quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Filha da Índia: A História de Jyoti Singh



“Segundo os últimos números oficiais, uma mulher é estuprada na Índia a cada 20 minutos. Mas muitos estupros não são denunciados.”

Uma linda garota, filha de pais pobres, com muitos sonhos, e uma vontade imensa de vencer e crescer na vida, para ajudar aos seus pais e ser útil a sociedade. Mas seis demônios, frutos de uma sociedade machista e doentia, puseram um fim trágico, a vida de Jyoti Singh, num estupro coletivo, extremamente violento e monstruoso, na capital da Índia, Nova Dhéli.

Voltando do cinema com um amigo da faculdade de Medicina, Singh e seu colega foram surpreendidos por esses seis filhos das trevas, que os colocaram dentro de um ônibus escolar e a estupraram. Não bastasse a violação da sua intimidade, eles a agrediram de tal forma, que ela em alguns dias depois, veio a óbito.

Em 17 de dezembro de 2012, um dia após o estupro, a população foi às ruas, pedir justiça. Milhares de estudantes enfrentaram a truculência da polícia, exigindo mudanças. As mulheres que durante todos esses anos, e por que não dizer milhares de anos, foram reivindicar mais igualdade. Algo que elas não têm nesse país, pois sofrem as consequências de serem consideradas seres de segunda classe, nessa nação.

Mukesh, de 28 anos, é o único dos estupradores que é entrevistado para o documentário. Vejam o que ele diz:

“Uma mulher decente, não andaria por aí, à noite. A mulher é muito mais responsável pelo estupro do que o homem.”

“Homens e mulheres não são iguais. A mulher deve fazer o serviço de casa, e não ficar por aí, em boates e bares à noite, fazendo coisas erradas e usando roupas erradas. Só 20% das mulheres são boas.”

Percebe-se uma frieza e indiferença total ao crime cometido. Para ele, a mulher não vale muita coisa. Entretanto, deve ser observado que a cultura em que ele vive, produziu esse tipo de pensamento. O patriarcado de milhares de anos impingiu na mente dos homens indianos a idiota ideia, de que eles têm direitos a isso e aquilo, e as mulheres só têm deveres e obrigações para com eles.

A mãe de Singh, emocionada, fala como foi o encontro dela com a filha no hospital:

“Ela me viu e começou a chorar. Eu disse para ela não se preocupar, pois tudo ficaria bem. Eu disse: ‘Seja o que for, ficaremos com você’.”

Sobre os estupradores, o pai da vítima desabafa:

“Chamá-los de humanos é difamar a humanidade. E sabemos que até os monstros têm limites. Eles são diabólicos. Eles passaram de todos os limites do mal. Nem o diabo confessaria um crime tão bárbaro.”

A sentença de 5 dos 6 réus foi à pena de morte, porém, um morreu na prisão, antes da pena ser aplicada. O sexto era menor idade, 17 anos, quando cometeu o crime e, assim, a sua punição foram apenas 3 míseros anos. Igualzinho aqui no Brasil, onde um marginal que não completou 18 anos, é tratado com mansidão e a pão de ló.

Não é dito quando os 4 foram executados. Se é que já foram. Tomara que sim. Se já estão mortos, com certeza, foram bem recepcionados no inferno.

No final do vídeo são mostrados os números de estupros em alguns países. É alarmante o grande número de mulheres, que são estupradas e violentadas, e acabam não denunciando a polícia. A impunidade também é grande nos países de primeiro mundo, como EUA e Inglaterra. O que impressiona é o número assustador de estupros que acontecem na África do Sul. A cada 26 segundos, uma mulher é estuprada nesse país. Sim, sim, é isso mesmo. 26 segundos, e não minutos!

E os estupradores são punidos?
...

Globo Repórter: Viagem a Índia


“1 bilhão de pessoas [em 2002]. Mais de 5 vezes a população do Brasil. A Índia é o segundo país mais populoso do mundo. Só fica atrás da China. E um dos mais pobres também. Já dá para imaginar a dimensão do problema social indiano. Existe muita miséria.”

Procurando documentários sobre a Índia, acabei assistindo esse antigo episódio do Globo Repórter de 2002. Um documentário que trata de modo geral, algumas características desse país tão populoso e muitas vezes tão estranho aos nossos olhos.

Começamos pelo Panda Vermelho, um animal que só existe nas florestas indianas, e que ainda os Cientistas não conseguiram catalogar a que família ele pertence. Sunita Pradhan (Ph.D em Zoologia, North Bengal University) fez uma pesquisa exaustiva sobre esse animal, resultando em sua tese doutoral. Foram 7 meses para achar o pequeno animal.

A vaca depois é a protagonista, é de conhecimento comum, que esse animal é sagrado nesse país, e, portanto, não pode ser comido. Porém, um detalhe curioso que não sabia: a vaca não é sagrada em todo país. Embora não seja dito em que região as mimosas podem ser saboreadas.

“Os indianos amam as vacas. São muito gratos a ela.”

Já por aqui, poucos de nós, ocidentais, nos preocupamos com esse animal. Ignoramos o sofrimento que milhões deles passam nos açougues, para nos alimentar. Isso, porque nos foi passada a inverídica informação de que não podemos viver sem carne. Fui convencido de que o melhor é não comer carne (só na teoria, pois na prática...), através do documentário A CARNE É FRACA, que pode ser visto aqui:


Indo para a região da Caxemira, lugar de conflito entre Índia e o Paquistão, o repórter irá filmar um tradicional casamento arranjado. Mas como ocidental, corre perigo de vida, por causa dos extremistas muçulmanos que têm um ódio endêmico e intolerante para com aqueles que não comungam de sua religião. O repórter Luís Nachibin revela:

“Eu passei cinco dias, aqui na Caxemira, e praticamente não coloquei o pé na rua, por ordem da polícia local. Eu, jornalista estrangeiro, com uma câmera de vídeo, seria uma presa rara e fácil para os terroristas. Se eles me pegassem, certamente conquistariam a atenção do mundo inteiro.”   

Quanto ao casamento, os noivos foram prometidos desde que nasceram, há 27 anos. Nunca se viram, nunca conversaram nem por telefone, carta, email, whatsapp, tinder, badoo, skipe, facebook... ops, nessa época não existiam essas redes sociais. Rsrs.

Apesar dos muitíssimos problemas sociais existentes, como a extrema pobreza da maioria esmagadora da população, a criminalidade não é proporcional à miséria que reina soberana na Índia. Mais uma vez invocando Nachibin, que diz:

“Andei de trem ordinário, fui a alguns dos bairros mais miseráveis do planeta, sempre com uma câmera de vídeo no ombro, e jamais percebi qualquer ameaça de roubo. O povo indiano aceita a própria condição social, sem cobiçar os bens do próximo. Essa aceitação, em parte, é resultado da forte religiosidade da população.”

Interessante e louvável isso. Excetuando a triste segregação que o sistema indiano de castas impõe a milhões de seus cidadãos. Mas o foco aí é o roubo, o furto, o assalto, isto é, a violência para tomar ilegitimamente aquilo que não é seu. Aqui no Brasil, sabemos como a coisa funciona. A criminalidade reina.

O vídeo é bom, trás muito mais coisas, mas por ora, é isso.