OLIVEIRA, Ivan de. Pelagianismo e Semipelagianismo. São Paulo: Reflexão, 2016.
A Reflexão é uma editora relativamente nova no mercado editorial
religioso brasileiro, que vem investindo pesado na publicação de livros de
Teologia Arminiana. Ela conseguiu angariar um público fiel de consumidores
ávidos por uma Teologia diferente da teologia calvinista. Até então, eu pelo
menos, só tinha conhecimento de um site na internet (Arminianismo.com), que
estava realmente preocupado em divulgar as concepções doutrinárias de Jacó Armínio.
Agora temos uma infinidade enorme de obras que estão desmistificando,
desmentindo e corrigindo as distorções que se fizeram e se faz do pensamento de
Armínio e de seus seguidores.
Logicamente que os calvinistas estão odiando as publicações
quase mensais de livros arminianos. Editoras calvinistas já estão publicando
obras “refutando” as “heresias” de Armínio. Eles se acham os guardiões das
Doutrinas da Graça. Eu digo que são os guardiões das Doutrinas da DESgraça.
Fazendo jus a sua militância pró-Armínio, a Reflexão acaba de
publicar mais um livro sobre a temática do pensamento deste Teólogo.
Pelagianismo (Pelágio), Semipelagianismo (João Cassiano) e
Agostianismo (Agostinho) - três hermenêuticas que perpassam a história do
Cristianismo. Nesse livro, Ivan de Oliveira (Pós-Doutorando, Ph.D e Mestre em
Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie) faz as devidas
distinções entre esses três conceitos que surgiram nos primeiros séculos da
igreja cristã, contrastando com o pensamento do Teólogo Jacó Armínio, no século
XVI-XVII.
Pelágio ensinava que o homem pode adquirir a sua salvação sem “nenhuma”
ajudinha vinda do alto.
Uma informação importante é que só sabemos algo de Pelágio através
dos escritos condenatórios de seus inimigos. Tenho lá minhas dúvidas se o doido
de Hipona (Agostinho) retratou fielmente as idéias pelagianas.
“Não é tarefa simples apresentar uma biografia de Pelágio. Quase todas
as informações que temos a seu respeito derivam de seus opositores, sobretudo
de Agostinho de Hipona, Jerônimo e Paulo Osório.” P. 11.
Agostinho a partir de 417 de nossa era, dizia que o homem é
totalmente passivo quanto a sua salvação. Deus é quem tudo realiza.
João Cassiano dizia que o homem alcança a sua salvação com a ajudinha
de Papai do Céu, porém, o primeiro passo é o homem quem dá.
Bom, esses três noiados citados são dos séculos IV e V. Jacó
Armínio vem centenas de anos depois (1560-1609). Discordando das ideias de
Calvino, Beza e tantos outros reformados igualmente retardados, Armínio não
coadunou com a interpretação agostiniana-calvinista de que o homem é completamente
passivo em seu processo de redenção. Isso lhe rendeu e rende a acusação injusta
de que suas idéias refletem as velhas “heresias” de Pelágio ou Cassiano.
Na verdade, como bem mostra Oliveira, Armínio afirma em vários
trechos de suas obras que o homem é totalmente dependente de Deus, para que
possa obter a sua salvação e ir morar no paraíso na consumação de todas as coisas.
Portanto, ele não pode estar no rol dos “hereges” da cristandade. Sobretudo, quando
diz claramente, que se o Criador não intervir, o homem nada pode fazer para se
salvar. Por conseguinte, sua hermenêutica diferencia-se do
agostianismo-calvinismo, quando ela diz que o homem pode rejeitar livremente a oferta
de redenção do Criador. O homem pode decidir se aceita ou não a dádiva do
Criador em Cristo. Os atuais pimpolhos de Calvino só faltam arrancar os cabelos
com tal exposição. Que fiquem calvos.