sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Herege: Por que o islã precisa de uma reforma imediata


ALI, Ayaan Hirsi. Herege: Por que o islã precisa de uma reforma imediata. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

"A vida humana, a liberdade humana, a dignidade humana, tudo isso é mais importante que qualquer texto sagrado". P. 234.

Ayaan Hirsi Ali é Professora da Universidade de Harvard e ex-muçulmana nascida na Somália. Ela rompeu com os ensinamentos do islamismo, o que lhe tem causado um grande ódio por parte do mundo islâmico e de alguns intelectuais ocidentais. A raiva que ela provoca é devido ao seu discurso mais que óbvio: os ensinamentos provenientes do alcorão é a base para toda a violência dos grupos terroristas atuais. A religião islâmica é inerentemente beligerante e agressiva. Ao contrário do mantra midiático, o islã NÃO é uma religião de paz.

Só pessoas cegas ideologicamente não veem dessa forma. Uma maneira simples de se constatar isso é fazendo umas perguntas mui básicas: Por que não vemos igrejas cristãs, outras religiões, ou ideologias secularistas, serem exercidas livremente nos países de maioria muçulmana? Por que as mulheres são tratadas nessas sociedades, como seres de segunda classe? Por que os homossexuais são mortos na cultura maometana? Dezenas de questionamentos podem ser feitos, que solapam esse papinho furado de que o islã é uma religião tolerante e de paz.

Para facilitar o entendimento do que seja os adeptos do islamismo atualmente, Ali faz uma diferenciação didática e útil. Para ela existem basicamente três tipos de muçulmanos:

Muçulmanos de Medina – Extremistas;

Muçulmanos de Meca – Moderados;

Muçulmanos Hereges – Apóstatas.

Os muçulmanos de Medina são a minoria barulhenta, que segue exatamente o que o Alcorão ensina: matar e perseguir quem não segue o islã. É com estes que ela demanda a sua maior preocupação.

"Faz mais de treze anos que venho defendendo um argumento simples em resposta a atos terroristas. [...] Afirmo que é tolice insistir, como fazem habitualmente nossos líderes, que os atos violentos dos islamitas radicais podem ser dissociados dos ideais religiosos que os inspiram. Temos de reconhecer que eles são movidos por uma ideologia política, uma ideologia com raízes no próprio islã, no livro santo do Alcorão e na vida e ensinamentos do profeta Maomé. [...] Deixo claro o meu ponto de vista nos termos mais simples possíveis: o islamismo não é uma religião pacífica." P. 10.

Os muçulmanos de Meca compõem a maioria dos seguidores de Maomé. Eles são pacíficos.  

“Ora, quando afirmo que o islamismo não é uma religião pacífica, não estou dizendo que a crença islâmica torna os muçulmanos naturalmente violentos. Isso, manifestamente, não é verdade: há milhões e milhões de muçulmanos pacíficos no mundo. Estou dizendo que a conclamação à violência e a justificação dela estão explicitadas nos textos sagrados do islã”. P. 15.

“Ed Husain [ex-muçulmano] estima que apenas 3% dos muçulmanos do mundo concebem o islã nesses termos [matam homossexuais; matam adúlteros por apedrejamento; cristãos e judeus são “porcos e macacos; forçam as mulheres a usarem a burca; e etc.]. Mas acontece que 3% de mais de 1,6 bilhões de crentes – 23% da população mundial – são 48 milhões [de muçulmanos prontos a matar em nome de Alá]". P. 23.

Habitantes do Paquistão, Bengala e Iraque, estão entre os mais violentos muçulmanos.

“Três quartos dos paquistaneses e mais de dois quintos dos bengaleses e iraquianos pensam que as pessoas que deixam o islã merecem a pena de morte. Mais de 80% dos paquistaneses e dois terços dos bengaleses e iraquianos acham que a lei da sharia é a palavra de Deus. Proporções semelhantes dizem que o entretenimento ocidental fere a moralidade. Só minúsculas frações dessa população não se incomodariam caso suas filhas se casassem com cristãos. Apenas uma minoria considera que matar mulheres nunca se justifica por motivos de honra. Um quarto dos bengaleses e um dentre oito paquistaneses acha que as explosões suicidas em defesa do islã são frequentemente ou às vezes justificada.” P. 28, 29.

No Brasil ou no ocidente, se alguém queimar páginas da Bíblia ou falar algo que denigra Jesus ou Maria (sua mãe), não será apedrejado, ou colocado no limbo da sociedade. Mas numa sociedade muçulmana, a coisa muda totalmente. Ali dá um exemplo:

"[...] em novembro de 2014, um cristão e sua mulher que moravam em Lahore, Paquistão, foram espancados e queimados vivos em um forno de olaria depois de terem sido acusados de queimar páginas do Alcorão". P. 84.

Ali propõe uma utopia: uma revisão crítica do Alcorão, feita pelos seus seguidores, reconhecendo que o seu livro sagrado não tem lá muita coisa de especial:

"Como a violência cometida em nome do islã é tão frequentemente justificada pelo Alcorão, cabe conclamar os muçulmanos a fazerem uma reflexão crítica acerca de seu texto mais sagrado. Esse processo começa, necessariamente, pelo reconhecimento de que o Livro foi feito por mãos humanas e contém numerosas incoerências." P. 100.

A relativização da Bíblia, por exemplo, existe em maior ou menor grau em praticamente todos os ramos do cristianismo. O que não acontece no islã. Aqui vai uma lista:

1 - Muitos cristãos, incluindo o anglicanismo e o catolicismo, não acreditam na inerrância da Bíblia;

2 - A maioria esmagadora dos evangélicos conservadores e fundamentalistas, não acreditam que as traduções que temos hoje sejam inerrantes, mas apenas os autógrafos;

3 - Permitimos interpretações divergentes do texto, como da história do cristianismo, sem apelar para ameaças a integridade física dos nossos discordantes;

4 – Muitos cristãos e igrejas aceitam a teoria da evolução como a melhor explicação para a origem dos seres vivos, interpretando o Gênesis metaforicamente.

Dezenas e dezenas de exemplos podem ser dados, para a relativização de muitas práticas e crenças que temos em relação ao texto fundante do cristianismo. Mas tais revisões inexistem no islã.

Um dos ensinos mais básicos do islã é tirar a vida de quem não segue a cartilha de Maomé, mediante o suicídio:

"O islã ensina que não há nada mais glorioso do que tirar a vida de um infiel - e melhor ainda se o assassinato custar a vida do matador". P. 121.

Os mais fracos são os mais perseguidos no mundo criado pelo islã:

"Enquanto a regra do direito no Ocidente evoluiu para proteger os membros mais vulneráveis da sociedade, sob a sharia [lei islâmica] são justamente os mais vulneráveis que são mais reprimidos: mulheres, homossexuais, os muçulmanos insuficientemente fiéis ou apóstatas e os devotos de outros deuses.

[...]

Mas nenhum grupo é mais prejudicado pela sharia do que as mulheres muçulmanas - um reflexo, em parte, da cultura tribal patriarcal da qual a lei islâmica emergiu. Repetidamente sob essa lei o valor das mulheres é estipulado em no máximo 'metade de um homem'. A sharia subordina as mulheres aos homens em um sem-número de maneiras: determina sua custódia por homens, dá aos homens o direito de espancar as esposas, de ter acesso irrestrito às suas mulheres e de praticar a poligamia, e restringe os direitos legais das mulheres em casos de divórcio, nos direitos patrimoniais, em casos de estupro, em testemunhos nos tribunais e no consentimento ao casamento". P. 146, 147.

Estarrecedor o que as leis do islamismo faz com as mulheres:

“Em minha Somália natal, uma menina de treze anos contou que foi estuprada por três homens de uma vez. A milícia de Al-Shabaab que então controlava a cidade portuária meridional de Kismayo, onde ela morava, reagiu acusando a menina de adultério, julgou-a culpada e a sentenciou à morte. Sua execução foi anunciada pela manhã por um alto-falante instalado em uma picape Toyota. No estádio de futebol local, partidários da Al-Shabaab cavaram um buraco no chão e trouxeram um caminhão cheio de pedras. Uma multidão de mil pessoas reuniu-se antes das quatro horas da tarde. Aisha Ibrahim Duhulow [...] foi arrastada, debatendo-se aos gritos, para dentro do estádio. Foi preciso quatro homens para enterrá-la até o pescoço no buraco. E então cinquenta homens passaram dez minutos atirando rochas e pedras na menina. Depois de dez minutos, fizeram uma pausa. Ela foi desenterrada, e duas enfermeiras examinaram-na para ver se continuava viva. Alguém descobriu que tinha pulsação e respirava. Aisha foi devolvida ao buraco e o apedrejamento prosseguiu. Um homem que tentou intervir foi baleado; um menino de oito anos também foi morto pela milícia”. P. 153.

O islamismo e sua maneira "amorosa" de tratar os homossexuais:

"Mais de trinta países islâmicos têm leis que proíbem a homossexualidade e a consideram um crime, sujeito a punições variadas, de açoitamentos até prisão. Na Mauritânia, Bangladesh, Iêmen, partes das Nigéria, Sudão, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Irã, os homossexuais condenados podem ser sentenciados à morte". P 151.

"Como noticiou o semanário Der Spiegel, 'Em Bagdá logo no início do ano começou uma nova série de assassinatos contra homens suspeitos de serem gays. Muitos são estuprados, têm a genitália decepada e o ânus fechado com cola. Seus corpos deixados em lixões ou largados na rua'. Nas palavras do líder da principal organização iraquiana de lésbicas, bissexuais e transgêneros, 'o Iraque é o lugar mais perigoso do mundo para as minorias sexuais'. [...] (Evidentemente a hipocrisia nessa questão é crassa, pois em todos os países islâmicos existem populações significativas de gays e lésbicas. Dada a dificuldade logística de ter relações com mulheres, por exemplo, há muito tempo homens árabes recorrem a outros homens para satisfazer suas necessidades sexuais. No Afeganistão, também, membros ricos de tribos sabidamente compram meninos para seu prazer sexual)." P. 170.

Quanto aos muçulmanos violentos que vive no ocidente, Ali tem este recado a eles:

"Precisamos insistir que não somos nós, no Ocidente, que devemos nos adaptar às sensibilidades muçulmanas; são os muçulmanos [residentes aqui] que devem se adaptar aos ideais liberais ocidentais." P. 216.

Livro muito bom.

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