Fiquei chocado com o conteúdo
desse extraordinário documentário, que denuncia a política de acobertamento de
milhares de estupros que acontecem nas universidades norte-americanas, e os
diretores, supervisores, professores e reitores dessas instituições nada fazem
para punir os estupradores.
As universidades que imaginarmos
são cúmplices das agressões que as suas alunas sofrem em seus apartamentos e
casas, dentro do campus. As universidades de Harvard, Princeton, Brandeis,
Washington, Tulsa, Carolina do Norte, Oregon, Notre Dame, MIT, Miami, Yale,
Califórnia, John Hopkins, e dezenas e dezenas delas, estão envolvidas nesse
jogo sujo, de não denunciar os alunos que comem suas colegas a força.
Uma das centenas de meninas que
foram violadas sexualmente traz a sua história:
“No meu segundo ano, logo após o
recesso da páscoa, uma grande amiga minha disse: ‘Você que ir a esta festa
hoje?’, e já era bem tarde da noite. Eu comecei a dançar com um rapaz. Ele era
bem atraente e um dançarino muito, muito bom e uma pessoa muito legal. Pelo
menos, eu achei que era. Tudo aconteceu muito rápido. Na verdade, eu era
virgem, então isso torna a situação pior, mas ele começou a me puxar em direção
ao banheiro. Ele agarrou a minha cabeça na lateral da minha orelha e a golpeou
contra o piso do banheiro. E não parou. Eu não podia me mexer. Eu podia ouvir
as risadas do lado de fora da porta. Eu podia ouvir as pessoas dançando. E
aquilo me fez perguntar, por que ninguém me vê? Por que ninguém vem ao
banheiro? Por que eu não estou gritando?”
Ela continua:
“Quando você está apavorada e não
sabe o que está se passando com você, você simplesmente fica ali e espera que
não morra. E era isso que eu estava esperando, que eu tivesse mais que 20 anos
para viver.”
A maioria dos casos acontece nas
festas promovidas pelos alunos e fraternidades. São farras regadas a muita
bebida alcoólica e drogas também. Talvez alguns possam querer amenizar a
situação, afirmando que meninas decentes não deveriam estar nessas festas.
Entretanto, essas meninas vão a estes lugares para se divertirem e não para
transarem contra a sua vontade. Mulher
nenhuma pode ter a sua integridade íntima violada por estar bêbada. Caso em que
muitas dessas meninas não estavam.
E não surpreende o fato, de que
até homens também estão na lista. Claro que são pouquíssimos em relação ao
número de mulheres, mas tiveram a sua dignidade destruída por maníacos sexuais
descontrolados.
David Lisak (Ph.D em Psicologia
na Universidade de Duke) revela:
“Sabemos há, provavelmente, 25
anos, que o problema da violência sexual nos campus das universidades é
enorme.”
John Foubert, Professor da
Universidade de Oklahoma, especialista na prevenção de agressão sexual, diz:
“Mas acho que muitos pais pensam:
‘Vamos deixar nossa filha lá, e ela terá uma ótima experiência universitária, e
tudo será ótimo, porque a universidade tem reputação de ser um lugar seguro’.
[Mas] não é.”
Os números são alarmantes. A
violência sexual contra as estudantes é um problema gigante nas universidades
dos EUA.
“Mais de 16 por cento das
estudantes sofrem violência sexual na universidade.”
As alunas estupradas dão queixa,
no entanto, a direção das universidades faz vista grossa para o que tem
acontecido com muita frequência em seus aposentos. Não dão assistência as
vítimas. Questionam a idoneidade dos depoimentos. Tapam o sol com a peneira.
Mas por quê? A resposta é simples e óbvia. O deus dinheiro tem precedência
sobre a dignidade das alunas. Geralmente os criminosos que cometem as agressões
sexuais fazem parte das fraternidades e são atletas do time de futebol ou
basquete, da instituição. As fraternidades e os campeonatos universitários
geram muitas receitas para os cofres de Harvard, Yale... Elas não querem perder
os milhões e milhões que arrecadam todos os anos. Caso elas admitam que existam
com certa frequência estupros de alunas em suas dependências, a renda pode
cair. Alunos (principalmente mulheres) não vão querer estudar nelas. Então é
melhor que as alunas que caíram nessa desgraça, sejam silenciadas ou
desacreditadas.
“88 por cento das alunas
violentadas nos campus não dão queixas.”
Vendo esse documentário, me
lembrei de outro (A Guerra Invisível) que assisti meses atrás, que trata da
problemática do estupro nas forças armadas dos EUA. A Guerra Invisível pode ser
encontrado nesse link:
https://www.youtube.com/watch?v=M_yZ9ywEOMk
Uma pequena resenha dele nesse
blog:
http://dinhosheol.blogspot.com.br/search/label/Liberdade%20de%20Express%C3%A3o
Fica patente que as autoridades
estadunidenses estão pouco se lixando para quem sofre de agressão sexual, se
está tiver sido perpetrada por um militar ou por um estudante que faça parte do
time da universidade.
“Menos de 8% dos rapazes da
faculdade cometem mais de 90% das agressões sexuais”. (David Lisak e Paul
Miller)
Esses 8% fazem o inferno e são
reincidentes. Estupram uma, não se conformam, estupram outra e, assim, por
diante. Se forem atletas, estão numa bolha impenetrável.
Aqui vão números que provam a
conivência das universidades:
- Universidade de Harvard, 135
denúncias de violência sexual (2009-2013), apenas 10 suspensões relatadas;
- Universidade da Califórnia, em
Berkeley, 78 denúncias de violência sexual (2008-2013), apenas 3 expulsões;
- Faculdade de Dartmouth, 155
denúncias de violência sexual (2002-2013), apenas 3 expulsões;
- Universidade de Stanford, 259
denúncias de violência sexual (1996-2013), apenas 1 expulsão;
- Universidade da Carolina do
Norte, 136 denúncias de violência sexual (2001-2013), nenhuma expulsão;
- Universidade da Virgínia, 205
denúncias de violência sexual (1998-2013), nenhuma expulsão.
Lamentável tal situação.
Dando uma pesquisada rápida sobre
a repercussão Área de Caça teve, é claro que as universidades disseram que ele
não é fiel aos fatos. Distorce números e blá blá blá. Conta outra. É claro que
eles irão negar com a faca no pescoço, que não são coniventes com tais crimes.
Jurarão e venderão a alma ao diabo, afirmando que não protegem os criminosos
sexuais.
Eu acredito nessas meninas
entrevistadas. Essas universidades são verdadeiras empresas. Estão inseridas no
competitivo e cruel mercado de trabalho. Farão de tudo para estarem no alto da
torre. Mesmo que para isso, tenham que mentir e proteger criminosos.