sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Dubai: Paraíso ou Inferno?

Quando se fala em Dubai, logo nos vem à mente, a cidade do futuro, dos sonhos, do luxo... Lembramos do hotel mais luxuoso do mundo em forma de iate, das ilhas artificiais, dos edifícios do mais alto padrão, dos palácios gigantes rodeados de ouro...

Lembro que a primeira vez que vi algo sobre essa cidade surreal, foi no SBT Repórter, acho que exibido em 2001. Como todo mortal, fiquei deslumbrado com essa cidade repleta de “perfeição” e requintes dos mais altos níveis.

Vários documentários já foram feitos sobre Dubai. Entretanto, eles geralmente focam no lado “bom” da cidade. Os seus recortes sempre são direcionados para as maravilhas da engenharia e arquiteturas empregadas; para as tecnologias envolvidas nas construções das ilhas e etc.

O que não se mostra, é que tudo isso se mantém ao custo de muito trabalho escravo. Trabalhadores do Paquistão, Índia, Bangladesh, que saíram dessas nações miseráveis, em busca de uma vida melhor, encontraram uma vida pior do que as que eles viviam em seus países, segundo seus relato.

Para se ter uma ideia, em um dos alojamentos, depois de um dia extenuante de trabalho, existe apenas uma casa de banho precária com dois compartimentos para 400 homens, com água por algumas poucas horas por dia. Os seus passaportes ficam com os agentes recrutadores. Eles não têm liberdade para sair do país. Não têm liberdade para mudar de empresa. E mesmo que tivessem, o novo empregador os trataria da mesma forma desumana. Ganham salários miseráveis, que mal dá para se manterem, inviabilizando qualquer mixaria que pudessem mandar para os seus familiares. Fora que muitas vezes, recebem com muito atraso. Trabalham 12 horas ou até mais por dia, tendo um dia de descanso na semana. Demoram horas para voltarem aos "lares", em transportes abarrotados de gente. Os quartos lembram os alojamentos dos campos de concentração nazistas. Não podem casar, pois não há mulheres e nem dinheiro. Estão a todo momento sorrindo, mas seus sorrisos escondem uma vida de abandono e sem muita esperança de que ela vai melhorar.

Para se deslocarem de seus países, muitos desses trabalhadores venderam tudo o que tinham (casa, gados), pois foram enganados, com a mentira de que teriam salários dignos, que podiam sustentar não somente a si, mas os seus parentes. Cruel engano. Caíram num embuste

O resultado trágico de toda essa confluência de coisas ruins, faz com que a classe operária de Dubai, esteja entre as que mais comete suicídios no mundo. Os índices são altíssimos. Algo que não incomoda em nada o governo.

Não obstante, o que tudo isso importa? Dubai é linda, é a cidade exemplar, quando o assunto é luxo, riqueza, sucesso e vaidade! Isso basta, mesmo que milhares de trabalhadores se lasquem e morram para mantê-la assim.

O governo de Dubai, empresas e bancos ocidentais se beneficiam grandemente deste sistema perverso.

Trabalho escravo e semiescravo é uma realidade no mundo inteiro, englobando Ocidente, Oriente, Ásia...

O comunismo não é viável, mas o capitalismo ainda deixa muito a desejar!

PS: a imagem do documentário não é muito boa.