segunda-feira, 8 de junho de 2020

Racismo: A Culpa não é só dos Estados Unidos


O racismo norte-americano é PERVESO, NOCIVO, GROTESCO, NOJENTO, uma VERGONHA para aquele país. Entretanto, nesse macabro time, muitos outros países não escapam de terem em suas fileiras um histórico grotesco de racismo que perdura até hoje.

O Brasil é um exemplo clássico. O documentário da BBC, Racismo: Uma História, chega à seguinte conclusão:

"Os chefes militares brasileiros são completamente brancos. A elite política brasileira foi, até recentemente, completamente branca. [...] o Brasil manteve a democracia racial, significando que o homem branco deita com mulheres negras sem sentir culpado, gerando crianças mestiças de grande beleza. Mas o sistema permanece perversamente desigual. O Brasil é a sociedade mais desigual do mundo ocidental. E os negros estão completamente no fundo da base. É um sistema pernicioso. É um Apartheid, sem as leis do Apartheid. E no topo é absolutamente racista".

Na Rússia, ex país líder da maior experiência comunista já feita, a coisa é muito feia para os negros lá. Theodore Dalrymple, Psiquiatra que tem uma substancial literatura que trata de temas culturais contemporâneos, escreve:

"Os negros não podem andar com segurança pelas ruas de Moscou." P. 16.

"Negros em Moscou correm o risco de sofrer agressão, especialmente se estiverem na companhia de mulheres russas." P. 65.
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DALRYMPLE, Theodore. Em Defesa do Preconceito. São Paulo: É Realizações, 2015. (PDF).

Na África, a vida que os negros levam, de um modo geral, é indiscutivelmente pior que a dos negros nos EUA. Nem preciso citar fonte alguma para tal asserção.  

Num episódio do documentário O Mundo Segundo os Brasileiros: Porto, uma brasileira negra que mora nessa cidade, conta essa história lamentável:

"[A cidade do] Porto não tem tantos negros, tem muito mais em Lisboa, porque é mais miscigenado. Então tem até umas histórias ‘engraçadas’. Um dia eu tava na ribeira com uma amiga, e a gente estava conversando e vieram dois rapazes falar com a gente; e aí um deles ficou conversando comigo, perguntou: ‘De onde você é? O que você faz?”. Aí o assunto acabou, e ele falou assim: ‘Olha, mas você é meio negra, né?’ Aí eu: ‘Não, sou inteira!’ Aí ele: ‘Não, não fica assustada não! Não foi isso que eu quis dizer. Eu só quis dizer que tem piores’. Eu tava ali do lado rio; joguei ele do rio. Mentalmente. Mas eu queria ter jogado. Mas assim, eu levo na boa, não me preocupo muito.”

A experiência pessoal dessa garota, talvez seja um indicativo de uma sociedade que ainda não superou o racismo. Claro que não estou equiparando o racismo norte-americano ao que porventura ocorre em Portugal. Todavia, serve para evidenciar um racismo generalizado, que não está preso apenas na região norte da América, mesmo que seja num grau muito menor.  

O país de Trump é apenas o mais visado nessa cruel realidade, e é até compreensível isso. Mas talvez as palavras de Karnal e cia, sejam uma voz de equilíbrio nessa temática:

"Quando criticamos os EUA como um país que apenas pensa em si e apenas conhece o mundo dentro de suas fronteiras, expressamos um sentimento de pesar por não sermos conhecidos/reconhecidos por eles". P. 11.

"Os EUA não são a única fonte dos problemas do mundo. P. 14.

"Tornou-se hábito reclamar da arrogância do governo de Washington, como se algum governo imperial do passado tivesse sido humilde, filantrópico ou expandido seu poder em busca da melhoria coletiva da humanidade. Para piorar nossa angústia, a alternativa é difícil: os governantes mais antiamericanos na Ásia ou América Latina não parecem garantir a possibilidade de um mundo mais confiável ou justo." P. 233-234.
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FERNANDES; Luiz Estevam; KARNAL, Leandro; MORAIS, Marcus Vinícius; PURDY, Sean. História dos Estados Unidos: Das Origens ao Século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. (PDF).

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