ALI, Ayaan
Hirsi. Herege: Por que o islã precisa de uma
reforma imediata. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
"A vida humana, a liberdade
humana, a dignidade humana, tudo isso é mais importante que qualquer texto
sagrado". P. 234.
Ayaan Hirsi
Ali é Professora da Universidade de Harvard e ex-muçulmana nascida na Somália.
Ela rompeu com os ensinamentos do islamismo, o que lhe tem causado um grande
ódio por parte do mundo islâmico e de alguns intelectuais ocidentais. A raiva
que ela provoca é devido ao seu discurso mais que óbvio: os ensinamentos
provenientes do alcorão é a base para toda a violência dos grupos terroristas
atuais. A religião islâmica é inerentemente beligerante e agressiva. Ao
contrário do mantra midiático, o islã NÃO é uma religião de paz.
Só pessoas
cegas ideologicamente não veem dessa forma. Uma maneira simples de se constatar
isso é fazendo umas perguntas mui básicas: Por que não vemos igrejas cristãs,
outras religiões, ou ideologias secularistas, serem exercidas livremente nos
países de maioria muçulmana? Por que as mulheres são tratadas nessas
sociedades, como seres de segunda classe? Por que os homossexuais são mortos na
cultura maometana? Dezenas de questionamentos podem ser feitos, que solapam
esse papinho furado de que o islã é uma religião tolerante e de paz.
Para
facilitar o entendimento do que seja os adeptos do islamismo atualmente, Ali
faz uma diferenciação didática e útil. Para ela existem basicamente três tipos
de muçulmanos:
Muçulmanos
de Medina – Extremistas;
Muçulmanos de
Meca – Moderados;
Muçulmanos
Hereges – Apóstatas.
Os muçulmanos
de Medina são a minoria barulhenta, que segue exatamente o que o Alcorão
ensina: matar e perseguir quem não segue o islã. É com estes que ela demanda a
sua maior preocupação.
"Faz mais de treze anos que
venho defendendo um argumento simples em resposta a atos terroristas. [...]
Afirmo que é tolice insistir, como fazem habitualmente nossos líderes, que os
atos violentos dos islamitas radicais podem ser dissociados dos ideais
religiosos que os inspiram. Temos de reconhecer que eles são movidos por uma
ideologia política, uma ideologia com raízes no próprio islã, no livro santo do
Alcorão e na vida e ensinamentos do profeta Maomé. [...] Deixo claro o meu
ponto de vista nos termos mais simples possíveis: o islamismo não é uma
religião pacífica." P. 10.
Os muçulmanos
de Meca compõem a maioria dos seguidores de Maomé. Eles são pacíficos.
“Ora, quando afirmo que o islamismo
não é uma religião pacífica, não estou dizendo que a crença islâmica torna os
muçulmanos naturalmente violentos. Isso, manifestamente, não é verdade: há
milhões e milhões de muçulmanos pacíficos no mundo. Estou dizendo que a
conclamação à violência e a justificação dela estão explicitadas nos textos
sagrados do islã”. P. 15.
“Ed Husain [ex-muçulmano] estima
que apenas 3% dos muçulmanos do mundo concebem o islã nesses termos [matam
homossexuais; matam adúlteros por apedrejamento; cristãos e judeus são “porcos
e macacos; forçam as mulheres a usarem a burca; e etc.]. Mas acontece que 3% de
mais de 1,6 bilhões de crentes – 23% da população mundial – são 48 milhões [de
muçulmanos prontos a matar em nome de Alá]". P. 23.
Habitantes
do Paquistão, Bengala e Iraque, estão entre os mais violentos muçulmanos.
“Três quartos dos paquistaneses e
mais de dois quintos dos bengaleses e iraquianos pensam que as pessoas que
deixam o islã merecem a pena de morte. Mais de 80% dos paquistaneses e dois
terços dos bengaleses e iraquianos acham que a lei da sharia é a palavra de
Deus. Proporções semelhantes dizem que o entretenimento ocidental fere a
moralidade. Só minúsculas frações dessa população não se incomodariam caso suas
filhas se casassem com cristãos. Apenas uma minoria considera que matar
mulheres nunca se justifica por motivos de honra. Um quarto dos bengaleses e um
dentre oito paquistaneses acha que as explosões suicidas em defesa do islã são
frequentemente ou às vezes justificada.” P. 28, 29.
No Brasil ou
no ocidente, se alguém queimar páginas da Bíblia ou falar algo que denigra
Jesus ou Maria (sua mãe), não será apedrejado, ou colocado no limbo da
sociedade. Mas numa sociedade muçulmana, a coisa muda totalmente. Ali dá um
exemplo:
"[...] em novembro de 2014, um
cristão e sua mulher que moravam em Lahore, Paquistão, foram espancados e
queimados vivos em um forno de olaria depois de terem sido acusados de queimar
páginas do Alcorão". P. 84.
Ali propõe
uma utopia: uma revisão crítica do Alcorão, feita pelos seus seguidores,
reconhecendo que o seu livro sagrado não tem lá muita coisa de especial:
"Como a violência cometida em
nome do islã é tão frequentemente justificada pelo Alcorão, cabe conclamar os
muçulmanos a fazerem uma reflexão crítica acerca de seu texto mais sagrado.
Esse processo começa, necessariamente, pelo reconhecimento de que o Livro foi
feito por mãos humanas e contém numerosas incoerências." P. 100.
A
relativização da Bíblia, por exemplo, existe em maior ou menor grau em
praticamente todos os ramos do cristianismo. O que não acontece no islã. Aqui
vai uma lista:
1 - Muitos cristãos,
incluindo o anglicanismo e o catolicismo, não acreditam na inerrância da
Bíblia;
2 - A
maioria esmagadora dos evangélicos conservadores e fundamentalistas, não
acreditam que as traduções que temos hoje sejam inerrantes, mas apenas os
autógrafos;
3 -
Permitimos interpretações divergentes do texto, como da história do
cristianismo, sem apelar para ameaças a integridade física dos nossos
discordantes;
4 – Muitos cristãos
e igrejas aceitam a teoria da evolução como a melhor explicação para a origem
dos seres vivos, interpretando o Gênesis metaforicamente.
Dezenas e
dezenas de exemplos podem ser dados, para a relativização de muitas práticas e
crenças que temos em relação ao texto fundante do cristianismo. Mas tais
revisões inexistem no islã.
Um dos
ensinos mais básicos do islã é tirar a vida de quem não segue a cartilha de
Maomé, mediante o suicídio:
"O islã ensina que não há nada
mais glorioso do que tirar a vida de um infiel - e melhor ainda se o
assassinato custar a vida do matador". P. 121.
Os mais
fracos são os mais perseguidos no mundo criado pelo islã:
"Enquanto a regra do direito
no Ocidente evoluiu para proteger os membros mais vulneráveis da sociedade, sob
a sharia [lei islâmica] são justamente os mais vulneráveis que são mais
reprimidos: mulheres, homossexuais, os muçulmanos insuficientemente fiéis ou
apóstatas e os devotos de outros deuses.
[...]
Mas nenhum grupo é mais prejudicado
pela sharia do que as mulheres muçulmanas - um reflexo, em parte, da cultura
tribal patriarcal da qual a lei islâmica emergiu. Repetidamente sob essa lei o
valor das mulheres é estipulado em no máximo 'metade de um homem'. A sharia
subordina as mulheres aos homens em um sem-número de maneiras: determina sua
custódia por homens, dá aos homens o direito de espancar as esposas, de ter
acesso irrestrito às suas mulheres e de praticar a poligamia, e restringe os
direitos legais das mulheres em casos de divórcio, nos direitos patrimoniais,
em casos de estupro, em testemunhos nos tribunais e no consentimento ao
casamento". P. 146, 147.
Estarrecedor
o que as leis do islamismo faz com as mulheres:
“Em minha Somália natal, uma menina
de treze anos contou que foi estuprada por três homens de uma vez. A milícia de
Al-Shabaab que então controlava a cidade portuária meridional de Kismayo, onde
ela morava, reagiu acusando a menina de adultério, julgou-a culpada e a
sentenciou à morte. Sua execução foi anunciada pela manhã por um alto-falante
instalado em uma picape Toyota. No estádio de futebol local, partidários da
Al-Shabaab cavaram um buraco no chão e trouxeram um caminhão cheio de pedras.
Uma multidão de mil pessoas reuniu-se antes das quatro horas da tarde. Aisha
Ibrahim Duhulow [...] foi arrastada, debatendo-se aos gritos, para dentro do
estádio. Foi preciso quatro homens para enterrá-la até o pescoço no buraco. E
então cinquenta homens passaram dez minutos atirando rochas e pedras na menina.
Depois de dez minutos, fizeram uma pausa. Ela foi desenterrada, e duas
enfermeiras examinaram-na para ver se continuava viva. Alguém descobriu que
tinha pulsação e respirava. Aisha foi devolvida ao buraco e o apedrejamento
prosseguiu. Um homem que tentou intervir foi baleado; um menino de oito anos
também foi morto pela milícia”. P. 153.
O islamismo
e sua maneira "amorosa" de tratar os homossexuais:
"Mais de trinta países
islâmicos têm leis que proíbem a homossexualidade e a consideram um crime,
sujeito a punições variadas, de açoitamentos até prisão. Na Mauritânia,
Bangladesh, Iêmen, partes das Nigéria, Sudão, Emirados Árabes Unidos, Arábia
Saudita e Irã, os homossexuais condenados podem ser sentenciados à morte". P 151.
"Como noticiou o semanário Der
Spiegel, 'Em Bagdá logo no início do ano começou uma nova série de assassinatos
contra homens suspeitos de serem gays. Muitos são estuprados, têm a genitália
decepada e o ânus fechado com cola. Seus corpos deixados em lixões ou largados
na rua'. Nas palavras do líder da principal organização iraquiana de lésbicas,
bissexuais e transgêneros, 'o Iraque é o lugar mais perigoso do mundo para as
minorias sexuais'. [...] (Evidentemente a hipocrisia nessa questão é crassa,
pois em todos os países islâmicos existem populações significativas de gays e
lésbicas. Dada a dificuldade logística de ter relações com mulheres, por
exemplo, há muito tempo homens árabes recorrem a outros homens para satisfazer
suas necessidades sexuais. No Afeganistão, também, membros ricos de tribos
sabidamente compram meninos para seu prazer sexual)." P. 170.
Quanto aos
muçulmanos violentos que vive no ocidente, Ali tem este recado a eles:
"Precisamos insistir que não
somos nós, no Ocidente, que devemos nos adaptar às sensibilidades muçulmanas;
são os muçulmanos [residentes aqui] que devem se adaptar aos ideais liberais
ocidentais." P. 216.
Livro muito
bom.