Como vimos na primeira e segunda parte, as mulheres muçulmanas têm um papel subalterno dentro dos muros do islã e das nações onde essa religião vigora. É obvio que isso precisa ter uma origem que justifique o porquê delas serem tratadas com tanto desdém e desprezo. É um complexo de cultura e religião, que se imbricaram, como notou o nosso primeiro estudioso citado, Peter Demant.
Os
muçulmanos progressistas admitem que as sociedades islâmicas oprimem as
mulheres, como já mostramos. Entretanto, dizem eles, que tais justificativas
não se encontram no texto fundante do islã, o Alcorão. Houve um grande
afastamento do caminho correto traçado por Maomé, pouco depois que ele morreu,
e, assim, as mulheres que até então, eram tratadas com dignidade e respeito,
dados pelo profeta, passaram a ser oprimidas, devido ao abandono dos ensinos
corânicos e absorção das culturas machistas/patriarcais, conquistadas pelos
exércitos islâmicos. Também colocam em dúvida muitos dos hadiths que configuram
ao sexo feminino um senso de inferioridade.
Não
só muçulmanos vão por essa via explicativa, mas também número grande de
professores e alunos que produzem suas monografias, dissertações e teses, nas
áreas de humanidades, que em uníssono, dizem que o islã é compatível com a
emancipação feminina, sendo uma porta de entrada, para uma vida de libertação
do autoritarismo que relega a mulher a um papel subalterno.
Então
porque essa disparidade tão gigante entre a suposta teoria maometana que dá
dignidade a mulher, e a realidade que vemos nos países muçulmanos e nas
mulheres de burcas, tanto nos países islâmicos como na Europa? Todas essas
gerações de muçulmanos interpretaram grosseiramente a religião, ao ponto de
colocarem as suas mulheres como pessoas com tão poucos direitos, contradizendo
o seu profeta? Ou esse papel subalterno das mulheres no islã emerge das
próprias escrituras sagradas da religião? É o que veremos.
Façamos
aqui, uma distinção básica entre “literatura islâmica” e “literatura muçulmana”.
Podemos perguntar: não seria redundância, não são a mesma coisa? Não. Literatura
islâmica são as obras clássicas do islã, que são respeitadas e usadas por
gerações, em inúmeros países e mesquitas, como textos de interpretação padrão.
Essas obras trazem ensinamentos não envergonhados da religião, uma vez que não
tentam tornar o islã adaptável as sensibilidades de quem o lê. São os manuais
clássicos de jurisprudência islâmica. São as obras de referência. Enquanto que
literatura muçulmana são os livros adocicados da religião, que encontramos em
sites muçulmanos; são textos panfletários, com títulos assim “Meu Grande Amor
Por jesus Me Conduziu ao Islã”, entre outros. São livros contemporâneos,
produzidos com o objetivo de trazer pessoas para o islã. São livros e textos
que tomam muito cuidado no que falam, omitindo muitas vezes os ensinos que
fazem as mulheres inferiores na práxis muçulmana.
Neste
primeiro momento, não vamos tratar de literatura muçulmana aqui. Estas muitas
vezes, não traduzem o que o islã realmente ensina sobre as mulheres.
Literatura
islâmica, além do Alcorão, é claro, são a Sunna com os seus hadiths; a Sira de
Maomé, que foi a sua primeira biografia; o Reliance of the Traveller (O Apoio
do Viajante: Manual Clássico da Sagrada Lei Islâmica), etc.
Vamos
começar com a biografia oficial de Maomé, Sirat Rasul Allah (A Vida do Profeta
de Alá), de Ibn Ishaq, que a escreveu por volta de 150 anos depois de sua
morte.
Ishaq
969:
“Ele [Maomé]
também disse-lhes que os homens têm direitos sobre as suas esposas e as
mulheres têm direitos sobre seus maridos. As esposas nunca devem cometer
adultério ou agir em um modo sexual para outros. Se elas assim fizerem, elas
devem ser colocadas em quartos separados e espancadas levemente. Se elas se
contiverem daquilo que lhes é proibido, elas têm o direito a comida e roupa. Os
homens são para estabelecer injunções leves para as mulheres pois elas são
prisioneiras dos homens e não têm controle sobre as suas pessoas.” P. 651.
Ishaq
957:
“Maomé enviou
Muadh para converter o Iêmen. Enquanto ele estava lá lhe foi perguntado sobre
os direitos que um marido tem sobre a sua esposa. Ele respondeu para a mulher
que o perguntou: ‘Se você fosse para casa e encontrasse o nariz do seu marido
escorrendo com pus e sangue e você o chupasse até que ele estivesse limpo,
ainda assim você não teria cumprido com os direitos do seu marido’.” P. 644.
ISHAQ, Ibn. The Life
Muhammad: A Translation of Ishaq´s Sirat Rasul Allah. Traduzido
por A. Guillaume. Karachi, Paquistão, Oxford University Press, 1998.
Abu
Dawud faz parte de uma das seis principais coleções de hadith (ditos e feitos
do profeta), as fontes autorizadas de ensino no Islã.
O
homem não pode ser questionado porque bateu em sua mulher. Abu Dawud 2147:
“Maomé disse:
‘Um homem nunca será perguntado sobre o motivo que o levou a bater na sua
esposa’.” P. 552-553.
É
permitido transar com mulheres escravas. Abu Dawud 2155:
“Abu Sa'id Al
Khudri disse ‘O Apóstolo de Allah (ﷺ) enviou uma expedição militar a
Awtas por ocasião da batalha de Hunain. Eles encontraram seu inimigo e lutaram
com eles. Eles os derrotaram e os levaram cativos. Alguns dos Companheiros do
Apóstolo de Allah (ﷺ) relutavam em
ter relações com as mulheres cativas por causa de seus maridos pagãos. Então,
Allah, o exaltado, enviou o versículo do Alcorão ‘E todas as mulheres casadas
(são proibidas) a você, exceto aquelas (cativas) que sua mão direita possui.’
Isso quer dizer que eles são legais quando completam seu período de espera’.” P.
555-556.
Que
mulher iria querer ter relações sexuais com o soldado que matou seu pai, mãe,
familiares e etc.? É evidente que temos aí, a justificava para o estupro.
English Translation of Sunan Abu Dawud. Volume 2. Compiled by: lmâm Hâfiz Abu Dawud
Sulaiman bin Ash'ath. AhâdIth edited
& referenced by: Hâfiz Abu Tâhir Zubair 'All Za'I. Translated by: Yaser
Qadhi (USA). 2008.
https://www.pdfdrive.com/sunan-abu-dawud-volume-2-future-islam-the-future-for-islam-e14285775.html
O
mal na mulher. Abu Dawud Livro 11, Número 2155:
“Maomé disse:
Se algum de vocês se casa com uma mulher ou compra um escravo, ele deve dizer:
‘O Alá, Eu peço a Você para o bem nela, e pela disposição que Você deu a ela;
Eu tomo refúgio em Você do mal que existe nela, e pela disposição que Você a deu.’
Quando ele compra um camelo, ele deve segurar o topo da sua corcunda e dizer o
mesmo tipo de coisa.” P. 215.
Muslim
é considerada a segunda coleção de hadith mais autêntica pelos muçulmanos. Ela
também traz relatos que legitimam o estupro de cativas. Sahih Muslim, Livro
008, Número 3371:
“Abu Sirma
disse a Abu Sa'id al Khadri (Allah ele gostou dele): 0 Abu Sa'id, você ouviu o
Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele) mencionando al-'azl? [coito
interrompido] Ele disse: Sim, e acrescentou: Saímos com o Mensageiro de Alá
(que a paz esteja com ele) na expedição ao Bi'l-Mustaliq e levamos cativas
algumas mulheres árabes excelentes; e nós os desejamos, pois estávamos sofrendo
com a ausência de nossas esposas, (mas ao mesmo tempo) também desejávamos
resgate por eles. Portanto, decidimos ter relações sexuais com eles, mas
observando 'azl (Retirada do órgão sexual masculino antes da emissão do sêmen
para evitar a concepção). Mas dissemos: Estamos fazendo um ato, enquanto o
Mensageiro de Allah está entre nós; porque não perguntar a ele? Então, pedimos
ao Mensageiro de Alá (que a paz esteja com ele), e ele disse: ‘Não importa se
você não fizer isso, porque toda alma que está para nascer até o Dia da
Ressurreição nascerá’.” P.
835.
Maomé
bateu em Aisha, a sua esposa preferida, por ela ter seguido ele a noite. Sahih
Muslim, Livro 004, Número 2127:
“Muhammad b.
Qais disse (para o povo): Eu não deveria narrar para vocês (um hadith do
Sagrado Profeta) por minha autoridade e pela autoridade de minha mãe? Nós
pensamos que ele se referia à mãe que tinha deu à luz a ele. Ele (Muhammad b.
Qais) então relatou que foi 'A'isha quem narrou isso: Eu não deveria narrar
para você sobre mim e sobre o Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele)?
Dissemos: sim. Ela disse: Quando foi minha vez do Mensageiro de Alá (que a paz
esteja com ele) para passar a noite comigo, ele se virou de lado, colocou o
manto e tirou os sapatos e colocou-los perto de seus pés, estendeu a ponta de
seu xale em sua cama e depois deitou-se até pensar que eu tinha ido dormir. Ele
segurou seu manto lentamente e calçou os sapatos lentamente, e abriu a porta e
saiu e fechou-a ligeiramente. Cobri minha cabeça, coloquei meu véu e apertei
meu envoltório da cintura, e depois saiu seguindo seus passos até chegar a
Baqi'. Ele ficou lá e ele ficou por muito tempo. Ele então levantou as mãos
três vezes, e depois voltou e eu também voltei. Ele apressou seus passos e eu
também apressei meus passos. Ele correu e eu também corri. Ele veio (na casa) e
eu também veio (para a casa). Eu, no entanto, o antecipei e entrei (na casa), e
quando me deitei em cama, ele (o Santo Profeta) entrou na (casa) e disse: Por
que é que, ó 'A'isha, você está fora respiração? Eu disse: não há nada. Ele disse:
Diga-me ou o Sutil e o Ciente me informarão. Eu disse: Mensageiro de Allah, que
meu pai e minha mãe sejam o resgate por você, e então eu disse a ele (toda a
história). Ele disse: Foi a escuridão (de sua sombra) que eu vi na minha
frente? Eu disse sim. ELE ATINGIU-ME NO PEITO O QUE ME CAUSOU DOR, e então
disse: Você achou que Alá e Seu apóstolo trataria injustamente com você? Ela
disse: O que quer que o povo esconda, Allah saberá.” P.
536-537. (Ênfase acrescentada).
O
muçulmano Sherif Abdel Azim, escreveu o seguinte, em seu livro A Mulher no
Islam: Mito e Realidade:
“O Alcorão
orienta o muçulmano a ser gentil com as suas esposas, mesmo em caso de emoções
fortes ou sentimentos de desagrado.” P. 36.
Pelo
visto, na história narrada em Muslim, as “emoções fortes ou sentimentos de
desagrado” em Maomé, o impeliram a agredir a sua querida Aisha, não “sendo
gentil com a sua esposa”, como preconiza Sherif Abdel Azim. Se o profeta teve
este arroubo de fúria contra a sua esposa preferida, imagine os arroubos de
fúria que os pobres muçulmanos “normais” não têm contra as suas mulheres?
Diversão
entre os companheiros mais íntimos de Maomé, em bater nos pescoços de suas
mulheres. Abu Bakr bate no pescoço de Aisha. Sahih Muslim, Livro 009, Número
3506:
“Jabir b. 'Abdullah (Allah esteja satisfeito com eles) relatou: Abu
Bakr (Allah esteja satisfeito com ele) veio e pediu permissão para ver o
Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele). Ele encontrou pessoas sentadas em
sua porta e nenhum entre eles tinha recebido permissão, mas foi concedida a Abu
Bakr [primeiro Califa] e eles entraram. Então veio 'Umar [segundo califa] e ele
pediu permissão e foi concedida a ele, e ele encontrou o Apóstolo de Allah (que
a paz esteja com ele) sentado triste e silencioso com suas esposas ao seu
redor. Ele (Hadrat 'Umar) disse: Eu diria algo que faria o Sagrado Profeta (que
a paz seja sobre ele) rir, então ele disse: Mensageiro de Allah, gostaria que
você tivesse visto (o tratamento dispensado a) a filha de Khadija quando você
me pediu algum dinheiro, eu me levantei e dei um tapa em seu pescoço. O
Mensageiro de Alá (que a paz esteja com ele) riu e disse: Elas estão ao meu
redor, como você vê, perguntando por dinheiro extra. Abu Bakr (Allah esteja
satisfeito com ele), em seguida, levantou-se foi para 'A'isha (Allah seja satisfeito
com ela) e deu um tapa no pescoço dela, e 'Umar se levantou diante de Hafsa e
deu um tapa nela dizendo: Você pergunta ao Mensageiro de Allah (que a paz
esteja com ele) que ele não possui. Elas disseram: Por Allah, não pedimos ao
Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele) nada que ele não possua.” P.
868.
A
circuncisão feminina não foi criada pelo islã. Mas veja Muslim Livro 003,
Número 0684:
“Abu Musa
perguntou: O que torna o banho obrigatório para uma pessoa? Ela [Aisha]
respondeu: Você encontrou um bem informado! O Mensageiro de Allah (que a paz
esteja com ele) disse: Quando alguém se senta entre quatro partes (da mulher) e
as partes circuncidadas se tocam um banho torna-se obrigatório.” P. 235.
Sahih Muslim. Translator: Abd-al-Hamid
Siddiqui. 1st
edition. Edited by: Mika'il al-Almany. Created: 2009-10-02 17:41:54. Last
modified: 2009-11-05 22:38:59. Version: 0911052238593859-30.
https://d1.islamhouse.com/data/en/ih_books/single/en_Sahih_Muslim.pdf
Al-Bukhari
é a coleção de hadith mais importante para os muçulmanos. É narrado nela a
mesma história de Muslim, já citada.
Não
há nada de errado no estupro de cativas. Al-Bukhari - Volume 3, Livro 49,
Número 2542:
“Narrou Ibn Muhairiz:
Eu vi a Abu Said Al-Khudri e perguntei sobre Al-Azl (ou seja, coito
interrompido). Abu Said disse: ‘Saímos com o Apóstolo de Allah para o Ghazwa
[batalha na qual Muhammad estava presente] de Banu Al-Mustaliq e recebemos
cativos árabes e desejamos mulheres e o celibato tornou-se difícil para nós e queríamos
fazer coito interrompido. Então, quando pretendíamos fazer coito interrompido. Perguntamos
ao mensageiro de Alá sobre isso e ele disse: 'É melhor para você não fazer
isso, pois se alguma alma (até o Dia da Ressurreição) estiver predestinada a
existir, ela existirá’." P. 413-414.
Esse
mesmo relato também pode ser encontrado no Volume 5, Livro 64, Número 4138,
Página 278-279. E no Volume 7, Livro 67, Número 5210, Página 97.
Para
o “profeta”, as mulheres têm a mente deficiente. Al-Bukhari - Volume 3, Livro 52,
Número 2658:
“Narrado Abu
Said Al-Khudri: O Profeta disse: ‘A testemunha de uma mulher não é igual à
metade da de um homem?’ As mulheres disseram: ‘Sim’. Ele disse: ‘Isso é devido
à deficiência da mente de uma mulher’.” P.
477.
Maomé
ordena que a mulher só viaje com um guardião masculino. Al-Bukhari - Volume 4,
Livro 56, Número 3006:
“Narrou Ibn
Abbas: Que ele ouviu o Profeta dizendo: ‘Não é permitido que um homem fique
sozinho com uma mulher, e nenhuma senhora deve viajar, exceto com um Mahram
[guardião legal] (ou seja, seu marido ou uma pessoa com quem ela não pode se
casar) para todo o sempre; por exemplo, pai, irmão, etc.)’. Então, um homem se
levantou e disse: ‘Ó apóstolo de Deus! Eu me alistei no exército para tal e tal
Ghazwa [ataque ou batalha] e minha esposa está procedendo ao Hajj
[peregrinação]’. O Apóstolo de Allah disse: ‘Vá e faça o Hajj com sua
esposa”." P. 153.
A
maioria dos habitantes do inferno são mulheres. Al-Bukhari - Volume 07, Livro
67, Número 5204:
“Narrado
Imrãn: O Profeta disse: "Eu olhei para o (Inferno) Fogo e vi que a maioria
de seus residentes eram mulheres." P.
93.
Existem
mais oito lugares em Al-Bukhari que narram essas mesmas palavras de Maomé.
Maomé
disse que mulheres não podem governar uma nação. Al-Bukhari - Volume 9, Livro
92, Número 7099:
“Narrado Abu
Bakra: Durante a batalha de Al-Jamal, Allah me beneficiou com uma Palavra (ouvi
do Profeta). Quando o Profeta ouviu a notícia de que o povo da Pérsia havia
tornado a filha de Khosrau sua rainha (governante), ele disse: ‘Nunca sucederá
a uma nação que faça da mulher sua governante’.” P. 145.
Rifa'a
veio reclamar de seu marido a Aisha, e mostrou a ela sua pele verde, causada
por espancamento. Al-Bukhari – Volume 7, Livro 77, Número 5825:
“Aisha disse:
“Nunca vi mulher nenhuma sofrer tanto quanto as mulheres crentes’.” P.
392.
The Translation of the Meanings of Sahih
Al-Bukhâri,
Arabic-English. Translated by: Dr. Muhammad Muhsin Khan Formerly Director,
University Hospital, Islamic University, Al-Madina Al-Munawwara (Kingdom of
Saudi Arabia). Maktaba Dar-us-Salam,
1997.
Por
que a maioria dos habitantes do inferno são mulheres? Al-Bukhari - Volume 1,
livro 2, Número 28:
“Narrado por
Ibn 'Abbas: O Profeta disse: ‘Foi-me mostrado o fogo do Inferno e que a maioria
de seus habitantes eram mulheres que eram ingratas. ‘Foi perguntado: ‘Será que
elas não acreditam em Allah? (ou são ingratas a Allah?) Ele [Maomé] respondeu:
‘As mulheres são mal agradecidas aos seus maridos pelos favores e o bem (atos
de caridade) feitos a elas. Se você sempre tiver sido bom (benevolente) a
alguma delas e então ela vir alguma coisa em você (que não seja do agrado
dela), ela vai dizer: ‘Nunca recebi nenhum bem de você’.” P.
17.
A
história de que as mulheres são a maioria no inferno e têm a mente deficiente,
podem desviar o homem do caminho correto, o seu testemunho vale metade do
testemunho do homem, e têm a religiosidade defeituosa por menstruar, está tudo
neste hadith Al-Bukhari – Volume 1, Livro 6, Número 301:
“Narrou Abu Said Al-Khudri: Certa vez, o Apóstolo de Alá foi ao Musalla
(para oferecer a oração) o 'Id-al-Adha ou oração Al-Fitr. Então ele passou
pelas mulheres e disse: ‘Ó mulheres! Dêem esmolas, pois eu vi que a maioria das
vocês (mulheres) eram habitantes do fogo do Inferno. ‘Elas perguntaram: ‘Por
que é assim, ó Apóstolo de Alá?’ Ele respondeu: ‘Você amaldiçoa com frequência
e é ingrata a seus maridos. Não vi ninguém mais deficiente em inteligência e
religião do que você. Um homem cauteloso e sensato pode ser desencaminhado por
alguns de vocês.’ As mulheres perguntaram: ‘Ó Apóstolo de Allah! O que é
deficiente em nossa inteligência e religião?’ Ele disse: ‘Não é o depoimento de
duas mulheres igual ao testemunho de um homem?’ Eles responderam
afirmativamente. Disse: ‘Esta é a deficiência em sua inteligência. Não é
verdade que uma mulher não pode orar nem jejuar durante a menstruação?’ As
mulheres responderam afirmativamente. Ele disse: ‘Esta é a deficiência da
religião dela’.” P. 82
Não
há conserto para as mulheres. Al-Bukhari – Volume 7, Livro 62, Número 113:
“Narrava Abu
Huraira: O Apóstolo de Alá disse: ‘A mulher é como uma costela; se você tentar
endireitá-la, ela quebrará. Então, se você quer tirar proveito dela, faça-o
enquanto ela ainda tem alguma perversidade’.” P.
1159.
Maomé
tinha uma “incrível” potência sexual. Al-Bukhari – Volume 7, Livro 62, Número
145:
“O Profeta
costumava passar por (ter relação sexual com) todas as suas esposas em uma
noite, e naquele tempo ele tinha nove esposas.” P. 1168.
Açoitar
a esposa. Al-Bukhari – Volume 7, Livro 62, Número 132:
“Narrado
'Abdullah bin Zam'a: O Profeta disse: ‘Nenhum de vocês deve açoitar sua esposa
como ele açoita uma escrava e depois ter relações sexuais com ela na última
parte do dia’.” P. 1166.
O
islã não inventou a circuncisão feminina. Mas olha o que Bukhari Volume 7,
Livro 72, Número 132 diz:
“Narrava Abu
Huraira: Eu ouvi o Profeta dizendo. “Cinco práticas são características da
Fitra [estado de pureza, inocência]: circuncisão, barbear os pelos púbicos,
cortando os bigodes curtos, aparando as unhas e depilando os pelos das
axilas." P. 1314.
Sahih Bukhari - Translator: M. Muhsin Khan - 1st edition. Edited
by: Mika'il al-Almany. Created: 2009-10-02 17:41:54. Last modified: 2009-10-11
23:46:24 Version: 0910112346244624-21.
https://d1.islamhouse.com/data/en/ih_books/single/en_Sahih_Al-Bukhari.pdf
Reliance
of the Traveller é um clássico de jurisprudência islâmica do século XIV, que
goza de grande prestígio e autoridade no islã, atestado e recomendado por
grandes lideranças islâmicas.
Sobre
bater na esposa.
m10.12:
“Quando um marido nota sinais de rebeldia em sua
esposa, quer em palavras como quando ela responde a ele de modo frio, quando o
seu costume é de fazê-lo de modo educado; ou ele a chama para a cama mas ela recusa,
contrário do seu hábito usual; ou se em atos, como quando ele a acha adversa
para ele quando anteriormente ela era gentil e agradável, ele chama a sua
atenção em palavras sem deixar de ficar longe dela ou de bater nela, pois pode ser
que ela tenha uma desculpa. O aviso poderia ser dizer para ela, ‘Tema Alá com relação
aos direitos que você me deve’, ou poderia ser para explicar que rebelião
nulifica a sua obrigação para sustentá-la e dar a sua vez dentre as suas outras
esposas, ou poderia ser em informa-la ‘A sua obediência para mim é um dever
religioso’. Se ela for rebelde, ele pode deixar de dormir com ela (ter sexo) e
recusar a falar com ela, e pode bater nela, mas não de modo que a magoe,
significando que ele não pode deixar marcas, quebrar ossos, feri-la ou causar
derramamento de sangue. É ilegal bater no rosto dela. Ele pode bater nela se
ela estiver rebelde apenas uma vez ou mais que uma vez, embora exista uma
vertente de opinião mais fraca que diz que ele não pode bater nela a não ser
que exista rebeldia repetidamente.” P. 540-541.
O
livro prossegue e conclui que bater na esposa é o último recurso para salvar a
família:
“[...] é
permitido para ele bater nela se ele acredita que bater ela vai trazê-la de
volta ao caminho certo, embora se ele não pensa assim, não é permitido. A
batida dele ela pode não ser de uma forma que a machuque, e é seu último
recurso para salvar a família.” P. 542.
A
mulher vale metade de um homem em indenizações:
m04.9: “A indenização pela morte ou lesão de um a mulher é metade da
indenização paga por um homem.” P. 590. PS: Judeus e cristãos também.
Reliance of the Traveller: The Classic Manual
of Islamic Sacred Law 'Umdat al-Salik. By Ahmad ibn Naqib al-Misri (d. 769/1368) in Arabic
with Facing English Text, Commentary, and Appendices. Edited and Translated by
Nuh Ha Mim Keller. Amana publications Beltsville, Maryland U.S.A.
Salim
Almahdy, Pesquisador do Islamismo e autor da série Uma Olhada Por Trás do Véu,
cita algumas obras autoritativas islâmicas, que deixa claro o papel subalterno
das mulheres no islã.
“[...] a
mulher sofre uma série de enfrentamentos com o ato matrimonial. Em seu livro,
As mulheres no islamismo, Rafiqul Haqq resumiu a importância do contrato de
casamento de acordo por meio de três diferentes escolas islâmicas. Citando o
livro Al-Fiqh ala al-Mazahib al-Arba'a, de Abd Ar Rahman Al Gaziri, ele diz: ‘O
entendimento aceito nas diferentes escolas de jurisprudência islâmica é que
aquilo que foi contratado no casamento é para o benefício que o homem possa ter
da mulher e não o contrário’. A mesma obra mostra que os seguidores de Imã
Malik, autoridade religiosa islâmica, declararam que o contrato de casamento é
um contrato de propriedade do benefício do órgão sexual da mulher e do resto do
seu corpo. O mesmo livro ainda declara que os seguidores de outro Imã, Shaffi,
disseram: ‘A visão mais aceita é que o que foi contratado é a mulher, isto é, o
benefício derivado do seu órgão sexual’. Outros afirmam: ‘O que foi contratado é
tanto o homem quanto a mulher’.”
Os apologistas muçulmanos têm um trabalho
ingrato, para convencerem as pessoas, de que o islã dá dignidade as mulheres.
Relativizar todas essas fontes e textos, não é fácil. Rejeitar essas
literaturas autoritativas de sua religião, é se colocar numa posição
minoritária, que rompe drasticamente com todo um corpo de conhecimento e
teologia forjados ao longo de séculos. É estar a margem da tradição islâmica. Em
termos comparativos, eles são como os cristãos progressistas que insistem em
dizer que a Bíblia não desaprova as relações homossexuais, recorrendo a todos
os subterfúgios possíveis para encontrar alguma dignidade as relações homoafetivas
nas escrituras, ignorando toda a hermenêutica responsável na análise do texto. De
modo muito semelhante, assim são os muçulmanos progressistas.
Abdullahi Ahmed An-Na'im, Charles Howard
Candler, Professor de Direito na Emory University, escreve:
“Alguns muçulmanos
modernos, como a organização Irmãs no Islã na Malásia, estão exercendo a
ijtihad [interpretação] hoje para promover os direitos humanos das mulheres de
uma perspectiva islâmica. Para aqueles, então, que aceitam a interpretação das
Irmãs, as mulheres têm direitos iguais de acordo com a Sharia.
Mas as irmãs e
outras como elas estão em minoria.”
Boa sorte pra elas.
Primeira parte do texto:
http://sheol-livros.blogspot.com/2020/08/o-papel-subalterno-das-mulheres-no-isla.html
Segunda parte do texto:
http://sheol-livros.blogspot.com/2020/08/o-papel-subalterno-das-mulheres-no-isla_26.html
Continua na quarta parte.