A última rainha do Egito. A mulher
que conseguiu por quase 20 anos, conter o avanço romano sobre as terras dos
faraós. 3000 anos de civilização chegam ao fim com a sua morte. Os encantos, mistérios
e legado de um povo, chegam ao seu destino final.
Quase não se tem vestígios
arqueológicos sobre Cleópatra, muitos, provavelmente foram destruídos ou
desapareceram. Mesmo com toda a limitação que os artefatos e documentos nos impõe
- a rainha Cleópatra - hoje tem uma nova história reconstruída pelos estudiosos,
que vem desmentir as alegações romanas, altamente difamatórias sobre ela. Quanto
a isso, Robert Bianchi, Ph.D pelo Instituto de Belas Artes da Universidade de
Nova Iorque, dispara:
“Os romanos deturparam a história de Cleópatra.
Fazendo dela, uma prostituta lascíva. Uma sedutora inconsequente, que entrava e
saía da cama de qualquer romano que a desejasse.”
Como eu tinha dito no resumo de
um documentário anterior que vi há poucos dias, eu também pensava que ela era
uma espécie de maníaca sexual, que tinha ido pra cama com toda uma legião de
soldados romanos. Quando surge esse tipo de relato fantasioso sobre alguma
personagem histórica conhecida, somos propensos a acreditar logo de cara,
acriticamente, sem questionar. O assunto envolvendo sexo chama logo a nossa
atenção. E se for referente à difamação de alguém, aí é que damos crédito a
esses tipos de estórias. Não que ela não pudesse ser uma mulher louca pela
coisa, mas o respeito pelos dados históricos deve prevalecer.
Na contramão do que os romanos
disseram acerca dela, o renomado Arqueólogo Zahi Hawass (Ph.D e Mestre em
Egiptologia na Universidade da Pensilvânia, EUA) é só elogios a rainha:
“A vida de Cleópatra é um mistério. Mas ela foi
uma rainha mágica. Sua beleza conquistou o coração dos dois homens mais
poderosos da Terra.”
Cleópatra foi à última rainha da
dinastia dos ptolomeus. Foram cerca de 300 anos que essa família governou o
Egito. No início de seu reinado, Cleópatra aliou-se ao homem mais poderoso de
Roma, Júlio César e teve um filho com ele, Cesário. Seu reinado foi na cidade
de Alexandria, o centro intelectual do mundo naquela época, que abrigava em sua
famosa biblioteca, mais de 700 mil pergaminhos sobre as mais diversas áreas do
conhecimento. Era o centro mundial da difusão do saber.
“A biblioteca de Alexandria era o coração do
mundo de Cleópatra. [...] ela [a biblioteca] teria abrigado mais de 700 mil
pergaminhos. Gerações de ancestrais de Cleópatra foram implacáveis na ambição
de transformar a cidade em um centro internacional de ensino e conhecimento.”
Cleópatra tinha uma mente sagaz, mostrando-se
muito competente no nível intelectual. Era poliglota. De origem helenista, ela
soube fundir a cultura do Egito e a grega. Ela que não era nada besta, tratou
logo de assimilar a religião egípcia, declarando-se deusa do Egito. Mais uma
vez destaco aqui as palavras de Hawass:
“Ela possuía tanta cultura para ser rainha do
Egito, porque viveu na cidade mais sofisticada e maravilhosa do mundo, naquela
época.”
A derradeira rainha do Egito sempre
foi tema de livros, filmes e muitos documentários. E ainda muitos virão. Independente
dos poucos vestígios documentais que temos sobre os seus feitos, ela já virou
um mito. Ela é um ícone. Cleópatra faz parte da cultura pop.
Não obstante, ser muito difícil
aparecer mais vestígios arqueológicos sobre ela, devemos torcer para que algo
novo surja, seja das areias, templos, palácios ou algum pergaminho, e lance
mais luz sobre o seu reinado e pessoa.