quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Nazismo e Cristianismo


NASCIMENTO, André dos Santos Falcão. Nazismo e Cristianismo. São Paulo: Fonte Editorial, 2012.

Acabo de ler esse livro que traz valiosas informações sobre a relação que houve entre o Nazismo e o Cristianismo, na Alemanha das décadas de 1930-1940. O autor passeia pela História, Filosofia, Teologia e Ciência para tentar elucidar como foi essa relação estranha e bizarra, entre os ensinos de Jesus e as egoístas e cruéis ideias de Hitler e seus comparsas.

O movimento cristão-alemão que se aliou ao partido nazista, realocou, modificou, distorceu, mudou, descaracterizou e emudeceu o discurso fundante do cristianismo para acomodar a igreja alemã aos ideais maléficos do nazismo de Hitler.

“Apesar de ser notório, pela pesquisa científica, que as reações das Igrejas Luterana e Católica foram diferentes na sua cúpula, é também notório que membros das duas igrejas tornaram-se adeptos da ideologia nazista e pregaram o extermínio dos judeus”. P. 13.

O autor esclarece mais um pouco esse ponto:

O histórico de violência cristã em relação a membros da comunidade judaica é extenso, iniciando-se séculos antes dos ataques nazistas a esse grupo. De fato, segundo o Museu Histórico Americano sobre o Holocausto, o sentimento de ódio e desconfiança pelos judeus foi alimentado desde o primeiro milênio da era cristã por uma teologia que pregava que os judeus como um todo eram culpados pela crucificação de Jesus Cristo [...] e pela teimosia do povo judeu em não reconhecer Jesus como o messias prometido no Antigo Testamento”. P. 16.

Na página seguinte, ele continua:

“Com as conquistas árabes, e tendo que sobreviver na Europa, um continente totalmente cristão, os judeus tornaram-se o alvo de inúmeros ataques, pessoais e físicos, devido à sua constante negação de que Jesus é o Filho de Deus. Em uma época onde a religião tornara-se a principal forma de ligação cultural entre os povos europeus, influenciando suas vidas públicas e privadas, os judeus foram obrigados a isolar-se, sendo sempre tratados por seus vizinhos como forasteiros e, ocasionalmente, sendo vítimas de massacres, ataques sistemáticos as suas casas e negócios por parte dos demais moradores da região, motivados por mitos, como o de que alguns judeus usariam o sangue de crianças cristãs em alguns de seus rituais”. P. 17.

E as falácias do Darwinismo Social deixou sua cruel marca na História, contribuindo para o extermínio dos judeus:

“Os estudiosos da época [a partir da metade do século XIX], ansiosos por aplicar a teoria evolucionista de Darwin em seus estudos, lançaram vários trabalhos acadêmicos onde colocavam a população branca no topo da cadeia evolutiva, enquanto relegava os negros e os judeus a patamares sub-humanos”. P. 20.

Mas é claro que houve um remanescente que não sucumbiu diante do espírito da época e posicionou-se contra a igreja alemã conivente e atuante na luta contra os judeus. A Igreja Confessante, que não aderiu às ideias nazistas, e tinha em suas fileiras, Teólogos do naipe do Karl Barth e Dietrich Bonhoeffer.