sexta-feira, 19 de maio de 2017

Livros Lidos (21)


Daniel, um dos livros mais fascinantes da Bíblia. Muitas são as interpretações sobre as profecias do dito livro. Uns acreditam que não existe nada de sobrenatural no conteúdo dele, visto que ele é, segundo os Teólogos liberais, uma pseudoepigrafia – o autor do livro, que não foi esse tal de profeta Daniel, escreveu essas profecias, muito tempo depois dos acontecimentos que ela “profetiza”. Severino Pedro, não vê dessa forma, repetidas vezes ele declara que as profecias “se combinam entre si em cada detalhe”. Ele não é nenhum erudito sobre o livro de Daniel e tampouco um erudito em Teologia. É um Teólogo popular que bebeu da fonte que emana do Seminário Teológico de Dallas, EUA, considerado a fortaleza do dispensacionalismo, defendido pelo autor. 


O livro mais estranho do Novo Testamento. O mais difícil de interpretar. Mesmo assim, muita gente se arrisca a dizer: O Apocalipse diz isso, isso e aquilo. Meu conterrâneo, já morto, Severino Pedro, comentou cada versículo do último livro da Bíblia. Sucesso de vendas. Livro trivial, se comparado a outros comentários, que ganham em sofisticação teológica e exegética. Mas era o livro que tinha em casa, comprado por meu pai. Li o dito cujo em 2001 ou 2002.


Desse aqui não há muito o que falar. Pai comprou há muitos anos, e eu o doei para a biblioteca da igreja do qual um bom amigo meu é membro. Nem é mais publicado. Acredito que não vendeu o suficiente, aí a editora que não é nada besta, pois visa o LUCRO com o pretexto de que está divulgando o reino de Deus, encerrou as suas vendas. O tema do livro é: As recompensas que os cristãos irão receber no céu. Esse tribunal nada tem a ver com o juízo final. 


João de Oliveira foi um “Teólogo” e conhecido pastor da Assembleia de Deus, que afirmou nos anos 1960 que morreu, foi ao céu, e Deus o ressuscitou. Até gravou um LP contando o que viu no paraíso. Acredita quem quer, num é não? Pois é, eu não acredito. Paranoia de pentecostal. Mas o ponto desse pequeno livro é falar sobre o período de 1000 anos, que segundo alguns intérpretes da Bíblia acreditam que haverá no planeta, antes do juízo final. Outros estudiosos acham que o texto que fala sobre esses 1000 anos, é meramente simbólico.


Acho que esse foi o primeiro livro que li. Meados de 1997-1998. O autor todo empolgado com a chegada do ano 2000, com o surgimento da união européia, acreditava que o fim estava próximo. Posso arriscar que ele não imaginava que o mundo ainda estaria na sua marcha normal e natural, 20 anos depois. O arrebatamento não veio, o anticristo não veio. Muita especulação besta.  

Livros Lidos (20)


De algumas décadas pra cá, começou uma enxurrada de Bíblias de Estudo a serem publicadas em português, no Brasil. Se nos EUA, elas já eram populares e amplamente consumidas, aqui no brasil, não passou a ser diferente. Mas o que seria uma Bíblia de Estudo? A Bíblia não é uma só? As ditas Bíblias de Estudo, além de terem o texto do Antigo e Novo Testamentos, possuem notas explicativas, geralmente na parte inferior das páginas. Essas notas interpretam o texto bíblico, facilitando o entendimento do leitor. Obviamente as interpretações podem estar erradas. 

Uma das primeiras Bíblias de Estudo em português foi escrita pelo biografado desse livro, um americano que veio como missionário para o Brasil, na década de 1970. Donald Stamps escreveu a Bíblia de Estudo Pentecostal, para ajudar os fieis de sua igreja, a Assembleia de Deus, a divulgarem melhor as suas crenças. Esse livro conta a história dele e de como ele veio a produzir essa ferramenta de estudos bíblicos. O título tem a ver com a conduta do Stamps antes de torna-se evangélico. Sabe aquela expressão: “O cabra era mais ruim do que merda!”? Pois pronto, esse era o Stamps. Converteu-se e passou de um extremo ao outro, visto que virou um fanático pentecostal e grande opositor da televisão. Naqueles tempos era vedado aos assembleianos (coitados) de verem TV. Ela era o instrumento do diabo.


Sim, eu li esse livro. Quando fazia o segundo ano do ensino médio, em 2002, tinha amigo que estudava comigo, que vez por outra, ia às reuniões de jovens da igreja Universal. Fiquei sabendo que ele tinha alguns livros e pedi emprestados. Um desses livros foi Orixás, Caboclos e Guias, livro que durante um período da década de 1990 foi proibido de ser comercializado, o que atiçava mais ainda a curiosidade de o porquê de uma literatura em plena democracia, está no índex do governo.

Peguei o livro e o li em 24 horas de ponta a ponta. Não porque era excepcional, cativante e com um conteúdo fora do comum. Pelo que lembro, Macedinho conta, conta, conta e conta de novo, dezenas de histórias de pessoas que supostamente deixaram a Umbanda e Candomblé, e viraram evangélicas. Livro de leitura bem fácil, que faz a leitura ser ultra rápida.


Livro lido com real interesse, no início de 2002. Horton era um pentecostal com amplas credenciais acadêmicas que o faziam se destacar dos demais, em sua tradição religiosa. Nesse livro ele expõe com muita empolgação, o que acredita que acontecerá no fim do mundo, adotando a popular concepção de um arrebatamento secreto, em que Cristo voltará para levar os seus fieis ao céu. Ele analisa as várias escolas hermenêuticas que se debruçam no estudo minucioso das profecias bíblicas. Seu ponto de vista é o dispensancionalismo, doutrina segundo qual Israel ainda tem um papel importante a desempenhar nos acontecimentos escatológicos (as últimas coisas que acontecerão aqui na terra, antes do juízo final).

Ele defende algo que não agradará a muitos crentóides. Pois crê que pelo menos uma vez na história, houve uma comunicação mediúnica – um morto vindo do além para comunicar-se com um vivo. É a aquela história de Saul e a sua consulta a uma feiticeira, em que Samuel já morto, vem lá não sei dá onde, e dá umas carcadas em Saul, por este está todo desmantelado e andando por caminhos que não agradam a Deus, inclusive por ter consultado uma bruxa. Boa parte dos evangélicos, apesar do texto dizer claramente que foi o próprio Samuel quem falou com ele, usam de subterfúgios interpretativos para negar a conversação entre Saul (vivo) e Samuel (morto), visto que isso dá munição pesada aos espíritas, que enfatizam que é possível travarmos diálogos com quem já juntou as pernas. 


Robinson Cavalcante, um dos grandes Teólogos anglicanos no Brasil, infelizmente assassinado pelo seu filho drogado há uns poucos anos, escreveu esse livro para trazer ao grande público a problemática da homossexualidade dentro da igreja anglicana. Ele rastreia essa questão desde a década de 1970. Nesses anos, já era discutida a viabilidade ou não dos homossexuais serem aceitos como membros e líderes das comunidades anglicanas mundo a fora. Cavalcante mostra-se terminantemente contra tal postura “progressista” dos vários setores do anglicanismo.  Chega a dizer que está sendo travada uma guerra no mundo espiritual sobre essa questão. Ele como líder da arquidiocese de Recife, foi um dos poucos no Brasil, salvo engano, que posicionou-se a favor da visão tradicional do cristianismo de que a homossexualidade é um pecado contra Deus.


As igrejas evangélicas hipocritamente dizem que: “A Bíblia é a noassa única regra de fé e prática.” Mentira. Todas, absolutamente todas, mantém crenças e comportamentos que não estão de acordo com os próprios critérios que elas dizem seguir. Quando lhes é conveniente, proíbem certas condutas, que nem estão proibidas na Bíblia. O pastor Ricardo Gondim escreveu esse livro em 1998, quando o cerceamento dos evangélicos era mais triste e medonho do que é hoje. Tudo era proibido, principalmente no meio pentecostal. Os tradicionais eram mais maleáveis. Dentro do próprio terreno hermenêutico utilizado pelos fanáticos pentecostais, Gondim magistralmente revelará que eles usam muito mal as escrituras para impor os seus preconceitos e obrigar os membros de suas igrejas a viverem debaixo de seu jugo legalista.