PRAAGH, James Van. Espíritos Entre Nós. Rio
de Janeiro: Sextante, 2010. (PDF).
Não tem jeito. Assim como no Brasil, que temos
os nossos charlatães midiáticos na área religiosa, os EUA também têm os seus. James
Van Praagh é um médium muito conhecido por lá, que vende bastante livros, contando
suas mentirosas histórias de contato com os espíritos dos mortos. É cada
história mirabolante que ele conta, que não senti credibilidade alguma nas
páginas deste livro. Parto do pressuposto de que diálogos com quem já morreu não
acontecem, logicamente pensando dessa forma, pelo menos a princípio, não
sentirei veracidade nos relatos do Praagh. Mas mesmo lendo a sua obra com essa
pressuposição, não quer dizer que não poderia ser levado pelas evidências e
histórias que ele traz, a um reposicionamento sobre tudo isso. Várias vezes
comecei lendo um livro, ao qual, estava incrédulo quanto ao seu conteúdo, e a
força do argumento, me mostrou que eu estava (ou podia estar) errado,
deixando-me dúvidas e pensativo: “Será que ele pode estar certo? Pode haver um
fundo de verdade nisso tudo?” Não descarto por completo a comunicação com os
mortos. Acho que muita coisa doida pode acontecer nessa nossa existência
caótica.
Vejamos algumas bobagens que ele diz.
A ciência tem menos valor que a
necromancia:
“A ciência é boa e útil, mas não há nada melhor do que obter
informações em primeira mão vindas de um espírito. Quando a compreensão e as
palavras nos chegam diretamente dos espíritos que nos assombram, tudo atinge um
novo patamar de entendimento”. P. 08.
Não sentimos dor ao morrer:
"Independentemente da forma de morte – homicídio,
doença, acidente, suicídio ou velhice –, existe um fator constante que se
repete. Ninguém sente dor ao morrer. Nunca me canso de repetir isso para as
pessoas. Na verdade, é a ausência de dor que confunde muitos dos que acabaram
de morrer, porque eles não percebem que se foram. Ninguém fica sozinho na hora
da morte. Quando saímos do corpo, nossos entes queridos que já faleceram vêm
nos receber. Talvez tenham se passado vários anos desde que os vimos pela
última vez, mas os laços afetivos que nos uniam na Terra continuam muito
presentes do outro lado." P. 15.
As almas estão presentes no seu próprio
enterro, e dão pitacos sobre como eles deveriam ocorrer:
“Depois que os mortos abandonam o corpo físico e percebem que
não estão mais conectados a ele, passam para a membrana que existe entre a
Terra e a dimensão mais próxima. Nesse ponto, decidem se querem permanecer
perto da Terra como espíritos terrenos ou se querem fazer a travessia para a
luz. Durante essa brecha de oportunidade, os espíritos com freqüência vão a seu
próprio enterro para ver os preparativos, quem aparece e assim por diante. Já
ouvi muitos comentários esquisitos de espíritos quando estão no próprio
funeral: ‘Por que é que colocaram esse vestido em mim?’ ‘Quem escolheu essas
flores para o meu caixão?’ ‘Eu queria estar em um caixão mais bonito’. Ouvi com
frequência espíritos dizendo que não gostam de caixão aberto. Muitos causam
distúrbios em seus próprios funerais, para que seus parentes ‘entendam a
mensagem’. E também há aqueles que não se importam com os detalhes do funeral e
ficam muito surpresos ao presenciar toda a agitação ao redor do evento.” P. 20.
Os mortos têm o poder da onisciência sobre as
mentes dos vivos (pensei que só Deus tinha):
“[...] espíritos são extremamente sensíveis e, por isso, têm
a capacidade de captar com clareza cristalina nossos pensamentos e o que
sentimos, como se tivessem algum tipo de radar especial. Ao pensar em um ente
querido [morto], você pode atrair o espírito dele”. P. 26.
Os ateus vão se ferrar quando morrerem (ok,
as religiões de um modo geral pensam assim mesmo):
“Com freqüência me perguntam: “O que acontece quando a pessoa
não acredita na vida após a morte?” Uma pessoa que não acredita na vida após a
morte ficará bastante surpresa ao descobrir que ainda está viva. Talvez demore
muito tempo até compreender o que aconteceu e, durante esse período, ela vagará
pelo plano astral inferior”. P.
41-42.
Nós escolhemos a família que teremos antes
de vim parar na Terra:
“É muito freqüente que as pessoas me abordem dizendo: ‘Eu não
escolhi minha família.’ Mas a verdade é que nós a escolhemos, por mais absurdo
que isso possa parecer. Escolhemos os integrantes de nossa família antes mesmo
de iniciarmos nossas existências terrenas. Na verdade, nossas famílias têm
estado conosco durante muitas vidas. É interessante constatar como as almas
viajam em grupos. Freqüentemente elas esperam até estarem todas juntas do outro
lado para chegarem à Terra ao mesmo tempo”. P.
46.
Logo que morremos, tentamos nos comunicar
com a nossa família:
“Por que os espíritos desejam se comunicar conosco? Os
espíritos são iguaizinhos a nós, e seus motivos são diversos, mas parece que a
razão mais comum para um espírito querer entrar em contato é para ajudar sua
família enlutada. Logo depois que a pessoa passa para o outro lado, sente a dor
e o sofrimento de seus parentes. O que o espírito deseja é simplesmente
informar à família que não está morto, mas plenamente vivo, e por isso fica por
perto. A maioria das famílias está em tal estado de choque ou tão envolvida com
o funeral que não percebe seus entes queridos tentando chamar sua atenção. É
como se não ouvíssemos a campainha do telefone e o deixássemos tocar e tocar.
Os espíritos sentem uma grande frustração quando não conseguem se comunicar com
seus entes queridos.” P. 65-66.
Os mortos estão em toda parte:
“Talvez não tenhamos consciência das muitas entidades que
circulam ao nosso redor, mas os espíritos são capazes de vagar livremente por
onde bem desejarem, porque, como já disse, eles não estão limitados à dimensão
física. Não precisam de qualquer meio de transporte para ir de um lugar para o
outro, porque viajam por meio de pensamentos. Um lugar assombrado é um local
com alta concentração de atividade de espíritos que se estende por um longo
período. Com base em minhas investigações, descobri que esses locais possuem
uma forte ligação emocional com o espírito que nele se manifesta, como
aconteceu com o seminário que era assombrado por pessoas que o tinham ocupado
no passado. Os espíritos associam fortes lembranças mentais e emocionais a
determinado lugar, com o desejo de revivê-las, e em alguns casos permanecem lá
por não serem capazes de parar de repeti-las. É por isso que eles causam
distúrbios na energia. Por outro lado, talvez os espíritos apenas desejem
proteger um local para garantir que os atuais ocupantes respeitam seu lar e
cuidam dele com o mesmo empenho.” P. 78.
Cuidado da próxima vez que for ao dentista:
“Acredite ou não, consultórios de dentista normalmente estão
lotados de espíritos. Outros lugares surpreendentes são escritórios de
advocacia e tribunais, por causa das emoções amedrontadoras ligadas a eles.
Nesses contextos as pessoas estão esgotadas emocionalmente, sentem muita raiva,
são acusadas – injustamente ou não, se de fato cometeram crimes. Alguns
espíritos tiveram problemas com a lei quando estavam vivos, e gostam de
absorver o máximo possível desse tipo de energia. Outros talvez tenham sido
inocentes das acusações sofridas e só querem garantir que a justiça seja feita.
Hospitais estão repletos de doenças, preocupações e medo da morte. Sempre que
visito alguém em um hospital, vejo espíritos por perto. Alguns estão lá para
sugar a energia das pessoas debilitadas, outros, para auxiliar seus entes
queridos em sua passagem para o além. Há ainda alguns espíritos que acabaram de
falecer e estão meio confusos em relação a seu paradeiro.” P. 81.