SCHMIDT, Paul. Guia Politicamente Incorreto dos Presidentes da República. São Paulo: LeYa, 2016. (PDF).
"De
Deodoro a Dilma [e a Temer]: 130 anos de autoritarismo, corrupção e
incompetência." P. 09.
"[Uma]
razão pela qual os brasileiros se interessam pouco por seus presidentes é o
fato de quase todos terem sido, em que pese a propaganda oficial, desconcertantemente
ruins. E a culpa disso eles dividem com o sistema de governo que os define, o
presidencialismo". P. 10.
Terminado mais um livro da polêmica série do politicamente incorreto.
Aquilo que muitos não querem ouvir. A série tem os seus exageros, seus furos,
suas parcialidades. Mas todo livro tem em maior ou menor grau. Um dos defeitos
desse livro é o autor ser de forma escrachada, um fã de FHC. Quanto a Lula e
Dilma, Schimidt não nutre nenhuma simpatia pela dupla dinâmica. Eu também não.
Mas nem gosto do FHC. No entanto, verdade seja dita: Lula COLHEU os frutos do
Plano Real, plano este que ele chamou de “estelionato eleitoral”, quando da
campanha de 1994.
O autor parece que é um cabra muito bonito, visto que faz questão de
enfatizar os supostos “defeitos” físicos de todos os presidentes. Também adora
mostrar as puladas de cerca dos chefes do executivo. Tenta trazer as páginas de
seu livro a vida íntima deles.
Mas o que causou malefícios ao país? Os adultérios de nossos
presidentes, ou as suas roubalheiras públicas? O que é mais vergonhoso?
Quanto aos militares no poder, o autor não nutre nenhuma simpatia.
Foram verdadeiras vergonhas nacionais, desde Castelo Branco a João Figueiredo.
Poucos foram os presidentes que prestaram, para Schimitd. Prudente de
Morais, Nilo Peçanha, Venceslau Brás, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e
FHC. Ele exalta o parlamentarismo dos tempos de Dom Pedro II, que foi superior
a todo o nosso período republicano.
Abaixo, citarei apenas algumas coisinhas que o autor escreveu sobre os
presidentes. Não citarei sobre todos.
Floriano Peixoto, segundo presidente do Brasil (1891-1894), quis
proibir o carnaval em fevereiro, passando a festa para junho.
"Como
bom autocrata, Peixoto, queria regular todos os aspectos da sociedade, não só o
econômico — tabelando preços de alimentos e congelando aluguéis —, mas também o
cultural, determinando que, em 1892, o Carnaval fosse transferido para junho.
Sua justificativa era que os grandes ajuntamentos dos bailes e desfiles no
verão aumentavam o risco de epidemias, por sinal muito recorrentes na época. O
povo, que não esboçara reação diante da queda do Império nem dos desmandos de
seus despóticos presidentes, prorrompeu em protestos contra a mudança da data
de seu folguedo favorito. 'O governo não quer que o povo se divirta',
queixava-se um leitor no jornal O Combate, 'não há mais alegria! Não há mais
divertimento! Não há mais amor! Não há mais Carnaval! Não há mais
mulheres!'" P. 30-31.
Campo Sales (quarto presidente 1898-1902) fez um governo tão lixo, que
na sua despedida da presidência foi escorraçado pela população.
“Tão
gigantesca era sua impopularidade que, em gritante contraste com a apoteose da
despedida de Prudente de Morais [terceiro presidente (1894-1898)], Campos Sales
foi embora do Catete sob uma chuva de vaias e legumes podres. Quase toda a
brigada policial precisou ser mobilizada para protegê-lo até a estação
ferroviária. As janelas do seu trem foram apedrejadas e os xingamentos
enraivecidos o perseguiram sem trégua por todo o infindável trajeto até o
portão de sua casa em Campinas.” P. 50.
Como é regra na história na presidência de nosso país, Hermes da
Fonseca, oitavo presidente (1910-1914), fez um péssimo governo. Talvez o pior
presidente da República Velha. O Jornal Correio da Manhã de 15 de novembro de
1914, assim resume o seu mandato:
“Não
haverá, por certo, em toda a história política do Brasil, lembrança de um
governo que deixe o poder tão amaldiçoado, nem de um chefe de governo que saia
da sua posição tão coberto pelo descrédito, pela cólera do povo e até,
ultimamente, pelo ridículo. Por isso, a manhã do dia de hoje é como uma aurora
de esperanças e a atmosfera que respiramos nos dá a ideia de ser mais
oxigenada. Dir-se-ia que éramos cativos e reconquistamos a liberdade. O lixo da
situação miserável que nos aniquilou vai, portanto, ser varrido. Façamos ao
marechal Hermes, depois do balanço da sua obra, uma apoteose da vassoura.” P. 92.
A "brilhante" participação do Brasil na Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), no governo de Venceslau Brás, nono presidente:
“No ano
de 1917, após ter três navios postos a pique por esquadras alemãs, o Brasil
saiu de sua neutralidade e declarou guerra ao Segundo Reich em outubro. Por
todo o país criou-se um clima de euforia patriótica e apoio à ‘gloriosa atitude
brasileira de apoiar os Aliados’. O escritor Monteiro Lobato denunciou esse
nacionalismo guerreiro como uma forma de desviar a atenção dos brasileiros dos
verdadeiros problemas nacionais, como a precariedade da saúde pública e o
'caráter antidemocrático do governo presidencialista, que não dava poderes à
Câmara e ao Senado, verdadeiros governantes das democracias parlamentares'.
Outros,
no entanto, criticavam o governo por demorar em enviar tropas brasileiras à
Europa, chamando o presidente de indeciso. A verdade é que Venceslau não via
vantagem alguma para o Brasil nessa aventura. Por fim, incapaz de contemporizar
por mais tempo, enviou reforços rumo ao conflito. Durante a viagem, os
marinheiros confundiram um cardume de golfinhos com um submarino alemão e
abriram fogo contra os pobres cetáceos, episódio imortalizado com o nome de
Batalha das Toninhas. Foi a única que os brasileiros travaram: chegando a
Gibraltar, em 11 de novembro, a I Guerra Mundial havia terminado.” P. 98-99.
Epitácio Pessoa, 11º presidente, como de praxe, foi um corrupto que
espoliou a nação, e também era racista.
“[Quando]
presidente, vetou a participação de futebolistas negros na seleção que
disputaria o Campeonato Sul-Americano, em 1921.
[...]
Ao
contrário do antecessor Venceslau Brás, não teve o menor escrúpulo em usufruir
dos recursos públicos; a imprensa o acusava de ser um cabide de empregos. De
fato, Epitácio recebia uma pequena fortuna em salários e aposentadorias pagos
pelo contribuinte, como professor da Faculdade do Recife, em férias vitalícias,
ministro aposentado do Supremo, senador e juiz da Corte Internacional de Haia.
No exterior, recebia duas ajudas de custo, uma pela Corte e outra, ilegal,
através de verba secreta do Itamarati. Também ganhou rios de dinheiro como
advogado de empresas estrangeiras em processos contra o Brasil. Segundo um
embaixador inglês ao Foreign Office, Pessoa estava ‘sempre pronto, em troca de
vantagens pessoais, a colocar seus grandes conhecimentos jurídicos a serviço
das corporações britânicas em dificuldades com as leis brasileiras’.” P. 110-111.
Getúlio Vargas, 14º (1930-1945) e 16º (1951-1954) presidente, foi o
melhor homem do executivo que tivemos.
“Toda
revolução é seguida por uma ditadura instaurada sob o pretexto, suposto ou
sincero, de consolidá-la, e que, via de regra, acaba por trair seus princípios
mais idealísticos. Foi assim com as revoluções francesa, russa, cubana. E com a
brasileira. Elevado ao poder supremo por uma revolução, Getúlio Vargas, único
civil brasileiro a se tornar ditador, transformou o país como homem nenhum já
fez, antes ou depois. Não somente graças às suas inquestionáveis qualidades
como estadista, mas também ao longo tempo que ficou no poder, foi o melhor de
todos os presidentes do Brasil, a ponto de dar nome ao período que constituiu
um divisor de águas na nossa história. Seu desserviço aos valores democráticos,
contudo, foi proporcional à sua contribuição em tudo o mais.” P. 138.
Sobre o presidente que construiu Brasília:
"[Os
cinco anos de Juscelino Kubitschek na presidência (1956-1961)] foi um
interlúdio de democracia, honradez e eficiência no meio dos 130 anos de
autoritarismo, corrupção e incompetência da história republicana
brasileira". P. 188.
João Goulart, presidente (1961-1964), foi o mais tarado chefe do
executivo que tivemos. O cara era um pegador de domésticas e prostitutas.
“Ainda
adolescente, engravidou uma empregada de 16 anos, expulsa de casa pela família
Goulart. O filho, Noé, foi criado por outra família e, em 1977, requereu na
justiça, com sucesso, parte dos bens de Jango. Em 43, outra empregada da
família, Laires de Lencina, ficou grávida de Jango. Também expulsa da fazenda,
teve uma filha, que acabou criada pela irmã, Juraci, esposa de Gregório
Fortunato, o Anjo Negro de Getúlio Vargas.
Matriculado
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, interessava-se apenas por futebol
e pelos prostíbulos da capital gaúcha. Em um deles contraiu sífilis, que lhe
afetou o joelho esquerdo, dificultando a sua locomoção e impedindo-o de jogar
futebol. Jango sempre atribuiu sua leve claudicação a um coice de cavalo.
[...]
Quando
secretário de Justiça, continuava assíduo dos lupanares de Porto Alegre, a tal
ponto que seu assessor precisava levar os processos da Secretaria ao bordel
favorito de Jango, o Cabaré da Mônica.
[...]
Quanto às
infidelidades de Jango, nem ele mesmo se dava ao trabalho de negá-las.
— Você
vai ser a primeira em tudo, vai ser sempre a primeira mulher — disse à noiva,
com seu carregado sotaque gaúcho —, mas não vai me proibir de sair à noite.
Ela
relembrou em uma entrevista, quarenta anos depois, que ‘não houve uma vedete do
Carlos Machado que o Jango não tivesse comido... sem contar a paixão pelo jogo,
pelo turfe e pelo álcool’.” P. 216, 217.
Sobre a Ditadura Militar:
“Esses
cinco ditadores [presidentes da ditadura militar (1964-1985)] — todos oriundos
do Colégio Militar de Porto Alegre, fundado por Júlio de Castilhos — não
somente governaram por meio de arbítrio e acentuada violência, mas também
governaram muito mal, pois adotaram a política udenista de total sujeição ao
capital externo aliada a um desenvolvimentismo que privilegiava obras
faraônicas, os quais produziram, durante o governo Médici, um curto e ilusório
“milagre econômico” seguido, a médio e longo prazo, de um endividamento externo
monstruoso e uma bola de neve inflacionária que só derreteu vinte anos depois
sob o sol do Plano Real.
[...]
Tacanhos,
de escassa cultura, parca nobreza de caráter, provincianos e com limitado
entendimento de tudo o que ocorria no mundo fora de seus quartéis, os
generais-presidentes condenaram o país a uma indigência cultural equivalente à
material, impondo a censura, reprimindo intelectuais e artistas, contribuindo
para que o cinema nacional, promissor no início da década de 60, degenerasse em
fábrica de pornochanchadas, e que o principal produto da cultura brasileira
fosse a telenovela.” P. 226.
Sobre o presidente playboy e macumbeiro:
“[...]
Collor [presidente (1990-1992)] fez algumas coisas boas pelo país. Iniciou,
ainda que timidamente, o processo de privatizações de estatais dispendiosas,
verdadeiros cabides de emprego e focos de corrupção; enxugou a máquina pública
suprimindo ministérios, autarquias e fundações, demitiu funcionários fantasmas
e reduziu restrições à importação. Infelizmente, porém, o seu Plano Collor I
revelava-se um fracasso. Por falta de dinheiro em circulação, os preços haviam
caído, mas a produção também. A economia ficou estagnada, o Brasil entrou em
recessão, com altos níveis de desemprego... e a inflação ressurgiu. O Plano
Collor II foi igualmente ineficaz, e a inflação voltou a subir em maio de 91,
chegando a 20%”. P. 261.
Palavras de Dilma Rousseff, sobre FHC:
“O
acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano
duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente
para a consolidação da estabilidade econômica.” P. 273.
A ironia:
“Em seus
dois mandatos [de FHC], quase 600 mil famílias de agricultores sem-terra foram
assentadas, mais que o dobro do total nas três décadas precedentes, e em
quantidade bem maior que nos dois subsequentes governos esquerdistas”. P. 278.
Lula foi um zoófilo! Perdeu o cabaço com um animal. Foi com um
cachorro? Com um jumentinho? Com uma burrinha? Só o barbudo sabe.
“Segundo
outra história contada por ele — e nesta podemos crer, pois não é do tipo que
rende dividendos políticos, muito pelo contrário —, Lula, ainda menino, perdeu
a virgindade com um animal, embora não saibamos de qual espécie. Como ele mesmo
conta, ‘Um moleque, naquele tempo, com 10, 12 anos, já tinha experiência sexual
com animais... A gente fazia muito mais sacanagem do que a molecada faz hoje. O
mundo era mais livre.’ Nota-se que, já em 1979, o ano dessa entrevista que deu
à revista Playboy, Lula cultivava o famoso hábito de atribuir a todo mundo seus
próprios desvios.” P. 288.
Dedo no cu:
“[Lula]
orgulhoso não só da própria ignorância e primitivismo, mas também de sua
escatológica falta de educação, disse uma vez à sua ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva: — Marina, essa coisa de meio ambiente é igual a um exame de
próstata. Não dá para ficar virgem toda a vida. Uma hora eles vão ter que
enfiar o dedo no cu da gente. Companheira, se é para enfiar, é melhor enfiar
logo.” P. 294-295.