terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Filmes Vistos (16)


Um filme que a crentaiada certamente não irá gostar. Resumindo: um crente tenta convencer um ateu de que Deus existe. Ambos se chateiam um com o outro, por suas visões antagônicas. O ateu passar a traçar a mulher do crente. Este fica sabendo da traição de sua esposa, e trama um plano maléfico para matar os dois, pensando estar plenamente "santificado, legitimado e justificado" diante de Deus, para fazer tal coisa. A última parte termina com uma cena, que fará muitos crentes chorarem de raiva. Aprovado, recomendado.


"É irônico como os brancos nos odeiam tanto, sendo que tantos deles foram criados por mulheres negras."

Filme ambientando na década de 1960. Sabe, aquele período turbulento no tio Sam, quando pessoas de "cor" estavam lutando pela plena igualdade civil, numa terra de racistas, onde não poucos enricaram ás custas deles? 

Filme leve e gostoso de se ver, apesar de retratar os maus tratos de um pai pela filha e de brancos espancando negros, por estes estarem ocupando os seus lugares de direito naquela sociedade. 

Uma menina branca chamada Lily, por acidente, ainda muito criança, com uma arma mata a própria mãe, quando esta estava sendo espancada pelo marido. Ela cresce sem o amor de seu pai, que tem uma indiferença enorme por ela, e ainda mente, dizendo que a mãe dela não a amava e os abandonou. 

Depois que a empregada doméstica negra (Rosaleen) deles é espancada na rua, por homens brancos, Lily foge com ela, sem rumo, chegam a uma cidade, e são acolhidas com muita hospitalidade numa casa de três negras. Lily passa a ser aprendiz no apiário (criação de abelhas). 

Uma linda história de amor, compaixão e companheirismo, surge nesse lar. 

Obra belíssima.


História real que conta a trajetória de um solista (tocador de violoncelo) diagnosticado com esquizofrenia, que devido ao seu sério problema de saúde mental, vira mendigo nas ruas de Los Angeles, até que um jornalista (O Homem de Ferro) do Los Angeles Times, observando o seu exímio talento musical, se interessa em ajudá-lo. Surge uma bonita e conturbada amizade entre os dois, com o Tony Stark fazendo de tudo para que ele saia das ruas. Mas será uma tarefa difícil. História bonita. Gostei. 


"Pode parecer estranho, mas o assassinato e estupro [cometido por um serial killer] indicam que o assassino pode ter [tido] relações sexuais com o cadáver, sem se importar se passou um ano. A decomposição e até mesmo os vermes podem excitá-lo." -Ted Bundy, serial killer.

Perturbador! Esta é a conclusão mais adequada a este filme. Talvez não seja exagero dizer, como muitos sites falam, que é o filme de terror mais sombrio já feito. Se não for, com certeza está entre os primeiros. Um terror psicológico cruel! É o desespero da aflição - é a aflição do desespero.


Complexo, ritmo lento, quase parando, me deu sono... Várias interpretações podem ser dadas ao que o diretor e autor, quiseram passar.. Em muitos momentos, tive a impressão (acho que estou errado) que este filme incentiva o tipo de relação que mostra (se for isso mesmo, lamentável). De todo modo, em certa medida, já vivemos a realidade que esta película mostra. Novas relações estão surgindo com a proximidade tão intensa que temos com a tecnologia "internética". No caso da película em questão, relações amorosas com sistemas operacionais. O Japão está vivendo isso há algum tempo já, com jovens que "preferem" namorar personagens virtuais a mulheres de carne e osso. Bizarro? Bizarro sim, causa-nos estranhamento. Mas a vida é assim, dinâmica, "nada do que foi será...". Cada vez mais amamos a humanidade, e odiamos as pessoas, assim como o Filósofo Rousseau. Ou sei lá, sempre fomos assim, e a tecnologia só está escancarando isso.

O Grande Projeto


HAWKING, Stephen; MLodinow, Leonard. O Grande Projeto. São Paulo: Nova Fronteira, 2011. (PDF).

“Este livro tem suas raízes na noção de determinismo científico, o que implica [...] que não existem milagres, ou exceções às leis da natureza.” P. 21.

Dois Físicos proeminentes, Hawking (Professor de Matemática na Universidade de Cambridge) e Mlodinow (Ph.D em Física na Universidade da Califórnia), escreveram este livro para apresentarem a sua resposta científica (eu diria metafísica) a estas perguntas:

“EXISTIMOS, CADA UM DE NÓS POR UM CURTO PERÍODO e neste período exploramos apenas uma pequena parte de todo o universo. Mas os humanos são uma espécie curiosa. Nós nos perguntamos, procuramos respostas. Viver nesse vasto mundo que é ao mesmo tempo gentil e cruel, e olhar para o imenso céu acima, as pessoas sempre fizeram muitas perguntas: Como podemos entender o mundo em que nos encontramos? Como o universo se comporta? Qual é a natureza da realidade? De onde veio tudo isso? O universo precisou de um criador? A maioria de nós não gasta muito tempo preocupando-se com essas questões, mas quase todos nos preocupamos com elas uma parte do tempo.” P. 05.

Na mesma página, vem o primeiro vacilo deles:

“[...] a filosofia está morta. A filosofia não tem acompanhado a evolução da ciência moderna, particularmente da física. Os cientistas se tornaram os portadores da tocha da descoberta, em nossa busca pelo conhecimento”. P. 05.

Quanta besteira, quanto ao enunciado de que a “filosofia está morta”! Este livro é um amontoado de afirmações metafísicas. Impressiona que dois Físicos do quilate do Hawking e Mloding digam um impropério destes. Para fazer Ciência todos de modo consciente ou inconsciente, vão munidos de pressupostos filosóficos.  

Ainda na mesma página, mostram que a visão legada do senso comum foi sendo solapada pelas descobertas no campo da Física. Aquilo que pensávamos ser uma realidade dada e fácil de perceber com os nossos olhos e outros sentidos, revelou-se inadequada.

“Até o advento da física moderna, em geral se pensava que todo o conhecimento do mundo poderia ser obtido através da observação direta, que as coisas são o que parecem ser, como são percebidas através de nossos sentidos. Mas o sucesso espetacular da física moderna, [...] que se choca contra a experiência do dia-a-dia, mostrou que não é esse o caso. A visão ingênua da realidade, portanto, não é compatível com a física moderna”. P. 06.

Para responder as perguntas iniciais, citadas lá em cima, eles propõem, o que chamam de teoria-M, uma espécie de modelo quântico que engloba várias teorias da Física concordantes entre si, em substituição a velha Teoria de Tudo, que os Físicos sonham em formular. Nessa teoria-M, o universo em que vivemos é apenas um entre milhares de milhares de milhares; surgimos do nada; e um Ser superior é totalmente descartado.

“Descreveremos como a teoria-M pode oferecer respostas à questão da criação. De acordo com a teoria-M, o nosso não é o único universo. Ao invés disso, a teoria-M prevê que um grande número de universos foram criados a partir do nada. Sua criação não exige a intervenção de algum ser sobrenatural ou um deus. Pelo contrário, estes múltiplos universos surgem naturalmente da lei física. Eles são uma previsão da ciência. Cada universo tem muitas histórias possíveis e muitos estados possíveis em momentos posteriores, ou seja, em momentos como o presente, muito tempo depois de sua criação. A maioria desses estados será muito diferente do universo que observamos e bastante inadequada para a existência de qualquer forma de vida. Apenas alguns poucos permitiriam a existência de criaturas como nós. Assim, nossa presença seleciona a partir desta vasta série apenas aqueles universos que são compatíveis com nossa existência. Apesar de sermos fracos e insignificantes na escala do cosmos, isto faz de nós em certo sentido os senhores da criação.

Para compreender o universo no nível mais profundo, precisamos saber não só como o universo se comporta, mas por quê.

1. Por que existe algo ao invés de nada?

2. Por que existimos?

3. Por este conjunto específico de leis e não algum outro?

Esta é a Questão Fundamental da Vida, do Universo e de Tudo.” P. 08.

O que me surpreendeu foi o suposto pós-modernismo dos autores. A citação a seguir falar por si mesma:

"O realismo dependente de modelo pode fornecer um quadro para discutir questões como: Se o mundo foi criado há um tempo finito, o que aconteceu antes daquilo? Um filósofo cristão, Santo Agostinho (354-430), disse que a resposta não era que Deus estava preparando o inferno para as pessoas que fazem tais perguntas, mas que o tempo era uma propriedade do mundo que Deus criou, e que o tempo não existia antes da criação, que ele acreditava tinha ocorrido não fazia muito tempo. Esse é um modelo possível, que é favorecida por aqueles que sustentam que a explicação dada no Gênesis é literalmente verdadeira, embora o mundo contenha evidências fósseis e outras evidências que o fazem parecer muito mais velho. (Eles foram colocados ali para nos enganar?) Pode-se também ter um modelo diferente, em que o tempo volta 13,7 bilhões anos até o big bang. O modelo que explica mais sobre nossas observações atuais, incluindo as provas históricas e geológicas, é a melhor representação que temos do passado. O segundo modelo pode explicar os registros fósseis e radioativos e o fato de que recebemos a luz de galáxias milhões de anos-luz longe de nós e, portanto, este modelo - a teoria do Big Bang – é mais útil que o primeiro. Ainda assim, não se pode dizer que qualquer um dos modelos é mais real que o outro." P. 30.

Mas não nos enganemos, para eles, de maneira contraditória, visto que até especulam que podemos ser meras personagens de computador, evocando o filme Matrix, não há Deus.

“Nosso universo e suas leis parecem ter um design que é ao mesmo tempo feito sob medida para nos apoiar e, se quisermos existir, deixa pouco espaço para alterações. [...] Muitas pessoas gostariam que usássemos essas coincidências como prova do trabalho de Deus. [...] Mas, assim como Darwin e Wallace explicaram como o projeto aparentemente miraculoso de formas de vida podia aparecer sem intervenção de um ser supremo, o conceito de multiverso pode explicar o ajuste fino das leis físicas sem a necessidade de um criador benevolente que fez o universo em nosso benefício”. P. 96, 97.

As leis da física já atuavam no início do universo, tal como a lei da gravidade, e assim, tudo surgiu do nada.

“Porque existe uma lei como a gravidade, o universo pode e se criará partir do nada [...]. A criação espontânea é a razão pela qual existe algo ao invés de nada, por que o universo existe e por que nós existimos. Não é necessário invocar Deus para iluminar o papel de toque azul, e colocar o universo em movimento”. P. 105.

Os autores também defendem o determinismo químico e biológico de nosso comportamento. Não temos livre arbítrio. Somos o que somos, por causa do que acontece no “invisível” nível molecular. Não existe liberdade de NADA. Eles chegaram aonde chegaram em suas interpretações sobre o universo, não por uma liberdade intelectual em perscrutá-lo, mas porque as células em ebulição de seus corpos e o meio ambiente determinaram o que eles acham que é a história ou histórias do universo.

Por diversas vezes, me deparei com páginas e mais páginas, das quais não entendi bulhufas. O livro é direcionado ao majoritário público leigo, mas não consegue ser atrativo em sua maior parte. Talvez, por mais que os Físicos simplifiquem os intricados e complexos fenômenos da Física, chega um momento que não dá para facilitar mais.