STROBEL,
Lee. Em Defesa da Fé. São Paulo: Vida, 2002.
"Hoje, os dados concretos
apontam fortemente na direção da hipótese de Deus [...] Os que querem opor-se a ela
não tem nenhuma teoria testável para apresentar, somente especulações sobre
universos não vistos tecidas por uma fértil imaginação científica [...]
Ironicamente, a imagem do universo legada a nós pela ciência mais avançada do
século XX está, mais próxima em seu espírito da visão apresentada pelo livro de
Gênesis do que qualquer coisa oferecida pela ciência desde Copérnico." P. 106. - Patrick Glynn, formado em Literatura,
Filosofia e História em Harvard e Cambridge, chegando ao título de Ph.D. É
Professor na Universidade de Georgestown, EUA.
"A minha fé pode ser resumida
neste grande paradoxo: eu creio na ciência e eu creio em Deus. [...] Eu
pretendo continuar a dar testemunho de ambos." P. 77. - Hugh Siefken, Ph.D e Mestrado em Física pela Universidade de Kansas, EUA.
Li
essa pérola no primeiro semestre de 2004. É o segundo livro do ex-ateu Lee
Strobel, que tem formação em Jornalismo pela Universidade de Missouri, Mestrado em
Direito pela Universidade de Yale e ex-editor jurídico do The Chicago Tribune.
Em seu primeiro livro, ele foi atrás de diversos especialistas acadêmicos de
linha conservadora, para investigar a plausibilidade da pessoa de Jesus ser
realmente a que está relatada nos evangelhos - o que o levou a abraçar o
protestantismo cristão.
A
obra que venho trazer a este blog, foi escrita anos depois de sua conversão,
quando o mesmo resolveu pesquisar sobre outros temas difíceis em relação a fé
cristã. Perguntas difíceis, espinhosas e amargas, que por vezes, levam muitos
para longe da fé.
Os especialistas conservadores foram mais uma vez consultados e colocados no canto da parede, para que sejam interrogados sobre Deus, Sofrimento, Bíblia, História da Igreja, Fé, Ciencia, Milagres e Razão.
Os especialistas conservadores foram mais uma vez consultados e colocados no canto da parede, para que sejam interrogados sobre Deus, Sofrimento, Bíblia, História da Igreja, Fé, Ciencia, Milagres e Razão.
O
primeiro entrevistado é o Peter Kreeft (Ph.D em Filosofia pela Universidade de
Fordham), que é questionado sobre o maior problema em relação a Deus: o
sofrimento.
Sua
resposta é que o próprio Deus, na pessoa de seu filho, sofreu também. Veio ao
nosso encontro, padecendo as agruras da humanidade. E óbvio, um dia ele “fará
justiça." Essa na verdade é a resposta apologética padrão.
Kreeft,
num certo momento, diz que a liberdade concedida por Deus aos homens criou a
possibilidade deste trazer ao mundo sofrimento e dor
“Deus criou a possibilidade do mal;
as pessoas concretizaram essa potencialidade”. P. 49.
Noutra
parte, Kreeft dá uma alfinetada no ateísmo:
"O ateísmo trata as pessoas de modo medíocre. Além disso, rouba
à morte o seu significado, e se a morte não tem sentido, como pode a vida, em
última análise, ter sentido? O ateísmo vulgariza tudo o que toca – veja as
consequências do comunismo, a mais poderosa forma de ateísmo sobre a terra. E
no fim, quando o ateu morre e se encontra com Deus em vez do vazio que havia
predito, terá que reconhecer que o ateísmo foi uma resposta vulgar porque
recusou a única coisa que não é vulgar – o Deus de valor infinito." P. 45.
O
segundo entrevistado é Willian Lane Craig (Ph.D em Filosofia pela Universidade
de Birminghan, na Inglaterra). O tema
tratado é se a Ciência não contradiz os milagres. Craig diz que não. As leis
naturais atuam sob condições ideais, quando não há a interferência de um agente
externo. Um exemplo é citado pelo Strobel: caso uma fruta caia da árvore, não
estaremos infringindo nenhuma lei da gravidade, caso a apanhemos antes dela cair
no chão. Há uma intervenção externa e não violação dos mecanismos naturais.
Craig
acaba enumerando alguns argumentos usados para provar a racionalidade da crença
em Deus. O argumento cosmológico é o primeiro.
"Tanto filosófica quanto cientificamente eu argumentaria que o
universo e o próprio tempo tiveram um principio em algum ponto do passado
finito. Porém, como algo não pode simplesmente sair do nada, tem de haver uma
causa transcendente do tempo e do espaço que trouxe o universo à
existência." P.
100.
Mais
quatro argumentos são propostos.
A
terceira entrevista é com o Walter Bradley, Ph.D em Ciência de Materiais na
Universidade do Texas, especialista em Termodinâmica e Polímeros.
O
assunto em pauta é sobre a origem da vida, que tem se mostrado teimosamente um
empecilho para a evolução química por meios estritamente naturalistas.
A
evolução ao longo dos anos tornou-se talvez a maior aliada na guerra contra o
deus judaico-cristão. Michael Denton (Ph.D em Bioquímica no King’s College de
Londres) diz:
“No que diz respeito ao cristianismo, o advento da teoria da
evolução [...] foi catastrófico [...] Provavelmente o declínio da crença
religiosa pode ser atribuído mais à propagação e defesa da teoria darwinista da
evolução pela comunidade intelectual e científica do que a qualquer outro fator
isolado.” P.
121.
Se
o darwinismo naturalista estiver correto, eis as implicações:
"Com efeito, o destacado evolucionista William Provine, da
Universidade Cornell, admitiu honestamente que, se o darwinismo for verdadeiro,
existem então cinco implicações inevitáveis: não existem evidências a favor de
Deus; não existe vida após a morte; não existe um fundamento absoluto para o
certo e o errado; não existe um sentido último para a vida; e as pessoas
realmente não têm livre-arbítrio." P.
121.
Teorias
naturalistas sobre a origem dos seres vivos vão sendo uma a uma refutadas, e
Bradley chega a seguinte conclusão:
"Acho que as pessoas que acreditam que a vida surgiu de modo
natural precisam ter muito mais fé que as pessoas que concluem racionalmente
que existe um Planejador Inteligente.
Muitos [cientistas] já chegaram a essa conclusão. Porém, em alguns
casos, a filosofia atrapalha. Se ele estão persuadidos de antemão que Deus não
existe, então, não importa quão convincentes sejam as evidências, sempre
negarão: 'Aguarde e nós encontraremos algo melhor no futuro'. Mas esse é um
argumento metafísico. Os cientistas não são mais objetivos que qualquer outra
pessoa. Todos eles se aproximam de questões como essa com idéias
pré-concebidas." P.
149.
Em
concordância, James Tour (Ph.D em Química Orgânica pela Universidade Purdue e
Pós-Doutorado na Universidade Stanford e na Universidade de Wisconsin, Professor do Departamento de Química e do Centro de Ciência e Tecnologia em
Escala Infinitesimal da Universidade Rice) dispara:
"Fico extasiado com Deus em virtude do que ele tem feito por
meio de sua criação. Somente um principiante que nada sabe sobre ciência diria
que a ciência prejudica a fé. Se você realmente estudar a ciência, ela o levará
para mais perto de Deus."
P. 153.
O conhecido
apologista Norman Geisler (Ph.D em Filosofia na Universidade Loyola, EUA) é o
quarto especialista a ser interpelado. Ele defenderá a credibilidade da Bíblia
em relação à Arqueologia; tentará amenizar o massacre de crianças ordenados por
Deus no Antigo Testamento; “conciliará” algumas contradições que aparecem nos
textos bíblicos, etc.
O
quinto entrevistado é o Ravi Zacharias (Professor visitante da Universidade de
Cambridge), tratando da exclusividade Jesus como o único redentor da
humanidade. E quem não aceitar a messianidade de Cristo em vida, está eternamente perdido? Seria
justo condenar as pessoas de outras religiões que nunca tiveram contato com a
mensagem cristã? Zacharias enfrentará essas perguntas intrigantes.
O sexto
entrevistado é o J. P. Moreland (Ph.D em Filosofia na Universidade do Sul da
Califórnia). O inferno eternamente para aqueles que rejeitam o Cristianismo é
algo justo? O inferno é um lugar de fogo que queimará para sempre os que forem
para lá? Moreland diz que a linguagem do fogo é figurada, mas isso em nada
altera o quanto será triste e ruim, para aqueles que forem para lá. Afinal,
estarão por toda a eternidade conscientes de que Deus os julgou justamente.
O sétimo
entrevistado é John Woodbrige, Ph.D em História na Universidade de Toulouse,
França. As perguntas focam nas chacinas, atrocidades e guerras, perpetradas
pela igreja ao longo dos séculos. As Cruzadas, A Inquisição, O Anti-Semitismo,
Os Julgamentos das Feiticeiras de Salém e a Exploração Por Parte dos
Missionários.
A oitava
e derradeira entrevista é concedida por Lynn Anderson, Doutor em Ministério
Cristão na Universidade de Abilene. Ele fala sobre as dúvidas que permeiam o
caminhar diário do cristão. Defendendo que fé e dúvida são compatíveis, apesar
de popularmente se pensar o contrário.
O
livro é muito bom. Mas boas réplicas podem ser feitas a apologia de Em Defesa
da Fé. As melhores entrevistas foram com
o Willian Lane Craig e Walter Bradley. As mais fracas foram com J. P. Moreland
e Ravi Zacharias. E Geisler não me convenceu com a sua explicação sobre a
matança das crianças ordenadas por Deus, no Antigo Testamento.