparecerá com as primeiras providências adotadas, mas
esclarecer a família que a tendência do fenômeno é declinar, gradativamente, em
tempo que varia de caso a caso, até ocorrer a sua completa extinção. E,
principalmente, não perder a serenidade na eventualidade de algumas
recorrências do fenômeno. Finalmente, se houver seqüelas emocionais decorrentes
da experiência paranormal, o parapsicólogo deve encaminhar o Agente Psi a um
psicólogo para o necessário tratamento psicoterápico. Esse é o procedimento que
temos adotado em todos os casos de ‘poltergeist’ que investigamos e podemos
assegurar que os resultados, até agora, foram plenamente satisfatórios.” P. 174-175.