"O diabo não existe."
"A crença em demônios ficou no
passado."
"Possessões demoníacas não são nada mais que distúrbios psiquiátricos,
ou estados alterados da consciência, isso, quando não passam de mentiras
descaradas."
Estas são basicamente as respostas dadas pelos céticos quando se
deparam com essa questão. Outros, ainda munidos de certa incredulidade, não
descartam por completo que algo muito estranho esteja em curso, mas ainda são
relutantes em afirmar ou acreditar que exista uma força pessoal e maligna externa
que esteja infernizando a vida da pessoa “possessa”. Até muitos daqueles que
deveriam estar na linha de frente na “defesa” do demônio, os padres, não mais
creem na sua existência, e reinterpretam as passagens evangélicas em que Jesus
enfrenta os mensageiros de Lúcifer possuindo as pessoas, dizendo que aquelas
pessoas possuídas, na verdade, estavam doentes. O condicionamento cultural limitado
da época fazia os judeus verem o sobrenatural onde ele não estava.
O padre Gabriel Amorth está na contramão de todas essas
visões contemporâneas. Morto desde 2016, aos 91 anos, foi considerado o maior
exorcista da igreja católica das últimas décadas, cujo trabalho incansável de
tratar as pessoas com o capeta no corpo se estendeu até os seus últimos
dias.
Este documentário tem um tom especial. Ele foi produzido
por nada mais nada menos que o Cineasta William Friedkin, Diretor do clássico O
Exorcista, de 1973. Sendo que agora, não é um exorcismo ficcional que ele
filmará, mas um exorcismo feito pelo padre Amorth em uma mulher bastante
oprimida por uma legião de demônios. Friedkin nos diz que nunca até então tinha
visto um exorcismo de verdade, e, que agora, depois de 45 anos, finalmente viu
uma mulher supostamente possessa sendo exorcizada pelo padre Amorth.
O exorcismo é mostrado. Padre Amorth,
ajudantes, padres, familiares e amigos da possessa começam o ritual de
expulsão do maligno dela. A mulher não
demora muito para manifestar gritos, sofrimento, falar com uma voz gutural e
estranha, ficar agitada, dizer que é satanás... Devo admitir, que é um pouco
perturbador ver o seu sofrimento. Ela está possuída por uma força espiritual
maligna ou manifestando algum distúrbio tratável pela Medicina? E mesmo se a medicina não tiver no momento os dispositivos e meios eficazes para tratá-la, num
futuro próximo a Ciência não elucidará em termos puramente cerebrais tal
distúrbio?
Uma
das cenas mais interessantes é quando Friedkin mostra o vídeo que gravou, a vários
Médicos, para que eles deem o seu parecer científico sobre o exorcismo em
questão. Suas respostas são um pouco vagas.
Noutras ocasiões, já dei meu parecer, e aqui o repito.
Pode ser verdade que algumas pessoas
estejam possuídas por forças espirituais de outras dimensões da realidade. E
alguns homens da Ciência não descartam essa possibilidade.
No caso dessa mulher, a resposta mais razoável é que ela
sofre de problemas psicológicos e psiquiátricos, acrescente-se a isso, o meio
religioso e social em que foi criada, aí, para ela e seus parentes (católicos) acreditarem
que está sendo usada pelo diabo é um pulo.
O documentário sofreu várias críticas de falta de
credibilidade. Para começar, a voz que a mulher emite em seu exorcismo. Fica
claro que o som dela foi modificado pelo editor, dando-lhe um ar de malignidade. Outra
coisa: Friedkin diz que vai atrás dela meses depois, e ela não quer vê-lo, ele
vai atrás dela na igreja, e diz que a mesma começa a manifestar-se como um
animal no chão, enchendo-o de medo e pavor. Pois bem, se ela não queria mais
ser filmada, não queria mais participar do documentário, como ele que ele pode
expor a vida dela, dessa maneira? Duvido muito que ela tenha permitido que a
sua história fosse ao ar.
Fica a pergunta, tudo não passa de charlatanismo do Friedkin ou dos
dois? Ou a insensibilidade de Friedkin foi tão grande, que ele pouca
se importa de mostrar ao mundo inteiro a dor dessa mulher?
E o padre Amorth foi um fanático
católico, que dizia que o demônio tinha medo dele (neste documentário é o oposto, o tinhoso não medo algum), e que a igreja católica era
a única verdadeira, declaração que os espíritos do mal confirmavam. Basta ler o
seu livro Memórias de um Exorcista.