sábado, 24 de dezembro de 2016

Documentários Vistos (9)

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Como nos mostra o diretor Peter Cohen em seu documentário Homo sapiens 1900, lançado em 1998, a eugenia e sua política de aperfeiçoamento racial foi uma ideia disseminada em larga escala em toda Europa e Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX. Apesar de os Cientistas discordarem de qual posicionamento científico era o correto, se Lamarck ou Mendel. O fato é que a comunidade científica em sua grande maioria acreditava e estava trabalhando com pressupostos eugênicos para a otimização da sociedade. 

A eugenia foi uma pseudociência, que surgiu no final do século XIX com o objetivo de melhorar/otimizar a espécie humana através de processos científicos, sociais e reprodutivos. A palavra “eugenia” foi usada pela primeira vez pelo cientista Francis Galton. As ideias e conceitos do Darwinismo Social estavam em voga naqueles anos.

O Darwinismo Social, baseado nas ideias da teoria da evolução do inglês Charles Darwin, dizia que certas raças eram superiores biológica e intelectualmente que outras. Não raro cientistas apregoavam ideias racistas de que os negros, por exemplo, eram pertencentes às raças inferiores, e que, portanto, deveriam ser vistos com potencial perigo para o futuro da sociedade. 

Essas ideias são o que atualmente os biólogos, antropólogos e todos os estudiosos das ciências em geral chamam de “o mito da raça”. Visto que evidências cientificas bem atestadas através da biologia evolutiva e genética provaram a existência de apenas uma raça entre o homo sapiens: a raça humana. Simples assim! 

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Depois de assistir esse documentário, fica muito, mas muito difícil mesmo, não ver Israel com olhos negativos. E como não é novidade, Israel pratica seus atos terroristas, com a ajuda do tio sam. Achei o vídeo bem convincente em sua abordagem, através do seu apanhado histórico, entrevistas, depoimentos e imagens. 

Os palestinos que moravam naquelas terras há muitos e muitos anos, foram paulatinamente expulsos nas últimas décadas, e hoje vivem numa miséria desgraçada e sem praticamente nenhuma autonomia, devido à política de extermínio de Israel. Num livro que li há um certo tempo, o bispo anglicano e Nobel da Paz, Desmond Tutu, em suas falas já alertava o mundo para as atrocidades de Israel, na década de 1980. 

É claro que haverá contestações ao conteúdo veiculado nesse vídeo, mas por ora, assino em baixo, e concordo com os que afirmam que os palestinos são as vítimas nesse sangrento conflito que já se arrasta por décadas e décadas. E acho difícil haver uma refutação cabível ao que o documentário mostra. 

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Darwin causou e ainda causa uma ojeriza e ódio enormes entre muitos evangélicos fundamentalistas. Talvez eles tenham mais simpatia por um psicopata assassino do que pelo escritor de A ORIGEM DAS ESPÉCIES. 

Nesse documentário, a imparcialidade é bem patente, todos podem falar – desde os biógrafos de Darwin e os cientistas, aos cristãos céticos quanto ao Darwinismo. O devido tempo é dispensado a ambos os lados. 

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Documentário que mostra produtores agrícolas que trabalham exclusivamente com alimentos limpos, sem agrotóxicos ou qualquer outra porcaria destruidora da saúde. Indo na contramão das grandes empresas da máfia dos alimentos, esses pequenos comerciantes dão um belo exemplo de que se pode plantar, colher e vender produtos saudáveis sem necessitar jogar venenos na produção.

“Ao final da Segunda Guerra Mundial, as fábricas de explosivos se elas não tivessem um cliente, elas iam quebrar, então encontraram na agricultura um cliente que poderia comprar essa quantia de nitrogênio em excesso, para ser produzido e ser colocado dentro do sistema agrícola. Então, algo que foi criado para morte, nós estamos colocando justamente na vida do solo e destruindo a vitalidade do solo”. 

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Os entrevistados lançam mão de vários dados e argumentos para convencer o telespectador de que o ideal, o mais humano e o mais digno a se fazer, é não comer carne. São persuasivos os seus argumentos? Julgo que sim! No entanto, constitui-se numa utopia, diante de uma sociedade global tão carnívora. Mas é claro que isso não impede a conscientização. 

Aos vegetarianos coerentes, parabéns. 

Livros Lidos (7)


Quando eu fazia o segundo ano do ensino médio, em 2002, um colega da sala me emprestou esse livro. Eu já sabia que era um clássico da arqueologia. O jornalista Werner Keller, mesmo não sendo cristão ou judeu, endossava a historicidade do texto bíblico. Ele compilou nessa obra todas as evidências arqueológicas, até a sua época, que "corroborava" a historicidade do texto judaico-cristão, ou pelo menos, parecia que corroborava.

Foi uma pena que não pude terminar o livro todo. Pois quando estava caminhando para os últimos capítulos, o "infeliz" do meu amigo, precisou vender o livro no sebo. Eu não tinha dinheiro para comprá-lo no dia. 

O pior que o disgramado vendeu o livro por 10 ou 12 míseros reais ao sebista.


Como tinha já lido quase todo o clássico "E a Bíblia tinha razão...", do Werner Keller; me deparei com o livro escrito pelos arqueólogos Israel Finkelstein, Diretor do Instituto de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv, e Neil Asher Silberman, da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Este livro afirma categoricamente que a confiabilidade histórica do texto bíblico está muito longe ser estabelecida. A Arqueologia mostra evidências de sobra de que as escrituras não é factualmente fiel e verdadeira aos fatos, segundo os autores.

E a qual a minha opinião? Bom, eles podem estar completamente certos. O verdadeiro intelectual e pesquisador não pode se fechar para as evidências que contrariam as suas crenças mais valiosas. Não devemos deixar (embora isso seja muito difícil) a ignorância nos proteger.

Entretanto, o livro não é conclusivo. A hermenêutica dos autores têm as suas falhas. E também, o Israel Finkelstein é ateu. Será que a sua crença materialista, a priori, já não influenciou os resultados da pesquisa feita? 

É claro, que isso pode ser jogado também na cara dos arqueólogos crentes que gritam aos quatro cantos da Terra que nenhuma descoberta jamais contradisse um relato bíblico (o que eu acho de um dogmatismo doentio). A vontade dele de crer, pode ter sido o viés ideológico que determinou os resultados de seus estudos arqueológicos.

Situação complicada. Mas independente da ideologia dos pesquisadores, devemos atentar para os seus argumentos e tentarmos determinar se os mesmos são válidos/consistentes ou não. As vezes é difícil detectar até aonde o autor está sendo honesto em suas argumentações. Fora o fato, de olharmos para nós mesmos e sabermos até aonde estamos sendo "neutros" em acatar ou não o que está sendo lido, mesmo que isso possa ferir nossas crenças.


Algumas perguntas curiosas veem a mente de quem estuda Teologia e se interessa pela história do Cristianismo e como este veio a se formar enquanto religião, tendo como fundamento uma composição de 27 livros que compõem o Novo Testamento. Essas perguntas são:

Por que o Novo Testamento só possui quatro evangelhos, se hoje nós sabemos que existiam várias biografias de Jesus que já circulavam naqueles primeiros séculos de Cristianismo? 

Por que a igreja determinou que só essas quatro biografias de Jesus fossem consideradas palavras de deus para os seus fiéis? Por que elas teriam mais valor teológico/histórico que as dezenas de outros evangelhos?

Esse livro tem uma visão conservadora sobre o assunto, exposta pelo Teólogo Darrell Bock, Ph.D em Teologia na Universidade de Aberdeen, na Escócia.


Um clássico sobre a crítica textual do Novo Testamento. 

F. F. Bruce foi Professor das Universidades de Leed, Edimburgo, Sheffield e Manchester.

“A evidência dos escritos neotestamentários é ainda maior do que a evidência de muitos escritos de autores clássicos, cuja autenticidade ninguém sequer pensa em questionar. Se o Novo Testamento fosse uma coleção de escritos seculares, a autenticidade desses documentos teria ampla aceitação, a despeito de qualquer dúvida. [...] Do ponto de vista do historiador, os mesmos critérios e as mesmas normas deveriam ser aplicadas para ambos os tipos de documentos”. Pág. 22.



Livro instigante, empolgante, polêmico e desafiador. Namorava ele a um tempo já. É um livro que merece ser lido mais de uma vez, pois não acho que uma simples leitura consiga abarcar a riqueza que ele abrange.

É um duelo de titãs. Dois acadêmicos de peso na área, defendendo dois pontos de vista que lhes são muito caros. O leitor ainda é presenteado com a participação de mais 4 estudiosos do mesmo quilate, dando os seus pitacos sobre o debate!

William Lane Craig X John Dominic Crossan. Quem ganhou o debate? Craig ganhou de longe, defendendo a tradicional crença cristã histórica de que Cristo ressuscitou fisicamente naquele domingo de Páscoa. O que não significa que ele esteja certo, obviamente. 

Afinal de contas, esse tal de Jesus, ressuscitou ou não corporalmente?! Existem evidências históricas, escriturísticas e filosóficas que nos forneça alguma razoabilidade para acreditar que sim?

Penso que existem evidências que mostram que a resposta seja positiva. Embora passível de dúvida. Aliás, de muitas dúvidas.

Documentários Vistos (8)


A Igreja Católica como sempre, querendo calar a boca daqueles que não concordavam com ela. Os valdenses, os albigenses, John Wyclife e John Huss - todos perseguidos e muitos mortos pela igreja que se autoproclama a representante oficial de deus na terra. Quanto amor! 

Sou grato a estes pré-reformadores, e a Martinho Lutero por terem tido a coragem de desafiá-la.  Posso até não comungar com muitas das ideias propagadas por estes - mas graças a eles, hoje temos liberdade religiosa e filosófica para questionar o que achamos não estar em consonância com a verdade e com a nossa consciência.

Um dos Historiadores do documentário, Edward Panosian (Ph.D, Mestre e Bacharel em História na Universidade Bob Jones, EUA), traz uma informação curiosa:

"Uma observação notável, que foi feita, é que mais livros foram publicados na história do mundo ocidental sobre Martinho Lutero do que sobre qualquer outro indivíduo que andou sobre a terra, exceto o próprio Senhor Jesus Cristo. É uma observação notável, me parece. [E] que exige alguma resposta a pergunta porque Lutero é importante".


Um bom documentário para quem quer conhecer a reforma protestante na Inglaterra e na Escócia. O vídeo mostra o processo de tradução das escrituras que foi de importância salutar para que a reforma tivesse sucesso.

Foi o protestantismo o desencadeador da educação graças ao seu incentivo de leitura das escrituras em sua própria língua. Isso pirou a cabeça do papa e de seus comparsas. Não duvido nenhum pouco que se a igreja católica pudesse, até hoje ela não daria a oportunidade de seus fiéis lerem as escrituras e criticar os seus dogmas toscos.

Uma grande parte de seus dogmas estão amparados apenas na tradição. O protestantismo foi algo maravilhoso para o mundo ocidental. Tirou a hegemonia do papa em muito países. Pena que o protestantismo brasileiro seja quase tão tosco quanto o catolicismo.


Se tem gente que acredita que uma defunta ouve preces; que fala com mortos; que supostas divindades africanas criaram o mundo e etc. Por que não existiria pessoas que atribuem o seu "sucesso", a sua "paz", ao tinhoso/capeta/diabo/belzebu/chifrudo?!

As seitas satânicas se proliferam nos EUA, Europa e América Latina. O beiçudo anda mais vivo do que nunca. 


Documentário sobre o processo de tradução da Bíblia da língua grega (idioma original em que ela foi escrita) para o vernáculo. Não foi um processo fácil. Várias etapas árduas foram vencidas para que o sonho de muitos pré-reformadores e reformadores fosse concretizado. A cegueira, medo e fanatismo da igreja católica impedia que a população lesse o livro sagrado em sua própria língua. Pois num piscar de olhos perceberiam as incoerências propaladas pelos cardeais e padres em seus catecismos.

O vídeo conta a história curiosa do pioneiro nesse trabalho de tradução, John Wycliffe, que depois de 40 anos morto, seus ossos foram desenterrados pela cúria romana para serem queimados, visto que o defunto quarentão foi considerado herege. Mais um episódio patético dessa instituição.


Deixando num primeiro momento a visão religiosa exposta no final, esse documentário é bem interessante, ele expõe a falta de privacidade que o cidadão comum vem sofrendo por parte do governo (América do Norte) e a castração de ideias através de políticas de censura que o mesmo acha subversivas. Penso que as coisas só tendem a piorar. 

E aqui no Brasil com um monte de alma sebosa na política querendo calar as vozes discordantes, não é difícil ter um pouco de receio quanto a instalação da censura orquestrada por grupos que se dizem discriminados.

Livros Lidos (6)


Eis um livro com uma abordagem bem diferente que trata dos principais assuntos que perpassam o labor filosófico. Ao mesmo tempo em que ele introduz o leitor nos principais temas da Filosofia; as experiências acadêmicas do autor vão se intercalando com os problemas que os Filósofos se deparam há séculos na história da Filosofia.

Com uma ampla formação e robustez filosófica, Colin McGinn conta suas experiências nas Universidades de Manchester, Londres, Oxford e da Califórnia, tornando-se um dos mais conceituados Filósofos da Mente do século XX. Seus escritos na área são referências em inúmeras publicações sobre a complexa relação entre a Mente e o Corpo/Matéria. 

No início do livro ele narra a sua perplexidade quando teve contato com o Argumento Ontológico criado pelo Teólogo Santo Anselmo – ele ficou extasiado com o pensamento puramente abstrato que parecia provar apenas pela razão pura a existência de Deus. Conforme o tempo foi passando, McGinn acabou abandonando sua crença nessa “prova”. Mesmo que ele mesmo admita que não há nada de “obviamente errado” no argumento de Anselmo.


A Mary Rute Gomes Esperandio (Ph.D em Teologia pela Escola Superior de Teologia e Pós-Doutora em Psicologia da Religião pela Indiana University South Bend, EUA) faz uma abordagem diferenciada da “Pós-Modernidade”, tema que gera tanta animosidade. 

Começa com a problemática do que os teóricos entendem por “pós-modernidade”, abordando as diversas interpretações desse fenômeno, fazendo uma ponte com o contexto brasileiro, pegando exemplos de elementos importantes de nossa produção cultural, tais como o “antropofagismo” oswaldiano e o “tropicalismo”, movimentos culturais que forjam um novo modo de ver, sentir e estar no mundo, na criação de uma nova subjetividade. 

A autora não se furta em mostrar as mazelas que o pós-modernismo tem criado nas últimas décadas. Umas delas têm a ver com a estética e o consumo desenfreado que tem gerado pessoas psicologicamente desajustadas, por não alcançarem o padrão de beleza e de status que a sociedade lhes exige.

“Na sociedade de consumo, produzem-se imagens do corpo perfeito (belo, jovem e magro). Consome-se não somente essa imagem, como também, toda a parafernália disponível no mercado para ‘mediar’ a realização dela (as academias; a indústria farmacêutica; a medicina estética etc). os efeitos da produção desses ideais, assim como as ofertas para ‘corrigir’ ou ‘incrementar tais imagens, geram patologias como: depressão, anorexia, bulimia, compulsões (de consumo, de alimentação etc), transtorno do pânico, toxicomanias”. P. 69.

É claro que a autora também menciona (e com razão) as utopias criadas pela modernidade (ideário que tem a “razão como lócus privilegiado para a construção da verdade”), mostrando as suas ilusões que esbarram em vários contextos e acontecimentos do século XX que inviabilizam a idéia de um progresso humano linear, uma visão tão cara ao projeto do iluminismo.


Esse livro aqui é simplesmente sensacional. O autor com um Ph.D em Filosofia pela Universidade de Michigan, EUA, discorre sobre as principais cosmovisões que norteiam a sociedade. Teísmo cristão, deísmo, naturalismo, niilismo, existencialismo, monismo panteísta oriental e pós-modernismo. 

Com uma acurada e afiada navalha que tudo corta, ele tece argumentos contundentes contra o niilismo, naturalismo, panteísmo, pós-modernismo e etc., deixando os seus defensores a ver navios. Diga-se de passagem, a ver seus frágeis navios afundarem e ficarem no fundo do oceano sem esperança nenhuma de serem vistos mais uma vez. 

Quando se tem uma mente preparada na boa filosofia e fincada em conhecimento sólido, essas propaladas teorias e ideias alienantes que reinam por aí, acabam sucumbindo diante da força argumentativa do pensamento lógico racional. 

Os capítulos sobre o “niilismo”, “existencialismo” e “pós-modernismo”, foram os que me chamaram mais atenção, por esses sistemas de pensamento terem infectado que nem uma praga incontrolada de ratos as áreas de humanas. Porém, bastam algumas ratoeiras para esmagar essas ratazanas disseminadoras de doenças ideológicas na Academia.

Esse livro está temporariamente esgotado. Ainda bem que tenho o meu.


Para compreender o que é o tão falado “pós-modernismo”, nada melhor que esse livro escrito pelo Stanley Grenz, renomado Teólogo norte-americano, que clarifica de forma extraordinária as ideias presentes nessa multifacetada “filosofia” pós-moderna, que se alastrou em praticamente todas as áreas acadêmicas nas últimas décadas do século XX, e que continua muito forte nesse início de século nas cátedras de humanas.

Os pensamentos de três dos principais teóricos pós-modernos, Michel Foucault, Jacques Derrida e Richard Rorty, são explicados com uma clareza sem igual, visto que não é fácil entender as obras desses autores. 

De qualquer forma, para mim, foi um grande erro intelectual a academia aderir às ideias desses filósofos. Elas carecem de coerência lógica, e chega a espantar o quanto de suas ideias são tolas e cheias de contradições. 

Os que conhecem um mínimo de filosofia analítica sabem do que estou falando. 

Esse livro em muito me ajudou a ter um interesse especial durante todo o curso de História nas nuances pós-modernas que sempre estavam à espreita no discurso de alguns de meus professores, que sofriam e provavelmente ainda sofrem de um mínimo de preparo filosófico, e que por isso, sem o saber não identificaram em suas graduações o emaranhado de reverberações toscas e sem sentido que vem desses autores, em especial, Michel Foucault.


Li esse livro duas vezes 2009/2010. Qualquer pessoa que estude História, Sociologia, Antropologia, Ciências da Religião, Psicologia, entre outras disciplinas, não pode prescindir da Filosofia. E isso é exatamente o que tem acontecido. 

É lógico que o livro em apreço apenas arranha os temas filosóficos. Completamente básica a sua abordagem dos temas. Mas basta um conhecimento raso dos principais temas filosóficos para perceber que a Filosofia é de fato a RAINHA do conhecimento. Apesar de seu conteúdo bastante abstrato. No entanto, ela é o fundamento para que as outras ciências possam fazer sua trajetória de desvendar a realidade ou parte dela.

Todas as outras disciplinas estão subordinadas a ela. Até mesmo as tão aclamadas Ciências Naturais. Sei que muitos cientistas ficam putos da vida com isso. Pois muitos deles, se julgam semi-deuses devido ao grande sucesso epistemológico de suas áreas de atuação. Mas estas dependem estritamente de deduções, indução, axiomas, pressupostos, etc. Ou seja, da Filosofia. A própria ciência não pode provar a si mesma se não partir de pressupostos filosóficos. 

Livros Lidos (5)


Um livro com poucas páginas que deu para concluir em apenas um dia. Para quem estuda, ler e se debruça sobre a História da Igreja e da Teologia protestante, é de salutar importância saber quem foi Jacó Armínio e seu sistema teológico que influenciou e ainda inspira tantas denominações cristãs mundo a fora. Jacó Armínio está entre os Teólogos que mais influenciaram o Cristianismo nos últimos quatro séculos. Porém, é desconhecido até dos estudantes de História Eclesiástica e de Teologia.

“[...] Vale dizer que ele [Jacó Armínio] é, embora muitos não saibam e outros não queiram admitir, um dos maiores e mais importantes teólogos do Cristianismo. E a ironia se dá exatamente nisso, pois uma figura tão importante e com um legado tão duradouro como o que ele deixou seja tão desconhecida e negligenciada”. P. 14.

Nesse livro sucinto são apresentados os cinco pontos distintos do Arminianismo. Uma alternativa ao monturo de bosta que é o calvinismo em seus aspectos soteriológicos. 


Esse tema sempre me chamou a atenção. Por isso, mais um livro lido sobre a temática dos fenômenos sobrenaturais/paranormais. Para o autor, Ron Rhodes (Ph.D em Teologia pelo seminário Teológico de Dallas, EUA), a suposta paranormalidade de muitos médiuns é puro engodo. Eles se valem da boa fé ou da fragilidade emocional das pessoas, para ludibriá-las. Até aí, nenhuma novidade. Basta ter um senso crítico mediano para constatar isso. 

“[...[ estimo que mais da metade dos médiuns paranormais estão envolvidos em algum tipo de fraude”. P. 91. 

O bom senso aponta nessa direção mesmo. Mas e a outra parcela de médiuns? Será que eles se comunicam com os mortos e possuem poderes paranormais? Para Rhodes eles não se comunicam com os mortos, coisa nenhuma. E se há algum tipo de interação com o “outro lado”, essa interação está sendo feita com algum espírito maligno, segundo o autor. Quanto aos supostos poderes que os médiuns têm de predizer o futuro, ele traz um caso interessante. 

“As predições paranormais feitas em 2001 são altamente reveladoras. Todos os médiuns, sem exceção, falharam em prever o que deve ser considerado o mais importante e definitivo evento de 2001: o ataque terrorista às Torres Gêmeas na cidade de Nova York”. P. 96.

Poxa, um evento dessa magnitude não ter sido previsto por nenhum vidente, é de se estranhar mesmo. Cadê os poderes vindos do além?!


Dando uma olhada em alguns livros que li há alguns anos, me deparo com essa “pérola”. Depois de lê-lo de cabo a rabo, qual a minha conclusão? Minha conclusão é que o macedinho é um cara EXTREMAMENTE inteligente e sagaz. O cabra sabe ganhar dinheiro. Sabe enganar, ludibriar, encher com falsas esperanças a quem vai lhe pedir ajuda. 

Como o livro foi escrito por um de seus capachos, funcionário da rede Record, em nenhum momento o macedinho nos conta de onde foi que ele arranjou tanto dindin para adquirir os milhões que foram necessários para comprar a rede Record. E o panaca do Tavoralo nem perguntaria tal coisa. Bom, não precisamos quebrar a cabeça com isso, o dindin veio dos mais pobres da sociedade que faziam parte de sua igreja e, que lhe doavam o seu suado dinheirinho. 

Observação importante: Nunca que eu iria gastar um centavo comprando algum livro desse indivíduo. O tempo gasto lendo essa “obra-prima” já foi o suficiente. 


ECKMAN, James P. Panorama da História da Igreja. São Paulo: Vida Nova, 2005. 

Esse livro menciona alguns dos eventos mais significativos da história da igreja cristã, umas das forças culturais mais poderosas que moldou o mundo ocidental nos últimos quase dois mil anos. Numa breve análise desses acontecimentos, James P. Eckman (Ph.D em Teologia Histórica na Universidade de Nebraska, EUA) fala sobre o início do cristianismo no primeiro século, passando pelos pais da igreja nos quatro séculos seguintes, chegando ao cristianismo medieval e na reforma protestante no século XVI, também nos fala sobre as mudanças ocorridas no cristianismo advindas do iluminismo, da modernidade, das missões mundiais, dos pregadores protestantes do século XIX e XX, e do fundamentalismo como resposta ao liberalismo teológico.

“Será que Pedro foi o fundador da igreja de Roma, seu primeiro bispo e, consequentemente, o primeiro papa? Evidências incompletas apontam para um trabalho missionário realizado em Antioquia e, mais tarde, em Roma, mas não existem evidências de que tenha sido bispo de Roma ou permanecido muito tempo naquela cidade. [...] É difícil afirmar que Roma foi o centro eclesiástico - quanto mais teológico – da igreja cristã primitiva. Na melhor das hipóteses, foi apenas um lugar de honra”. P. 15.

Apesar disso, a igreja romana teimosamente que nem uma criança birrenta e rebelde continua a afirmar algo totalmente desprovido de evidências razoáveis! 

“[...] a reforma espanhola católica dificilmente pode ser considerada modelo de tolerância. O papa deu a [rainha] Isabel e a seu marido, [o rei] Fernando, a autoridade para usar a Inquisição, o tribunal eclesiástico, para forçar a aderência à doutrina e às práticas da igreja. Os judeus foram vítimas especiais da intolerância real. Em 1492, a coroa espanhola decretou que todos os judeus deveriam aceitar o batismo cristão ou então deixar os territórios espanhóis. Cerca de 200 mil judeus fugiram da Espanha por conta disso, a maioria deles deixando terras, posses e, alguns, perdendo, a própria vida”. P. 72.

Ah, o amor cristão... Assim é muito fácil manter todo um país “crendo” numa mesma coisa. Queria ver se não houvesse essa coerção horrível perpetrada pela igreja católica e seus governantes aliados, se a Espanha ou outro país continuariam debaixo das saias do papa. 

“A Inquisição – tribunal eclesiástico originalmente estabelecido em 1490 – [...] valia-se da tortura. Seu objetivo principal era obter a confissão e a retratação de crenças heréticas dos acusados. Se fossem considerados culpados, os acusados enfrentavam prisão ou execução. A corte do inquisidor raramente mostrava misericórdia”. P. 73.

Ah, o amor cristão... A coerção e não a persuasão era a maneira “amorosa” de colocar o “fiel” a “caminho do céu”. A capacidade de convencer pela via racional era tão pequena e tacanha que o uso da força era o meio mais rápido para chegar a esse “fim”. 

“A Reforma deu início a uma série de guerras religiosas por todo o continente europeu. Todas foram sangrentas e horríveis. A última delas foi a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). [...] Começando na Boêmia, a Guerra dos Trinta Anos varreu a Europa Central e a Alemanha, envolvendo todos os principais poderes europeus. [...] Os efeitos da guerra [...] foram devastadores para o cristianismo. [...] A barbárie e a brutalidade da guerra fizeram com que muitos questionassem o evangelho cristão. Como era possível considerar verdadeira a fé que produzira tamanhas atrocidades?” P. 75.

Ah, o amor cristão...


Um valioso livro historiando as primeiras aventuras dos protestantes no recém-descoberto território brasileiro, precisamente no Rio de Janeiro. Os huguenotes, como eram chamados os protestantes franceses, vieram ao Brasil tentar viver e difundir a fé reformada entre os indígenas. Algo inviável na França, que estava vivendo um período turbulento e de violenta repressão à nova fé que tinha se alastrado pelas suas cidades e vilas.

No Brasil, os protestantes franceses não foram bem sucedidos, o general que os acolheu, que se dizia um aderente da fé reformada, voltou à fé católica e passou a persegui-los, matando uns e expulsando outros. Na verdade, a primeira tentativa de implantar a fé reformada na Baía de Guanabara no Rio de Janeiro foi um completo fracasso. O protestantismo só veio se consolidar de vez nas terras brasílicas a partir do século XIX. Nesse meio tempo, através dos holandeses, a fé evangélica foi implantada no nordeste, mas foi só os holandeses serem expulsos pelos portugueses que ela esmoreceu mais uma vez.

Livros Lidos (4)


Lúcia Santaella, Ph.D em Teoria Literária na PUC-SP, se debruça em explicar e simplificar os principais conceitos do teórico Charles Sanders Peirce, o pai da Semiótica moderna. Primeiro livro da Coleção Primeiros Passos, que não tive muito apreço em ler. 


O “Evangelho de Judas” torna o vilão em herói e os heróis em vilões pobres e ignorantes. Um escrito rejeitado pelos cristãos dos primeiros séculos, que finalmente nos últimos anos veio a conhecimento do grande público. O autor Norman Tom Wright (Professor e Pesquisador do Novo Testamento na Universidade de St. Andrews, na Escócia) é um dos eruditos mais requisitados quando o assunto é cristianismo primitivo. 

Para ele (e eu concordo), o tal “evangelho” do “traidor” de Cristo, não traz nenhuma informação histórica sobre as pessoas de Judas e Jesus. Mas reconhece que o documento é autêntico e traz informações importantes e relevantes sobre o que certos grupos estavam crendo e ensinando sobre Jesus, no século II de nossa era. 

Em resumo, Judas faz o que faz, porque o próprio Jesus o mandou fazer. Mas o motivo para tal...


WATTERS, Kerry. Ateísmo: um guia para crentes e descrentes. São Paulo: Paulinas, 2015.

Livro escrito pelo bispo Kerry Watters, Ph.D em Filosofia e Professor da Faculdade de Gettysburg, na Pensilvânia, que tenta analisar imparcialmente os argumentos em prol do ateísmo e teísmo. O autor com formação completa em Filosofia passeia com muita agudeza sobre os principais problemas levantados sobre Deus e sua suposta existência. Mostra-se atualizado com as principais linhas de pesquisa na polêmica entre crentes e descrentes. 

Apesar do autor ser um bispo episcopal, ficou a impressão de que ele tem uma afeição maior pela argumentação naturalista. A maioria das cipuadas que ele dá, são nos argumentos teístas. Numa análise rápida, ele enfraquece muitas afirmações usadas pelos apologistas da crença em deus. 

Ótimo livro.

“A religião é um fenômeno antropológico e psicológico, mas as perguntas a respeito de Deus são metafísicas. Segundo, ressaltar o absurdo das crenças e práticas fundamentalistas e depois anunciar de modo triunfal que, em resultado disso, a crença em Deus foi destruída, é argumento questionável da pior espécie. As objeções genuínas ao teísmo deveriam focalizar corretamente seus argumentos mais fortes, mais fundamentais, não as reivindicações bizarras de extremistas marginais que as pessoas mais razoáveis, teístas e ateístas igualmente, já rejeitam.” P. 15-16.

Watters vai ao ponto. O ateísmo popular vive caindo nesse erro grotesco. As merdas e absurdos que certas religiões ou religiosos venham a fazer, em nada contrapõe o teísmo ou deísmo, em si. Concluir que Deus não existe baseado na hipocrisia religiosa é estupidamente falacioso. Visto que “não há ligação necessária entre as crenças e práticas de instituições religiosas e a existência de Deus”. P. 17. 

Lembrando que quando o autor diz isso, ele não tem em mente o “Deus de Abraão, Isaac e Jacó”, mas sim, o “Deus dos Filósofos”. Ou seja, ele não está lidando com o deus de uma religião específica. Seu diálogo tem a ver com a ideia de Deus na tradição filosófica ocidental. 

“O naturalista quer que o universo seja tudo que existe, exatamente como o supernaturalista quer que exista um Deus. Cada um tem um interesse pessoal e emocional em sua respectiva posição que transcende o consentimento intelectual.” P. 69. 

Não acho que seja (sempre) desse jeitinho. Existem os naturalistas que queriam acreditar na existência de um deus amoroso, só não veem provas/evidências/indícios de que tal ser exista. O Neurocientista António Damásio (Ph.D em Medicina na Universidade de Lisboa) seria um exemplo de ateu que gostaria de acreditar, no entanto, ele não ver nenhum caminho que o leve a crença. 

Assim como têm supernaturalistas que apesar de acreditarem num certo tipo de divindade, queriam que a mesma fosse mais “branda” ou mais suscetível aos seus desejos e vontades. Mas como a sua cosmovisão aponta para esse deus “rigoroso”, eles não podem deixar de crer e de reverenciá-lo, mesmo que isso lhes exija abnegação, e até uma certa tristeza e frustração por não poderem fazer o que lhes dá vontade. 

"Muita gente que antigamente se considerava religiosa voltou-se para o ateísmo não porque foi persuadida por um argumento lógico, mas porque o horror do mal do mundo abalou sua fé. [...] O problema do mal é um peso descomunal para o teísta. É sua grande tragédia." P. 121. 

É uma pedra que não sai do caminho do teísmo.

“A possibilidade de estar enganado em suas convicções religiosas é inimaginável para muitos crentes, porque exporia sua vida inteira a um erro – ou pior, à decepção com eles mesmos”. P. 156.

Por isso que muitos de nós, relutamos tanto em mudar de opinião, mesmo quando se torna insustentável a nossa crença diante das evidências que estão na nossa cara.

"Não escolhemos nossas crenças mais profundas, mais motivadoras, unicamente (nem mesmo primordialmente) com base na análise racional". P. 172.

Nem o teísta e nem o ateísta. Um ou outro irá fundamentar a sua visão de mundo, apelando para argumentos de toda espécie, no entanto, a sua volição em maior ou menor intensidade dependerá de sua paixão em acreditar no que acredita. A razão nunca opera sozinha. Impossível. 


WACHHOLZ, Wilhelm. História e Teologia da Reforma: Introdução. São Leopoldo: Sinodal, 2010.

Eis um tema e assunto que sempre me é recorrente. Nunca é demais estudar um pouco sobre o evento que desencadeou uma mudança gigantesca na espiritualidade vigente na Europa, com suas consequências que se fazem sentir até hoje. O autor com um Ph.D na Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, enumera os posicionamentos do reformadores Lutero, Calvino, Zwínglio, Melanchthon e outros discordantes da igreja romana, sobre esses temas: Fé, Bíblia, Batismo, Estado, Iconografia e etc.

“[...] Entre as 27 afirmações sobre o poder papal, [o papa] Gregório VII deixou claro em Dictatus Papae o poder do papa na relação com o imperador ao reivindicar que o papa ‘é o único que deveria ter os pés beijados por todos os príncipes’. [...] O sucessor de Gregório, [o papa] Inocêncio (1198-1216), definiu a posição do papa como sendo ‘inferior a Deus, porém superior ao homem’, não podendo ser julgado por nenhum homem.” P. 23-24. 

Com o dinheiro adquirido pela igreja, o pé do papa era limpinho e bem tratado. Nada de frieira, pereba ou chulé. Ao contrário da grande massa de fiéis que lhe tinham como o representante oficial de deus.


GONDIM, Ricardo. Pra começo de conversa. São Paulo: Fonte Editorial, 2012.

Pra começo de conversa... Adorei o livro.

Esse é o sétimo livro do Gondim que leio. Um autor que escreve com a alma e com o coração. Suas reflexões, divagações e críticas geralmente acertam o alvo. Sua escrita é leve, agradável, poética e cheia de pensamentos elevados e sóbrios. Compartilho dos anseios, inquietações, dúvidas, medos e de muitas de suas idéias sobre a vida, pessoas, religião, Deus e futuro. Não vejo nele a arrogância costumeira que habitualmente me deparo com outros escritores (e até comigo mesmo). Às vezes encontro algumas contradições em suas palavras, mas quem não tem as suas?

“[...] Temos a sensação de que estar vivo é bom, por outro lado carregamos uma expectativa de perigo, que nos acompanha pela existência. Não demora percebermos: somos mortais. De repente, damos conta: o oceano onde nadamos não tem porto. Somos sabedores de que morreremos antes de alcançar qualquer margem, cansados de nadar contra a maré, provamos o fel da angústia.” P. 179. 

“[...] T. S. Eliot perguntou, há mais de cem anos, mas sua pergunta ainda é atual: ‘Onde está a vida que perdemos vivendo? Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? Onde está o conhecimento que perdemos na informação?’. Insana, a humanidade se debate sem sequer saber qual o antídoto para o veneno que a destrói.” P. 187.