Fiquei um pouco decepcionado. Quando me deparei com esse vídeo no Youtube, pensei que ele tratava exclusivamente da sexualidade, safadeza, promiscuidade e luxúria existente no mundo antigo (mente "pervertida" essa minha). Na verdade, não é nada disso que eu vi.
Os etruscos, um dos vários povos que compunham a península itálica no mundo antigo, é o foco do vídeo. Não consegui ver uma relação direta entre o título e o conteúdo. Mas tudo bem, vamos em frente.
Os costumes, hábitos, crenças, relações interpessoais, ou seja, a cultura etrusca de um modo geral é o cerne desse vídeo. Nada além de um típico documentário. Como surgiram, como viviam, sua relação com outros povos, suas transações comerciais, suas peculiaridades, sua religiosidade, sua decadência, e por aí vai.
Richard de Puma, Ph.D e Mestre em Arqueologia Clássica e Professor da Universidade de Iowa, EUA, nos diz:
“Podemos apontar muitas coisas que influenciaram nossa cultura, que vieram dos etruscos. Até mesmo aquilo que chamamos de numerais romanos, que na verdade eram numerais etruscos, copiados pelos romanos dos etruscos, e depois, herdados por nós.”
Algumas informações que são trazidas sobre os etruscos, ou sobre o que os outros povos diziam deles:
“Com certeza os competidores gregos dos etruscos achavam que eles tinham demais. E os acusavam de esbanjadores, dizendo: ‘Os etruscos prestam muita atenção ao seu próprio conforto e bem estar'.”
“Sem a arte saberíamos muito pouco sobre o pensamento etrusco e como eles viviam. Há milhares de inscrições etruscas, mas nenhum de seus livros sobreviveu. Dizem que a história é sempre escrita pelos vencedores, e até agora, a história dos etruscos só foi contada pelos seus inimigos, os gregos e os romanos.”
“Eles eram muito religiosos, e acreditavam que a boa vida duraria por toda a eternidade. [...] Os etruscos acreditavam que a morte era um novo começo. A vida foi boa, mas a morte ia ser ainda melhor. Porque seria desfrutada na companhia dos deuses.”
“O sacrifício humano era uma possibilidade. Mas não há prova concreta ainda. Porém, as imagens etruscas, as imagens das tumbas, estão repletas de sacrifícios de sangue. O sacrifício de prisioneiros, esse tipo de coisa. Talvez ocorresse um sacrifício humano pelo menos de vez em quando.”
No quesito relação homem/mulher, os gregos e romanos, viam com um olhar bastante negativo o hábito dos etruscos nos seus banquetes tomarem vinho com as suas esposas. Eram os banquetes mistos, onde mulheres e homens celebravam juntos. Os indícios apontam que as mulheres etruscas tinham uma maior liberdade. Tinham mais autonomia. Isso com certeza escandalizavam os povos vizinhos, onde o sexo feminino era visto como mera propriedade do homem. As mulheres eram puro objetos e nada mais. Direito zero para elas.
Os gregos viam as relações homossexuais entre jovens e adultos, como algo normal, saudável e essencial ao aprendizado. Mas mulheres beberem vinho com homens num banquete era socialmente degradante. Para nós ocidentais, é difícil entender esse tipo de moralidade e ética. Mas cada povo ao longo dos séculos tinham e têm os seus valores do que é certo e errado.
Hoje, cada um de nós, de acordo com a sua respectiva formação moral ou religiosa, analisa esses casos também com um olhar julgador. Nesse sentido, vemos a relativização dos valores morais. Não que não haja valores que julgo acima da cultura. Mas esse é um papel que cabe aos Eticistas. Discursão longa, difícil e que gera muitas emoções.