Ainda há quem acredite que a Indonésia é um grande exemplo de tolerância religiosa que deve ser copiado pelos outros países muçulmanos. Apesar de sua constituição garantir liberdade de culto e de religião, a realidade do dia a dia dos cristãos por lá, é bem outra. Como dizem: papel aceita tudo. Na teoria tudo é bonito e bem amarrado, e segue os ditames dos direitos humanos.
Este pequeno documentário que traz o relato de um pastor indonésio, mostra uma realidade que os meios de comunicação mainstream não tem a mínima vontade de expor, a despeito de saberem o que se passa por lá.
Eis um pouco da realidade nua e crua pela qual passam os cristãos:
“Propagar o cristianismo nesse país de maioria muçulmana. Oficialmente, no país independente asiático existe a liberdade religiosa. Mas apesar disso, os cristãos ainda são, em diversos lugares discriminados e perseguidos. A situação é difícil, especialmente para os muçulmanos que se tornam cristãos. Eles são frequentemente expulsos e deserdados de suas famílias. Além disso, nos últimos anos o fundamentalismo islâmico se tornou ainda mais forte. Na província de Aceh, por exemplo, desde 2001 a sharia é aplicada como lei. A situação também agravou-se contra os cristãos em outras regiões. Em 2021, pelo menos 50 igrejas foram fechadas pelas autoridades. Algumas foram destruídas. E não é só isso. Os cristãos também são cada vez mais, vítimas de ataques. Em 2013, mais de 200 pessoas foram mortas.”
Pastor Michael era animista e se tornou cristão. Daí começaram as perseguições, ao ponto dele ter sido cortado com um facão. Ele sobreviveu. E continua a divulgar a sua fé.
“Os irmãos da fé, que antes eram muçulmanos e que se converteram ao ouvir meu testemunho, agora são agredidos. Na Indonésia isso não é divulgado. É feito secretamente. Quando eu visito um muçulmano, ou ele vem me visitar, é perigoso para ambos. [...] Quando um deles decide aceitar Jesus é consciente que pode até ser expulso de sua família. Às vezes as igrejas que começam a frequentar são atacadas por extremistas muçulmanos e os pastores, perseguidos. A reação dos indonésios quando eu proclamo as boas-novas da salvação em Jesus é muito violenta. [...] Para eles, tudo é válido e permitido para pressionar aqueles que apresentam Jesus a seus companheiros. E que tem essa coragem enfrenta perigos. Pedras são jogadas nas igrejas e casas onde acontecem cultos e reuniões de oração. Usualmente esses lugares são destruídos.”
Mesmo sendo gravemente ferido, perdendo litros de sangue e ter ido parar no hospital, o pastor Michael perdoo os seus agressores, pois afirma não ter raiva, ódio ou qualquer animosidade contra os muçulmanos radicais que o atacaram. O seu pacifismo até rendeu algumas conversões. Ele quer apenas ter a liberdade de viver a sua fé em paz, e anunciar o porquê de crer no crê. O difícil são muçulmanos indonésios entenderem isso, que para nós, é algo tão natural e simples. Eu divulgo a minha fé ou ceticismo, e os outros também, e, assim, vamos para o campo de batalha – batalha verbal, das ideias, do intelecto, sem nunca partir para as agressões físicas. Este é o verdadeiro ideal a ser buscado e defendido sempre. E outro ponto não menos importante: não recorrer as brechas da lei, para processar quem contestar a sua religião.