KUBLER-ROSS, Elisabeth. A Morte: Um Amanhecer. 14º ed. São Paulo:
Pensamento-Cultrix, 2013.
Elisabeth Kübler-Ross foi uma Médica especialista e pioneira em tratar
pessoas em fases terminais, incluindo crianças com câncer. O reconhecimento de
sua obra é amplamente conhecido no mundo da Medicina. Diante da sua lida diária
com a morte, ela acabou tendo contato com milhares e milhares de casos de
pessoas que tiveram a Experiência de Quase-Morte (EQM), e este é um dos
assuntos tratados neste livro.
“Estudamos
vinte mil casos de pessoas ao redor do mundo que, depois de terem sido
declaradas clinicamente mortas, voltaram a viver.” P. 10.
Numa experiência fora do corpo num leito de hospital, o paciente mesmo
estando em coma profundo, pode ver e ouvir tudo que se passa na sala de
cirurgia.
“Você
compreende exatamente o que todos estão dizendo, pensando e fazendo.” P. 13.
"Muitas
pessoas, quando submetidas a cirurgias, passam pela experiência de sair do
corpo físico e podem, inclusive, observar o trabalho feito pelo
cirurgião." P. 14.
Pessoas deficiente físicas que tiveram uma EQM relatam que quando
estiveram fora do corpo, suas limitações físicas já não existiam. Se eram
cegas, passaram a ver, se não podiam andar, isso já não era problema.
Naturalmente quando voltam aos seus corpos, suas deficiências estão lá.
“[...] a
pessoa perceberá que voltou a ter uma saúde perfeita. Se era cega, poderá voltar
a enxergar. Se era surda ou muda, poderá ouvir ou falar novamente. Alguns
pacientes meus com esclerose múltipla, que dependem de cadeiras de rodas para
se locomover e que têm dificuldade para se expressar, ao voltar de suas
experiências de quase-morte dizem exultantes: ‘Dra. Ross, consegui dançar de
novo.’ E existem milhares de pacientes em cadeiras de rodas que, nesse segundo
estágio, podem finalmente voltar a dançar. Evidentemente, quando voltam à
vida, seu corpo está doente como antes.” P.
14-15.
Kübler-Ross tem plena ciência de que os seus pares não estão inclinados
em acreditar nos relatos de EQM. Falta-lhes modéstia.
“Os
Cientistas carecem de humildade. Temos de ter humildade para aceitar que há
milhões de coisas que não podemos compreender, mas que nem por isso deixam de
existir, de ser ver dadeiras.” P. 13.
“Muitos
de meus colegas céticos dizem: ‘Esses casos podem ser considerados como
projeções da racionalização de um desejo’.” P.
15.
Kübler-Ross mostra ter uma visão espírita da vida, falando com
convicção sobre o que acontece após a morte. Na verdade, a morte não existe,
diz ela.
“[...] a
morte do corpo humano é um processo idêntico ao que ocorre quando uma borboleta
deixa o casulo. O casulo pode ser comparado ao corpo humano, mas não é idêntico
ao seu eu real, pois é apenas uma morada temporária. Morrer é como mudar-se de
uma casa para outra mais bonita — simbolicamente comparando.” P. 11.
“Mas o
meu verdadeiro trabalho, e é por isso que preciso da sua ajuda, é dizer às
pessoas que a morte não existe. E muito importante que a humanidade saiba
disso, pois estamos no início de tempos muito difíceis.” P. 48-49.
“Um modo
de não sentir medo é saber que a morte não existe, que tudo nesta vida tem um
propósito positivo. Afaste-se de toda negatividade e comece a encarar a vida
como um desafio, uma forma de testar seus recursos interiores e sua força.” P. 49.
“Temos
centenas de casos, da Austrália à Califórnia, e todos têm um denominador comum.
Todas as pessoas envolvidas têm plena consciência de ter deixado o corpo físico
e de que a morte, como a entendemos em linguagem científica, na realidade não
existe. A morte nada mais é do que o abandono do corpo físico, assim como a
borboleta abandona o casulo. E uma transição para um estado de consciência mais
amplo, no qual você continua a perceber, a entender, a sorrir e pode continuar
se desenvolvendo. A única coisa que você perde é algo de que não necessita
mais, ou seja, o seu corpo físico.” P.
39-40.
Sabe aquela historinha de que temos um anjo da guarda, um guia
espiritual... Pois é, segundo ela, isso não é conto de fadas.
“Existem
provas de que todos os seres humanos, do nascimento até a morte, são guiados
por uma entidade espiritual. Todos têm esse guia, acredite você ou não. Não
importa se você é judeu, católico ou se pertence a alguma outra religião, pois
esse amor é incondicional. E por isso que todos recebem como presente esse guia
espiritual.” P. 17-18.
Numa EQM o mundo do lado de lá é muito melhor e mais completo que este.
“Nenhum
dos pacientes que passaram pela experiência fora do corpo continuou a ter medo
da morte. Nenhum, dentre todos os nossos casos. Além disso, muitos de nossos
pacientes disseram que, além do sentimento de paz e de serenidade que sentiram
e do conhecimento de poderem perceber os outros sem serem percebidos, sentiram
também um sentimento de inteireza. Com isso queremos dizer que alguém que tenha
perdido uma perna em um acidente de automóvel pode ver essa perna jogada na
estrada mas, ao sair do corpo físico, tem ambas as pernas. Uma de nossas
pacientes ficou cega por ocasião da explosão de um laboratório e, no momento em
que se viu fora do corpo físico, foi capaz de descrever o acidente todo, bem
como todas as pessoas que foram arremessadas para fora do laboratório. Quando
voltou à vida, estava totalmente cega novamente. Isso pode ajudá-lo a entender
por que muitos desses pacientes se ressentem dos artifícios usados para
trazê-Ios de volta: é que se encontram num lugar muito mais bonito e perfeito
do que a vida que levavam.” P. 40.
Quem nos esperam do outro lado?
“Em
geral, as pessoas que nos esperam do outro lado são as que mais nos amaram. São
sempre as primeiras que encontramos. No caso de crianças muito pequenas — de
dois ou três anos, por exemplo — cujos avós, pais e todos os demais familiares
conhecidos ainda se encontram na Terra, geralmente são os anjos da guarda, Jesus
ou outra figura religiosa que as recebem. Nunca deparei com uma criança protestante
que tivesse visto a Virgem Maria em seus últimos minutos de vida, como acontece
com muitas crianças católicas. Não é questão de discriminação; simplesmente
você é recebido pelos que são mais importantes para você.” P. 18-19.
Em alguns momentos achei suas falas um pouco exageradas. Esperava bem
mais deste livro. Mas as EQM são um fenômeno que parece pôr em cheque a visão
naturalista de que somos apenas matéria.