É de conhecimento de todos os cristãos que a Bíblia possui quatro
evangelhos, ou quatro biografias de Jesus, figura central do Novo Testamento e
do Cristianismo. Mateus, Lucas, Marcos e João, formam o quarteto fantástico
sobre a história do salvador.
Mas também já e de conhecimento de todos, que outros evangelhos
existiram/existem, que não foram incorporados ao conjunto de livros que compõem
o livro sagrado da religião cristã. O Evangelho de Tomé, de Judas, de Maria
Madalena, de Felipe, de Pedro, etc.
Por que esses evangelhos foram rejeitados? Por que não fazem parte
da leitura diária da liturgia cristã, tanto na igreja católica, como nas
diversas comunidades protestantes? Teriam algo que pudesse mudar os rumos da fé
cristã? Teriam o poder de solapar o poder que as igrejas têm sobre os seus
fieis? Eles contradizem o que sabemos sobre Jesus? A igreja institucionalizada
tem o que temer, frente ao conteúdo que brotam desses livros rechaçados por ela?
Um trecho do evangelho de Tomé é bem curioso:
“Simão Pedro disse a eles: Maria deveria deixar-nos, pois as
mulheres não são dignas da vida.
Jesus disse: Eu a guiarei para fazer dela homem, de modo que também
ela possa tornar-se um espírito vivo semelhante a vocês homens. Pois toda
mulher que se torna homem entrará no reino do céu".
O que diabos ele quis dizer aí, ninguém sabe ao certo. Certamente,
as feministas atuais não curtiriam esse dito de Jesus. Soa extremamente
“machista”.
O Evangelho de Felipe parece sugerir que Jesus e Maria Madalena
eram enamorados:
“Havia três que sempre caminhavam com o Senhor; sua mãe, Maria, sua
irmã e Madalena, que era chamada sua companheira. Sua irmã, sua mãe e sua
companheira todas chamavam-se Maria.”
No Evangelho de Judas, Jesus tem uma clara preferência por Judas.
Nesse evangelho, o vilão torna-se o herói.
“Mas você [Judas] excederá a todos eles. Pois você sacrificará o
homem que me reveste.”
Judas é o privilegiado; aquele agraciado em saber as maravilhas
ocultas da missão de Jesus.
“Afaste-se dos outros e eu lhe contarei os mistérios do reino. É
possível você alcança-lo, mas você sofrerá muito.”
No Evangelhos de Maria Madalena, os discípulos se questionam
se Jesus prefere ter mais intimidade com ela. Há um certo ciúme.
“Será que realmente ele conversou com uma mulher em particular e não
abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos a ela? Ele a preferiu
a nós?”
O que noto na maioria dos eruditos apresentados no vídeo é que
eles dão a entender que esses evangelhos têm mais valor histórico, que os
evangelhos que estão em nossas bíblias. Posso estar enganado, mas se não
tiverem o mesmo peso de historicidade, os apócrifos estão nivelados, segundo
eles. Por que essa equivalência? Por que eles não levam em conta o fato bem
estabelecido de que os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, foram
escritos no século 1, muito mais próximos da vida e ministério de Jesus? Vejo
irracionalidade e uma vontade imensa e descontrolada de solapar a mensagem
tradicional do Cristianismo. Mas a precedência dos quatro evangelhos não
pode ser mudada. Esses acadêmicos passam por cima disso, e ignoram
injustificadamente que os evangelhos apócrifos surgiram nos séculos posteriores
ao nascimento da religião cristã; e ignoram que são de procedência gnóstica,
pensamento estranho e antagônico ao Judaísmo. Portanto, não podem ter a mesma
relevância das biografias de Jesus, que compõem nossas bíblias.