NASCIMENTO, André dos Santos Falcão. Nazismo e Cristianismo.
São Paulo: Fonte Editorial, 2012.
Acabo de ler esse livro que traz valiosas informações sobre
a relação que houve entre o Nazismo e o Cristianismo, na Alemanha das décadas
de 1930-1940. O autor passeia pela História, Filosofia, Teologia e Ciência para
tentar elucidar como foi essa relação estranha e bizarra, entre os ensinos de
Jesus e as egoístas e cruéis ideias de Hitler e seus comparsas.
O movimento cristão-alemão que se aliou ao partido nazista,
realocou, modificou, distorceu, mudou, descaracterizou e emudeceu o discurso
fundante do cristianismo para acomodar a igreja alemã aos ideais maléficos do
nazismo de Hitler.
“Apesar de ser notório, pela pesquisa científica, que as
reações das Igrejas Luterana e Católica foram diferentes na sua cúpula, é
também notório que membros das duas igrejas tornaram-se adeptos da ideologia
nazista e pregaram o extermínio dos judeus”.
P. 13.
O autor esclarece mais um pouco esse ponto:
“O
histórico de violência cristã em relação a membros da comunidade judaica é
extenso, iniciando-se séculos antes dos ataques nazistas a esse grupo. De fato,
segundo o Museu Histórico Americano sobre o Holocausto, o sentimento de ódio e
desconfiança pelos judeus foi alimentado desde o primeiro milênio da era cristã
por uma teologia que pregava que os judeus como um todo eram culpados pela
crucificação de Jesus Cristo [...] e pela teimosia do povo judeu em não
reconhecer Jesus como o messias prometido no Antigo Testamento”. P.
16.
Na página seguinte, ele continua:
“Com as conquistas árabes, e tendo que sobreviver na Europa,
um continente totalmente cristão, os judeus tornaram-se o alvo de inúmeros
ataques, pessoais e físicos, devido à sua constante negação de que Jesus é o
Filho de Deus. Em uma época onde a religião tornara-se a principal forma de
ligação cultural entre os povos europeus, influenciando suas vidas públicas e
privadas, os judeus foram obrigados a isolar-se, sendo sempre tratados por seus
vizinhos como forasteiros e, ocasionalmente, sendo vítimas de massacres,
ataques sistemáticos as suas casas e negócios por parte dos demais moradores da
região, motivados por mitos, como o de que alguns judeus usariam o sangue de
crianças cristãs em alguns de seus rituais”.
P. 17.
E as falácias do Darwinismo Social deixou sua cruel marca na
História, contribuindo para o extermínio dos judeus:
“Os estudiosos da época [a partir da metade do século XIX],
ansiosos por aplicar a teoria evolucionista de Darwin em seus estudos, lançaram
vários trabalhos acadêmicos onde colocavam a população branca no topo da cadeia
evolutiva, enquanto relegava os negros e os judeus a patamares sub-humanos”. P. 20.
Mas é claro que houve um remanescente que não sucumbiu
diante do espírito da época e posicionou-se contra a igreja alemã conivente e
atuante na luta contra os judeus. A Igreja Confessante, que não aderiu às
ideias nazistas, e tinha em suas fileiras, Teólogos do naipe do Karl Barth e
Dietrich Bonhoeffer.