Viados, baitolas, boiolas,
frescos, gazelas, mocinhas, efeminados, e finalmente, BICHAS. Outros adjetivos
poderiam ser citados, para se referir aos homossexuais, aqui no Brasil.
No documentário da vez, várias garotos foram
entrevistados falando sobre suas histórias de vida, que não se encaixam no
padrão da heterossexualidade. Assumem-se com orgulho que são bichas. Não vêem
esse termo como algo negativo e que lhes rebaixa como seres humanos. Se a
sociedade o usa para discriminar e humilhar aos homens que vivenciam uma
sexualidade diferente, eles pegam esse adjetivo e o tomam para si, como forma
de empoderamento e reafirmação de sua condição homossexual.
Devido as várias piadas, achincalhamentos,
preconceitos na família, na escola e entre amigos, eles resolveram enfrentar a
discriminação sem temer o contraditório. Afinal, como um deles
dizem, que se eles não abrirem a boca em causa própria, serão engolidos pelo
sistema que lhes oprime. Nem governo, nem a igreja e nem ninguém, lutará por
eles.
As histórias são sempre as mesmas. Meninos que desde
crianças que se sentem diferentes dos demais. Não se encaixam nos papéis
masculinos que a sua condição de homem exige. Na mais tenra idade começam a
perceber que gostam de fazer coisas que o sexo oposto faz. Os trejeitos
femininos desde pequenos tornam-se evidentes, daí vem os conflitos com a
família e a sociedade em geral.
Alguns pais aceitam com alguma relutância inicial,
outros acabam não falando mais com os filhos. Uma parcela antes de saber que os
seus filhotes são gays, mostram-se bem modernos, antenados e aparentemente sem
problema algum com a sexualidade entre iguais. Mas quando essa sexualidade
diferente dá as caras em seu próprio lar, com suas próprias crias, a coisa
muda.
Confesso que se tivesse visto esse tipo de
documentário há uns 7 ou 8 anos, ou até menos, iria estar xingando os seus
protagonistas de safados, sem-vergonhas e coisas do tipo. Acho que melhorei
muito em relação a isso. Principalmente depois de ter conhecimento que um
grande amigo meu é homoafetivo.
Em 2010, via MSN, ele me contou sua real condição
sexual. Como eu poderia deixar de amá-lo como pessoa? De amá-lo como amigo? O
que ele fazia dentro de um quarto com os namorados ou ficantes dele, não cabia
a mim censurar. A amizade continuou a mesma.
Voltando ao vídeo, como não poderia deixar de faltar,
a questão religiosa está presente. Uma das bichas era coroinha, participava de
todas as atividades da igreja, mas chegou um momento em que ela percebeu que não
dava mais para continuar ali. É óbvio e não é novidade que foram jogados
versículos bíblicos em sua cara, condenando a conduta homossexual. Isso num
primeiro momento lhe fez pensar, mas a natureza falou mais alto, como sempre ou
geralmente fala, e ela assumiu sua "boiolice".
Posso estar enganado, mas parece que o número de
homossexuais aumentou muito nos últimos anos. Por onde andamos nas ruas, nos
ônibus, shoppings, festas e até nas igrejas, sempre nos deparamos com um
"baitola". Ou será que no passado a quantidade de gays era a mesma,
apenas que muitos por temor não saíram do armário? Bom, essa é uma
possibilidade plausível. Hoje, com mais abertura, e com a força do movimento
LGBT, eles têm um apoio e alicerce que antes estava completamente ausente.
Mais uma confissão: apesar de minha visão menos
preconceituosa e discriminatória, não queria que um filho meu, fosse gay. E isso não se deve apenas ao fato de que ele sofreria retaliação. Sei
que isso soa ofensivo a comunidade homossexual, pois eles NÃO são menos humanos
que nós, héteros.
Parabéns aos produtores e principalmente aos
entrevistados, que não tiveram medo de expor suas opiniões, mesmo sabendo que
esse nosso Brasil, precisa aprender muito a respeitar e ter empatia pelo
próximo. Falta-nos muitas vezes humanidade, essa é verdade. Aprendamos a olhar
o outro com respeito e amor.
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