Filme de primeira linha. História fantástica.
Idade Média, no século X na Inglaterra. Tempos sombrios para
quem ficasse doente. A ciência médica era paupérrima, limitada, amadora e
supersticiosa. Os barbeiros andarilhos (Médicos itinerantes) faziam coisas
triviais, como arrancar dentes, decepar membros, usar sanguessugas. Havia pouquíssimos conhecimentos sobre o corpo
humano, sobre as doenças, suas causas e tratamentos.
Um barbeiro, por nome Bader, perambulava de cidade em cidade,
oferecendo os seus serviços medicinais – ora fazendo algo de útil, ora dando
golpes nos pobres doentes. Um garoto órfão junta-se a ele, passando a ser seu
discípulo. O seu mestre quase fica cego, mas é curado por barbeiro judeu, que
diz ter aprendido várias técnicas cirúrgicas com o melhor Físico (Médico) do
planeta, que dá aulas no Oriente, a cerca de um ano de viagem da Inglaterra.
Rob, o protagonista do filme e pupilo do barbeiro pilantra,
resolve ir estudar com Ibn Sina, o grande Professor que “tudo” cura. Converte-se
malandramente em judeu, visto que na Pérsia, lugar para onde vai, cristãos não
são tolerados de forma alguma. Depois de muito esforço e grandes dificuldades, consegue
chegar em seu destino, sendo aceito para ouvir e aprender as técnicas do grande
Físico.
Os problemas logo começam a aparecer. Primeiro, a peste
negra que invade a cidade, trazida pelos seljúcidas, grupo de muçulmanos
fanáticos e extremos, que não toleram os infiéis e nem os próprios seguidores do
islã, que consideram relapsos. A peste negra causa muitas mortes, caos e
alvoroço na cidade. Rob descobre que as pulgas alojadas nos ratos são as
verdadeiras transmissoras da doença. Com esse novo conhecimento adquirido, ele,
Ibin Sina, e seus colegas da escola de Medicina, conseguem acabar com a peste,
pondo fim as mortes, que estavam acontecendo as dezenas todos os dias.
Rob ganha destaque diante de seu mentor, e questiona os
ensinamentos engessados do próprio mestre. Sugere que os corpos sejam abertos,
para que possam ser estudados. É aí, que a coisa complica. As três religiões
monoteístas proíbem sob a pena de morte, a abertura de um corpo humano. Para eles,
é o pecado da necromancia.
Nesse momento, não há como não associar o atraso medicinal e
científico daquele momento histórico, ao fanatismo religioso. Teria o filme
esse objetivo? Por causa de pudores metafísicos baseados em tradições puramente
humanas, não se podia avançar nos conhecimentos médicos e, assim, melhorar a
vida das pessoas. A religião frequentemente tem esse histórico negativo em suas
páginas. O corpo humano só pôde ser explorado de fato, a partir do século XV,
devidos as proibições ridículas da igreja católica, que até hoje continua a
fazer discursos ilegítimos contra certas pesquisas e práticas médicas.
Rob pega escondido o corpo de um velho morto, abre-o e
começa a anotar e desenhar o que vê. É preso e condenado a morte. O rei da
cidade, livra-o. Quando os fanáticos seljúcidas estão para atacar a cidade e
matar os infiéis, em conluio com um mulá (chefe espiritual muçulmano) que
habita a cidade, o rei é acometido pela misteriosa “doença do lado”. Enfermidade
que perpassa o filme do começo ao fim. Rob, Ibn Sina e um aluno judeu, graças ao
conhecimento adquirido pela “necromancia” de Rob, extirpam a “doença do lado”
do rei. Tal doença não é nada mais, nada menos, que a incômoda apendicite, que
se não tratada logo, mediante uma cirurgia banal, leva a pessoa a morte.
De qualquer forma, os seljúcidas invadem a cidade e a tomam
para si. O fanatismo e obscurantismo religioso, pelo menos nessa cidade,
venceu. Rob foge e abre um próspero hospital em Londres.
É um ótimo filme, que pode trazer discussões amplas e
importantes reflexões.
Link dele completo no Youtube:
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