sábado, 29 de abril de 2017

Extraterrestres: onde eles estão e como a ciência vai encontrá-los


NOGUEIRA, Salvador. Extraterrestres: onde eles estão e como a ciência vai encontrá-los. São Paulo: Abril, 2014. (Versão em PDF).

Comecei a ler sobre Ufologia em 2003, quando em contato com um amigo, que era assinante da revista UFO, maior e melhor veículo de divulgação do fenômeno sobre os OVNIs no Brasil. O interesse de meu amigo arrefeceu e, ele acabou me presenteando tempos depois, com todas as suas revistas e um livro sobre esse assunto, que me fascinava e me fascina.

Salvador Nogueira, colunista da revista Scientific American Brasil e assessor de comunicação da Sociedade Brasileira de Física, não é um entusiasta das pesquisas sobre discos voadores e homenzinhos verdes ou cinzas. O seu interesse está focado nas pesquisas empreendidas pela comunidade científica, que tem se esforçado nas últimas décadas em busca de vida além do nosso planeta – seja ela a nível microscópio ou macroscópico. Ele acha bem improvável que relatos de naves interestelares já tenham travado contato com algum ser humano, como dizem os Ufólogos. Tenta explicar as fantasiosas alegações de pessoas que juram terem sido abduzidas ou terem visto discos voadores, apelando para os conceitos do famoso Psicanalista Carl Jung e para a cultura pop que propiciou a nossa sociedade a partir das primeiras décadas do século passado, um movimento cultural voltado para os alienígenas”. P. 232.

Sendo assim:

“Uma mistura poderosa de ciência, permeada de novidades e maravilhas tecnológicas, e ficção, que especulava com base no progresso acelerado, criou a sensação de que era perfeitamente possível que estivéssemos sendo visitados por extraterrestres, ou mesmo que eles estivessem tentando estabelecer contato.” P. 232.

Mas autor defende que existem boas razões para pensarmos que não estamos a sós no Universo. Apenas ainda não temos provas que estejam aptas a passarem pelo rígido crivo da Ciência. Um dia, quem sabe, as teremos. Ele pergunta:

"[...] é impossível olhar para o céu e não se sentir oprimido por uma dúvida: há outros seres vivos além da Terra? Nosso planeta é um lugar especial, singular, ou apenas mais um dentre bilhões e bilhões de mundos pululando de vida, muitos dos quais abrigando espécies inteligentes? Quando olhamos para o céu, será que há lá em cima alguém também trocando olhares conosco, visualizando nossa pequena estrela anã amarela [sol] e se perguntando se há alguém por aqui?" P. 24.

Se tivermos de algum dia, sabe-se lá quando, de encontrar algum tipo de ser vivente na Via Láctea, é mais provável, que ele será uma espécie de vida simples.

"[...] a descoberta de vida extraterrestre no Sistema Solar é prioridade dos programas espaciais mais avançados. Embora muito provavelmente esses alienígenas não passem da escala microbiana e, mesmo na melhor das hipóteses, não incluam criaturas inteligentes, saber que eles estão por aí confirmaria a hipótese de que os fenômenos químicos que levam à biologia se repetem com frequência no Universo. Só de saber que a Terra não é o único abrigo para a vida – com a possibilidade de estudar uma segunda história de origem ou, caso a panspermia esteja correta, compreender como cada ambiente conduz a evolução por caminhos diferentes –, já estaríamos dando um passo fundamental para aplacar nossa solidão cósmica." P. 117.

Num certo momento, Nogueira flerta com a panspermia dirigida, mas ciente de que até o momento ela sofre com a falta de qualquer evidência palpável.

"E se a vida na Terra começou por intervenção direta de uma civilização alienígena? Não é tão difícil imaginar uma sociedade avançada avaliando planetas pela galáxia em termos de sua habitabilidade. Ao decidir que um mundo é passível de ocupação biológica, esses extraterrestres decidem semear esse planeta com um conjunto de criaturas primitivas, nem que seja só para ver o que a evolução fará delas em bilhões de anos". P. 174.

Convencionou-se na Academia acreditar, que se os extraterrestres inteligentes existam, eles serão bonzinhos, mas pode ser exatamente o contrário.

"Embora Carl Sagan e os entusiastas da SETI [Busca por Inteligência Extraterrestre] tenham desde sempre vendido a ideia de que civilizações extraterrestres necessariamente serão benignas e socialmente avançadas, gente como o físico britânico Stephen Hawking acredita que anunciar nossa existência ao cosmos pode ser perigoso. Nada sabemos sobre ética e moral alienígenas, e até podemos estar contando a eles onde procurar seu próximo almoço". P. 201.

O ceticismo do Nogueira em relação aos OVINs é um reflexo da própria incredulidade da grande maioria dos Cientistas. Isso não quer dizer que tais naves não existam. Ele escreve:

"[...] é aí que está o problema dos OVNIs – e mais ainda dos casos de abdução,em que pessoas alegam ter sido sequestradas, contatadas e estudadas por alienígenas. Há testemunhos aos montes (de pessoas com e sem diagnóstico de problemas psiquiátricos), mas faltam provas materiais conclusivas. Ninguém até hoje conseguiu levar um pedaço de espaçonave para análise em laboratório, o que facilmente demonstraria sua origem extraterrestre, e vídeos e fotos se tornam cada vez menos relevantes. Se antes eles eram fáceis de falsificar, agora você pode até baixar softwares em seu celular que fazem isso de forma automática. Sem evidências palpáveis, o fenômeno escapa do alcance da ciência. Não há como teorizar a respeito, nem prever novas ocorrências. Talvez por isso, a maioria dos cientistas prefira manter uma distância saudável do tema, embora poucos corajosos, como o astrobiólogo David Grinspoon e o físico Michio Kaku, admitam que há um percentual de casos inexplicados que dá margem à especulação de que se trata de visitantes alienígenas." P. 221.

Entretanto, muitos governos têm se dedicado a estudar e a levar a sério a “invasão” dos alienígenas – a França é um exemplo.

"Aos que preferem acreditar que tudo não passa de imaginação [UFOs], um fato notável é que muitos países tenham dedicado tantos esforços a investigar o fenômeno. Convenhamos que é no mínimo estranho gastar dinheiro para estudar uma coisa que supostamente não existe. Os franceses, por exemplo, deixaram o assunto sob encargo da CNES, a agência espacial francesa. Uma investigação em andamento, iniciada em 1977, já registrou cerca de 6 mil casos, dos quais 14% seguem sem explicação. Embora oficialmente os relatórios não defendam que os OVNIs são alienígenas, os líderes do estudo já vieram a público dizer que essas aparições eram máquinas voadoras físicas além do nosso conhecimento, e que a melhor explicação para os casos mais enigmáticos era a hipótese extraterrestre. " P. 221.

Cautela, cautela e cautela, quando o assunto são os avistamentos e contatos com UFOS.

"Tomadas como um todo, as características dos testemunhos de OVNIs e de seus ocupantes lembram muito mais produtos da mente humana do que visitantes de outros mundos. É possível que uma parcela corresponda a reais visitas alienígenas? Até é. Mas não provável, nem comprovável. Interpretar fenômenos desconhecidos como evidência de vida extraterrestre é, por definição, uma questão de fé." P. 226.

Quanto aos círculos que aparecem nas plantações, Nogueira não tem dúvidas – não tem nada a ver com seres de outros mundos.

“Outro elemento das histórias de disco voador que não cola é o dos círculos nas plantações. O primeiro caso veio da Inglaterra, em 1976. Todos ficaram pasmos com a precisão dos desenhos e disseram que não havia como humanos conseguirem fazer uma obra daquelas. Novos padrões continuaram a aparecer, da noite para o dia, para o espanto de todos. Até que em 1991, dois velhinhos, Doug Bower e Dave Chorley, admitiram que estavam fazendo os desenhos e mostraram como eram produzidos, para a tristeza dos ufólogos. [...] Não há nada de misterioso ou alienígena a respeito deles. P. 239.

Como os testemunhos de avistamentos são muitos, e as vezes bastante convincentes e difíceis de descartar, até mesmo o Nogueira precisa admitir:

"Por outro lado, pessoas que dizem ter visto artefatos voadores me parecem críveis, pelo menos em alguns casos bem documentados. Se eles têm origem alienígena, ninguém sabe. Mas, como não se pode descartar a existência de outras civilizações no Universo, bem como a viabilidade de voos interestelares, é uma hipótese que não pode ser afastada por completo.” P. 239.

O livro é muito bom.

Nogueira conta que desde Copérnico, passando por Galileu, Kepler, Newton, entre vários Cientistas - o pavimento foi sendo construído para que começássemos a ver que não estamos sozinhos. 

Caso venha alguma confirmação disto, as implicações serão avassaladoras nos vários campos do conhecimento.

Talvez ela nunca venha.