segunda-feira, 3 de julho de 2017

Documentários Vistos (13)


Esse é de longe o melhor documentário feito sobre o êxodo dos hebreus - história narrada nas páginas da Bíblia. A cronologia egípcia bate com a história de Moisés e da saída de Israel do Egito? Existem boas evidências de que os relatos bíblicos estão ancorados em fatos históricos? Esse documentário dirá que sim! Mas para quem pensa que os estudiosos que defendem a veracidade histórica do livro sagrado, são necessariamente cristãos ou judeus, terão uma surpresa inusitada aqui. As evidências arqueológicas apresentadas são persuasivas. Impressionaram-me.




O único defeito é ter apenas 24 minutos de duração. Tema espinhoso, de embrulhar o estômago: a morte. Pessoas em situações críticas nas UTIs, respirando através de aparelhos, tubos, sem poderem expressar suas vontades, dores, sofrimentos... O que fazer? Desligar os aparelhos e deixarem que as pessoas morram, é o ato mais humano a se fazer? A eutanásia pode ser considerada moralmente correta em alguns casos? Eu acredito que sim. Em momentos como esses, creio que a fé em Deus é uma centelha de conforto em meio a tanta dor, mesmo sabendo que as orações não irão fazer nenhuma cura milagrosa.


“Trinta por cento dos britânicos já usaram drogas ilegais. São 15 milhões de pessoas. Três milhões ainda usam. E um milhão têm problemas com drogas. Um milhão de criminosos desnecessários com quem o governo está em guerra”.

A mesma política antiquada de guerra as drogas que ocorre nos EUA, acontece na Inglaterra. Umaestratégia que se mostrou completamente ineficaz. Mas a não legalização das drogas têm as suas vantagens financeiras para quem está no topo. A descriminalização das drogas em Portugal, implantada em 2001, mostrou-se promissora. Documentário esclarecedor, produzido por Russel Brand, um apresentador e colunista britânico, muito conhecido em seu país, que já foi um viciado, e também foi casado com a cantora Katy Perry.


A semelhança do documentário Quebrando o Tabu e outros similares, esse é outro que apresenta argumentos contundentes a favor da legalização da maconha. Fica difícil defender a mesma política usada há décadas, que nada adiantou. Os argumentos e fatos mostrados são simplesmente demolidores. São duas horas de uma avalanche de provas difíceis de serem contraditas. Nota 10! Recomendado e aplaudido.


Devido ao sucesso do primeiro documentário Hot Girls Wanted (Garotas quentes), a Netflix que não é nada besta, resolveu fazer uma série com seis documentários retratando os bastidores do mundo dos filmes pornos, com menininhas de 18, 19, 20 anos. Putaria sempre dá audiência, né? Nessa série, não apenas a pornografia é retratada, mas também, os novos modos de relacionamentos amorosos, proporcionados pelos aplicativos de namoro, como o Tinder, Bumble (este segundo nunca tinha ouvido falar - vou baixá-lo). Quem nunca usou uma vez na vida (ou várias), o Tinder, o Badoo, o Adote Um Cara, o Happn, né não? O sexto episódio da temporada foca num caso que teve grande repercussão, onde uma jovem de 18 anos, filmou ao vivo um estupro, no aplicativo Periscope (também existe esse?), e no afã de ganhar muito likes e notoriedade, nada fez para que o estuprador parasse. Em troca de likes, deixou que sua amiga fosse violentada sexualmente.

Fé e Descrença: O Drama da Dúvida na Vida de Quem Crê


TUCKER, Ruth. Fé e Descrença: O Drama da Dúvida na Vida de Quem Crê. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.

“Em minha própria peregrinação espiritual, que começou na infância, a dúvida e a fé têm coexistido. Não é uma condição que escolhei para mim, e não é algo que eu possa eliminar – nem necessariamente o desejaria”.

Que livro! Que livro! Que livro!

Ruth Tucker (Ph.D em História pela Northern Illinois University) brinda os leitores com essa obra diferenciada que analisa o papel da descrença na vida de quem crê. Revelando que a dúvida pode ser (e tem sido) uma parceira constante na caminhada de quem afirma acreditar em Deus (tendo em mente o deus judaico-cristão). Ela não alivia a sua própria peregrinação de fé, admitindo que a crença e a descrença andam lado a lado em suas caminhada, e que continuará assim. Vários místicos são trazidos a baila, demonstrado que os mesmos também tiveram as suas “noites escuras da alma”.  

Onde Deus está?

"Onde está Deus na vastidão do universo? Onde está Deus entre os bilhões de estrela e bilhões de anos-luz e bilhões de pessoas deste planeta? Respostas fáceis soam vazias. A fé serena, infantil de anos passados parece insuficiente em face das descobertas científicas que com demasiada facilidade atiram Deus num buraco negro. Quando contemplo o céu noturno, às vezes me pergunto se minha fé não é uma ficção de minha imaginação". P. 15. 

Parece que a fé não é de todos.

“Não há respostas fáceis para a pergunta de por que para uns acreditar é algo tão natural como respirar e para outros é uma luta emocional e intelectual que no fim não vale a pena”. P. 30.

São desonestos os ex-crentes?

“Dizer que as pessoas que lutam com dúvidas ou abandonam a fé são rebeldes ou desonestas simplesmente não está de acordo com os testemunhos”. P. 30.

A maior questão de todas:

"Quem é Deus? Essa é a pergunta fundamental relacionada à crença e a não-crença. Quem é Deus? Onde está Deus? Que afinidade Deus tem com os seres humanos? Essas perguntas e questões desafiam teólogos, filósofos, sociólogos, psicólogos e uma multidão de outros especialistas". P. 59.

A "noite escura da alma":

“Há um tipo especial de dúvida sobre a qual eu nada sei – a não ser por meio de minhas leituras, é a dúvida e escuridão que muitas vezes acometem os místicos e os que se entregam à meditação, aqueles que dedicam à vida à busca de Deus e que, no processo desse empreendimento, vão muito fundo ou atingem grandes alturas e acabam chegando a um lugar onde encontram o vazio e a escuridão. Há também aqueles cristãos que atingem uma escuridão espiritual acompanhada de depressão psicológica. Essas experiências muitas vezes são descritas como a noite escura ou simplesmente a escuridão da alma”. P. 69.  

Até João Batista, precursor de Jesus teve dúvidas.

“Sempre que minha fé está fraca e eu duvido da verdade da mensagem do evangelho, conforta-me saber que não estou só. Encontro companhia mesmo entre os ‘gigantes’ da Bíblia, inclusive João Batista.” P. 86.

Eis um caso extremamente intrigante. João Batista que teve dúvidas acerca da messianidade de Jesus, mandou que seus seguidores perguntassem a ele, se de fato ele era o Cristo. Jesus obviamente respondeu que sim – ele era o Cristo de Deus, enviado para salvar o mundo. Em vez de Jesus criticá-lo por isso, Jesus não o viu com olhos condenatórios. Pelo contrário, os maiores elogios que Jesus fez a uma pessoa, foram dirigidos a João, logo após esse ocorrido. Em Mateus 11. 7-11 está escrito:

Enquanto saíam os discípulos de João, Jesus começou a falar à multidão a respeito de João: "O que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?

Ou, o que foram ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que usam roupas finas estão nos palácios reais.

Afinal, o que foram ver? Um profeta? Sim, eu lhes digo, e mais que profeta.

Este é aquele a respeito de quem está escrito: ‘Enviarei o meu mensageiro à tua frente; ele preparará o teu caminho diante de ti’.

Digo-lhes a verdade: Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista; todavia, o menor no Reino dos céus é maior do que ele.

A Ciência e a Filosofia, a dupla destruidora da fé:

"Mais talvez do que qualquer outra área de especialização acadêmica, a ciência e a filosofia têm o potencial de abalar as próprias fundações da fé. Vemos isso como um fato histórico observando como cientistas e filósofos, um após o outro, abandonaram a fé em que foram criados". P. 101.

O persistente problema do mal:

“Questões relativas à natureza e bondade de Deus e o problema do mal (teodicéia) estão entre as razões mais frequentemente citadas para abandonar a fé. Por exemplo, como é possível que um Deus bom – um Deus todo-poderoso – deixe Hitler exterminar milhões de judeus, ou que um terremoto mate dezenas de milhares de pessoas na Turquia, ou que terroristas assassinem milhares de pessoas nos atentados de 11 de setembro de 2001?” P. 122.

O mal praticado pelos seres humanos, me deixa muito mais de cabelo em pé, do que o mal natural, como os maremotos, doenças e etc. 

A incerteza da existência de Deus:

“A questão principal que me atormenta consciente e inconscientemente ao longo de toda a vida: a existência de Deus.” P. 140.  

Vários são os motivos que aparecem para manter as pessoas descrentes ou crentes, eis alguns:

"Perder a fé é um modo de reagir ao silêncio de Deus diante da dor e do sofrimento. Outros buscam aceitar o que teológica e filosoficamente está além da compreensão humana. Outros há que cerram os punhos contra Deus, consumidos mais pela raiva do que pela descrença. E, por mais incrível que pareça, alguns sentem a presença de Deus numa medida ainda maior durante períodos de grande perda e dor - quando Deus pareceria calar-se a respeito de sua dor. Para outros ainda, o aparente silêncio de Deus provoca uma paralisante incerteza acompanhada de uma determinação de manter-se na fé." P. 159.

Para uns (a maioria, na verdade), apesar de tudo, crer em Deus é algo compulsivo:

“Quando observo este gigantesco mundo intricado, não posso acreditar que ele aconteceu por acaso. Não quero dizer que tenho alguns bons argumentos a favor de sua criação e que acredito neles. Quero dizer que essa convicção surge de dentro de mim de modo irresistível quando contemplo o mundo. A tentativa de eliminá-lo não funciona. Quando ergo os olhos para os céus, não consigo crer que eles não declaram a glória de Deus. Quando olho para a terra, não consigo levar a bom termo a tentativa de crer que ela não mostra a obra das mãos dele.” P. 161. - Nicholas Wolterstorff, Ph.D em Filosofia na Universidade de Harvard.

Mais uma vez o problema do mal:

“O problema da dor e do mal é o terreno de todas as batalhas pela crença. Quer o mal seja percebido como uma ocorrência aleatória, quer seja perpetrado por Hitler ou por um evangelizador da televisão, é simplesmente natural que alguém se pergunte por que Deus não o impede. A única pergunta que realmente vale a pena fazer é ‘Que diacho está acontecendo aqui?’. Nenhum ponderado filósofo ou teólogo tem a resposta. A melhor reação é não dar resposta alguma.” P. 171.

É um livro infinitamente rico. Os trechos aqui citados são só a ponta iceberg. Só lendo toda a obra para ter noção da extensão de tudo que ela trata em suas páginas.

Uma sinceridade que falta em 99% dos escritores religiosos. Tucker não tem pudor em revelar a sua vulnerabilidade. Pena que é um livro que saiu do catálogo da editora Mundo Cristão. Enquanto que muitas porcarias continuam sendo publicadas por ela.