Quando se fala em Dubai, logo nos vem à mente, a cidade do futuro, dos sonhos, do luxo... Lembramos do hotel mais luxuoso do mundo em forma de iate, das ilhas artificiais, dos edifícios do mais alto padrão, dos palácios gigantes rodeados de ouro...
Lembro que a primeira vez que vi algo sobre essa cidade
surreal, foi no SBT Repórter, acho que exibido em 2001. Como todo mortal,
fiquei deslumbrado com essa cidade repleta de “perfeição” e requintes dos mais
altos níveis.
Vários documentários já foram feitos sobre Dubai.
Entretanto, eles geralmente focam no lado “bom” da cidade. Os seus recortes
sempre são direcionados para as maravilhas da engenharia e arquiteturas
empregadas; para as tecnologias envolvidas nas construções das ilhas e etc.
O que não se mostra, é que tudo isso se mantém ao custo de
muito trabalho escravo. Trabalhadores do Paquistão, Índia, Bangladesh, que
saíram dessas nações miseráveis, em busca de uma vida melhor, encontraram uma
vida pior do que as que eles viviam em seus países, segundo seus relato.
Para se ter uma ideia, em um dos alojamentos, depois de um dia extenuante de trabalho, existe apenas uma casa de banho
precária com dois compartimentos para 400 homens, com água por algumas poucas
horas por dia. Os seus passaportes ficam com os agentes recrutadores. Eles não
têm liberdade para sair do país. Não têm liberdade para mudar de empresa. E
mesmo que tivessem, o novo empregador os trataria da mesma forma desumana. Ganham
salários miseráveis, que mal dá para se manterem, inviabilizando qualquer
mixaria que pudessem mandar para os seus familiares. Fora que muitas vezes,
recebem com muito atraso. Trabalham 12 horas ou até mais por dia, tendo um dia
de descanso na semana. Demoram horas para voltarem aos "lares", em transportes abarrotados
de gente. Os quartos lembram os alojamentos dos campos de concentração
nazistas. Não podem casar, pois não há mulheres e nem dinheiro. Estão a todo
momento sorrindo, mas seus sorrisos escondem uma vida de abandono e sem muita
esperança de que ela vai melhorar.
Para se deslocarem de seus países, muitos desses trabalhadores
venderam tudo o que tinham (casa, gados), pois foram enganados, com a mentira
de que teriam salários dignos, que podiam sustentar não somente a si, mas os
seus parentes. Cruel engano. Caíram num embuste
O resultado trágico de toda essa confluência de coisas
ruins, faz com que a classe operária de Dubai,
esteja entre as que mais comete suicídios no mundo. Os índices são altíssimos. Algo que não incomoda em nada o
governo.
Não obstante, o que tudo isso importa? Dubai é linda, é a cidade
exemplar, quando o assunto é luxo, riqueza, sucesso e vaidade! Isso basta,
mesmo que milhares de trabalhadores se lasquem e morram para mantê-la assim.
O governo de Dubai, empresas e bancos ocidentais se
beneficiam grandemente deste sistema perverso.
Trabalho escravo e semiescravo é uma realidade no mundo
inteiro, englobando Ocidente, Oriente, Ásia...
O comunismo não é viável, mas o capitalismo ainda deixa
muito a desejar!
PS: a imagem do documentário não é muito boa.