SPIGNESI,
Stephen J. Os 100 Maiores Mistérios do Mundo. São Paulo: Difel, 2004. (Versão em PDF).
Quando
baixei esse livro, pensei que o conteúdo seria sensacionalista e desprovido de
seriedade, mas não foi o caso. Stephen J. Spignesi (formado em Ciências Humanas
pela Cornell University, em Direito pela New York Law School, em Ciências Exatas
na Adelphi University, e também tem formação em Astronomia na Universidade de
Princeton) tenta se pautar pelo equilíbrio e bom senso diante dos mistérios que
permeiam a história humana. Às vezes, achei que ele viaja na maionese – é crédulo
demais; noutras poderia ser menos cético. Também muitos dos mistérios listados,
não são mistérios coisa nenhuma; são pura balela.
“Estou aberto à noção de uma realidade não-física e acredito que a
realidade na qual vivemos aqui na Terra não é — nem pode ser — a única realidade. Acredito
que muitas das pessoas que afirmam ter visto OVNIs, ou encontrado água através
da hidroscopia, ou conseguido entrar em contato com os mortos estão falando a verdade,
e não delirando; elas tampouco (o que seria pior) são mentirosas caras-duras. Acredito
que, por algo soar absurdo e impossível, isso não quer dizer que o fato em si seja
absurdo e impossível. Acredito que a espécie humana não compreende nem um décimo
das incríveis complexidades e mistérios da vida em nosso universo. Acredito que
é mais fácil ser cínico do que ter uma mente aberta.” P. 9.
Ele continua:
“O maior problema com os céticos implacáveis, aqueles que descartam
até a possibilidade de que a atividade paranormal seja real, é que o
desprezo e o ceticismo deles não deixam espaço para nada além de sua própria
visão de mundo. Isso é arrogância numa proporção cósmica. Sem dúvida, a maioria
dos relatos paranormais é falsa. No entanto, a literatura sobre eventos
extraordinários oferece incontáveis casos inexplicáveis, mas, ainda assim,
convincentes.” P. 9.
Sobre um dos maiores mistérios que rondam a existência
humana estão às supostas interações entre nós, e os espíritos, sejam eles as almas
dos mortos, espíritos malignos, demônios e etc.
“A atividade dos poltergeists é um ramo dos fenômenos paranormais
extraordinariamente convincente. Várias testemunhas relatam ter visto a mesma coisa: quadros girando
nas paredes, cadeiras movendo-se pelo chão da sala por vontade própria, textos
surgindo do nada. Será que todas essas testemunhas devem ser consideradas
mentirosas ou loucas?” P. 9.
Eu mesmo já
tive experiências com esse tipo de coisa, quando criança. Até hoje essas
lembranças são muito fortes. E por mais que eu tente passar pelo crivo da
incredulidade e ceticismo, racionalizando as manifestações que vi, não consigo
explicar por meios naturais o que presenciei, não apenas uma vez, mas em três
ocasiões. E poderia até colocar uma quarta experiência, porém, essa não foi tão
nítida.
Algumas
pessoas dizem que certas casas, locais e ambientes, são propícios a terem
manifestações paranormais ou demoníacas; seriam espécies de portais, onde os
espíritos do além podem aparecer à vontade ou com mais frequência. O problema
não estar pessoa que está sendo perseguida por um espírito, mas o local onde
ela mora. Saindo desse ambiente carregado, a interação nada desejosa termina.
Noutras
situações parece que o problema está na pessoa, que não importa para onde ela
vá, o disgramado do encosto/capeta/satanás vai encher o saco dela.
Entretanto que
fique claro: acredito que a maioria dos casos ditos paranormais são explicados
pela Ciência; e se não puderem ser desvendados por ela no momento atual de
nosso conhecimento, isso não implica necessariamente em dizer que são
sobrenaturais. Um dia poderão ser explicados e veremos que não tinham nada a
ver com o outro mundo.
Voltando ao
que vivenciei, dormindo no colchão com meu pai, acordo de madrugada, quando
olho para o lado, há cerca de um metro e meio de mim, vejo um ser deitado no
chão, inerte, de olhos abertos, olhando para o teto, tinha um pano enrolado na
cabeça, nu e não tinha sexo.
Virei para o
lado de pai, que estava a minha esquerda, daí olhei de novo para ver se aquele
ser bizarro ainda estava lá, e ele estava. Me virei mais uma vez para o lado de
pai, e depois olhei de novo, para ver se aquela coisa estranha ainda se
encontrava, pior que sim. Acordei meu pai, e quando ele olhou, ela tinha
desaparecido.
Tive outras experiências
menos traumáticas, mas tão reais quanto esta. Como desprezar os vários
depoimentos sobre esse tipo de coisa, que muitas pessoas dizem ter vivenciado? Certo
é que o ceticismo e cautela devem ser nossos guias, sobretudo, quando o
depoente é religioso e supersticioso demais. No entanto, quando passamos por
situações anormais, fica difícil descartar a veracidade do paranormal.
Dentre os
mistérios que Spignesi trata, eis alguns:
Mistério 1: Abduções
Alienígenas
“Será que as pessoas que afirmam ter sido abduzidas por alienígenas
estão apenas em busca de publicidade? Será que elas contam suas histórias
loucas só para chamar a atenção? Será tudo o que alegam ter acontecido com elas
uma mera invenção?” P. 15.
“A maioria das pessoas que oferecem relatos de experiências de abdução
é discreta, gente reservada que foge da atenção da mídia e que não quer ficar
em evidência. Elas muitas vezes sentem-se constrangidas em contar suas histórias,
e muitas tentam distanciar-se de toda essa subcultura de OVNIs/abduzidos. Se
tivessem inventado as histórias a fim de chamar a atenção e lucrar com o fato,
você não acha que elas seriam receptivas a todo e qualquer tipo de atenção e
que encorajariam o interesse em suas histórias?” P. 16.
Mistério 6: Psi Animal
“Os animais podem ler nossa mente? Podemos conversar com nossos
bichinhos de estimação através do pensamento? Será que um animal sabe quando
alguém vai morrer? Será que eles conseguem viajar por milhares de quilômetros
através de territórios desconhecidos a fim de localizar seus donos? A resposta
a todas essas perguntas parece ser um improvável ‘sim’. Há inúmeras histórias
de animais que demonstram comportamentos que não seriam possíveis sem algum
tipo de habilidade extrassensorial. E muitas dessas histórias resultam de experiências
científicas, com técnicas controladas e válidas.” P. 29.
Mistério 7: Área 51
“[...] baseados em provas empíricas, depoimentos e no senso comum,
parece extremamente improvável que quaisquer dos rumores sobre ETs na Área 51
sejam verdadeiros. O mais provável é que lá ocorram pesquisas muito avançadas
que o governo não deseja que venham a público e que explicam muito bem a
segurança mais rígida do que o normal nessa grande porção do sul de Nevada.” P. 32.
Mistério 12: Atlântida
“Ele (Platão) a inventou — provavelmente utilizando um antigo mito egípcio
como fonte. Ninguém menos que Aristóteles, discípulo de Platão, confirmou que a
história era uma fábula escrita para ressaltar um ponto de vista.” P. 47.
Mistério 27:
Demônios, Possessão e Exorcismo
“As doenças mentais são, em geral, as culpadas por comportamentos
"demoníacos", e é por isso que a Igreja Católica sempre envia as
pessoas, com medo de elas ou seus entes queridos estarem possuídos, a um
psiquiatra, antes de discutir a possibilidade de um exorcismo.” P. 96-97.
Mistério 42: Cadáveres Incorruptos
“[...] as explicações científicas não satisfazem totalmente os
curiosos. Há relatos de corpos enterrados sob condições extremamente
"favoráveis à decomposição" — túmulos escavados em solo úmido,
enlameado etc. — e de corpos de santos que permanecem intactos, sem o menor
sinal de deterioração.
Os santos católicos não são os únicos que permanecem incorruptos após
a morte. Há registros de homens e mulheres considerados santos em outras religiões
que foram encontrados em perfeito estado após várias décadas enterrados.” P. 147.
Mistério 51: Aparições de Maria
“A Virgem Maria aparece para pessoas na Terra? Acho que sim, mas o número
de aparições verdadeiras do ser transcendental que foi a mãe de Jesus é
muito menor do que o relatado.” P. 171.
Mistério 93: OVNIs
(Objetos Voadores Não identificados)
“Por que um piloto [vários pilotos] da Força Aérea — alguém com um
treinamento meticuloso para fazer julgamentos e tomar decisões de modo
racional, sóbrio — inventaria um relatório em que conta sobre uma nave circulando
seu avião e depois voando para longe numa velocidade considerada impossível
para qualquer aeronave conhecida? A maioria das pessoas racionais diria: ‘Ele não
inventaria’.” P. 307-308.
Como tinha dito, muitos mistérios que ele lista, não tem
nada de paranormal ou sobrenatural. Na verdade, nem deveriam estar na lista.
Por exemplo, o mistério 63: “Paul está morto”. Perde tempo demais, expondo os
motivos e evidências que pessoas malucas usam para provar que o integrante do
Beatles morreu em um acidente de carro na década de 1960, e foi substituído por
outra pessoa. Claro que o Spignesi não acredita nessa história, não
obstante, gastou muitas páginas falando sobre ela, assim como estou escrevendo
um parágrafo sobre esse “mistério” tão tolo.
Um mistério que ele poderia mencionar seria a glossolalia presente nas igrejas
pentecostais. Fenômeno que varreu o mundo no século XX, e continua ainda hoje,
com pessoas em estados alterados da consciência falando palavras ininteligíveis.
Essas línguas o que seriam? Sinal divino? Ou nada além de meros transes sem
conexão alguma com o transcente? Minha resposta seria: meros transes.
Ele poderia trabalhar também temas mais sérios, como o
mistério da origem da vida, origem do universo e o problema de como surgiu à
consciência.
Outros mistérios listados pelo autor são:
Leitura de mãos
O Tabuleiro Ouija
Numerologia
A Arca de Noé
Experiências de Quase Morte
As Linhas de Nazca
O Código da Bíblia
Vida Após a Morte
Levitação
Viagem no tempo
Satanismo
E etc.