segunda-feira, 26 de setembro de 2016

BICHAS



Viados, baitolas, boiolas, frescos, gazelas, mocinhas, efeminados, e finalmente, BICHAS. Outros adjetivos poderiam ser citados, para se referir aos homossexuais, aqui no Brasil.

No documentário da vez, várias garotos foram entrevistados falando sobre suas histórias de vida, que não se encaixam no padrão da heterossexualidade. Assumem-se com orgulho que são bichas. Não vêem esse termo como algo negativo e que lhes rebaixa como seres humanos. Se a sociedade o usa para discriminar e humilhar aos homens que vivenciam uma sexualidade diferente, eles pegam esse adjetivo e o tomam para si, como forma de empoderamento e reafirmação de sua condição homossexual.

Devido as várias piadas, achincalhamentos, preconceitos na família, na escola e entre amigos, eles resolveram enfrentar a discriminação sem temer o contraditório. Afinal, como um deles dizem, que se eles não abrirem a boca em causa própria, serão engolidos pelo sistema que lhes oprime. Nem governo, nem a igreja e nem ninguém, lutará por eles.

As histórias são sempre as mesmas. Meninos que desde crianças que se sentem diferentes dos demais. Não se encaixam nos papéis masculinos que a sua condição de homem exige. Na mais tenra idade começam a perceber que gostam de fazer coisas que o sexo oposto faz. Os trejeitos femininos desde pequenos tornam-se evidentes, daí vem os conflitos com a família e a sociedade em geral.

Alguns pais aceitam com alguma relutância inicial, outros acabam não falando mais com os filhos. Uma parcela antes de saber que os seus filhotes são gays, mostram-se bem modernos, antenados e aparentemente sem problema algum com a sexualidade entre iguais. Mas quando essa sexualidade diferente dá as caras em seu próprio lar, com suas próprias crias, a coisa muda.

Confesso que se tivesse visto esse tipo de documentário há uns 7 ou 8 anos, ou até menos, iria estar xingando os seus protagonistas de safados, sem-vergonhas e coisas do tipo. Acho que melhorei muito em relação a isso. Principalmente depois de ter conhecimento que um grande amigo meu é homoafetivo.

Em 2010, via MSN, ele me contou sua real condição sexual. Como eu poderia deixar de amá-lo como pessoa? De amá-lo como amigo? O que ele fazia dentro de um quarto com os namorados ou ficantes dele, não cabia a mim censurar. A amizade continuou a mesma.

Voltando ao vídeo, como não poderia deixar de faltar, a questão religiosa está presente. Uma das bichas era coroinha, participava de todas as atividades da igreja, mas chegou um momento em que ela percebeu que não dava mais para continuar ali. É óbvio e não é novidade que foram jogados versículos bíblicos em sua cara, condenando a conduta homossexual. Isso num primeiro momento lhe fez pensar, mas a natureza falou mais alto, como sempre ou geralmente fala, e ela assumiu sua "boiolice".

Posso estar enganado, mas parece que o número de homossexuais aumentou muito nos últimos anos. Por onde andamos nas ruas, nos ônibus, shoppings, festas e até nas igrejas, sempre nos deparamos com um "baitola". Ou será que no passado a quantidade de gays era a mesma, apenas que muitos por temor não saíram do armário? Bom, essa é uma possibilidade plausível. Hoje, com mais abertura, e com a força do movimento LGBT, eles têm um apoio e alicerce que antes estava completamente ausente.

Mais uma confissão: apesar de minha visão menos preconceituosa e discriminatória, não queria que um filho meu, fosse gay. E isso não se deve apenas ao fato de que ele sofreria retaliação. Sei que isso soa ofensivo a comunidade homossexual, pois eles NÃO são menos humanos que nós, héteros.

Parabéns aos produtores e principalmente aos entrevistados, que não tiveram medo de expor suas opiniões, mesmo sabendo que esse nosso Brasil, precisa aprender muito a respeitar e ter empatia pelo próximo. Falta-nos muitas vezes humanidade, essa é verdade. Aprendamos a olhar o outro com respeito e amor.

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