domingo, 1 de abril de 2018

Espíritos Entre Nós



PRAAGH, James Van. Espíritos Entre Nós. Rio de Janeiro: Sextante, 2010. (PDF).

Não tem jeito. Assim como no Brasil, que temos os nossos charlatães midiáticos na área religiosa, os EUA também têm os seus. James Van Praagh é um médium muito conhecido por lá, que vende bastante livros, contando suas mentirosas histórias de contato com os espíritos dos mortos. É cada história mirabolante que ele conta, que não senti credibilidade alguma nas páginas deste livro. Parto do pressuposto de que diálogos com quem já morreu não acontecem, logicamente pensando dessa forma, pelo menos a princípio, não sentirei veracidade nos relatos do Praagh. Mas mesmo lendo a sua obra com essa pressuposição, não quer dizer que não poderia ser levado pelas evidências e histórias que ele traz, a um reposicionamento sobre tudo isso. Várias vezes comecei lendo um livro, ao qual, estava incrédulo quanto ao seu conteúdo, e a força do argumento, me mostrou que eu estava (ou podia estar) errado, deixando-me dúvidas e pensativo: “Será que ele pode estar certo? Pode haver um fundo de verdade nisso tudo?” Não descarto por completo a comunicação com os mortos. Acho que muita coisa doida pode acontecer nessa nossa existência caótica.

Vejamos algumas bobagens que ele diz.

A ciência tem menos valor que a necromancia:

“A ciência é boa e útil, mas não há nada melhor do que obter informações em primeira mão vindas de um espírito. Quando a compreensão e as palavras nos chegam diretamente dos espíritos que nos assombram, tudo atinge um novo patamar de entendimento”. P. 08.

Não sentimos dor ao morrer:

"Independentemente da forma de morte – homicídio, doença, acidente, suicídio ou velhice –, existe um fator constante que se repete. Ninguém sente dor ao morrer. Nunca me canso de repetir isso para as pessoas. Na verdade, é a ausência de dor que confunde muitos dos que acabaram de morrer, porque eles não percebem que se foram. Ninguém fica sozinho na hora da morte. Quando saímos do corpo, nossos entes queridos que já faleceram vêm nos receber. Talvez tenham se passado vários anos desde que os vimos pela última vez, mas os laços afetivos que nos uniam na Terra continuam muito presentes do outro lado." P. 15.

As almas estão presentes no seu próprio enterro, e dão pitacos sobre como eles deveriam ocorrer:

“Depois que os mortos abandonam o corpo físico e percebem que não estão mais conectados a ele, passam para a membrana que existe entre a Terra e a dimensão mais próxima. Nesse ponto, decidem se querem permanecer perto da Terra como espíritos terrenos ou se querem fazer a travessia para a luz. Durante essa brecha de oportunidade, os espíritos com freqüência vão a seu próprio enterro para ver os preparativos, quem aparece e assim por diante. Já ouvi muitos comentários esquisitos de espíritos quando estão no próprio funeral: ‘Por que é que colocaram esse vestido em mim?’ ‘Quem escolheu essas flores para o meu caixão?’ ‘Eu queria estar em um caixão mais bonito’. Ouvi com frequência espíritos dizendo que não gostam de caixão aberto. Muitos causam distúrbios em seus próprios funerais, para que seus parentes ‘entendam a mensagem’. E também há aqueles que não se importam com os detalhes do funeral e ficam muito surpresos ao presenciar toda a agitação ao redor do evento.” P. 20.

Os mortos têm o poder da onisciência sobre as mentes dos vivos (pensei que só Deus tinha):

“[...] espíritos são extremamente sensíveis e, por isso, têm a capacidade de captar com clareza cristalina nossos pensamentos e o que sentimos, como se tivessem algum tipo de radar especial. Ao pensar em um ente querido [morto], você pode atrair o espírito dele”. P. 26.

Os ateus vão se ferrar quando morrerem (ok, as religiões de um modo geral pensam assim mesmo):

“Com freqüência me perguntam: “O que acontece quando a pessoa não acredita na vida após a morte?” Uma pessoa que não acredita na vida após a morte ficará bastante surpresa ao descobrir que ainda está viva. Talvez demore muito tempo até compreender o que aconteceu e, durante esse período, ela vagará pelo plano astral inferior”. P. 41-42.

Nós escolhemos a família que teremos antes de vim parar na Terra:

“É muito freqüente que as pessoas me abordem dizendo: ‘Eu não escolhi minha família.’ Mas a verdade é que nós a escolhemos, por mais absurdo que isso possa parecer. Escolhemos os integrantes de nossa família antes mesmo de iniciarmos nossas existências terrenas. Na verdade, nossas famílias têm estado conosco durante muitas vidas. É interessante constatar como as almas viajam em grupos. Freqüentemente elas esperam até estarem todas juntas do outro lado para chegarem à Terra ao mesmo tempo”. P. 46.

Logo que morremos, tentamos nos comunicar com a nossa família:

“Por que os espíritos desejam se comunicar conosco? Os espíritos são iguaizinhos a nós, e seus motivos são diversos, mas parece que a razão mais comum para um espírito querer entrar em contato é para ajudar sua família enlutada. Logo depois que a pessoa passa para o outro lado, sente a dor e o sofrimento de seus parentes. O que o espírito deseja é simplesmente informar à família que não está morto, mas plenamente vivo, e por isso fica por perto. A maioria das famílias está em tal estado de choque ou tão envolvida com o funeral que não percebe seus entes queridos tentando chamar sua atenção. É como se não ouvíssemos a campainha do telefone e o deixássemos tocar e tocar. Os espíritos sentem uma grande frustração quando não conseguem se comunicar com seus entes queridos.” P. 65-66.

Os mortos estão em toda parte:

“Talvez não tenhamos consciência das muitas entidades que circulam ao nosso redor, mas os espíritos são capazes de vagar livremente por onde bem desejarem, porque, como já disse, eles não estão limitados à dimensão física. Não precisam de qualquer meio de transporte para ir de um lugar para o outro, porque viajam por meio de pensamentos. Um lugar assombrado é um local com alta concentração de atividade de espíritos que se estende por um longo período. Com base em minhas investigações, descobri que esses locais possuem uma forte ligação emocional com o espírito que nele se manifesta, como aconteceu com o seminário que era assombrado por pessoas que o tinham ocupado no passado. Os espíritos associam fortes lembranças mentais e emocionais a determinado lugar, com o desejo de revivê-las, e em alguns casos permanecem lá por não serem capazes de parar de repeti-las. É por isso que eles causam distúrbios na energia. Por outro lado, talvez os espíritos apenas desejem proteger um local para garantir que os atuais ocupantes respeitam seu lar e cuidam dele com o mesmo empenho.” P. 78.

Cuidado da próxima vez que for ao dentista:

“Acredite ou não, consultórios de dentista normalmente estão lotados de espíritos. Outros lugares surpreendentes são escritórios de advocacia e tribunais, por causa das emoções amedrontadoras ligadas a eles. Nesses contextos as pessoas estão esgotadas emocionalmente, sentem muita raiva, são acusadas – injustamente ou não, se de fato cometeram crimes. Alguns espíritos tiveram problemas com a lei quando estavam vivos, e gostam de absorver o máximo possível desse tipo de energia. Outros talvez tenham sido inocentes das acusações sofridas e só querem garantir que a justiça seja feita. Hospitais estão repletos de doenças, preocupações e medo da morte. Sempre que visito alguém em um hospital, vejo espíritos por perto. Alguns estão lá para sugar a energia das pessoas debilitadas, outros, para auxiliar seus entes queridos em sua passagem para o além. Há ainda alguns espíritos que acabaram de falecer e estão meio confusos em relação a seu paradeiro.” P. 81.