quarta-feira, 31 de maio de 2017

O Físico


Filme de primeira linha. História fantástica.

Idade Média, no século X na Inglaterra. Tempos sombrios para quem ficasse doente. A ciência médica era paupérrima, limitada, amadora e supersticiosa. Os barbeiros andarilhos (Médicos itinerantes) faziam coisas triviais, como arrancar dentes, decepar membros, usar sanguessugas.  Havia pouquíssimos conhecimentos sobre o corpo humano, sobre as doenças, suas causas e tratamentos.

Um barbeiro, por nome Bader, perambulava de cidade em cidade, oferecendo os seus serviços medicinais – ora fazendo algo de útil, ora dando golpes nos pobres doentes. Um garoto órfão junta-se a ele, passando a ser seu discípulo. O seu mestre quase fica cego, mas é curado por barbeiro judeu, que diz ter aprendido várias técnicas cirúrgicas com o melhor Físico (Médico) do planeta, que dá aulas no Oriente, a cerca de um ano de viagem da Inglaterra.

Rob, o protagonista do filme e pupilo do barbeiro pilantra, resolve ir estudar com Ibn Sina, o grande Professor que “tudo” cura. Converte-se malandramente em judeu, visto que na Pérsia, lugar para onde vai, cristãos não são tolerados de forma alguma. Depois de muito esforço e grandes dificuldades, consegue chegar em seu destino, sendo aceito para ouvir e aprender as técnicas do grande Físico.

Os problemas logo começam a aparecer. Primeiro, a peste negra que invade a cidade, trazida pelos seljúcidas, grupo de muçulmanos fanáticos e extremos, que não toleram os infiéis e nem os próprios seguidores do islã, que consideram relapsos. A peste negra causa muitas mortes, caos e alvoroço na cidade. Rob descobre que as pulgas alojadas nos ratos são as verdadeiras transmissoras da doença. Com esse novo conhecimento adquirido, ele, Ibin Sina, e seus colegas da escola de Medicina, conseguem acabar com a peste, pondo fim as mortes, que estavam acontecendo as dezenas todos os dias.

Rob ganha destaque diante de seu mentor, e questiona os ensinamentos engessados do próprio mestre. Sugere que os corpos sejam abertos, para que possam ser estudados. É aí, que a coisa complica. As três religiões monoteístas proíbem sob a pena de morte, a abertura de um corpo humano. Para eles, é o pecado da necromancia.

Nesse momento, não há como não associar o atraso medicinal e científico daquele momento histórico, ao fanatismo religioso. Teria o filme esse objetivo? Por causa de pudores metafísicos baseados em tradições puramente humanas, não se podia avançar nos conhecimentos médicos e, assim, melhorar a vida das pessoas. A religião frequentemente tem esse histórico negativo em suas páginas. O corpo humano só pôde ser explorado de fato, a partir do século XV, devidos as proibições ridículas da igreja católica, que até hoje continua a fazer discursos ilegítimos contra certas pesquisas e práticas médicas.

Rob pega escondido o corpo de um velho morto, abre-o e começa a anotar e desenhar o que vê. É preso e condenado a morte. O rei da cidade, livra-o. Quando os fanáticos seljúcidas estão para atacar a cidade e matar os infiéis, em conluio com um mulá (chefe espiritual muçulmano) que habita a cidade, o rei é acometido pela misteriosa “doença do lado”. Enfermidade que perpassa o filme do começo ao fim. Rob, Ibn Sina e um aluno judeu, graças ao conhecimento adquirido pela “necromancia” de Rob, extirpam a “doença do lado” do rei. Tal doença não é nada mais, nada menos, que a incômoda apendicite, que se não tratada logo, mediante uma cirurgia banal, leva a pessoa a morte.

De qualquer forma, os seljúcidas invadem a cidade e a tomam para si. O fanatismo e obscurantismo religioso, pelo menos nessa cidade, venceu. Rob foge e abre um próspero hospital em Londres.

É um ótimo filme, que pode trazer discussões amplas e importantes reflexões. 

Link dele completo no Youtube:

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