terça-feira, 17 de julho de 2018

Zeitgeist: O Filme


Com 11 anos de “atraso” venho a assistir a esse barulhento documentário que descortina as “verdades” escondidas de nós, pobres humanos alienados, enganados pelas grandes corporações, governo (dos EUA, claro) e pela religião cristã (está não podia faltar). Fomos e somos constante, metódica e sistematicamente manipulados como marionetes a não vermos a verdadeira natureza dos acontecimentos mundiais, defende o Zeitgeist (Espírito do Tempo). Esta é mais uma produção que não tem nenhuma modéstia em dizer para o mundo, que agora sim, nós conheceremos a verdade através dela, que mediante pesquisa exaustiva, original e o mais importante, altruísta!, nos legou a verdade que tanto precisávamos para sair da Caverna do antigo Filósofo grego, nosso amigo Platão. Peter Joseph, o produtor e diretor deste filme, conseguiu bons fiéis seguidores, que agora acham que foram iluminados, fazendo coro as suas verdades reveladas.

Tudo o que vemos, ouvimos e aprendemos, é mentira, a começar pelo cristianismo que plagiou as suas histórias de outras religiões mais antigas, em especial a egípcia com o seu deus Hórus, que foi descadaramente plagiada para compor a história de Jesus. A Bíblia é um conglomerado de escritos com simbologia astrológica que visa manipular malignamente os seus seguidores. Não preciso dizer, mas já dizendo, que tal argumento é desprovido de provas documentais e carece do apoio dos estudos acadêmicos sobre Jesus e a religião do antigo Egito. Não é citada uma obra acadêmica sequer que pelo menos forneça algum indício de plausibilidade as alegações feitas. Mesmo que fosse anexada ao argumento, uma obra científica que desse peso as afirmações feitas, isso ainda não seria suficiente para provar nada. Seria preciso muita articulação histórica, teológica... Portanto, se quer refutar a história de Jesus e sua credibilidade, que faça uso de argumentações legítimas e não de falácias e informações nitidamente falsas.

O 11 de setembro de 2001 mostra-se como a maior mentira já contada pelo governo americano neste século, para poder ganhar legitimidade em suas guerras posteriores contra o Iraque e o Afeganistão, controlando aquelas áreas e garantindo os seus inesgotáveis poços de petróleo, produto tão precioso para os EUA, que não pode prescindir desse combustível fóssil. O ataque aéreo contra as torres não foi colocado em ação pelos terroristas de Osama Bin Laden, mas tudo foi minuciosamente orquestrado pelo próprio país atacado. Como o Zeitgeist prova assertiva tão polêmica? Apelando para vários vídeos recortados de políticos, especialistas, jornalistas, frases soltas e mostradas freneticamente, esperando convencer quem assiste, que a sua teoria da conspiração é rica em fontes diversificadas, como entrevistas, documentos, vídeos... Não obstante, de cara percebe-se as falácias pulando na tela como pipocas, incorrendo em erros de correlação, falsas causações, falsos dilemas, apelos irrelevantes e etc. A mesma coisa vale aqui: se quer apresentar uma explicação alternativa sobre os atentados do 11 de setembro, que tenha o mínimo de respeito, usando argumentos decentes, e não associações confusas e disparatadas, como as que estão no vídeo. O atentando ocorrido na Espanha também é mencionado como pura manipulação para fins escusos.

O dedo de Zeitgeist é apontado para os grandes bancos, corporações financeiras, para as guerras mundiais e do Vietnã, que pasmem!, estão na mesma esfera de manipulação e mentira que o atentando em Nova Iorque e ao Pentágono. A mesma estratégia é feita, vídeos recortados e rápidos, com muitas frases e ditos, que certamente, muitas das ditas falas podem estar descontextualizadas, dando a entender e significar coisas que não foram intencionadas por quem as disse. Nessa trilha o autor vai criando um suposto e poderoso argumento ao seu favor.

Agora verdade seja dita, é claro que há manipulações e inverdades ditas pelo governo, pelas corporações e pela mídia. Mas não precisamos recorrer a espantalhos para sabermos disso. É muito claro que dificilmente ou nunca saberemos de informações comprometedoras sobre o fatídico 11 de setembro. Tem muito caroço nesse angu. Muitos fios soltos. O governo americano não é nenhum anjinho inocente na história do mundo. E não querendo entrar na mesma vibe conspiracionista do idealizador deste filme, não há garantias de que não haja um dedinho dos EUA na destruição do World Trade Center e de outros episódios dramáticos.

Eita, parece que comprei a ideia do filme.