Nesse documentário de pouco mais de uma hora, um dos líderes e
mente intelectual do terreiro, diz que o Candomblé praticado hoje, não é o
Candomblé praticado há 50 ou 100 anos. Houve uma evolução (mudança) em como se
cultua os deuses africanos. Talvez isso incomode os mais "puristas".
Mas é assim em todas as religiões. O Cristianismo praticado hoje pelas diversas
instituições e igrejas, não é o Cristianismo do
século I. As contingências histórico-sociais vão moldando aos poucos cada
prática e crença religiosa.

O vídeo também trata dos muitos elementos que distingue essa
manifestação fetichista, como por exemplo, a lendária figura de Exu, tão
demonizada e temida por aqueles que não fazem parte, ou não conhecem as
doutrinas da religião africana. É reiterado com clareza: Exu não é o diabo! Não
se fala em diabo no Candomblé. Não existem demônios em sua cosmogonia. Existe
Olorum, Deus supremo; os orixás, forças personificadas da natureza, e que
interagem com os seres humanos; espíritos dos mortos, porém o Candomblé de
raiz, segundo seus adeptos, não trabalha com eles.

Outro entrevistado adverte: o Candomblé não é para todos. Tem
pessoas que serão curadas e terão um destino feliz na igreja evangélica; outras
no catolicismo; e outras na religião africana. Deus determina o caminho de cada
uma. É um discurso pluralista e mais conciliatório. Evangélicos, sobretudo, de
posicionamento pentecostal, têm uma visão bem antagônica a essa: cultos
africanos são demoníacos e opressores – as pessoas que estão envolvidas neles,
precisam urgentemente abandonarem essas práticas de feitiçaria e procurarem o
mais rápido possível um templo cristão, obviamente uma igreja evangélica pentecostal/neopentecostal,
para se libertarem dos espíritos das trevas que atuam nesses terreiros. Libertados,
agora trocarão o transe dos orixás ou influência deles, pela busca pelo batismo
(transe) do (ou com) Espírito Santo, falando nas línguas dos anjos.

E qual a importância dessa religião para o mundo? Um exemplo é a
própria culinária. As famosas e deliciosas moquecas, e tantas outras comidas
africanas, saíram dos terreiros para o mundo. Eram comidas feitas para os
orixás, que ganharam as nossas mesas, e ganharam o nosso apreço e paladar.

Um outro tema abordado é o transe. O que acontece com o
indivíduo que irá incorporar? Como ele se sente antes, durante e depois? Ele se
lembra do que fez? Tem controle sobre os movimentos e danças que faz?

Rico documentário!