domingo, 30 de setembro de 2018

A Morte: Um Amanhecer



KUBLER-ROSS, Elisabeth. A Morte: Um Amanhecer. 14º ed. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2013.

Elisabeth Kübler-Ross foi uma Médica especialista e pioneira em tratar pessoas em fases terminais, incluindo crianças com câncer. O reconhecimento de sua obra é amplamente conhecido no mundo da Medicina. Diante da sua lida diária com a morte, ela acabou tendo contato com milhares e milhares de casos de pessoas que tiveram a Experiência de Quase-Morte (EQM), e este é um dos assuntos tratados neste livro.

“Estudamos vinte mil casos de pessoas ao redor do mundo que, depois de terem sido declaradas clinicamente mortas, voltaram a viver.” P. 10.

Numa experiência fora do corpo num leito de hospital, o paciente mesmo estando em coma profundo, pode ver e ouvir tudo que se passa na sala de cirurgia.

“Você compreende exatamente o que todos estão dizendo, pensando e fazendo.” P. 13.

"Muitas pessoas, quando submetidas a cirurgias, passam pela experiência de sair do corpo físico e podem, inclusive, observar o trabalho feito pelo cirurgião." P. 14.

Pessoas deficiente físicas que tiveram uma EQM relatam que quando estiveram fora do corpo, suas limitações físicas já não existiam. Se eram cegas, passaram a ver, se não podiam andar, isso já não era problema. Naturalmente quando voltam aos seus corpos, suas deficiências estão lá.

“[...] a pessoa perceberá que voltou a ter uma saúde perfeita. Se era cega, poderá voltar a enxergar. Se era surda ou muda, poderá ouvir ou falar novamente. Alguns pacientes meus com esclerose múltipla, que dependem de cadeiras de rodas para se locomover e que têm dificuldade para se expressar, ao voltar de suas experiências de quase-morte dizem exultantes: ‘Dra. Ross, consegui dançar de novo.’ E existem milhares de pacientes em cadeiras de rodas que, nesse segundo estágio, podem finalmente voltar a dançar. Evidentemente, quando voltam à vida, seu corpo está doente como antes.” P. 14-15.

Kübler-Ross tem plena ciência de que os seus pares não estão inclinados em acreditar nos relatos de EQM. Falta-lhes modéstia.

“Os Cientistas carecem de humildade. Temos de ter humildade para aceitar que há milhões de coisas que não podemos compreender, mas que nem por isso deixam de existir, de ser ver dadeiras.” P. 13.

“Muitos de meus colegas céticos dizem: ‘Esses casos podem ser considerados como projeções da racionalização de um desejo’.” P. 15.

Kübler-Ross mostra ter uma visão espírita da vida, falando com convicção sobre o que acontece após a morte. Na verdade, a morte não existe, diz ela.

“[...] a morte do corpo humano é um processo idêntico ao que ocorre quando uma borboleta deixa o casulo. O casulo pode ser comparado ao corpo humano, mas não é idêntico ao seu eu real, pois é apenas uma morada temporária. Morrer é como mudar-se de uma casa para outra mais bonita — simbolicamente comparando.” P. 11.

“Mas o meu verdadeiro trabalho, e é por isso que preciso da sua ajuda, é dizer às pessoas que a morte não existe. E muito importante que a humanidade saiba disso, pois estamos no início de tempos muito difíceis.” P. 48-49.

“Um modo de não sentir medo é saber que a morte não existe, que tudo nesta vida tem um propósito positivo. Afaste-se de toda negatividade e comece a encarar a vida como um desafio, uma forma de testar seus recursos interiores e sua força.” P. 49.

“Temos centenas de casos, da Austrália à Califórnia, e todos têm um denominador comum. Todas as pessoas envolvidas têm plena consciência de ter deixado o corpo físico e de que a morte, como a entendemos em linguagem científica, na realidade não existe. A morte nada mais é do que o abandono do corpo físico, assim como a borboleta abandona o casulo. E uma transição para um estado de consciência mais amplo, no qual você continua a perceber, a entender, a sorrir e pode continuar se desenvolvendo. A única coisa que você perde é algo de que não necessita mais, ou seja, o seu corpo físico.” P. 39-40.

Sabe aquela historinha de que temos um anjo da guarda, um guia espiritual... Pois é, segundo ela, isso não é conto de fadas.

“Existem provas de que todos os seres humanos, do nascimento até a morte, são guiados por uma entidade espiritual. Todos têm esse guia, acredite você ou não. Não importa se você é judeu, católico ou se pertence a alguma outra religião, pois esse amor é incondicional. E por isso que todos recebem como presente esse guia espiritual.” P. 17-18.

Numa EQM o mundo do lado de lá é muito melhor e mais completo que este.

Nenhum dos pacientes que passaram pela experiência fora do corpo continuou a ter medo da morte. Nenhum, dentre todos os nossos casos. Além disso, muitos de nossos pacientes disseram que, além do sentimento de paz e de serenidade que sentiram e do conhecimento de poderem perceber os outros sem serem percebidos, sentiram também um sentimento de inteireza. Com isso queremos dizer que alguém que tenha perdido uma perna em um acidente de automóvel pode ver essa perna jogada na estrada mas, ao sair do corpo físico, tem ambas as pernas. Uma de nossas pacientes ficou cega por ocasião da explosão de um laboratório e, no momento em que se viu fora do corpo físico, foi capaz de descrever o acidente todo, bem como todas as pessoas que foram arremessadas para fora do laboratório. Quando voltou à vida, estava totalmente cega novamente. Isso pode ajudá-lo a entender por que muitos desses pacientes se ressentem dos artifícios usados para trazê-Ios de volta: é que se encontram num lugar muito mais bonito e perfeito do que a vida que levavam.” P. 40.

Quem nos esperam do outro lado?

“Em geral, as pessoas que nos esperam do outro lado são as que mais nos amaram. São sempre as primeiras que encontramos. No caso de crianças muito pequenas — de dois ou três anos, por exemplo — cujos avós, pais e todos os demais familiares conhecidos ainda se encontram na Terra, geralmente são os anjos da guarda, Jesus ou outra figura religiosa que as recebem. Nunca deparei com uma criança protestante que tivesse visto a Virgem Maria em seus últimos minutos de vida, como acontece com muitas crianças católicas. Não é questão de discriminação; simplesmente você é recebido pelos que são mais importantes para você.” P. 18-19.

Em alguns momentos achei suas falas um pouco exageradas. Esperava bem mais deste livro. Mas as EQM são um fenômeno que parece pôr em cheque a visão naturalista de que somos apenas matéria.