Um ótimo documentário falando
sobre a tensão que vivem muitos homossexuais que foram criados numa atmosfera
extremamente religiosa nas igrejas fundamentalistas. O vídeo mostra inúmeras
histórias de pais religiosos e conservadores que acabam mudando a sua visão
sobre a sexualidade humana quando se deparam com a realidade de que seus filhos
criados desde pequenos na igreja não sentem atração pelo sexo
oposto.
O documentário tenta reinterpretar os velhos textos
bíblicos que falam em termos negativos sobre a relação sexual entre iguais. Uma
nova interpretação é proposta, indicando um novo olhar sobre as escrituras,
embora esse não seja o foco do vídeo.
Particularmente, como também já estudei esses
mesmos textos, acredito que a Bíblia condena sim, a prática sexual entre
iguais. Fazendo coro aos fundamentalistas que adoram jogar o texto do livro
bíblico na cara dos homos, aqui vai ele:
“Por causa
disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas
relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma
forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se
inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes,
homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua
perversão.” (Romanos 1. 26-27).
O revisionismo hermenêutico sobre esse texto não me
convenceu. Porém, isso não quer dizer que os escritores sacros não estavam
errados sobre essa faceta da conduta humana. Esse é o ponto.
A Bíblia e nenhuma visão religiosa, ou filosófica
consegue abarcar a complexidade da vida e da natureza humana. Sei que isso é
muito caro para os que têm ou dizem ter a Bíblia no maior apreço e estima em
suas vidas.
Algo que o documentário não menciona, são os vários
ministérios cristãos conservadores que foram criados para ex-homossexuais que
fracassaram. O maior exemplo foi o Ministério Exodus sediado nos EUA. Era a
maior referência citada pelas igrejas conservadoras para “provarem” que existem
pessoas “libertas” das “garras” da homossexualidade. Há alguns anos esse
ministério fechou suas portas. Motivo? Depois de décadas de experiências
fracassadas, viram-se forçados a admitir que suas técnicas terapêuticas e
espirituais não tinham tido sucesso algum. Chegaram a pedir desculpas aos
homossexuais. No Brasil, um ministério semelhante procedeu da mesma forma.
Basta vermos os relatos dos muitos supostos
ex-homossexuais, que dão o seu testemunho de “libertação” nessas igrejas
pentecostais/neopentecostais. Os trejeitos efeminados ainda permanecem. Que
tipo de libertação foi essa, em que o camarada não conseguiu se livrar das
características que o identificavam como homossexual?
Não quero cair no extremo de dizer que uma pessoa
não pode mudar a sua conduta sexual (há estudiosos sérios que afirmam que
algumas pessoas podem mudar). No entanto, as igrejas que vendem esses relatos
de libertação estão muito aquém de provarem realmente que há tais curas em seus
suas comunidades.
Vamos especular um pouquinho:
- Algumas pessoas nascem homossexuais. Como
explicar aqueles garotinhos de apenas 4 anos de idade que já tem todos (ou
quase todos) os trejeitos de uma menina?
- Algumas pessoas nascem propensas a serem gays.
Vai depender de seu meio se vão ou não abraçar essa condição.
- Algumas pessoas podem numa determinada fase
da vida experimentar durante um tempo relacionamentos homossexuais, mas como
sua condição real é a heterossexualidade, no final acabam voltando a terem
relacionamentos com o sexo oposto. Não seria esse o caso de muitos
“libertos”?
Acredito que essas várias possibilidades são
possíveis. Ok, eu sei que fui redundantemente redundante.
Pra terminar, vejo que todas as igrejas sempre dão uma ênfase especial a
alguns assuntos e “pecados” em detrimento de outros. E todas terão o texto na
ponta da língua (mentira, muitas nem isso têm) para "provar" que a
vontade de Deus é essa, e não aquela. Lhes É CONVENIENTE deixar outros “pecados” ou práticas em stand by. Se forem
perguntados o porquê, a resposta será:
"PORQUE A BÍBLIA ME DIZ ASSIM."
"PORQUE A BÍBLIA ME DIZ ASSIM."
Será que diz mesmo?