sábado, 24 de dezembro de 2016

Livros Lidos (7)


Quando eu fazia o segundo ano do ensino médio, em 2002, um colega da sala me emprestou esse livro. Eu já sabia que era um clássico da arqueologia. O jornalista Werner Keller, mesmo não sendo cristão ou judeu, endossava a historicidade do texto bíblico. Ele compilou nessa obra todas as evidências arqueológicas, até a sua época, que "corroborava" a historicidade do texto judaico-cristão, ou pelo menos, parecia que corroborava.

Foi uma pena que não pude terminar o livro todo. Pois quando estava caminhando para os últimos capítulos, o "infeliz" do meu amigo, precisou vender o livro no sebo. Eu não tinha dinheiro para comprá-lo no dia. 

O pior que o disgramado vendeu o livro por 10 ou 12 míseros reais ao sebista.


Como tinha já lido quase todo o clássico "E a Bíblia tinha razão...", do Werner Keller; me deparei com o livro escrito pelos arqueólogos Israel Finkelstein, Diretor do Instituto de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv, e Neil Asher Silberman, da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Este livro afirma categoricamente que a confiabilidade histórica do texto bíblico está muito longe ser estabelecida. A Arqueologia mostra evidências de sobra de que as escrituras não é factualmente fiel e verdadeira aos fatos, segundo os autores.

E a qual a minha opinião? Bom, eles podem estar completamente certos. O verdadeiro intelectual e pesquisador não pode se fechar para as evidências que contrariam as suas crenças mais valiosas. Não devemos deixar (embora isso seja muito difícil) a ignorância nos proteger.

Entretanto, o livro não é conclusivo. A hermenêutica dos autores têm as suas falhas. E também, o Israel Finkelstein é ateu. Será que a sua crença materialista, a priori, já não influenciou os resultados da pesquisa feita? 

É claro, que isso pode ser jogado também na cara dos arqueólogos crentes que gritam aos quatro cantos da Terra que nenhuma descoberta jamais contradisse um relato bíblico (o que eu acho de um dogmatismo doentio). A vontade dele de crer, pode ter sido o viés ideológico que determinou os resultados de seus estudos arqueológicos.

Situação complicada. Mas independente da ideologia dos pesquisadores, devemos atentar para os seus argumentos e tentarmos determinar se os mesmos são válidos/consistentes ou não. As vezes é difícil detectar até aonde o autor está sendo honesto em suas argumentações. Fora o fato, de olharmos para nós mesmos e sabermos até aonde estamos sendo "neutros" em acatar ou não o que está sendo lido, mesmo que isso possa ferir nossas crenças.


Algumas perguntas curiosas veem a mente de quem estuda Teologia e se interessa pela história do Cristianismo e como este veio a se formar enquanto religião, tendo como fundamento uma composição de 27 livros que compõem o Novo Testamento. Essas perguntas são:

Por que o Novo Testamento só possui quatro evangelhos, se hoje nós sabemos que existiam várias biografias de Jesus que já circulavam naqueles primeiros séculos de Cristianismo? 

Por que a igreja determinou que só essas quatro biografias de Jesus fossem consideradas palavras de deus para os seus fiéis? Por que elas teriam mais valor teológico/histórico que as dezenas de outros evangelhos?

Esse livro tem uma visão conservadora sobre o assunto, exposta pelo Teólogo Darrell Bock, Ph.D em Teologia na Universidade de Aberdeen, na Escócia.


Um clássico sobre a crítica textual do Novo Testamento. 

F. F. Bruce foi Professor das Universidades de Leed, Edimburgo, Sheffield e Manchester.

“A evidência dos escritos neotestamentários é ainda maior do que a evidência de muitos escritos de autores clássicos, cuja autenticidade ninguém sequer pensa em questionar. Se o Novo Testamento fosse uma coleção de escritos seculares, a autenticidade desses documentos teria ampla aceitação, a despeito de qualquer dúvida. [...] Do ponto de vista do historiador, os mesmos critérios e as mesmas normas deveriam ser aplicadas para ambos os tipos de documentos”. Pág. 22.



Livro instigante, empolgante, polêmico e desafiador. Namorava ele a um tempo já. É um livro que merece ser lido mais de uma vez, pois não acho que uma simples leitura consiga abarcar a riqueza que ele abrange.

É um duelo de titãs. Dois acadêmicos de peso na área, defendendo dois pontos de vista que lhes são muito caros. O leitor ainda é presenteado com a participação de mais 4 estudiosos do mesmo quilate, dando os seus pitacos sobre o debate!

William Lane Craig X John Dominic Crossan. Quem ganhou o debate? Craig ganhou de longe, defendendo a tradicional crença cristã histórica de que Cristo ressuscitou fisicamente naquele domingo de Páscoa. O que não significa que ele esteja certo, obviamente. 

Afinal de contas, esse tal de Jesus, ressuscitou ou não corporalmente?! Existem evidências históricas, escriturísticas e filosóficas que nos forneça alguma razoabilidade para acreditar que sim?

Penso que existem evidências que mostram que a resposta seja positiva. Embora passível de dúvida. Aliás, de muitas dúvidas.

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